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Laísa Dinelli Schiaveto Elementos Componentes da Anamnese Identificação: Perfil sociodemográfico que possibilita a interpretação dos dados individuais e coletivos do paciente. Queixa Principal: É o motivo da consulta. Representa os sintomas ou problemas que motivaram o paciente a procurar atendimento médico. História da Doença Atual: Registro cronológico e detalhado do problema atual de saúde do paciente. Interrogatório Sintomatológico: Avaliação detalhada dos sintomas de cada sistema corporal. Complementar a HDA e avaliar práticas de promoção à saúde. Antecedentes Pessoais e Antecedentes Familiares: Avaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais e familiares que influenciam seu processo saúde-doença. Hábitos de Vida: Documentar hábitos e estilo de vida do paciente incluindo ingestão alimentar diária e usual, prática de exercícios, história ocupacional, uso de tabaco, consumo de bebidas alcoólicas e utilização de outras substâncias e drogas ilícitas. Condições Socioeconômicas e Culturais: Avaliar as condições de habitação do paciente, além de vínculos afetivos familiares, condições financeiras, atividades de lazer, filiação religiosa, crenças espirituais e escolaridade. IDENTIFICAÇÃO NOME: é o primeiro dado; nunca designar o paciente pelo nome do leito ou pelo diagnóstico. IDADE: cada grupo etário tem sua própria doença (ex.: doenças próprias da infância). SEXO/GÊNERO: há enfermidades que só acontecem em determinado sexo (ex.: hemofilia – apenas em homens). COR/ETNIA: considerando o alto grau de miscigenação da população brasileira, a anemia falciforme, uma alteração sanguínea específica em negros, em virtude da miscigenação, pode ocorrer em pessoas de outra cor. ESTADO CIVIL: aspecto social (ex.: múltiplos parceiros – DST). PROFISSÃO: deve constar a profissão, o local de trabalho, ocupação atual e ocupações. • Em certas ocasiões, existe uma relação direta entre o trabalho do indivíduo e a doença que lhe acometeu – doenças ocupacionais – (ex.: pneumoconiose). • Em outras situações, ainda que a ocupação não seja diretamente relacionada com a doença, o ambiente no qual o trabalho é executado poderá envolver fatores que agravam uma afecção preexistente (ex.: DPOC). PROCEDÊNCIA ATUAL E REMOTA: a população tem muita mobilidade e os movimentos migratórios influenciam de modo decisivo na epidemiologia de muitas doenças infecciosas e parasitárias. RELIGIÃO: alta relevância no processo saúde-doença (ex.: proibição à hemotransfusão – Testemunha de Jeová). QUEIXA PRINCIPAL E DURAÇÃO (QD) Representa o motivo que levou o paciente a procurar o médico, repetindo, se possível, as expressões por ele utilizadas. Trata-se de uma afirmação breve e espontânea, geralmente um sinal ou sintoma, nas próprias palavras da pessoa que expressão o motivo da consulta. Não aceitar “rótulos diagnósticos” referentes à queixa principal, sendo assim, se o paciente disser que seu problema é “pressão alta” ou “menopausa”, deve-se procurar o sintoma que ficou subentendido sob outra denominação. Além disso, é um risco tomar ao pé da letra os “diagnósticos”, visto que as consequências de tal procedimento podem ser muito desagradáveis à (ex.: indivíduos que perderam a oportunidade de Laísa Dinelli Schiaveto submeter-se a um tratamento cirúrgico com probabilidade de cura para retirada de um câncer retal pelo fato de terem sugerido ao médico, e este ter aceito, o diagnóstico de hemorragia). OBS.: Uma pessoa pode enumerar vários motivos para procurar assistência médica, sendo que o motivo mais importante pode não ser o que ela enunciou primeiro. Então, para identificar a queixa principal, nesse caso, deve-se perguntar o que a levou a procurar atendimento ou o que mais a incomoda. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA) É um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde seu início até a data atual. Trata-se da parte principal da anamnese e costuma ser a “chave mestra” para chegar ao diagnóstico. SINTOMA-GUIA: Representa o sinal ou sintoma que permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão. É a queixa principal. 1. Definir o sintoma-guia; 2. Determinar a época em que teve início; 3. Investigar como evoluiu o sintoma; 4. Estabelecer as correlações e inter-relações com outras queixas; 5. Obter uma história com começo, meio e fim à META. OBS.: Para tirar o máximo de proveito, deve-se registrar os sintomas presentes e os negados pelo paciente, sendo com lógica e compreensão. ESQUEMA PARA ANÁLISE DE UM SINTOMA • Início • Características do sintoma • Fatores de melhora ou piora • Relação com outras queixas • Evolução • Situação atual INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO (IS) Constitui, na verdade, um complemento da história da doença atual (HDA). Este documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. A principal utilidade prática reside no fato de permitir ao médico levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrado na HDA (ex.: o relato de um paciente conduziu ao diagnóstico de gastrite e, no interrogatório sintomatológico, houve referência a edema de membros inferiores – esse sintoma pode despertar uma nova hipótese diagnóstica que vai culminar no encontro de uma cirrose). Em outras ocasiões, é nesta etapa que se origina a suspeita diagnóstica mais importante (ex.: paciente procurou o médico concentrando sua preocupação em imponência sexual e, ao ser feita a revisão dos sistemas, vieram os sintomas polidipsia, poliúria e emagrecimento, queixas às quais o paciente não havia dado importância, no entanto, a partir delas o médico levantou a suspeita principal – diabetes). Além disso, outra função importante é a avaliação de práticas de promoção à saúde. OBS.: Antes de começar o IS, explique que você realizará uma revisão “da cabeça aos pés”, mesmo não tendo relação com o sistema que o motivou a procurá-lo. ANTECEDENTES PESSOAIS (AP) Considera-se avaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e familiares que influenciam no processo saúde- doença. DOENÇAS SOFRIDAS PELO PACIENTE: deve-se começar pelas mais comuns da infância até os dias atuais, passando pelas da vida adulta. ALERGIAS: alimentos, medicamentos ou outras substâncias e, se o paciente já sofreu alguma afecção de fundo alérgico (ex.: eczema, urticária e asma). CIRURGIAS E OUTRAS INTERVENÇÕES: refere-se os motivos que a determinaram, registrando data, tipo de cirurgia, diagnóstico que a justificou e o nome do hospital onde foi realizada. TRAUMATISMO: indagar sobre o acidente em si e sobre as consequências deste; analisar a correlação entre um procedimento atual e um traumatismo anterior. Laísa Dinelli Schiaveto TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS: anotar o número de transfusões, quando ocorreu, onde e por quê. HISTÓRIA OBSTÉTRICA: anotar o número de gestações (G), de partos (P), de abortos (A), de prematuros e de cesarianas (C); GPAC. • Caso de sexo masculino, indaga-se o número de filhos e a importância da paternidade. VACINAS: anotar as vacinas (qual e época da aplicação). MEDICAMENTOS EM USO: anotar nomes, posologias, motivo e quem prescreveu. ANTECEDENTES FAMILIARES (AF) Inicia-se com a menção do estado de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente; se for casado, inclui-se o cônjuge e, se tiver filhos, estes devem ser referidos; não se esquecer dos avós, tios e primos paternos e maternos. Caso houver algum doente, esclarecer a natureza da enfermidade. E, em caso de óbito, indagar a causa e a idade em eu ocorreu. DOENÇAS QUE POSSUEM CARÁTER FAMILIAR MAIS COMUM: enxaqueca; diabetes; tuberculose; hipertensão arterial;câncer; doenças alérgicas; doença arterial coronariana (IAM e angina de peito); acidente vascular cerebral; dislipidemias; úlcera péptica; coletitíase; varizes. DOENÇAS COM CARÁTER HEREDITÁRIO: hemofilia; anemia falciforme; rins policísticos; erros metabólicos. HÁBITOS DE VIDA ALIMENTAÇÃO: estado de nutrição do paciente. ATIVIDADE FÍSICA: tipo, frequência, duração e o tempo que pratica. CONSUMO DE TABACO: tipo, quantidade habitualmente ingerida, frequência, duração do vício e abstinência (se já tentou parar). CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS: tipo, quantidade habitualmente ingerida, frequência, duração e abstinência. • Questionário CAGE: utilizado para o reconhecimento dos pacientes que fazem uso abusivo de bebidas alcoólicas. - Você já sentiu a necessidade de diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber? - Você já se sentiu aborrecido ao ser criticado por beber? - Você já se sentiu culpado em relação a beber? - Alguma vez já bebeu logo ao acordar pela manhã para diminuir o nervosismo ou ressaca? USO DE ANABOLIZANTES E ANFETAMINAS: relacionados com doenças cardíacas, hepáticas, renais, endócrinas e neurológicas. USO DE DROGAS ILÍCITAS: principalmente entre os jovens; tipo, quantidade, frequência, duração do vício e abstinência. CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS HABITAÇÃO: 1) Zona Rural – Devido a precariedade, as casas comportam-se como abrigos ideais para numerosos reservatórios e transmissores de doenças infecciosas e parasitárias. 2) Zona Urbana – A diversidade de habitação é um fator importante. Sendo assim, por um lado, as favelas e as áreas de invasão propiciam o surgimento de doenças infectoparasitárias devido à ausência de saneamento básico, proximidade de rios poluídos, ineficácia de coleta de lixo e confinamento de várias pessoas em pequenos cômodos. Já, por outro lado, casas ou apartamentos de alto luxo podem manter, por exemplo, em suas piscinas e jardins, criadouros do mosquito Aedes aegypti, dificultando o controle da dengue. Deve-se questionar sobre as condições de moradia: se mora em casa ou apartamento; se a casa é feita de alvenaria ou não; qual a quantidade de cômodos; se conta com saneamento básico, com coleta de lixo; se há animais domésticos, etc. CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS: renda mensal, situação profissional, dependência econômica de parentes ou instituições. Laísa Dinelli Schiaveto OBS.: Deve-se saber as listas de medicamentos gratuitos. CONDIÇÕES CULTURAIS: religiosidade, tradições, crenças, mitos, medicina popular, comportamentos, hábitos alimentares, e grau de alfabetização à Deve- se respeitar sempre. VIDA CONJUGAL E RELACIONAMENTO FAMILIAR: investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre irmão e entre cônjuges.
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