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Leticia Alves Queiroz Curso ECG-Eletrocardiografia Despolarização cardíaca Repouso (steady state): membrana intracelular negativo e membrana extracelular positivo Estímulo da despolarização: influxo de sódio e efluxo de potássio. Na superfície da célula cria-se um gradiente de carga, a parte despolarizada está negativa e a que irá despolarizar estará positiva. Teoria do Dipolo: geração de potencial elétrico na superfície Derivações: Canais de voltímetro Quando a onda está indo em direção ao positivo a onda é para cima e quando está indo em direção a o negativo a onda é para baixo. Quantos volts o coração é capaz de gerar? R: dúzias de milivolts. Três derivações bipolares (plano frontal) D1: Braço direito - e braço esquerdo negativo + ( para cima) D2: Perna esquerda+ e braço direito – (para cima) D3: Perna esquerda +e braço esquerdo +.( isoelétrica) Leticia Alves Queiroz Derivações precordiais V1: 4º EIC paraesternal direito V2: 4ºEIC paraesternal esquerdo V3: Entre V2 e V4 V4: 5º EIC esquerdo na linha hemiclavicular (ápice) V5: 5º EIC na linha axilar anterior V6: 5º EIC linha axilar média. Leticia Alves Queiroz Derivações Frontais AVR: AVF: AVL: Sistema de condução Na parte superior do átrio direito encontra-se o nó sinusal, feixes intermodais e no septo átrio ventricular há o nó interventricular. Predominância do sistema nervoso simpático na contração cardíaca.( receptores adrenérgicos). Leticia Alves Queiroz Potencia de ação Potencial de ação do miócito( célula cardíaca)- fibra muscular ventricular Leticia Alves Queiroz Potencial de ação do coração ( nó sinusal) Entra cálcio pelos canais lentos de cálcio. Medicações bloqueadoras do canal de cálcio: verapamil, diltiazem. Bloqueiam canal de cálcio do tipo lento, diminui a frequência cardíaca. Betabloqueadores diminuiu a frequência cardíaca porque atuam nos receptores adrenérgicos. As células do nó sinusal o potencial de repouso é menos negativo que a do ventrículo, o nó sinusal tem a despolarização mais rápida, os íons são cálcio e potássio. Na fibra muscular a despolarização é mais lenta, os íons são sódio e potássio e possui um potencial de repouso mais negativo. No fim da fase 3 ocorre o período refratário relativo, onde pode ser desencadeado um novo potencial de ação, ai ocorre arritmias de reentrada. Período refratário absoluto da fase 0 até o fim da fase 3 se ocorrer um novo estímulo não ocorre um potencial de ação. Parâmetros técnicos ✓ Nome, data e hora. ✓ Amplitude padrão: N (equivale a10 mm) ✓ Velocidade padrão: 25 mm/segundo Cada milímetro (quadradinho do papel milimetrado) do eletro possui 40ms e 0,1 mV. ✓ Se alterar a amplitude padrão pode falsear uma sobrecarga. Leticia Alves Queiroz ✓ Alterando a velocidade padrão: se o ECG correr mais rápido (50 mm/s), as ondas se alargam! ✓ Pode falsear bradicardia e bloqueios. Onda P: Despolarização do átrio (contração) Onda QRS: Despolarização dos ventrículos (contração) Onda T: Repolarização dos ventrículos. Segmento PR atraso fisiológico do nó átrio ventricular para que os átrios e ventrículos não despolarizem junto e causem um colapso ao coração. Despolarização atrial Onda P ✓ No ritmo sinusal: origem no átrio direito alto. ✓ Ondas P positivas nas derivações D1, D2 e aVF. ✓ Regra prática: 2,5X2,5 quadradinhos ✓ Duração <110ms e amplitude < 2,5mm ✓ Onda P em V1 (átrios): pode ser positiva ou bifásica ( componente positivo átrio direito e componente negativo se afastando do eletrodo positivo) Repolarização atrial: Onda Ta (não vista no ECG de 12 derivações) ✓ Inserida dentro do complexo QRS. Despolarização ventricular 1: Ativação septal ( 20ms): Primeiro vetor direcionado para a direita 2:Parede livre ( 20 a 60 ms): O segundo vetor é direcionado para a esquerda pela maior força do ventrículo esquerdo.( vetor da parede livre) 3: Porções Basais ( 60 a 100ms) R: Positivo Leticia Alves Queiroz S: Negativo ✓ Duração menor ou igual 0,12 s ( < 3 quadradinhos) ✓ Eixo: + 90 a -30 graus ✓ Onda R progride em tamanho de V1 a V6 ( zona de transição: V3 ou V4) ✓ Amplitude: 5 a 20 mm ( plano frontal) e 10 a 30 mm ( plano precordial) Nomenclatura do complexo QRS Q: onda negativa que precede a onda R S:Onda negativa após a onda R. Pode ser maiúscula ou minúscula dependendo da quantidade de ondas “S”. Eixo Elétrico Eixo elétrico do vetor resultante da despolarização (QRS) no plano frontal ✓ Vai de -30º (aVL) até +90º ( aVF) ✓ Desvio para esquerda entre -30º e +90º ✓ Desvio para a direita entre + 90º e +180º Cálculo 1- Método simplificado Derivação de 0º: D1 e derivação de 90º aVF. Se D1 é positivo e em aVF também é positivo o QRS está em um quadrante positivo. É normal porque se encontra no primeiro quadrante. D1 negativo e aVF positivo está desviado para a direita Os dois negativos o eixo está em um quadrante indeterminado. D1 positivo e aVF negativo pode estar desviado para a esquerda ou no eixo normal, para tirar a dúvida olhar para D2 se estiver desviado para a esquerda aVF também estará. Regra da derivação isoelétrica ✓ Se houver uma derivação isoelétrica (fase positiva e negativa do QRS aproximadamente com mesmo tamanho) no plano frontal, o eixo do QRS estará no plano perpendicular. QRS Isoelétrica em D1 perpendicular a aVF. QRS isoelétrica em D2 perpendicular a aVL. QRS isoelétrica em D3 perpendicular a aVR. Repolarização Ventricular Segmento ST e onda T ✓ Onda T: subida lenta do fim do QRS até o pico ✓ Descida rápida: onda T assimétrica ✓ Ponto J: Interseção do final do QRS com segmento ST. ✓ Avanços atuais: dispersão da repolarização ventricular (QT) Leticia Alves Queiroz ✓ Macro e microalternância cíclica da onda T. Onda U: Repolarização tardia (fibras de Purkinje ou músculos papilares) ✓ Após a onda T e de 5 a 25 % da amplitude da onda T e com mesma polaridade, onda U fisiológica. Como medir frequência cardíaca: Métodos de cálculo ✓ 1500 (número de quadradinhos em 1 min) dividido pelo número de quadradinhos entre R-R ✓ Regra de progressão:1500 dividido por 5,10,15,20. ✓ Número de complexos QRS em 30 quadrados grande ( 6 segundos) X 10. Intervalos ( normais) Frequência cardíaca: 50 a 100 bpm Intervalo PR: 120 a 200 ms ( 3 a 5 quadradinhos) Duração QRS: 80 a 120 ms ( <3 quadradinhos) Intervalo QT (Qtc menor ou igual 440 a 460 ms aproximadamente). Cálculo QT corrigido Fórmula de Bazzet ✓ Confiável se FC entre 60 a 100 bpm ✓ Alternativas: Fórmulas de Hodges e Framingham. ✓ QTc =QT/raiz de R-R(s) Aulas 3- Variantes da normalidade e as extrassístoles Arritmia sinusal: Critérios eletrocardiográficos ✓ Variação dos intervalos PP (> 120 ms) ✓ Fásica: Relacionada a respiração ✓ Não fásica: sem relação com respiração Causas: ✓ Geralmente fisiológica (SN autônomo) ✓ Comum na criança ✓ Pode se exacerbar em: DPOC, IC, apneia do sono, distúrbios eletrolíticos. Onda T negativa ✓ A onda T pode ser fisiologicamente negativa, nos adultos: aVR,V1,D3. Repolarização Precoce ✓ Jovens (< 50 anos) sem cardiopatia ✓ Elevação de ST ( ponto J)> ou igual 1 mm com concavidade superior ✓ Pode confundir com pericardite e infarto ✓ Entalhe inicial: sinal do anzol (fish hook) Aumento da amplitude do QRS Leticia Alves Queiroz Mecanismo eletrofisiológico: ✓ Geralmente por sobrecarga ventricular ✓ Porém, pode ocorrer em indivíduos normais como: crianças ,adultos jovens, perfil longilíneo, atletas, pós-mastectomia,vagotonia. ✓ QRS normal: Frontal: 5- 20 mm Precordial: 10-30 mm Atraso final de condução ✓ BRD ( Bloqueio de ramo direito) incompleto ou atraso de condução pelo ramo direito ✓ QRS< 120 ms✓ rSR' ou rsR’ em V1 ( ás vezes V2 e V3) – Padrão incompleto de bloqueio de ramo direito. ✓ Ondas S empastadas: D1, aVL, V5 e V6. ( Parede anterolateral- V5 e V6/D1 e aVL: parte frontal da parede lateral). ✓ Características: Prevalência 2,5% a 8 % da população, normalmente benigno, possíveis sítios de atraso na condução: parede livre do VD; atraso na condução na rede de Purkinje e atraso terminal do VD. ECG do atleta: Pode apresentar ✓ Bradicardia sinusal (parassimpático exacerbado, estimulação vagal) ✓ Arritmia sinusal fásica ✓ Repolarização precoce ✓ Atraso de condução pelo ramo direito ✓ BAV de 1º grau ou de 2º grau Mobitz I ( haverá explicação) ✓ Sobrecarga ventricular esquerda somente por critérios de voltagem ( Sokolow-Lyon). Batimentos de escape Características: batimentos de origem ectópica ( não sinusal) e tardio ( de suplência), consequente á inibição temporária do nó sinusal. Escape Ventricular QRS > ou igual a 120 ms. Escape Juncional QRS estreito, sem onda P, ocorre no nó atrioventricular. Leticia Alves Queiroz Extrassístoles Características: ✓ Estímulos ectópicos prematuros ✓ Sístole prematura (pode não gerar onda de pulso), seguido de pausa compensatória e por B1 hiperfonética. ✓ QRS> 120 ms- ventricular ✓ QRS estreito – supraventricular, ocorre no atrioventricular. ✓ Características: é comum em indivíduos saudáveis e não altera prognóstico, pós-infarto confere pior prognóstico. ✓ Podem iniciar: Flutter ou fibrilação atrial, taquicardia paroxística supraventricular e arritmias ventriculares. ✓ Causas: variante da normalidade, ansiedade, estresse, distúrbios do sono, medicações, excesso de cafeína, distúrbios eletrolíticos, distúrbios de tireoide, isquemia miocárdica e insuficiência cardíaca. ✓ Tratamento: retirar café, fumo, álcool e estimulantes; controle de estresse e sono; medicamentoso quando causar desconforto importante ou com alta frequência (> 15% em 24h aproximadamente), preferir betabloqueador. ✓ Extrassístoles atriais: batimento ectópico precoce seguido de pausa compensatória, onda P de morfologia não sinusal, QRS estreito. ✓ Extrassístoles juncionais: Características: batimento ectópico da junção AV (QRS geralmente estreito); onda P negativa nas derivações inferiores com intervalo PR curto; ausência de onda P ; onda P negativa nas derivações inferiores após o complexo QRS. Extrassístoles ventriculares ✓ Características: batimento ectópico precoce seguido de pausa compensatória; QRS alargado ( > ou igual 120 ms sem onda P) Leticia Alves Queiroz ESV monomórfica ESV polimórfica Isoladas Pareadas: Duas extrassístoles consecutivas Bigeminadas: todo 2º batimento é extrassístole Taquicardia ventricular não sustentada ( TVNS): Três ou mais batimentos com duração < 30 segundos. Em salva ( TSV ou TV): Três ou mais extrassístoles consecutivas. Extrassístoles interpoladas: sem pausa compensatória AULA 4- Sobrecargas Sobrecarga atrial esquerda (SAE) Onda P: duração maior ou igual 110 ms, entalhe em D2 (onda P mitrale), fase negativa em V1 >ou igual a 1 mm2( índice de Morris- melhor sensibilidade). Leticia Alves Queiroz Causas: estenose mitral (ex: doença reumática); insuficiência mitral; insuficiência cardíaca ( sistólica e diastólica) e miocardiopatias restritivas. Sobrecarga atrial direita (SAD) Onda P: amplitude maior ou igual 2,5 mm (D2,D3,aVF), porção positiva em V1 > 1,5 mm e onda P pulmonale. Sinal de Peñaloza- Tranchesi: QRS de baixa voltagem em V1 que aumenta de amplitude significativamente em V2- sinal indireto. Causas: estenose tricúspide (ex: doença reumática), insuficiência tricúpide; hipertensão pulmonar e miocardiopatias restritivas. Sobrecarga ventricular esquerda (SVE) ✓ Aumento da amplitude do QRS ✓ Possível: alterações de repolarização ventricular (ST-T); desvio de eixo QRS para esquerda. ✓ Causas: insuficiência cardíaca e miocardiopatias; HAS não controlada; estenose aórtica e insuficiência aórtica. ✓ Critério de voltagem de Sokolow-Lyon: S em V1+ R V5 ou V6 > 35 mm( >40 mm em jovens) ✓ Índice de Cornell: R em aVL +S V3> 20 mm (mulheres) ou > 28 mm (homens). ✓ Derivação única (Sokolow): Onda R em aVL>11mm ✓ QRS e ST: Padrão strain ( infradesnivelamento de ST com onda T negativa e assimétrica em V5,V6,D1 e aVL e supradesnivelamento de ST de V1 a V3). Tempo de ativação ventricular: tempo do inicio do QRS até o pico da onda Sobrecarga de ventrículo direito (SVD) ✓ Inversão de sequencia de ativação ventricular (QRS) precordial Leticia Alves Queiroz ✓ Possível: alterações de repolarização ventricular ( ST-T), desvio de eixo QRS para a direita. ✓ Causas: insuficiência tricúspide, doenças de depósito, hipertensão pulmonar ( múltiplas etiologias: insuficiência cardíaca esquerda, hipertensão pulmonar primária e TEP(tromboembolismo pulmonar) crônico. ✓ Desvio para a direita nas derivações frontais ✓ Diagnóstico eletrocardiográfico: ✓ Ondas R de alta voltagem em V1 e V2( R/S> 1 ou R >7 mm) ✓ Ondas S profundas nas derivações opostas ( V5 e V6) ✓ Desvio do eixo de QRS para a direita (D1 negativo aVF positivo) ✓ Padrão strain de repolarização nas precordiais direitas (V1 a V3) ✓ Índice R de V1 + S de V5 ou V6 > 10,5 mm (Sokolow-Lyon de VD) Sobrecarga biventricular: ✓ Complexos QRS isodifásicos amplos, de tipo R/S, nas precordiais intermediárias de V2 a V4 ( fenômeno de Katz-Watchel) ✓ ECG típico de SVD com R de voltagem aumentada em V5 e V6. Aula 5- Bloqueios Bloqueio de ramo direito ✓ Lentificação do estímulo ✓ Despolarização tardia do ramo direito ✓ Causas: podem ocorrer em indivíduos sem doenças; degeneração do sistema de condução; doença de Chagas; insuficiência cardíaca; cardiopatias congênitas e TEP. ✓ Critérios eletrocardiográficos: ▪ QRS maior ou igual a 120 ms ▪ rSR’ ou rsR’ em V1 ( ás vezes V2 e V3) ▪ Ondas S empastadas: D1, aVL,V5 e V6. ▪ Ondas qR em aVR com R empastada ▪ Eixo elétrico de QRS variável, tendendo a direita no plano frontal. Bloqueio de ramo esquerdo ✓ O vetor do QRS é desviado para a esquerda ✓ A despolarização do lado direito está completa, no entanto a transmissão para o lado esquerdo é lentificada. ✓ Causas: maioria das vezes denota cardiopatia; insuficiência cardíaca; miocardiopatias; estenose aórtica e degeneração de sistema de condução. ✓ Critérios eletrocardiográficos: ▪ QRS maior ou igual 120 ms ▪ Ondas R alargada com entalhes médio-terminais em D1, aVL, V5 e V6 (“em torre”) Leticia Alves Queiroz ▪ Onda “r” com crescimento lento de V1 a V3 (podendo ocorrer QS) ▪ Depressão ST e T assimétrica em oposição ao retardo médio terminal Diferenças entre BRD e BRE BRD: rsR’ em V1-V3 ( forma de “M”) Onda S empastada em V5-V6. BRE: S profunda em V1-V3. R “ em torre” em V5-V6,D1,aVL. Bloqueios divisionais do ramo esquerdo Leticia Alves Queiroz Mecanismo eletrofisiológico: ✓ Desvio do eixo QRS frontal ✓ Sem alargamento do QRS ✓ Do nó atrioventricular após passar pelo feixe de his o ramo esquerdo irá se dividir em três fascículos. ✓ Três pontos do ramo esquerdo: fascículo posteroinferior ( desvio para direita), fascículo anterossuperior (desvio para a esquerda) e fascículo anteromedial. Critérios eletrocardiográficos: Bloqueio divisional anterossuperior esquerdo (BDAS) ▪ QRS menor que 120 MS ▪ Eixo elétrico de QRS desviado para esquerda ( menor que -30º): D1 +, aVF -,D2 – ▪ rS em D2, D3 e aVF (S3 maior que S2) ▪ qR em D1 e aVL com tempo de ativação ventricular maior que 40 ms ▪ Progressão lenta da onda r precordial de V1 até V3. ▪ Tempo de ativação ventricular: Do início do QRS até pico R Causas: ❖ Pode ser variante da normalidade; ❖ Doença de Chagas (BRD+BDAS), ❖ Isquemia, ❖ Medicações que atrasam condução ❖ Insuficiência cardíaca. Bloqueio divisional posteroinferior esquerdo(BDPI) Diagnóstico eletrocardiográfico: ✓ QRS <120 ms ✓ Eixo elétrico de QRS desviado para a direita (>90º): D1-,aVF + ✓ qR em D2, D3 e aVF com R3>R2 ✓ Tempo de ativação ventricular maior ou igual 40 ms em aVF,V5 e V6. ✓ Critérios válidos na ausência de sobrecarga ventricular direita ou área eletricamente inativa lateral. ✓ Causas: pode ser variante da normalidade, isquemia, medicações que atrasam condução e insuficiência cardíaca. Diferenças entre BDAS XBDPI BDAS desvia para a esquerda e BDPI para a direita. Outros bloqueios Bloqueio divisional anteromedial esquerdo: Definição controversa ( crescimento amplo em V1 a V3). Bloqueio divisional superior direito: semelhante a BDAS, porém: rS em D2, D3 e aVf com S2 >S3. Leticia Alves Queiroz Aula 6- Isquemia parte 1 Conceitos de fisiologia: ✓ Subendocárdio: região mais suscetível á isquemia ✓ Maior demanda metabólica ✓ Maior vasodilatação basal ✓ Menor reserva da vasodilatação ✓ Fluxo coronariano tecidual é diastólico ✓ Efeitos da isquemia no potencial de ação: potencial de repouso menos negativo; menor velocidade e amplitude da fase 0 e potencial de ação mais curto. ✓ Onda T em isquemia: Isquemia subendocárdica: Onda T pontiaguda e simétrica. Isquemia subepicárdica: Inda T invertida e simétrica. Segmento ST em isquemia: ✓ Isquemia subendocárdica: Infradesnivelamento de ST, oclusão parcial de coronária. ✓ Isquemia transmural: Supradesnivelamento de ST, oclusão total de coronária. Onda Q em isquemia: ✓ Necrose (zona elétrica inativa) ✓ Onda Q maior ou igual 40 ms ✓ Onda Q maior 1/3 do complexo QRS adjacente. ✓ Necrose completa só tem onda Q ✓ Necrose parcial apresenta QR. Cenário 1: Isquemia transmural ✓ Oclusão completa coronária epicárdica ✓ Entre 20-60 min subendocardio sofre mais ✓ Onda T apiculada e simétrica ✓ Supra ST leva a uma corrente de lesão, que é o supradesnivelamento do ST. ✓ Com o passar do tempo leva a necrose do subendocardio e ocorre o desnivelamento da onda Q. ✓ Com a progressão da necrose a onda T inverte seu sentido ao chegar na região subepicárdica. ✓ Ausência de onda R ✓ Tempo de evolução de um infarto agudo do miocárdio com isquemia subendocárdica é de 12 h. Cenário 2: Isquemia subendocárdica ✓ Oclusão parcial de coronária epicárdica ✓ Desbalanço oferta X consumo de O2 : • Onda T apiculada e simétrica (diagnóstico diferencial com hipercalemia e vagotonia) • Infradesnivelamento de segmento ST (horizontal e descendente) Leticia Alves Queiroz • Avaliação da síndrome coronariana aguda: anamnese e exame físico + eletrocardiograma + troponina (exames complementares). Avaliação da síndrome coronariana aguda ECG em 10 min: SCA com supra ST (ou BRE novo/presumidamente novo) /SCA sem supra ST ( ECG normal,T negativa ou infra-ST) Troponina: positiva: IAM sem supra ST/ negativa: angina instável. Diagnósticos diferenciais: TEP, miocardite, dissecção de aorta,etc. Definição de supra-ST: ❖ Elevação do ponto J em 2 ou mais derivações contíguas. ❖ Maior ou igual a 1 mm ❖ Em V2-V3: mulheres: maior ou igual a 1,5mm/homens com idade igual ou superior a 40 anos : maior ou igual a 2 mm e homens com menos de 40 anos : maior ou igual a 2,5 mm. Derivações convencionais: Lateral alta: D1, aVR, aVL. Inferior: D2, D3, aVF. Anterior: V1, V2, V3, V4, V5, V6. Derivações auxiliares: ventrículo direito (V3R, V4R, V1=V2R) e parede “dorsal”(V7,V8 e V9) Quando eu devo fazer derivações auxiliares? 1. Suspeita de IAM de VD (V3R e V4R): IAM inferior ( D2,D3,aVF) 2. Suspeita de IAM dorsal (V7, V8 e V9): infradesnivelamento de ST em V1-V3 e IAM inferior. Localização do infarto Aula 7-Isquemia parte 2 O que dificulta a interpretação de isquemia? ✓ Diretrizes respaldam diagnóstico de SCA com supra-ST se sintoma anginoso e BRE novo ou presumidamente novo. Leticia Alves Queiroz Bloqueio de ramo esquerdo Critérios de Sgarbossa:>ou igual 3: IAM com supra-ST ( E:98% S:20%) ✓ Supra ST > ou igual 1 mm em derivação de QRS + (5) ✓ Infra- ST < ou igual 1 mm em V1,V2 ou V3 (3) ✓ Supra ST > ou igual 5 mm discordante ao QRS (2) Bloqueio de ramo direito ✓ Dificulta interpretação de isquemia em V1 a V3 ✓ IAM que evolui para BRD é de por prognóstico Síndrome de Wellens: Indica lesão suboclusiva DA (a. descendente anterior)proximal. ✓ Tipo A: onda T bifásica precordial (25%) ✓ Tipo B: onda T negativa precordial (75 %) Onda T de Winter ✓ 2% dos casos de oclusão de DA ✓ Infradesnivelamento de ST ascendente seguido de onda T apiculada nas precordiais ✓ Considerada equivalente ao supra-ST Infarto atrial Critérios de Liu: ✓ Infra ou supra-desnivelamento de segmento PR ( ou segmento PTa) ✓ Pode acompanhar arritmias atriais Diagnóstico Diferencial Onda T negativa ✓ Variante da normalidade (V1 podendo até V3) ✓ Insulto SNC: Edema cerebral ou AVCh ✓ Cardiomiopatia hipertrófica apical (V1-V4) ✓ TEP (T negativa V1-V4) Onda T apiculada ✓ Hipercalemia ✓ Vagotonia Onda T Cerebral: invertida, simétrica e profunda. Supradesnivelamento de segmento ST ✓ Repolarização precoce Leticia Alves Queiroz ✓ Pericardite (supra-ST difuso, infra-PR) ✓ Bloqueio de ramo esquerdo ✓ Sobrecarga ventricular esquerda ✓ Síndrome de Brugada ✓ Hipotermia (onda J de Osborn) ✓ Hipercalemia ✓ Supra ST residual (aneurisma) após IAM ✓ Síndrome de Takotsubo (descarga adrenérgica) Infradesnivelamento de segmento ST ✓ Sobrecarga ventricular direita e esquerda ✓ Bloqueio de ramo direito e esquerdo ✓ Uso de digitálicos (“pá de pedreiro”) Aula 8- Taquicardias supraventriculares Topografia QRS estreito= supraventricular QRS largo: ✓ Ventricular (>80%) ✓ Supraventricular com aberrância. Ex: bloqueio de ramo Mecanismos: ✓ Reentrada (principal) ✓ Automatismo ✓ Atividade deflagrada Taquicardia atrial ✓ Aumento do automatismo de focos ectópicos ✓ Onda P não sinusal ✓ Unifocal ou multifocal Flutter atrial Macro-reentrada: ✓ Tipicamente átrio direito ✓ Istmo cavo-tricuspídeo ✓ Ondas F (“dente de serra”) ✓ Condução atrioventricular variável (mais frequente é 2:1) Fibrilação atrial (FC>100 bpm) Micro-reentrada Leticia Alves Queiroz ✓ Tipicamente átrio esquerdo ✓ Veias pulmonares ✓ Ondas f(“fibrilatórias”) e RR irregular ✓ Risco cardioembólico. ✓ Trata fatores precipitantes: anti-coagulação, controle do ritmo e controle de FC. Taquicardia paroxística supraventricular Reentrada ✓ Nodal (70%) ou atrioventricular ✓ P escondida no QRS (forma comum) ✓ Início e fim súbitos. FC aproximadamente 160-180 ✓ Manobra vagal pode interromper ✓ Droga de escolha para reversão: adenosina ✓ Mecanismo eletrofisiológico: Taquicardia de reentrada nodal: Via rápida (α): período refratário longo Via lenta (β): período refratário curto. ✓ Pode ter pseudo-R em V1e pseudo-S inferior (ou onda P não visível) ✓ RP ultra-curto ( <70 ms sendo RP<PR) ✓ Taquicardia de reentrada atrioventricular: -ECG de repouso pode mostrar pré-excitação ventricular (onda delta) -Via acessória (anômala) atrioventricular: pode ser persistente, oculta ou intermitente. -Síndrome de Wolf-Parkinson-White (pré-excitação +TRAV) ✓ Ortodrômica: QRS estreito /Antidrômica: QRS largo pode ser confundida com taquicardia ventricular. ✓ RP curto (>70 ms sendo RP<PR) ou onda P não visível. Taquicardia Juncional Automatismo NAV, atividade deflagrada (pós-potencial tardio) ✓ QRS estreito, onda P ausente ou imediatamente antes ou depois do QRS ✓ Pode ocorrer dissociação atrioventricular ✓ Diferenciar de TPSV ✓ Intervalo RP e PR: normal: PR 120 ms/RP longo ( RP>PR) ✓ RP curto (RP<PR)- taquicardia de reentrada nodal e atrioventricular. ✓ RP longo (RP>PR)- taquicardia atrial. Antiarrítmicos Leticia Alves Queiroz Aula 9-Taquicardias ventriculares QRS largo >ou igual 120ms • Ventricular(>80%) • Supraventricular com aberrância de condução (bloqueio de ramo prévio ou frequência-dependente) • TRAV antidrômica • Taquicardia mediada/conduzida por marca passo. Características: • 3 ou mais batimentos de origem ventricular • FC no geral entre 100 e 250 bpm • Mecanismos de reentrada ou atividade deflagrada • Classificação: -monomórfica ou polimórfica - Sustentada (>30 segundos ou com instabilidade)X não sustentadas (TVNS) Leticia Alves Queiroz • Torsade de pointes Características: - Tipo de TV polimórfica em que o eixo “gira” a ponta -Associada a intervalo QT longo -Atividade deflagrada (fenômeno R sobre T) -Manejo: Sulfato de magnésio 2 gramas IV e/ou cardioversão elétrica (100J) ECG sugere TV e não TSV QRS alargamento importante • Morfologia BRD> 140 ms e eixo para esquerda • Morfologia BRE > 160 ms e eixo para direita Eixo indeterminado ✓ D1 negativo e aVF negativo Mudança de eixo > 40º em relação ao ECG Batimentos de fusão (morfologia intermediária entre sinusal e ventricular) e de captura (sinual). Critérios de Brugada 1º Critério: Ausência de RS nas precordiais 2ºCritério: RS > 100 ms em derivação precordial 3ºCritério: Dissociação AV 4º Critério: Critérios morfológicos para TV presentes em V1-2 e V6. Critérios de Vereckei :Avaliam a derivação aVR. Onda R monofásica sem onda Q é indicativo de TV. Taquicardia fascicular Características ✓ QRS largo ou limítrofe ✓ Morfologia BRD+BRDAS ✓ Reentrada mais provável: fascículos do ramo esquerdo (póstero-inferior) ✓ Verapamil-sensível (pode responder a amiodarona e a betabloqueadores) ✓ Epidemiologia: 15 a 40 anos sem cardiopatias. Fibrilação Ventricular ✓ Ritmo caótico (ondas não identificadas) ✓ Não gera débito cardíaco eficaz ✓ Ritmo de PCR-desfibrilação imediata Leticia Alves Queiroz TSV com aberrância ✓ Qualquer TSV (TA, TRN, TRAV, FLA, FA) na presença de bloqueio de ramo prévio ou bloqueio de ramo frequência-dependente. TRAV antidrômica ✓ Macro reentrada: Desce (anterógrada) pela via acessória (despolariza músculo a músculo) e sobe pelo NAV. ✓ D1- e aVF + FA com pré-excitação Características: ✓ Risco de morte súbita ✓ A depender do período refratário da via acessória há risco de condução com alta frequência- FV. Aula 10-Bradiarritimias Bradicardia sinusal ✓ Ritmo sinusal com FC <50bpm ✓ Ou bradicardia inapropriada ao cenário clínico ✓ Avaliar e corrigir fatores precipitantes Pausa sinusal ✓ Pausa na atividade sinusal superior a 1,5 vezes o ciclo PP básico ✓ Patológica se >3 segundos. Extrassístole atrial bloqueada ✓ Foco ectópico atrial não conduzido ✓ Mecanismo: encontra o sistema de condução intraventricular em período refratário Leticia Alves Queiroz Bloqueio sinoatrial (BSA) Características: ✓ Bloqueio de comando do nó sinusal: ✓ 1ºgrau: não visíveis ✓ 2ºgrau tipo I (Wenckeback): ciclos PP progressivamente mais curtos, até que ocorra o bloqueio. ✓ 2º grau tipo II: não apresenta diferença entre ciclos PP e a pausa corresponde a dois ciclos PP prévios. ✓ 3ºgrau: Ritmo de escape atrial ou juncional. Disfunção do nó sinusal Características: ✓ Espectro eletrocardiográfico: bradicardia sinusal, pausa sinusal, BSA,FA, síndrome bradi- taqui. ✓ Se a disfunção for sintomática é chamada de doença do nó sinusal que é a principal indicação para o uso de marca-passo. Bradicardia (escape) juncional Características: ✓ Origem na junção (nó AV-feixe de His) ✓ Onda P encoberta pelo QRS ou imediatamente antes ou após o mesmo. ✓ <50 bpm Leticia Alves Queiroz ✓ PR curto antes do QRS Bradicardia (escape) ventricular Características ✓ O ritmo idioventricular de escape, originado no ventrículo, tem FC inferior a 40 bpm. ✓ Ritmo idioventricular acelerado (RIVA): “taquicardia ventricular lenta” - Mecanismo: automatismo aumentado -Compete com sinusal (não é ritmo de suplência). FC 40 a 120 bpm -Geralmente autolimitado e relacionado à isquemia miocárdica/reperfusão. BAV 1º grau Características ✓ Intervalo PR é superior a 200 ms em adultos, para FC de 60 a 90 bpm ✓ Não há bloqueio de condução P-QRS. ✓ Toda P conduz BAV 2º grau tipo I (Mobitz I) Características: ✓ Fenômeno de Wenckebach: alentecimento gradativo da condução AV ✓ Aumento progressivo do intervalo PR, até que a condução AV fique bloqueada. BAV 2º grau tipo II(Mobitz II) ✓ Claudicação súbita da condução AV ✓ Condução AV 1:1 com intervalo PR fixo e, repentinamente, uma onda P bloqueada. BAV 2:1 Características: ✓ Um batimento atrial é conduzido e o outro bloqueado ✓ Intervalo P-P fixo (exclui extrassístole bloqueada) ✓ Diferencial: Mobitz I ou Mobitz II BAV avançado ✓ Condução AV existe em determinados batimentos (PR constante gerando QRS), porém ocorre bloqueio AV em menos da metade dos batimentos atriais ✓ Proporção 3:1, 4:1, etc ✓ Maioria é intra/infra-His BAV 3º grau (total) ✓ Completa dissociação entre estímulos atriais e ventriculares ✓ Escape juncional ou ventricular Leticia Alves Queiroz Bloqueios atrioventriculares (BAV) Aula 11- Marca-Passo Estimulação cardíaca artificial Dispositivos Cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI) ✓ Marca-passo ✓ Cardiodesfibrilador implantável ✓ Ressincronizador implantável ✓ Espículas: pequenas deflexões atrial ou ventricular ✓ Presença de “coil”, que é uma capa que protege o marca-passo e não permite que haja a liberação de energia para as outras partes do coração. Código de 5 letras(NASPE/BPEG) ✓ I- câmara estimulada (O, A, V, D) Câmara estimulada- ventrículo ▪ 98% é o ventrículo direito- QRS largo com morfologia de BRE ▪ 2% é o epicárdio de ventrículo esquerdo (morfologia de BRD) Câmara estimulada- átrio Espícula atrial Pode não ser observada se a frequência de disparo sinusal for maior que a do MP. Leticia Alves Queiroz ✓ II-câmara sentida (O, A, V, D). Sensibilidade: O (ausente), A (atrial), V (ventricular), D(dupla) ✓ III-Resposta á sensibilidade (O, T, I, D). ▪ O (nenhuma) ▪ I (inibe): Reconhece o estímulo elétrico intrínseco do coração e inibe descarga MP. ▪ T (deflagra ou trigger): Reconhece o estímulo do coração e deflagra descarga no marca passo. ▪ D (inibição e disparo): Restrito aos marca passos dupla câmara (DDD) ✓ IV-Resposta de frequência (O R) ▪ Capacidade de ajustar FC conforme atividade física do paciente ▪ O (ausente) ▪ R(resposta ou rate modulation) de FC: simples ou multiprogramada ✓ V-multissítio (O, A, V, D) ou anti-taquicardia. ▪ Mais de um local de estímulo em uma área ▪ Ou função anti-taquicardia Modo magnético (resposta ao imã) ✓ Varia conforme a programação original do MP ✓ Inicia modo assíncrono (AOO, VOO, DOO). ✓ Estímulo constante do marca-passo independente do ritmo basal do paciente ✓ Risco: taquicardia induzida pelo marca-passo ✓ Se aplicado ao CDI: desativação do mesmo. Modos mais comuns: VVI (ou VVIR)/DDD(ou DDDR)/AAI( ou AAIR) VVI ✓ Tipo mais comum ✓ Eletrodo ventricular único ✓ Desvantagem: perda sincronia AV (pode levar á síndrome do marca-passo- tontutura e síncope, átrio contrai com valva AV fechada). ✓ Câmara sentida: ventrículo ✓ I (inibe): reconhece o estímulo elétrico intrínseco do coração e inibe descarga MP (gerando batimento de captura) Leticia Alves Queiroz DDD ✓ Dupla câmara (comando mais fisiológico, pois mantem a sincronia atrioventricular). ✓ Pode ser completamente inibido se houver ritmo sinusal, condução AV normal e FC do paciente maior que a programada. AAI ✓ Geralmente indicado para pacientes com doença do nó sinusal e condução AV normal ✓ Não protege contra BAV Mau funcionamento do MP Falha de captura do marca-passo ✓ Espículas do marca-passo não gera despolarização (onda ou complexo QRS) ✓ Causas: deslocamento de eletrodo, fratura de cabo, distúrbios eletrolíticos,IAM. Falha de sensibilidade do marca-passo ✓ Undersensing: marca-passo não inibe a espícula quando há estímulo do paciente. ✓ Causas: erro de programação, eletrodo com pouco contato. ✓ Oversensing: marca-passo não deflagra espícula quando necessário. ✓ Causas: tremores musculares, erro de programação, ondas T ou P alargadas. Taquicardia conduzida pelo marca-passo ✓ Envolve sistemas de estimulação AV ✓ Arritma supraventricular sentida pelo canal atrial deflagra capturas ventriculares em frequência elevadas. Taquicardia mediada pelo marca-passo ✓ Restrita aos sistemas de estimulação AV ✓ Sistema elétrico do marca-passo faz o papel de componente anterógrado do circuito e a porção retrógrada é anatômica. Aula 12- Distúrbios eletrolíticos e alterações por medicamentos Principais eletrólitos que alteram ECG: potássio (K),magnésio (Mg),cálcio (Ca). Apresentam pouca interferência: sódio (Na) e acidose/alcalose Alterações de potássio Potássio alto (Hipercalemia): alteração semelhante à isquemia subendocárdica, ou seja, onda T apiculada e simétrica que se denomina “tenda de potássio”. ✓ Onda P achatada, QRS largo. ✓ Ritmo sinusóide-PCR Leticia Alves Queiroz Potássio baixo (hipocalemia): ✓ Onda U proeminente e onda T achatada. ✓ Intervalo QTU longo, infra-ST. ✓ Torsade de pointes TV polimórfica (R/T), onda P apiculada. Hipercalcemia ✓ Intervalo QTc curto (< 340ms) ✓ Pode surgir onda J (Osborn) Hipocalcemia ✓ Intervalo QTc prolongado (>450 a 470 ms) ✓ Onda T inalterada ✓ Torsade de pointes pode ocorrer (mas é menos comum que hipocalemia e Hipomagnesemia) Hipomagnesemia ✓ Frequentemente associada a hipoK ✓ Alteração principal: intervalo QTc prolongado ✓ Risco de torsade de pointes Leticia Alves Queiroz QT longo Causas: congênito, medicamentoso, eletrólitos (hipoK,Mg,Ca), SNC (edema/sangramento) e isquemia cardíaca. QTc=QT/Raiz do intervalo RR (s) Medicações (risco de torsade de pointes) Efeito digitálico Digoxina ✓ Digitalis lanata (“dedaleira”) ✓ Inibe Na/K ATPase- aumenta troca Na/Ca ✓ Aumenta automaticidade (Ca intracelular) ✓ Diminui condução AV (estímulo vagal) Características ✓ Infradesnível de segmento ST (semelhante ao strain), principalmente V5,V6,D1 e aVl ✓ Pode ter inversão de onda T ✓ “Pá de pedreiro” Leticia Alves Queiroz Intoxicação digitálica Características ✓ Náuseas, vômitos, diarreia. ✓ Alteração da visão (verde/amarelo),halos ✓ Confusão mental e tontura ✓ Palpitações e arritmias ✓ Aumenta automaticidade (Ca intracelular) que pode causar extrassístoles frequentes, FA/FLA/TV e taquicardia juncional. ✓ Diminui condução AV (estímulo vagal) pode causar qualquer BAV. Aula 13- Situações clínicas especiais que alteram o ECG Alterações de repolarização ventricular Alterações inespecíficas de repolarização ventricular ✓ Alterações de segmento ST e onda T (ST-T) que não preenchem critérios patológicos ✓ Comumente são variantes da normalidade Alterações secundárias de repolarização ventricular ✓ Alterações de segmento ST e onda T (ST-T) ✓ Bloqueios de ramo (BRE e BRD) ✓ Sobrecargas ventriculares (SVE e SVD) Leticia Alves Queiroz ✓ Pré-excitação ✓ Isquemia miocárdica (T mais simétrica). Baixa voltagem do QRS Amplitude QRS <5 mm (frontais) ou < 10 mm (precordiais) Variante da normalidade: obesidade, DPOC/enfisema, derrame pericárdico, cardiomiopatias restritivas (amiloidose), insuficiência cardíaca avançada e infarto prévio. Aula 13-Situações clínicas especiais que alteram o ECG • Alterações inespecíficas de repolarização ventricular - Alterações de segmento ST e onda T(ST-T) que não preenchem critérios patológicos - Comumente são variantes da normalidade -aVL é perpendicular de D2 • Alterações secundárias de repolarização ventricular -alterações de segmento ST e onda T ( ST-T) - Bloqueios de ramo (BRE (QRS em torre em V5,V6) e BRD) - Sobrecargas ventriculares (SVE e SVD) - Pré-excitação -Isquemia miocárdica (T mais simétrica) -Onda delta (pré-excitação) -Onda Q (V1-V4)- Na parede anterior pós-infarto. • Baixa voltagem do QRS: amplitude QRS < 5 mm (frontais) ou < 10 mm (precordiais) - Variantes da normalidade: obesidade, DPOC/enfisema, derrame pericárdico, cardiomiopatias restritivas (amiloidose), insuficiência cardíaca avançada e infarto prévio. • ECG no TEP (tromboembolismo pulmonar) (estimativas) -Taquicardia sinusal (50%) -V1 a V4: Inversão de onda T ou presença de “strain de VD” - Padrão S1Q3T3 (12 a 20%)-secundário a hipertensão pulmonar - BRD (15%): associado a maior mortalidade -Desvio eixo para direita. -Escore de ECG:>10 sugere TEP maciço com hipertensão pulmonar. - Onda S em D1/Q amplo (patológico) em D3 e T negativa em D3. -Insuficiência respiratória, hipóxia e dor torácica. • Pericardite - Características: Estágio inicial: supradesnivelamento de segmento ST (concavidade para cima), difuso, Infradesnivelamento de PR. Evolutivo: Pode ocorrer inversão de onda T após alguns dias. Normalmente normaliza após semanas e não forma onda Q. Leticia Alves Queiroz • Tamponamento cardíaco: o pericárdio acumula líquido e não possibilita os movimentos normais do coração. -Taquicardia, baixa voltagem e alternância ( amplitude de QRS sequências variam) • Hipotermia - Características: temperatura <35ºC, bradicardia, alargamento de ondas, artefatos de tremores, FA/ESV/FV/TV, onda J de Osborn. • Progressão precordial lenta da onda R - Causas: eletrodos posicionados incorretamente (altos), BRE (QS de V1 a V3), SVE(S predominante V1 a V3), pós IAM anterior ( onda Q),BDAS,DPOC, alguns casos de pré- excitação. • Insultos do SNC -Sangramento ou edema cerebral: bradicardia sinusal, intervalo QT prolongado, onda T negativa, profunda e simétrica (onda T cerebral). • Distúrbios da tireoide • DPOC -Características: sobrecarga atrial e /ou ventricular direitas, desvio de eixo para direita, QRS de baixa voltagem, progressão lenta de onda R precordial. • Miocardiopatia hipertrófica - ECG alterado em >90% - Sobrecarga ventricular esquerda/SAE -Onda Q patológica -FA (8 a 10 %) -Forma septal assimétrica (clássica): R proeminente V1-V3, onda Q lateral e inferior. -Forma apical (Yamaguchi): T negativa (V1 a V4) ou difusa. Leticia Alves Queiroz • Intoxicação por tricíclicos - Ação: bloqueio pré-sináptico de receptação (serotonina, noroepinefrina, dopamina) - Taquicardia: Bloqueio muscarínico- anticolinérgico - QRS alargado (>100ms): Bloqueio do canal de sódio (semelhante a carbamazepina, lidocaína, hidroxicloroquina) -Desvio de eixo para direita: Onda R ampla em aVR ( possível supra ST) Aula 14- Doenças genéticas e canalopatias Leticia Alves Queiroz • Síndrome de Brugada - Canalopatia hereditária (autossômica dominante) - Elevação do segmento ST >ou igual 2 mm em precordiais direitas ( V1 a V3) - Risco de morte súbita (gatilhos: sono e febre) - Ausência de doença cardíaca estrutural -Critérios diagnósticos 2013: Elevação ST tipo 1,> ou igual 2 mm,> ou igual 1 derivação precordial direita ( V1 e/ou V2), ocorrendo espontaneamente ou após teste provocativo com antiarrítmicos da classe 1 (ajmalina,flecainida ou procainamida) -Tipo 2 é suspeito, porém não diagnóstico. -Eletrofisiologia: redução da corrente de sódio na VSVD predominantemente epicárdica, genes: perda de função SCN5A( 11-28%), SCN10A,CACNA1C. -Fenocópias: Padrão de ECG típico de Sd de Brugada devido a condições secundárias (transitórias), medicações ( tricíclicos, lítio,propofol, bupivacaína, álcool, cocaína),TEP,IAM, compressão intrínseca. -Tratamento: quinidina ainda não foi comprovado, evitar febre e desencadeantes, CDI: prevenção secundária, CDI: prevenção primária- Brugada tipo 1 +critérios ( sincope, morte súbita na família) • Displasia arritmogênicade ventrículo direito - Substituição fibro-adiposa dos miócitos do VD - Segunda principal causa de morte súbita em <35 anos (1ºCMH) - ECG: atraso final da condução do QRS, onda épsilon (30% dos casos),onda T negativas de V1 a V4, extrassístoles de origem no VD. • Síndrome do QT longo -Características: QTc > 460 ms, síncope ou parada cardiorrespiratória, torsade de pointers (altamente específica e geralmente autolimitada). Leticia Alves Queiroz • Síndrome do QT longo congênito • Síndrome do QT curto Características: QT curto (<340 ms), FA( 80%) e morte súbita cardíaca, aumento da função dos canais KNJ2(fase 3), genes KCNH2/KCNQ1 e KCNJ2. • Taquicardia catecolaminérgica Características: morte súbita na família e síncope desde a infância e adolescência, mutação dos canais de rianodina (Ca), ECG repouso geralmente normal, extrassístoles ventriculares em FC (110-130) e taquicardia bidirecional no esforço. • Distrofia Muscular Características: conjunto de doenças que acometem os músculos esqueléticos, em algumas delas também os respiratórios e do coração. ECG mais comum: onda R ampla (relação R/S>1)em V1 e V2 e onda Q ínfero-lateral (fibrose póstero-lateral). Leticia Alves Queiroz Aula 15-ECG na criança • Circulação fetal: predominância do ventrículo direito/resistência pulmonar alta • Pelo forame oval (1ºshunt) ainda presente na vida fetal o sangue passa do átrio direito para o esquerdo e pelo canal artéria (2ºshunt) que comunica a artéria pulmonar a aorta. • ECG pediátrico: - Recém-nascido: Ventrículo direito dominante (R ampla em V1 e S profunda em V6) -Desvio para direita - Onda T de baixa amplitude difusa - Transição de onda T em V1 positiva para negativa em até 48 horas ( se permanecer positiva sugere SVD) - Taquicardia sinusal • Recém – nascido (3 dias a 1 mês) - Ventrículo direito dominante (R ampla em V1 e S profunda em V6) -Desvio eixo para direita -Onda T aumenta amplitude - Onda T negativa em V1 (normalmente até V3 ou V4)- padrão juvenil -Taquicardia sinusal. Leticia Alves Queiroz • Lactente (1 a 6 meses) - Mantém R ampla em V1, porém em V2 a onda S é maior ou igual a R -T negativa geralmente V1-V3 -RSR’ em V1 pode ser normal • Criança (transição de 1 a 8 anos) -Dominância passa a ser VE -Onda R não é mais dominante em V1 (S>R) - R predominante em V6 (perde S profunda) - Eixo normal (-30º a +90º) - T negativa geralmente V1-V3(padrão juvenil) -RSR’ em V1 pode ser normal -É comum o padrão de repolarização precoce. Características Gerais: - Transição da dominância VD-VE -RSR’ em V1 pode ser normal (BRD incompleta) -É comum padrão de repolarização precoce - Arritmia sinusal pode ocorrer - Intervalo PR curto (<120 ms) -Duração do QRS (<80ms) -QTc ligeiramente longo (<ou igual 490 ms em <ou igual 6 m) -T negativa V1-V3 (padrão juvenil) Sugestão de método - Ritmo e FC, duração/amplitude / eixo de onda P, condução AV, eixo QRS, morfologia do QRS,análise do segmento ST, morfologia da onda T e intervalo QTc e QT. Leticia Alves Queiroz • Situs atrial Características: -Solitus- eixo P aproximadamente 60º (P+em D1, aVF) -Inversus-eixo P aproximadamente 120º 9 negativo D1,aVL) • Dextrocardia Características: -Desvio do eixo para direita -Ondas positivas em aVR, negativas D1/aVL -Ausência de progressão da onda R nas precordiais (ondas S dominantes) -Normalização do ECG com eletrodos em hemitórax direito (imagem especular) e invertendo braço esquerdo e direito.