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NORMAS DE PREPARO DA EQUIPE CIRURGICA, DO PACIENTE CIRURGICO E DO CAMPO OPERATÓRIO Todo ato cirúrgico é uma agressão ao organismo, de intensidade variável de acordo com a extensão e gravidade da intervenção. Os perigos variam com uma série interminável de circunstâncias ligadas: A gravidade da operação em si Ao operando (suas lesões e miopragias* diversas) Ao médico, com seu preparo técnico, sua responsabilidade e experiência Ao próprio ambiente ou meio cirúrgico, com suas facilidades e deficiências de instalações e de equipamentos hospitalares. *Miopragia: Diminuição da capacidade funcional de um órgão em consequência de lesão. O homem vive em simbiose com microrganismos, nas floras normais do corpo -> a boca, a faringe, o intestino, a pele e os órgãos geniturinários externos. Floras mais ou menos constantes -> evidencia o estado de equilíbrio entre o ser superior e esses microrganismos. Uma relação simbiótica (Relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes) e saprofítica (Seres vivos sem clorofila que obtêm os seus nutrientes a partir de tecidos, mortos e/ou em decomposição, de plantas ou animais). Desequilíbrio entre esses indivíduos altera o tipo de interdependência. Ex.: E. coli – Componente da flora normal do intestino que, ao se localizar no aparelho urinário, pode se tornar maléfica. É esse tipo de associação entre o homem e um microrganismo (bactérias, fungos ou vírus), no qual o homem é o hospedeiro, que se dá o nome de infecção. Patogenicidade Capacidade do microrganismo de produzir malefícios ao homem. De todas as variáveis, a mais constante e atualmente a mais temida é a INFECÇÃO A infecção pode se instalar no indivíduo, seja por fontes de contaminação extrínseca (fontes externas de contaminação) ou intrínseca. Os germes das fontes de contaminação poderão infectar a ferida operatória, quer por via direta, quer por via indireta. Contaminação por via direta Disseminação por portadores de processos patológicos ativos, através do contato direto com o receptor, transmitindo microrganismo a partir da face, da pele, vias respiratórias, intestinais, genitais, ou através de qualquer outra lesão em atividade, como um furúnculo ou ferida contaminada, etc. Contaminação por via indireta Implica trajeto tríplice: parte do portador ou da lesão ativa, e através de um terceiro elemento, transmite-se ao receptor. O veículo pode ser o ar, poeira, roupas, utensílios, insetos, etc. ASSEPSIA Manobra realizada com o intuito de manter o doente e o ambiente cirúrgico livres de germes. Deve-se, o quanto possível, manter livre de germes o doente, a equipe cirúrgica e o ambiente. ANTI-SEPSIA Destruição dos germes. NORMAS DE PREPARO DO PACIENTE CIRÚRGICO Cuidados para com o doente Muitos são os fatores ligados ao doente que influem na maior ou menor possibilidade de contaminação: Idade tem sido considerada predisponente (infância e velhice) Alterações metabólicas ou de nutrição Tratamentos prolongados com esteroides Duração da hospitalização Tempo de cirurgia Contaminação ambiental Uso de drenos ou sondas Tamanho da incisão Banho geral, com lavagem de cabeça, axilas e genitais (véspera) *** Banho no dia da cirurgia tem sido contraindicado por aumentar a difusão de germes (Com uso de detergentes, a gordura existente na pele é removida e há descamação acentuada, veiculando maior quantidade de germes). Troca-se a roupa pessoal e de cama Uso de avental descartável de papel sobre a roupa de uso normal Retirada de acessórios, próteses dentárias, esmalte, batom, maquiagem, etc. Tricotomia (raspagem de pelos): Deve ser feito no dia do ato cirúrgico ou no próprio centro cirúrgico, preferencialmente Cuidado especial deve ser dispensado à limpeza e esterilização do aparelho de tricotomia (navalhas, giletes) Introduzir o doente na sala de cirurgia sem os lençóis e cobertores com que saiu da enfermaria ou do quarto Cuidados com o campo operatório / local da cirurgia Lavar cuidadosamente (10 minutos) o local a ser operado com sabão detergente antisséptico com formulações a base de hexaclorofeno ou gluconato de cloro-hexidina; Segue-se a antissepsia com álcool, mertiolate ou similar; Bom antisséptico é a solução de álcool iodado, porém com possibilidade de desencadear processos alérgicos na pele. Na prática: a) Degermação: Solução detergente a base de gluconato de cloro-hexidina a 4%; Anti-Sepsia: Gluconato de cloro-hexidina – Solução alcóolica a 0,5% ou tópica a 0,2%; b) Degermação: Solução detergente de PVPI a 10%; Anti-Sepsia: Solução de PVPI (Polivinil-pirrolidona iodófora) a 10% ou álcool iodado a 0,5% e 1%; Anti-sepsia do campo operatório: Uso de Soluções de PVPI ou Gluconato de clorohexidine, com gaze, delimitando a área a ser operada; Cuidados da Equipe Cirúrgica Precisa se adaptar a regime de absoluta assepsia (representa papel ímpar na gênese das infecções adquiridas). Relação direta entre pessoal e infecção tem sido relatada. O controle deve sempre ser feito principalmente com referência a trato respiratório, pele e períneo (Incidências variáveis de S. aureus coagulase-positivas entre pessoas de centro cirúrgico). Deve sempre ser vedada a entrada de pessoas (médicos, enfermeiros, estudantes, etc.) com lesões abertas no centro cirúrgico. Preparo da equipe cirúrgica Roupas As roupas rotineiras devem ser trocadas antes de adentrar o centro cirúrgico, por calça e blusa esterilizadas. Gorros e toucas Devem cobrir todo o cabelo, ser de tecido compacto e tamanho suficiente para cobrir totalmente a área pilosa da cabeça. Máscaras Seu uso generalizou-se logo após sua instituição por Von Mikulicz-Radecki (1886). Deve abranger boca e nariz. Mascaras impermeáveis são desaconselhadas. Máscaras com dupla gaze de algodão com 12 tramas por cm² têm-se demonstrado satisfatórias . Mãos 1. Antes de iniciar a lavagem, cortar, se necessário, as unhas e limpá-las 2. Escovar rigorosamente, por pelo menos 7 minutos, com antisséptico e água corrente (todas as partes das mãos e antebraços devem ser escovadas) 3. Retirar a espuma várias vezes 4. Enxugá-las com toalha esterilizada, para remover a água e vestígios de sabão residual, sob pena de enfraquecer a solução antisséptica 5. Imergir as mãos e antebraços em recipiente com álcool a 95% para completar a remoção de água da pele 6. Imergir as mãos e antebracos em álcool 70% durante 3 minutos 7. Enxugar com toalha esterilizada, colocar avental e luvas Aventais O uso de aventais foi proposto por Neuber (1882); Têm sido utilizados aventais de algodão com tramas densas e fibras longas, algumas impermeáveis à água, mas não ao vapor; São recomendáveis os aventais que têm possibilidade de oclusão nos punhos, tornozelos e golas, possuam malhas densas, com poros de 10 micra e sejam hidrófilos para reduzir a disseminação, sem serem impermeáveis ao vapor; Luvas Foram introduzidas por Halsted (1889), no entanto, somente após trabalhos de Bloodgood (1894) seu uso foi totalmente aceito; CUIDADOS 1. Trocar repetidamente durante as operações duradouras (a eficiência decresce após ser usada por alguns minutos). 2. Colocar junto a face, de modo a melhor filtrar o ar eliminado; 3. Evitar a expiração forçada – tosse, espirro, assim como a fala. 4. Nunca sair da sala de operação com máscara. Embora a proteção conferida pelas luvas seja realmente importante, muitas infecções são causadas por furos eventualmente não percebidos, como facilmente ocorrem em operações torácicas, ortopédicas ou neurológicas; A importância desta fonte decontaminação é avaliada quando se lembra que a flora permanente aumenta rapidamente no ambiente úmido e quente das mãos enluvadas; Período de troca: De modo geral, a cada 2 horas. Antissépticos líquidos Sabões Sais de sódio ou de potássio de ácidos graxos de cadeia longa. Atividade bacteriana e bacteriostática especialmente contra bactérias Gram-positivas e bacilos álcool-ácidos resistentes. Não atua contra bactérias Gram-negativas. Atividade virucida é mínima. Ação irritante para a pele é mínima, sendo por isto empregados para a escovagem de mãos e preparo da pele na área cirúrgica. Álcool Etílico O álcool etílico (70 a 90%) é o mais eficaz dos antissépticos. Barato, não irritante para a pele e completamente inócuo para o organismo. Ação antisséptica se deve à atividade que exerce sobre as proteínas desnaturando-as. Desvantagens: Nenhuma atividade residual e o uso contínuo na pele torna-a muito seca. Compostos halogenados Tintura de Iodo: Tintura de iodo (1% a 2% de iodo e iodeto de potássio em álcool a 70%). Um dos mais potentes e rápidos bactericidas. Apesar de irritante é o melhor antisséptico para a pele integra. Germicida de largo espectro, eficaz mesmo contra germes anaeróbios esporulados e fungos. Deve-se ter cuidado ao aplicá-lo a áreas extensas da pele, assim como em alérgicos. Soluções mais concentradas podem até produzir sérias queimaduras O iodo elementar tem sido usado em união a moléculas de polivinil-pirrolidona (iodóforos) – PVPI a 10% Este atua como elemento solubilizante formando um complexo facilmente dissociável quando em contato com a pele ou com água, liberando lentamente o iodo Não apresenta o incoveniente das reações alérgicas. Pouca ação residual. Cloro Combina-se com a água para formar acido hipocloroso (HOCL), sendo forte agente oxidante e bactericida de ação rápida. Seu derivado, o hipoclorito de sódio a 0,5% em solução aquosa (líquido de Dakin), foi e é amplamente usado como antisséptico em curativos e mesmo em extensos ferimentos. É necessário, para maior atividade, que a solução seja recentemente preparada e trocada a cada 2 horas ou então ministrada por irrigação contínua. Hexaclorofeno Composto bifenólico clorado com forte ação bacteriostática. Eficaz contra bactérias Gram-positivas, especialmente estafilococos. Seu resíduo é resistente à remoção durante vários dias. Cloro de benzalcônio: Composto orgânico amoniacal quaternário, ativo contra bactérias Gram-positivas e Gram- negativas, alguns fungos e certos protozoários. Gluconato de Cloro-Hexidina Com pH entre 5 e 8 é muito ativo contra germes Gram-positivos, negativos e fungos. Função esporicida apenas a elevadas temperaturas. Ótima atividade residual e mais eficaz que os iodóforos. Todas as considerações feitas anteriormente são de suma importância para realização asséptica do ato cirúrgico. Nunca esquecer que sem técnica apurada, hemostasia cuidadosa, emprego de fios adequados e mínimo de traumatismo tecidual, não se conseguem bons resultados em cirurgia. Sobretudo, nenhum resultado será obtido se não houve educação orientada para os perigos e causas da contaminação. Os referidos halogenados têm sido recomendados para a lavagem e escovagem das mãos pré- operatoriamente. Agentes Oxidantes Peróxido de hidrogênio, água oxigenada, a 10 ou 20 vol.: Não deve ser indicado ou recomendado como antisséptico por ser ineficaz. O permanganato de potássio (KMnO4): Fraco agente bactericida, é usado na diluição de 1:1.000 e 1:10.000 para irrigações vesicais ou para embeber compressa em úlceras crônicas da pele. Íons Metálicos Cloreto de mercúrio e nitrato de prata (muitos usados antigamente) estão abandonados porque irritam a pele e não são eficazes desinfetantes. Os mercuriais orgânicos (Mertiolate) são menos populares hoje. Sua avaliação como antissépticos é bastante difícil. Sua atividade resulta da afinidade que certas proteínas têm por estes íons, o que faz com que bactérias captem grande quantidade de íon a partir de soluções muito diluídas. Formaldeído Em solução aquosa a 37% (formalina) é pouco usada em cirurgia a não ser para a anti-sepsia do ar ambiental. Vaporização do gás se faz ao misturá-lo ao permanganato de potássio. No entanto, extremamemte irritante para os olhos e venenoso – Menos difundido. Na forma sólida (triximetileno) em pastilhas é muito usado para a esterilização de aparelhos com motor elétrico (serras, trépanos, etc.) Antissépticos voláteis Óxido de etileno (C2H4O) Substância altamente explosiva. Só deve ser manuseada com equipamento próprio e com pessoal treinado. Geralmente é utilizado na forma de misturas. Mistura de oxido de etileno a 11% em Freon - Cryoride é preferível por ser mais facilmente manuseável. Usados em Câmaras para esterilização. Óxido de propileno (C3H6O) Menos eficiente que o óxido de etileno. Menos explosivo que o óxido de etileno. Tem sido empregado na esterilização de material cirúrgico de pequeno porte. O aparelho para seu emprego é mais simples. NORMAS DE PREPARO DO MATERIAL CIRÚRGICO Esterilização do material cirúrgico A esterilização em conceito absoluto seria o processo que garante a completa ausência de vida sob qualquer forma. Feita por métodos que empregam o calor e as radiações. Antes da esterilização propriamente dita, 3 princípios são observados: 1) Intrumental deve possuir o menor número possível de microorganismos; 2) Todas as suas partes componentes devem estar dispostas de forma a serem facilmente acessíveis ao agente esterilizante; 3) O empacotamento: Realizado de tal maneira que a esterilização seja mantida até o uso dos instrumentos. Baseados nos 3 princípios, a limpeza prévia do material cirúrgico é realizada; São 2 os processos de limpeza do instrumental: Manual -> Instrumentos lavados em água fria, com detergente, escovando-se cada instrumento com escova rígida sob água corrente. Por Ultra-Som -> a limpeza decorre do efeito produzido pela passagem de alta frequência na água Processo de esterilização depende de duas características: 1) Poder esterilizante e tempo de ação 2) Quanto maior o poder, menor o tempo e vice- versa Tempo de ação: 3 fases Tempo de penetração: Período exigido para que todo material atinja a temperatura adequada para esterilização; Tempo de manutenção: Período em que a temperatura é mantida para que se consiga completa esterilização; Tempo de segurança: Acrescido aos anteriores para completar o processo. Os antissépticos voláteis, em especial o óxido de etileno, são usados para esterilização de material não autoclavável: Seringas e sondas plásticas. Ocorre em 3 fases: 1) Imersão dos instrumentos no tanque com água e detergente (umidificante); 2) Acão da alta frequência, de 18 a 20 mil ciclos/segundo; 3) Remoção de detritos pela água. **Lubrificação do material é proibida. Exceção, feita com silicone líquido lubrificante. Calor Seco Atividade letal do calor seco sobre os microrganismos se deve a oxidação do protoplasma celular 1) Fornos: Processo eficiente Por não ser tão penetrante como o calor úmido, requer o uso de temperaturas muito elevadas e tempo de exposição muito prolongado Temperaturas muito elevadas podem danificar o instrumental 2) Estufas: Processo semelhante aos fornos. 3) Infravermelho: Alguns sistemas de fornos utilizam do aquecimento por radiação infravermelha Método mais rápido 4) Flambagem: Não deve ser empregada. Danos causados ao instrumental e não confere segurança completa de esterilização.Calor Úmido Age coagulando as proteínas celulares A temperatura de coagulação depende da quantidade de água existente nas células. 1) Fervura: Apesar de amplamente utilizado, não é recomendável, uma vez que apresenta resultado incerto, mesmo após longo período de fervura. Razões: Ação esporicida não conseguida no tempo usual; Os instrumentos de corte são danificados pela turbulência da água em fervura e pelo oxigênio; A simplicidade do processo leva a enganos nas marcações de tempo e gera displicência; A contaminação, após o término do processo, é geralmente alta. 2) Vapor Sob Pressão É o procedimento mais difundido e aceito para que se obtenha boa esterilização Efeito letal: Temperaturas de 120°C e 132°C, sobre pressões respectivas de 775 a 1.400 mmHg Emprego do vapor sob pressão é realizado em AUTOCLAVES HORIZONTAIS Autoclaves: Câmara interna (colocado material a ser esterilizado) e Câmara externa (câmara de vapor), havendo espaço entre ambas (Circulação de vapor) Tempo de esterilização: Aproximadamente 2 horas (Tempo de penetração: 60 min / Tempo de manutensão: 15-30 min / Tempo de esfriar e secagem do material: +- 30 min.) FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES DE CADA ELEMENTO DA EQUIPE CIRÚRGICA ATO CIRÚRGICO -> Trabalho ordenado, realizado em EQUIPE, onde cada qual tem suas incumbências definidas, sem exorbitâncias nem omissões. EQUIPE CIRÚRGICA -> Formada pelo cirurgião e seus colaboradores. Cirurgião Principal executor e o responsável pela intervenção cirúrgica. Rapidez de raciocínio Decisões prontas Destreza Atitude de comando Equilíbrio emocional Conhecimento da Anatomia + Fisiologia + Fisiopatologia + Anatomopatologia Realiza manobras básicas da cirurgia. Secciona as estruturas, faz a hemostasia e promove a síntese dos tecidos até o término do ato cirúrgico. Escolha de colaboradores com os quais tenha afinidade, estimulando e elogiando constantemente seu desempenho. Coordena o trabalho de toda a equipe. Anestesista Escolha do pré-anestésico e anestesia adequada. Autoriza o início da cirurgia e solicita sua suspensão ou interrupção na vigência de risco de vida. Vigilância constante do enfermo (durante a cirurgia e após). Correção das variações da homeostase decorrentes da intervenção. Fiscalizar e orientar a recuperação anestésica até que o operado tenha condições de manter seus reflexos vitais. Primeiro auxiliar Encarregado de colocar o enfermo em posição adequada na mesa operatória e de preparar o campo cirúrgico. Deve organizar em mesa apropriada seu instrumental. Auxilia o cirurgião nas manobras de hemostasia, amarrando os fios das suturas e afastando as estruturas de maneira adequada e suave, evitando ao máximo traumatizar os tecidos. Deve ter pleno conhecimento dos tempos operatórios. Estar constantemente atento às manobras de sua atribuição. Conseguir executar suas tarefas sem interferir com as do cirurgião. Em intervenções mais complexas, participa da equipe cirúrgica o segundo assistente, que colabora nas manobras de afastamento, permitindo ao primeiro assistente ter maior liberdade de ação. Instrumentador Elemento de maior mobilidade no campo cirúrgico, pois mantém contato com as enfermeiras da sala, solicitando antecipadamente todo o material necessário para a cirurgia. Cuida da mesa do instrumental e participa ativamente do ato cirúrgico, suprindo as funções do assistente nos momentos em que este se encontra imobilizado afastando os tecidos. Deve ter a mesa do instrumental preparada com antecedência no início da intervenção, estando os instrumentos e o material necessários colocados de maneira adequada, numa disposição sistemática para seu pronto reconhecimento e utilização. No decorrer da intervenção permanece voltado para o campo operatório, tendo nas mãos o instrumento próprio para o ato que se realiza no momento, de modo a antecipar-se ao pedido do cirurgião. Para a perfeição do seu trabalho é indispensável o conhecimento da posição dos instrumentos na sua mesa de trabalho. Cumpre a ele manter limpo e ordenado o campo cirúrgico, substituindo compressas, colocando gases, retirando fios e instrumentos inadvertidamente deixados sobre o doente. Encaminhar à enfermeira da sala as peças cirúrgicas retiradas no decorrer da intervenção. Mesa do instrumental No arranjo da mesa do instrumental é preciso distinguir a área habitual e a área eventual de pegada. Área Habitual: instrumentos mais utilizados durante o ato cirúrgico, correspondendo à diérese, hemostasia e síntese. Área Eventual de Pegada: instrumentos específicos da cirurgia, utilizados somente em momentos determinados. A separação do instrumental visa o conforto do instrumentador, aumentando seu rendimento com menor estafa. O instrumentador coloca-se em frente ao cirurgião e ao lado do assistente, ajustando a mesa do instrumental em posição perpendicular à mesa cirúrgica. Existem variações no seu posicionamento. Movimento em cirurgia Intervenções cirúrgicas constituem o somatório dos movimentos simples e repetidos, característicos das operações fundamentais. O movimento durante a cirurgia deve ser medido e exato para as funções às quais se destina. Cabe ao cirurgião a escolha da via de acesso mais adequada para seu trabalho. O campo operatório deve ser completamente isolado da área limitada ao anestesista por meio de campos esterilizados para facilitar a mobilidade e evitar a contaminação de ferida cirúrgica. O cirurgião deve trabalhar em posição ereta (utiliza os movimentos da mesa cirúrgica, ajustando o campo operatório à altura dos seus cotovelos e próximo a si). O gesto durante o ato operatório deve ser delicado, para minimizar o traumatismo dos tecidos. Dedos Com eles se utiliza o instrumental, palpam-se as estruturas e apreendem-se os fios da sutura. Punhos Utilizados nos gestos firmes e precisos (realização das incisões e das suturas com o uso do porta-agulhas). Antebraços e braços Os movimentos do antebraço e braço possuem maior potência, sendo, porém, mais lentos e imprecisos. Empregados quando se necessita de maior força (afastamento das estruturas). Sinalização e Instrumentação cirúrgica A sinalização cirúrgica elimina a troca de palavras durante o ato operatório, evitando a contaminação, e garante maior presteza na tarefa do instrumentador. Desnecessária nas equipes bem treinadas, quando já existe a previsão do instrumento ou material a ser solicitado e torna-se inútil quando o instrumentador desconhece os sinais adotados pelo cirurgião. As palavras de cortesia ou agradecimento são dispensáveis dada a disciplina que deve comandar o ato operatório. Na prática, os sinais são limitados aos instrumentos e materiais mais frequentemente utilizados, sendo preferível solicitar os demais instrumentos pelo seu nome próprio, para evitar indecisões decorrentes da falta de compreensão do gesto. Bisturi 1) Pedido feito com a mão direita com a face palmar voltada para baixo, com os três últimos dedos fletidos, estando o indicador apoiado ao polegar, imitando a maneira de segurar o bisturi. 2) A flexão executada no punho dá a dinâmica ao gesto simulando o modo de utilização do instrumento. Findo o gesto, o cirurgião realiza a rotação da mão colocando-a em posição cômoda para receber o instrumento. 3) O instrumentador toma o bisturi pela ponta, apresentando o cabo ao cirurgião. Nesta manobra deve ter o cuidado de não colocar a borda cortante do bisturi voltada para sua mão, a fim de evitar que o cirurgião fira-o ao tomar o instrumento. 4) A apresentação deve sempre ser firme para certeza de que o objeto foi definitivamenteentregue. 5) Constitui erro não permitir ao cirurgião boa pegada do instrumento, fazendo com que venha ajustá-lo sobre o campo cirúrgico ou sobre seu próprio avental, num movimento parasita que tira a beleza da intervenção. 6) O bisturi é segurado pelo cirurgião de duas maneiras: 1. Como um lápis, quando usado para pequenas incisões ou para dissecção; 2. Como um arco de violino, para incisões longas retilíneas. Tesoura 1) A solicitação é feita com a mão direita estendida em pronação, tendo os dois últimos dedos fletidos. 2) O indicador e o médio estendidos executam movimento de aproximação e afastamento imitando o corte das lâminas da tesoura. 3) Ao apresentar o instrumento, tratando-se de tesoura curva, que é habitualmente usada pelo cirurgião, o instrumentador a entrega com a curvatura voltada para a mão do cirurgião. 4) Este utiliza a tesoura colocando os dedos polegar e anular nos seus anéis, apoiando-a com o dedo indicador e médio. 5) Para transferi-la para a posição do repouso deve fazê-la girar 180° para ser empalmada pelos dedos anular e mínimo. Deve haver a preocupação constante em abolir os gestos imprecisos ou parasitas (utilização dos dedos e das mãos no lugar do instrumental apropriado, durante as manobras de dissecção), os quais aumentam o traumatismo da intervenção, tirando-lhe toda a característica técnica. Pinças 1) O pedido da pinça hemostática é feito com a mão direita tendo a face palmar voltada para cima e os dedos estendidos. 2) O instrumentador, tomando as pinças pela ponta, entrega-as sucessivamente ao cirurgião, oferecendo primeiro as curvas e depois as retas, a menos que haja solicitação especial. 3) As pinças curvas devem ter a sua curvatura voltada para a mão do cirurgião. As hemostáticas utilizadas com fins específicos devem ser solicitadas pelo nome. 4) O pedido da pinça anatômica ou da pinça com dente de rato é feito com a mão direita ou esquerda, executando o movimento de pinça, pela aproximação e separação do polegar e do indicador. 5) Quando se trata da pinça anatômica os dedos conservam-se estendidos, e para a pinça de dente mantém-se fletidos. 6) O instrumentador toma a pinça pela ponta deixando extensão suficiente para ser entregue em posição de uso. 7) O instrumento deve ser apresentado fechado para evitar que o cirurgião, ao segurá-lo, prenda o dedo do instrumentador. 8) Na solicitação destas pinças junto com outro instrumento, o cirurgião fará o gesto duplo, requisitando a pinça com a mão esquerda. 9) Nesta eventualidade o instrumentador faz a entrega simultânea do instrumental pedido, cruzando suas mãos. Fio de ligadura e Fio bobinado 1) O fio de ligadura é solicitado com a mão tendo a face palmar voltada para cima e os quatro últimos dedos em meia flexão. 2) O instrumentador segura as extremidades do fio com as duas mãos e coloca-o estendido na concavidade formada pelos dedos do cirurgião. 3) Quando se trata do fio bobinado, a bobina é colocada na mão do cirurgião, fazendo o fio passar entre seus dedos indicador e médio. 4) O pedido do fio de sutura com o porta-agulhas é feito com o punho tendo os dedos fletidos, executando sucessivos movimentos de pronação e supinação, simulando a maneira de utilizar o instrumento. 5) O instrumentador ao entregar o porta-agulhas segura-o pela ponta e afasta o fio para que o mesmo não seja empalmado junto com o instrumento. 6) O fio, nas agulhas traumáticas, deve ser montado com comprimentos desiguais para fácil retirada da agulha após sua utilização.
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