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Síntese do Corante Vermelho de Monolite Rio de Janeiro 2019 Síntese do Corante Vermelho de Monolite Trabalho acadêmico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como pré-requisito parcial à obtenção de aprovação na disciplina de Química Orgnâncica Experimental II 1 INTRODUÇÃO Desde que o Brasil foi descoberto, sua história caminha juntamente com produção de corantes, vide que o nome do país se deu em homenagem a madeira “Pau-Brasil” (Figura 1), fonte de um corante vermelho intenso (GUARATINI, ZARONI, 2000). Figura 1. Foto do corte transversal de um tronco de Pau-Brasil. . Fonte: https://www.todamateria.com.br/ciclo-do-pau-brasil/ O grande sucesso de corantes naturais em meados do século XIX teve sua garantia na estimulação sensorial, responsável por alavancar o mercado consumista ao tornar roupas e alimentos mais atrativos. Cerca de 87% das percepções captadas pelos órgãos sensoriais do ser humano dar-se pela visão. Assim, a cor é o resultado produzido no cérebro quando um estímulo causado por uma energia radiante penetra os olhos e permite a distinção de cores (ANGELUCCI, 1988 apud CONSTANT, STRINGHETA, SANDI, 2002). Com a 2° revolução industrial, a ascensão da indústria química levou a melhoria dos corantes existentes e de seus métodos de aplicação (ISENMANN, 2014). Os primeiros corantes sintéticos foram corantes de anilina. “Anilina por si é um corante mediocre, mas certamente é a substância mãe dos primeiros corantes sintéticos comercialmente bem sucedidos” (ISENMANN, 2014, p.19). A anilina é uma substância orgânica obtida inicialmente de uma espécie vegetal. Em seu estado puro se apresenta como um líquido oleoso incolor, de odor característico, que se oxida lentamente com a exposição solar, adquirindo coloração marrom-avermelhada. É um composto pouco solúvel em água, mas facilmente pode ser solubilizada em solventes orgânicos, como benzeno, tolueno e clorofórmio. Trata-se de uma amina aromática, sendo uma base muito mais fraca do que as aminas alifáticas devido a deslocalização do par de elétrons não ligantes do nitrogênio através do sistema π do anel aromático. Industrialmente, a anilina é ,geralmente, obtida pela nitração do benzeno, seguida pela redução do nitrobenzeno a aminobenzeno (FOREZI, 2011). Muitos nomes se destacam na história do desenvolvimento de corantes, principalmente sintéticos, mas podemos destacar na Figura 2 alguns destes. Figura 2. Pioneiros dos corantes sintéticos: A.W. von Hofmann, Sir W.H. Perkin, J.P. Griess respectivamente. Fonte: Armin Franz Isenmann. Corante. Timóteo, MG : 2014. 2ª Edição, p.20 O poder de pigmentação e aparência de um corante se deve ao espalhamento de luz incidente, sendo os responsáveis conhecidos como cromóforos. Cromóforos são grupos de átomos com uma ou mais ligações insaturadas capazes de absorver energia ou luz visível, excitando os elétrons para emitir diversas cores (geralmente na forma de fótons), quando passam de seu estado excitado a estado basal. Os elétrons absorvem a luz em um dado comprimento de onda, que possuem uma cor complementar, que seria a que observamos. Ou seja, enxergamos o conjunto de todas as outras cores que não são absorvidas como vista na Tabela 1 (ISENMANN, 2014). Tabela 1.Absorção de luz e cor aparente. Fonte: Armin Franz Isenmann. Corante. Timóteo, MG : 2014. 2ª Edição, p.80. Outros dois termos são relevantes quando tratamos de corantes como : auxocromo , que são grupos funcionais doadores e receptores de elétrons, que intensificam a ação do cromóforo e consequentemente a intensidade da coloração do produto; e cromógeno, que é a própria estrutura colorante, geralmente caracterizado por anéis aromáticos (BELTRAN, 2015; SUÁREZ, 2017; LEAL, 2011). Assim, em geral, são um grupo de compostos capazes de interagir com outros substratos afim de alterar sua cor. 2 OBJETIVO A prática em questão teve por objetivo a síntese do corante Vermelho de Monolite a partir da Anilina de forma a otimizar o rendimento a partir de rotas de sínteses adequadas. Rota de síntese: [1] Síntese da Acetanilida a partir da Anilina [2] Síntese p-Nitro-Acetanilida a partir da Acetanilida [3] Síntese da p-Nitro-Anilina a partir da p- Nitro-Acetanilida [4] Síntese do Vermelho de Monolite a partir da p-Nitro- Anilina 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 SÍNTESE DA ACETANILIDA A síntese da acetanilida foi realizada através da acilação de uma amina primária, conhecida como anilina. O principal motivo da acilação da amina é proteger o grupo funcional que é menos reativo em reações de substituição eletrofílica aromática posteriores a acilação, além de ficarem restritas a muitas reações típicas de aminas livres. Para que a reação ocorra, o pH deve ser controlado, afim de evitar a hidrólise da acetanilida e a protonação total da amina. Por isso, a faixa de pH ácida é mantida no meio reacional. Uma forma de controlar o pH é através de uma solução tampão, sendo a mais encontrada na literatura uma solução tampão de acido acético/ acetato de sódio, onde o ácido auxilia no ataque nucleofílico e o acetato impede a protonação da anilina. Quando a solução tampão não é utilizada, temos a diacetilação da amina. Contudo, a diacliação pode ser decomposta na presença de água em acetanilida e acido acético. Em posse de tais conhecimentos e com a busca contínua de otimização e aperfeiçoamento dos métodos de síntese, frente ao fins econômicos e ambientais, observou-se que o uso de água no lugar da solução tampão é satisfatória, visto que esta gera ao meio o subproduto que é o ácido acético que controla o pH do meio reacional e garante as condições ideias. Além disso, como ao final da reação o produto de interesse é purificado através de lavagens subsequentes com água, evita-se a incorporação de solventes a acetanilina, bem como elimina o maior percentual de ácido que é solúvel em água, visto que o produto de interesse tem baixa solubilidade em água , acrescida das condições de filtração utilizadas ( água gelada), que reduzem ainda mais a solubilidade da acetanilida. a) Estágio 1: Adição nucleofílica ao carbono carbonílico Em uma primeira etapa, ocorre o ataque ao centro eletrofílico do anidrido, devido a presença de um par de elétrons não ligantes na anilina, que lhe confere basicidade e ao falto do anidrido possuir centro eletrofílico no carbono carbonílico do anidrido por efeito indutivo. Tem-se então, a formação do intermediário tetraédrico. A formação do intermediário tetraédrico é determinante na velocidade da reação. b) Estágio 2: Na presença de uma base de brønsted, tem-se a desprotonação da amina. c) Estágio 3: Reação ácido-base Constitui-se basicamente na neutralização e eliminação do grupo acetato, que é um bom grupo de saída e formação de ácido acético, responsável pelo controle do pH no meio. 3.2 SÍNTESE DA P-NITRO-ACETANILIDA A p-nitro-acetanilida foi obtida através de uma reação de substituição eletrofílica aromática , nesta caso, uma nitração da acetanilida a partir de H2SO4/HNO3. Como visto no esquema abaixo, o mecanismo dar-se em três etapas distintas. Etapa 1: O ácido nítrico é mais fraco que o ácido sulfúrico, sendo assim, funciona como uma base de lewis protonando o ácido sulfúrico e gerando o íon nitrônio com a perda de uma molécula de água. Etapa 2 : O íon nitrônio é uma espécie eletrofílica que reage com anel aromático, devido a sua densidade eletrônica resultante do sistema conjugado de ligações π.Assim há a formação de uma carbocátion intermediário. Etapa 3: Ocorre a perda de um próton do carbono intermediário, através de sua remoção com uma nucleófilo, reestabelencendo a aromaticidade do sistema. Devido ao substituinte NO2 ser um orientador da posição orto/para por ser um grupo doador de elétrons por ressonância e por efeito indutivo, há dois possíveis produtos para esta reação. São eles: p-nitro-acetanilida e o-nitro-acetaniilida. O grupo presente na acetanilida, amida, é um grupo doador de elétrons e produz um impedimentoestéreo na posição orto, favorecendo, preferencialmente a posição para. Com base nesse conhecimento e a preferência pelo produto p-nitro-acetalida, a reação foi feita com o controle de temperatura, pois sua formação trata-se de uma reação altamente exotérmica, que se não for controlada, gera um aumento excessivo de calor no meio que favorecerá a formação do composto na posição orto indesejado. Assim, o controle de temperatura é indispensável para um rendimento satisfatório. Outro fator que exige o controle minucioso da temperatura do meio reacional, é que em altas concentrações e elevadas temperaturas temos a, formação de um forte de H2SO4-, que em altas temperaturas está apto a reagir com o anel aromático. 3.3 SÍNTESE DE P-NITRO-ANILINA A síntese da p-nitro-anilina foi feita a partir da hidrólise da amida em meio ácido. A p-nitro-anilina não foi sintetizada diretamente da anilina, pois ocorreria a protonação do grupo NH2, levando a um composto carregado positivamente, o que justifica a proteção da amina com sua acilação incialmente e garante a entrada do grupamento nitro na posição para. Segue o esquema abaixo: Conforme o esquema anterior, basicamente o mecanismo de formação da p-nitro-anilina consiste na protonação do oxigênio carbonílico, seguido pela adição nucleofílica da água ao carbono cabonílico, gerando o ácido acético p-nitro-anilina protonada devido ao meio ácido (composto solúvel em água) Assim, para a obtenção do produto final na sua forma sólida insolúvel em água, a amostra foi tratada com uma solução básica, para desprotonação da amina e obtenção de um sólido de coloração amarelo alaranjado. 3.4 SÍNTESE DO CORANTE VERMELHO DE MONOLITE A síntese do corantes de vermelho de monolite foi preparado a partir da diazotação da p-nitro-anilina. 4 REFERÊNCIAS ▪ GUARATINI, C. C. I.; ZAONI M. V. B. Corantes têxteis. Químca Nova, v. 23, p. 71-78, 2000. ▪ ISENMANN,A. F. Corantes. 2ºEd. Volume único. Minas Gerais: DMQTIM, 2014. ▪ CONSTANT, P. B. L.; STRINGHETA, P. C.; SANDI, D. Corantes alimentícios. B.CEPPA, , v. 20, n. 2, Curitiba ,2002. ▪ ANGELUCCI, E. Corantes para alimentos: legislação brasileira. In: CORANTES para alimentos. Campinas: ITAL, 1988. p.1-15. ▪ FOREZI, L.S.M. Métodos de Preparação Industrial de Solventes e Reagentes Químicos. Revista Virtual de Química, v.3, n.6, pg.496-503.2011. ▪ MARTÍNEZ SUÁREZ, J. F. Comportamiento electroquímico de colorantes antraquinónicos, azul de metileno, y compuestos afines en solución de solventes noacuosos. 2017. 324 f. Tese (Doutorado) - Curso de Doctorado En Ciencias Exactas, Área Química, Facultad de Ciencias Exactas, Universidad Nacional de La Plata, Buenos Aires, 2017. ▪ PINAZO BELTRÁN, K. F. P. Determinación de la eficacia de biomasa de Cladophora sp. en la biosorción de azul de metileno. 2015. 91f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biologia) – Facultad de Ciencias Biológicas, Universidad Nacional de San Agustín de Arequipa, Arequipa, 2015.
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