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Após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, estabeleceu-se a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a qual reforçou a cultura dos Direitos Humanos (conjunto de princípios e direitos convencionados internacionalmente e atribuídos a todo ser humano). Foi necessária uma longa trajetória histórica para um reconhecimento social minimamente igualitário entre os sujeitos. Assim, ao longo do século XX, o Brasil participou de diversos tratados e convenções que reforçam o compromisso da nação para com os Direitos Humanos, o que refletiu na promulgação de algumas leis – como a Lei nº 10.741 que criou o Estatuto do Idoso –, as quais têm impacto de modo direto ou indireto em diversos contextos de trabalho da Psicologia. Os Direitos Humanos são a base para a condução de diversas políticas públicas nas quais a Psicologia se insere. Inclusive, o Código de Ética Profissional do Psicólogo, que embasa as demais normativas a serem seguidas por todos os psicólogos, tem um compromisso efetivo com os Direitos Humanos e com a análise crítica do cenário sociocultural como orientação à prática psicológica independentemente da área de atuação. A defesa do compromisso social foi fortalecida dentro da Psicologia na década de 1980, pois pensar no compromisso dessa ciência envolve delinear uma prática que não seja imparcial frente a situações de violações de direitos. Na história da Psicologia, características que fugissem à norma social esperada foram tratadas como foco de intervenção. Contudo, foi na área da educação que se passou a questionar com mais ênfase o modo como as ciências concebiam as deficiências. Assim, com o passar do tempo, foi revelado que os obstáculos vivenciados pelas PCD são resultados de uma interseção entre as peculiaridades de cada indivíduo e aspectos sociais e institucionais, os quais determinam o modo como as PCD vivenciam o mundo. COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS (CDH): Criada em agosto de 1977 e regionalizada em 1998, tem por objetivo incentivar a reflexão e o debate sobre os direitos humanos inerentes à formação, à prática e à pesquisa em Psicologia; intervir em situações concretas, em que existam violações dos direitos humanos que estejam produzindo sofrimento mental; etc. REFERÊNCIA: Apostila “Atuação junto às pessoas com deficiência (PCD) e trabalho voltado à temática da drogadição e medicalização”, da disciplina Temas Contemporâneos em Psicologia. UNIFACS. O Estatuto da Pessoa com Deficiência foi promulgado em 2015, com o objetivo de garantir os direitos das PCD, para que essa relação seja realmente igualitária. Dentre os diversos avanços apresentados pela lei, há a definição das barreiras que devem ser rompidas para que sejam alcançados seus objetivos. São elas: urbanísticas; arquitetônicas; nos transportes; nas comunicações; na informação; atitudinais; e tecnológicas. Ou seja: [...] qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros. (BRASIL, 2015). A Psicologia pode colaborar com a redução de todas essas barreiras, principalmente quando inserida nos espaços de planejamento e gestão. Entretanto, a ênfase é dada as barreias atitudinais, as quais dizem respeito a atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas. Para orientar uma prática psicológica que não seja excludente, orienta-se pensar as diferenças como parte da natureza humana, sem, com isso, negligenciar as particularidades de cada sujeito. Desse modo, é necessário pensar ações que não sejam exclusivamente voltadas às PCD, mas sim, que envolvam a comunidade e as instituições em que a pessoa transita. Para a inclusão pode-se realizar as seguintes atividades: atendimentos individuais e grupais; avaliação psicológica; apoio às famílias; mediação das demandas da PCD com a instituição; dentre outras. O termo “capacitismo” diz respeito à aversão social às PCD e à manutenção e estereótipos de incapacidade ou heroísmo que tem base nos discursos eugenistas disseminados a partir do século XX, bem como nos ideais de normalidade estabelecidos na sociedade. Dessa forma, são criticadas as práticas sociais que demandam ações físicas e seus moldes pensados para um ideal de corpo, limitando a participação das PCD. E, pensando do ponto de vista da Psicologia, inclui-se os espaços sociais que excluem indivíduos que não se encaixam no padrão típico de funcionamento mental/cognitivo. As consequências do capacitismo retroalimentam as associações entre deficiência e suas explicações biomédicas, desconsiderando as barreiras institucionais e sociais, as quais realmente prejudicam a vivência comunitária de todos. REFERÊNCIA: Apostila “Atuação junto às pessoas com deficiência (PCD) e trabalho voltado à temática da drogadição e medicalização”, da disciplina Temas Contemporâneos em Psicologia. UNIFACS.
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