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1 Saúde Mental/Psiquiatria Laura Borges SAÚDE MENTAL/PSIQUIATRIA ESQUIZOFRENIA E OUTRAS PSICOSES O que é psicose? De forma simples, é qualquer transtorno psiquiátrico onde existe Delírio e/ou Alucinação, que sejam frequentes, intensos, interfira na vida do indivíduo. Alucinação: percepção sensorial que ocorre sem estimulação do órgão sensorial correspondente (ex: escutando uma voz sem estímulo sonoro, vendo algo, alguma sensação proprioceptiva sem que haja estímulo correspondente) o Pode ocorrer em pessoas sem problema mental, pode por exemplo estar cansado, sonolento (20- 30% da população tem uma alucinação na vida sem que haja problema mental) o A mais comum é a auditiva o As visuais são quase que patognomônica de rebaixamento de consciência, raramente pode ocorrer no esquizofrênico o Quadros orgânicos e epilépticos podem ter alucinação olfativa, como uma aura Delírio: falsa crença, não correspondente à realidade, não abalada por evidências contrárias, não aceito por outras pessoas, bizarros, implausíveis o Controle, grandeza, perseguição, religioso, ciúme, culpa o É mais indicativo de transtorno mental o Geralmente o esquizofrênico vai ter um delírio de que está sendo controlado ou de perseguição, religioso o O de ciúme é muito comum no alcoolismo o O de grandeza é mais comum no bipolar Esquizofrenia: Psicose grave, crônica, de natureza e apresentação heterogêneas, início precoce (da adolescência até os 25 anos), levando a vários graus de deterioração da personalidade (depois de um surto ou algumas crises o indivíduo já não é mais o mesmo, tem uma perda da funcionalidade) e alteração do pensamento Características principais: o Perda do sentido da realidade, delírios, alucinações e alterações do pensamento Epidemiologia: o 1% da população – incidência de 4 casos/10.000/ano o Mais precoce no homem. Mulher tem melhor prognóstico o Alto risco de suicídio (> no homem). Uso de Substâncias psicoativas o Mortalidade: 50% acima da população geral o Período prodômico até que o quadro realmente apareça e o diagnóstico seja feito: funções pessoais e sociais afetadas (2 a 5 anos) – pode ficar deprimido, ou iniciar com quadro de TOC, até que começa a ter sintomas psicóticos mesmo o Inícios sintomas psicóticos até início do tratamento: 1 a 2 anos o Demora para iniciar tratamento: recuperação pior e risco de recidiva maior o 50%: recidiva nos primeiros 2 anos Etiologia: heterogeneidade etiológica é provável, com múltiplos fatores envolvidos o Fatores genéticos o Fatores ambientais (uso de SPA - Canabis) Sintomas: o Positivos (excesso de dopamina no córtex mesolímbico): Delírios Alucinações Discurso desorganizado Comportamento desorganizado 2 Saúde Mental/Psiquiatria Laura Borges Comportamento catatônico (rígido, parado, não respondem a estímulo externo) Agitação o Negativos (redução de dopamina no lobo frontal): Embotamento afetivo (mão ateleiótica – sem expressão ao cumprimentar, não sente afeto) Alogia (prejuízo na formação de palavras) Avolição Anedonia (principal, o paciente não sente prazer) o Cognitivos: Distúrbios do pensamento, neologismo, incoerência Atenção e processamento de informações prejudicados o Afetivos/agressivos (muitas vezes desencadeado por um delírio ou alucinação): Controle dos impulsos Agressão física/verbal Automutilação Suicídio Ambivalência (experiência de 2 sentimentos contraditórios ao mesmo tempo, simultaneamente) o Sintomas depressivos/ansiosos (pode acontecer antes do surto ou depois): Humor deprimido Ansiedade Culpa Tensão Irritabilidade Preocupação Desesperança CID – 10 (OMS): o F20 – Esquizofrenia: F20.0 Esquizofrenia paranoide (predomina delírio e alucinação) F20.1 Esquizofrenia hebefrênica (inicia muito cedo na adolescência e o paciente passa a ter um comportamento mais infantil, como se depois do surto tivesse um retardo mental) F20.2 Esquizofrenia catatônica (indivíduo fica parado) F20.3 Esquizofrenia indiferenciada F20.4 Depressão pós-esquizofrênica F20.5 Esquizofrenia residual (depois de vários surtos o indivíduo começa a apresentar sintomas negativos) F20.6 Esquizofrenia simples F20.8 Outra esquizofrenia F20.9 Esquizofrenia, não especificada o F21 – Transtorno esquizotípico o F22 – Transtornos Delirantes Persistentes o F23 - Transtornos Psicóticos Agudos e Transitórios o F24 - Transtorno Delirante Induzido o F25 - Transtornos Esquizoafetivos o F28 - Outros Transtornos Psicóticos Não-orgânicos o F29 - Psicose Não-orgânica Não Especificada Formas de evolução mais frequentes em esquizofrenia: A. Um surto só, o indivíduo não retorna a normalidade. É raro. B. Indivíduo que tem surtos e que vão deteriorar com o tempo, a cada surto tem uma deterioração. Principal evolução. 3 Saúde Mental/Psiquiatria Laura Borges C. Questionável na prática porque não volta totalmente a realidade depois dos surtos D. Um surto só com retorno a realidade, é questionável (não é esquizofrenia) Tratamento vai ser feito com antipsicóticos para o resto da vida Psicoses agudas e transitórias: Início súbito, duração breve e geralmente associados com fatores estressantes precipitantes o Com ou sem sintomas de esquizofrenia Mantém o tratamento por um tempo e depois retira Transtornos delirantes persistentes: Psicoses com ideias delirantes crônicas e sistematizadas (que se mantém) o Também chamados de paranoicos Relativamente plausíveis, às vezes com grande poder de contaminação, que não impede o indivíduo de viver em sociedade, ele continua sendo funcional Início insidioso, construído aos poucos em uma personalidade predisposta Esses pacientes normalmente não vão procurar o médico e não vão fazer tratamento, apesar de poder ter melhora com tratamento. Exemplos: o Delírios de reinvindicação: Indivíduos com temperamento vivo e de caráter difícil, desconfiados, orgulhosos, rancorosos, vingativos, idealistas Início após fracasso/conflitos Tipos: Querelantes processuais (comum em advogados, está sempre reivindicando, processando) – são pessoas difíceis, rancorosos, orgulhosos, mas vivem normalmente na sociedade Inventores Idealistas apaixonados o Delírios passionais: Delírio celotípico (ciúmes, alcoolismo) Delírio erotomaníaco (a pessoa acredita que tem alguém em uma situação superior está apaixonada por ela) Podem cursar com violência, crimes o Delírio sensitivo de relação: Delírio de referência Indivíduos tímidos, sensíveis, escrupulosos, inclinados aos dramas de consciência e às reações dos outros Inicia-se geralmente após discussão, humilhação, conflito com amigos, família, vizinhos Desenvolve um quadro delirante de que as pessoas estão querendo te prejudicar o Delírio de interpretação: Loucura racional, interpretam o tempo todo, necessidade de explicar e decifrar tudo: Uma palavra, uma música, o valor profético da cor de uma gravata, o sentido irônico de uma saudação, sentido oculto de uma fala, de uma metáfora... Tudo tem um sentido e se refere ao indivíduo. Comum em videntes, cartomantes, religiosos, etc. Parafrenias: Delírios fantásticos com grande riqueza imaginativa, adaptação do mundo delirante ao real, com preservação da capacidade psíquica, profissional e comportamental social Temas: renascimentos messiânicos, mitos da criação, metamorfoses corporais, invasão de ETs, experiências cósmicas, perseguições, etc.
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