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Teoria de Ricardo sobre Renda e Preços

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Renda e rendimentos decrescentes
As primeiras terras a serem ocupadas são aquelas de maior produtividade. Parte do produto total gerado por essa terra é destinada ao pagamento dos custos de produção (salários, reposição do capital). O restante é o produto líquido, excedente que será dividido entre lucro e renda. 
Com o aumento da população, novas terras marginais serão ocupadas, aumentando a renda paga pelas terras anteriores, que devem se manter diferentes dadas as diferentes fertilidades. A concorrência entre os capitalistas faz com que o lucro seja igual ao produto líquido da terra marginal, que não paga renda. Com a expansão da fronteira agrícola, terras cada vez menos férteis passam a ser ocupadas, e o lucro cai e a renda aumenta. A queda do lucro ameaça a acumulação de capital, levando a um estado estacionário.
Teoria do valor de troca e preços relativos
Embora a utilidade seja uma condição necessária para que uma mercadoria tenha valor, ela não o determina. O valor de troca vem da escassez da mercadoria e do trabalho nela contido. A escassez, no entanto, só é importante se a mercadoria não pode ser reproduzida livremente, o que a torna irrelevante por sua raridade.
Assim, o valor de troca de uma mercadoria é proporcional ao trabalho nela contida. Em uma economia capitalista, no entanto, é preciso fazer algumas qualificações. Em primeiro lugar, a diferença entre o tempo necessário para adquirir a habilidade necessária para exercer uma ou outra atividade determina que o trabalho mais complexo seja um múltiplo do mais simples. Em segundo lugar, ferramentas e máquinas são produtos intermediários do trabalho. Embora sejam necessários à produção, os recursos naturais não tem produtividade.
Mais problemas: o capital fixo tem durabilidade diferente entre as indústrias e o tempo que o capital leva para retornar ao capitalista varia. Esses problemas são derivados do fato de que o processo produtivo se desenvolve ao longo do tempo.
Porém, para que os preços sejam proporcionais à quantidade de trabalho contida nas mercadorias, a razão entre salários e lucros teria de ser igual. Dada a tendência a que a taxa de lucro fosse igual em todas as atividades, isso implicaria em uma razão trabalho-capital igual em todas elas. Assim, uma mercadoria será vendida por um valor maior do que seu tempo de trabalho se mais do que o capital médio for investido na sua produção, e vice-versa, porém essa causa de variação no valor das mercadorias é muito pequena em seu efeito. Além disso, quando se levam em conta quantidades agregadas, as variações de preço são eliminadas.
O valor de troca de uma mercadoria não depende dos salários, apenas da quantidade de trabalho. O valor do salário atinge apenas a proporção dos lucros aos salários, não o valor de troca do bem. Da mesma forma, a renda não afeta o valor de troca dos bens. Os preços dos bens é que determinam a renda.
Em uma economia complexa, os agregados de produto líquido e salários são compostos por muitas mercadorias. Para medi-los, Ricardo teria de encontrar uma mercadoria cujo preço não variasse com variações de salários e lucros, que seria uma “medida invariável do valor”. Ricardo jamais encontrou tal mercadoria, e considerou o ouro como sendo tal medida, embora reconhecesse suas falhas.
Os preços relativos só variam quando há variação nas horas de trabalho necessárias à produção
Embora o trabalho seja a base do valor das mercadorias, os preços de mercado podem se desviar desse valor de acordo com variações na oferta e na demanda. As variações no preço aumentam ou diminuem os lucros, fazendo com que o capital se mova de uma indústria para a outra. Assim, no curto prazo os preços dependem da oferta e da demanda, no longo prazo, são quase proporcionais à quantidade total de trabalho exigida para o processo inteiro de produção.
Distribuição de renda
Salários
O preço natural do trabalho é garante a subsistência (cultural) e a perpetuação dos trabalhadores sem que haja uma mudança em seu número. O preço de mercado do trabalho depende da oferta e da demanda, mas flutua em torno do preço natural. No longo prazo, o preço natural do trabalho e os salários tendem a aumentar, por causa do aumento no custo de produzir alimentos para um número crescente de pessoas.
Quando o salário sobe, a população de trabalhadores aumenta, aumentando a oferta de mão-de-obra. O inverso ocorre quanto o salário cai. Assim, no longo prazo a tendência é que eles recebam a quantia mínima que garante sua subsistência. A exceção a tal situação ocorre quando o capital está aumentando. 
Lucros
Ricardo defende a tendência à equalização da taxa de lucro. Os movimentos do preço influenciam a taxa de lucro, que controla o fluxo do capital. Assim, um mercado livre e competitivo tende a igualar as taxas de lucro. A taxa de lucro sobre a terra marginal determinaria a taxa de lucro da economia.
As dificuldades na produção de alimento diminuiriam a taxa de lucro e poderiam barrar a acumulação de capital e o desenvolvimento, atingindo um estágio estacionário. Tal estado seria alcançado quando o novo investimento cessasse e a população não pudesse mais crescer porque os limites da produção de alimentos tinham sido atingidos e quando cada excedente disponível tivesse sido apropriado como renda.
Com o aumento do preço dos cereais devido ao uso das terras marginais, o preço do trabalho aumentaria, mas isso não aumentaria o preço dos produtos industrializados. Assim, o aumento no salário determinaria uma diminuição no lucro.
Rendas
Haveria um conflito de interesses entre os proprietários de terra e o resto da sociedade. Com o aumento da população, a demanda por alimentos cresce, aumentando seu preço. Com isso, novas terras são ocupadas para a produção, e as terras melhores serão cultivadas mais intensamente, aumentando a renda. Esse mesmo movimento aumenta os salários nominais.
Conflito entre capitalistas e proprietários de terras
Segundo Ricardo, “o interesse do proprietário de terras sempre se opunha ao interesse de todas as outras classes da comunidade.” Isso porque ele identificava a prosperidade econômica com a acumulação de capital, que, como vimos, seria barrada pelo aumento da renda. O aumento da acumulação beneficiaria os trabalhadores através do aumento da demanda por mão-de-obra, que faria com que o salário de mercado ultrapassasse o salário natural (de subsistência). Isso só se sustentaria enquanto houvesse acumulação.
Desemprego
Ricardo aceitava a possibilidade de haver um excesso de oferta temporário, porém a produção total e o emprego prevaleceriam em geral. Ele defende a lei de Say, segundo a qual “a oferta gera sua própria demanda.” A superprodução de uma mercadoria específica ocorreria devido à má previsão, porém essa situação seria corrigida automaticamente. 
A maquinaria, no entanto, geraria a possibilidade de desemprego tecnológico. A introdução de maquinaria beneficiaria o capitalista e os proprietários, pois diminuiria a necessidade de reservas de salário. No longo prazo, o efeito da introdução do maquinário poderia ser mais favorável do que o efeito no curto prazo, pois o custo dos bens cairia.

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