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Gemelaridade É a gestação proveniente de um ou mais ciclos ovulatórios, resultando no desenvolvimento intrauterino de mais de um zigoto, ou na divisão do mesmo, independente do número final de neonatos. Todas as gestações múltiplas são de alto risco, uma vez que a hipertensão, prematuridade e diversos fatores de risco se tornam mais recorrentes. Com isso, as gestações múltiplas, são classificadas de acordo com a zigoticidade e corionicidade. A zigoticidade está relacionada ao número de óvulos e a corionicidade ao número de placenta. Zigoticidade Em relação ao número de óvulos, a gestação pode ser Dizigótica ou Monozigótica. A gestação dizigótica resulta da fecundação de mais de um óvulo, com materiais genéticos distintos e representa 2/3 das gestações gemelares. Com isso, são 2 zigotos que podem ser do mesmo sexo ou não e apresentam 2 corions, 2 aminions e 2 placentas. A gestação monozigótica resulta da divisão da massa embrionária e assim, constitui produtos de materiais genéticos idênticos e de sexos idênticos. Corionicidade Em relação a quantidade de placenta, a gestação pode ser monocoriônica ou dicoriônica. A gestação monocoriônica possui a formação de 1 saco gestacional e 1 placenta. A gestação dicoriônica possui a formação de 2 sacos gestacionais e 2 placentas. Tal definição é importante, uma vez que auxilia para a avaliação do risco da gestação. O melhor período da determinação é durante o 1° trimestre de 6 a 8 semanas via ultrassom transvaginal. No ultrassom, na gestação monocorionica é possível analisar o Sinal do T e na gestação dicoriônica o sinal da lambida. Amniotocidade A Monoammniotica é quando ocorre a formação de 1 bolsa de líquido amniótico. A Diammniotica é quando ocorre a formação de 2 bolsas de líquido amniótico. Desenvolvimento De forma geral, as gestações dicoriônicas e diamnióticas sofrem divisão em até 72 horas. As monocorionicas e diamnioticas sofrem divisão entre o 4° ao 8° dia após a fecundação. As gestações monocorionicas e monoamnioticas, a divisão ocorre entre o 8° ao 13° dia da fecundação. Os gêmeos unidos resultam da falha de separação completa dos embriões, sendo que essa divisão ocorre entre o 15° ao 17° dia após a fecundação. Gemelaridade Imperfeita É a separação incompleta dos embriões, sendo denominados de gêmeos unidos (monozigótica). Diagnóstico de Gemelaridade O diagnóstico inicial é por meio de alguns sinais clínicos como o aumento do volume uterino (5cm maior), presença de 2 polos cefálicos e ausculta de 2 BCF com frequências diferentes. Acompanhamento Pré Natal As consultas são com intervalos de 3 a 4 semanas em até 30 semanas, a cada 2 semanas de 30 a 34 semanas e individualizado após as 34 semanas. Os exames laboratoriais são os mesmos de uma gestação única. Porém, há um aumento de 300Kcal e um ganho de peso que pode ser 16kg a 24kg, sendo que o ferro e o folato são essenciais. Os exames de hemoglobina devem ser feitos a cada trimestre, a urocultura deve ser repetida no 3° trimestre, a pesquisa de estreptococo do tipo B entre 30 e 32° semana, a cromossomopatia deve ser rastreada no 1° trimestre e o ideal é que o ultrassom seja feito mensalmente em gestações dicoriônicas e a cada 2 ou 3 semanas nas gestações monocorionicas. A avaliação morfológica deve ser feita entre 18 a 24 semanas, a avaliação do colo uterino (analisar o encurtamento do colo) entre 20 a 24 semanas, após 28 semanas deve ser avaliado a vitalidade fetal e do crescimento. A cardiotocografia deve ser analisada simultaneamente nos 2 fetos e o líquido amniótico do maior bolsão. Prematuridade A primeira e principal complicação da gestação múltipla é a prematuridade. Com isso, no pré natal deve orientar quanto ao repouso e a diminuição da jornada de trabalho, especialmente no 3° trimestre. Além disso, deve avaliar o colo uterino entre 20 a 24 semanas (colo curto abaixo de 24mm). Caso o colo esteja curto, deve-se orientar o repouso e pode ser utilizado progesterona. A cerclagem só é feita com diagnostico de incompetência istmo cervical. Pode ser feito também a corticoterapia entre 25 a 34 semanas, para a maturação pulmonar e tocólise com antagonista de ocitocina. Restrição do Crescimento Fetal A restrição do crescimento fetal é outra complicação proveniente da gestação múltipla, sendo que tal restrição pode ser 10x maior e o peso médio do nascimento ser menor. Diante do diagnostico pelo ultrassom, é necessário avaliar a vitalidade fetal semanal ou quinzenal. Em casos de comprometimento da vitalidade fetal ou óbito de 1 dos fetos é indicado a resolução da gestação. Nas dicoriônicas, com feto restrito, é realizado o parto quando o feto apresentar 30 semanas ou peso maior que 1.500g. Óbito de um dos Fetos O óbito de um dos fetos é mais comum nas gestações monocorionicas. O vanishing twin, quando ocorre a morte no 1° trimestre, o prognóstico para o outro bebê é bom, podendo ser o risco de prematuridade um pouco maior. No 2/3° trimestre, o risco para o feto vivo depende da corionicidade. Nas monocorionicas, pode evoluir para hipotensão grave e anemia imediata, podendo ocasionar sequela neurológica ou anostomose imediata (coagulação pelo cordão). Nas dicoriônicas não ocorre anastomose imediata do cordão, uma vez que eles não compartilham. Todavia, a chance de prematuridade aumenta. Malformações Fetais A malformação fetal está associada a prematuridade e a polidrâmnio, sendo que o manejo é individualizado. O diagnóstico precoce com defeito local, pode solicitar fetocídio seletivo, a fim de não prejudicar o feto viável. Em diagnostico tardio, a conduta é expectante. Realizar ecocardiografia fetal nas monocorionicas devido ao risco aumentado de anomalias cardíacas. Síndrome Feto Fetal É uma complicação exclusiva das monocorionicas. Com isso, ocorre uma anastomose arteriovenosa que leva a transferência de sangue de um feto (doador) para o outro (receptor). Assim, um feto possui restrição de oxigênio e o outro acaba se tornando macrossomico, podendo desenvolver até diabetes. O diagnostico é a partir do ultrassom. O feto doador possui oligodrâmnio, bexiga urinaria vazia, restrição do crescimento fetal, aumento da resistência ao fluxo da artéria umbilical e intestino hiperecogenico. O feto receptor possui polidrâmnio, bexiga urinaria distendida, coração hipertrófico, dilatado e discinético e ducto venoso com fluxo ausente ou reverso. Existe um exemplo de complicação da Síndrome Feto Fetal que está descrita abaixo: Feto Arcádico A gestação com feto arcádico é uma complicação exclusiva das monocorionicas e é denominada de sequência da perfusão arterial venosa, uma vez que a não perfusão não desenvolve o coração e o cérebro, mas desenvolve o tronco e extremidade devido a perfusão do doador. Parto O parto nas dicoriônicas é feito com 38 semanas, nas monocorionicas e diamnioticas com 36 semanas e nas monoamnioticas cesárea com 34 semanas. Os pré requisitos para a realização do parto vaginal são: primeiro feto cefálico, peso estar entre 1,5 a 4 kg, diferença de peso de 20%, gestação diamniótica, ultrassom recente com determinação de peso e apresentação, sala preparada para cesárea de emergência e monitorização fetal continua em ambos os fetos. Puerpério No puerpério é necessário utilizar drogas uterolíticas, devido ao maior risco de hemorragia pós parto, atentar-se para atonia uterina. O seguimento puerperal é idêntico nas gestações únicas.
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