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Atividade Avaliativa 1 - Psicologia do Trabalho Tarefa - Documentário “Carne e Osso” 2.Identifique: a) o trabalho prescrito (explícito) e o trabalho real (implícito) O documentário “Carne e Osso” demostra a rotina árdua dos trabalhadores de frigoríficos. As melhores condições prescritas em um trabalho explícito em que há objetivos e metas a serem atingidos de forma saudável, vários métodos e procedimentos previstos e planejados, protocolos e normas técnicas e de segurança atendidas, condições socioeconômicas e auxilio médico benéficos. Porém, essas condições não são coerentes no dia a dia dos trabalhadores demonstrados em questão. Segundo o relato de uma ex funcionária, não podiam ir ao banheiro sem pedir permissão, e se caso demorassem já eram levados para a diretoria. Esse fato mostra o descaso com o trabalhador e a pressão exercida sobre eles. A produção tem que atender as metas estabelecidas mesmo que passe da carga horária normal, gerando assim horas extras aos trabalhadores, que enquanto não terminassem não eram liberados, entretanto as mesmas não eram pagas. Cada funcionário tinha uma mesa com um número e deveria permanecer realizando o seu trabalhado de forma monótona e rápida para que a esteira se mantivesse cheia e não recebessem advertências. Chegavam a desossar sete coxas por minuto. Levando em consideração que o turno da manhã chegava 05h30: faziam a higiene necessária e obrigatória, após isso, registravam no ponto e seguiam para o trabalho, que realizavam em oito horas por dia, com dias em que havia o aceleramento das esteiras para gerar uma maior produtividade e atender as metas, não visando o cansaço físico e psíquico dos funcionários. De acordo com Wallace, auditor fiscal do trabalho, responsável por avaliar as condições de trabalho em frigoríficos, relata que as condições do prédio não são adequadas para realizar essa atividade devido a estrutura precária, a sobrecarga de trabalho, a grande proximidade dos funcionários com facas, serras e outros instrumentos cortantes, a submissão dos funcionários ao ambiente extremamente frio. “É um serviço estressante, desgastante, trabalho sobre pressão, perto de estufas quentes e frias”. A saúde dos funcionários era definida através de medicamentos para dor “Doutor Diclofenaco” era como apelidaram o médico presente na empresa, independente da queixa, a única solução era medicar esses pacientes com diclofenaco de sódio. “Todo muito ia lá consultar e o que ele fazia era dar um diclofenaco e, tudo bem, mandava trabalhar, ele nunca mandou fazer um exame, um raio X ele nunca mandou fazer” disse uma funcionária. Podemos perceber que a realidade dentro de empresas frigorificas é marcado pelas condições precárias e grandes riscos com a saúde dos funcionários. “Basicamente, é conscientizar essas empresas para reprojetar essas tarefas. Introduzir pausas [...] Em algumas vai ter que ter diminuição de ritmo de produção” afirma Paulo Cervo, auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego. No entanto, reduzir a jornada de trabalho, o ritmo da linha de produção, apresentar melhores condições de saúde para o funcionário são medidas necessárias e possíveis. Mas, a grande questão é: os grandes donos visam realmente a saúde e segurança dos funcionários ou apenas o lucro deixado por eles através da perda da própria sanidade? b) aspectos físicos, cognitivos e afetivos presentes no trabalho No documentário que vimos aparece alguns aspectos físicos, cognitivos e afetivos no presente trabalho, sendo o medo, a insegurança, o pedido de socorro, o cansaço. Os funcionários no frigorífico trabalhavam várias e várias horas por dia e não eram recompensados, mas mesmo não sendo recompensados eles tinham medo de pedir conta, pois tinham em mente que eles teriam que trabalhar nas piores condições para sustentar a família, muitos deles se machucavam, sentiam dores e ao procurar o médico pediam remédio para aliviar a dor, para que no outro dia pudesse retornar ao trabalho, eles não importavam com bem estar. Quando acontecia acidente na empresa, e o funcionário fosse afastado, assim que ele retornasse aos trabalhos ele era mandado embora, a empresa não pensava no bem estar dos operadores, ela só queria produção, produção, dinheiro. A falta de oportunidade em outras empresas fazia com que os funcionários ficassem naquela situação, um funcionário até mesmo fala " Eu preciso trabalhar, preciso sustentar a minha família, eu só sei trabalhar com isso, eu não tenho escolaridade, então mesmo me machucando, eu preciso continuar", e outros operadores que iam trabalhar em outras empresas, a avaliação médica não dava certo, por conta das lesões ocorridas pelo trabalho contínuo. c) o contexto social em que a empresa está situada As empresas do documentário de frigoríficos e abatedouros estão inseridas em um contexto social na qual os funcionários trabalham sob pressão, com sobrecarga física e receio de serem mandados embora, pois é a fonte de sustento da sua família. As empresas estão localizadas em cidades pequenas, onde a qualidade de vida é baixa sem muita expectativa de melhoria, há pouca oportunidade de emprego e a população possuem baixa escolaridade e são carentes. A rotatividade de empregados nas empresas é muito, visto que muitos funcionários adoecem, com toda a rotina eles adquirem doenças psicológicas e físicas, sendo isso, ficam impossibilitados de trabalharem em outros locais devido as sequelas deixadas. 3. Desenvolva uma análise crítica do filme, problematizando a relação entre a forma de organização do trabalho e os processos de saúde e adoecimento. (1 lauda) O filme/ documentário que nos foi passado para fazermos um estudo sobre ele é o “Carne, Osso” esse documentário possui várias versões disponíveis na internet mas nos foi passado o mais completo, para que possamos acompanhar tudo com maior riqueza de detalhes, e o mesmo foi produzido pelo Repórter Brasil, no qual foi publicado no Vimeo (portal em que está alocado este documentário) no ano de 2015, sua duração se estende por volta de 65 minutos, onde retrata a realidade assustadora do trabalho em frigoríficos nas Regiões Sul e Centro -oeste do país, uma realidade em que por muitas vezes não é conhecida por nós, pessoas que não trabalhamos ou não conhecemos alguém que trabalhe em frigorífico. Ao decorrer do documentário nos foi apresentado que a indústria frigorífica no Brasil, apresenta sérios problemas quanto à saúde de seus funcionários, existindo problemas momentâneos e problemas para a vida inteira, esse segundo foi o mais frisado, visto que as lesões que os trabalhadores tinham não eram lesões simples de se resolver. O filme conta com vários testemunhas mostrando os relatos assustadores dos trabalhadores que eram e são expostos, onde, diariamente corriam inúmeros riscos físicos e psicológicos dentro do ambiente de trabalho, como, a exposição constante de facas, serras e qualquer outros instrumentos cortantes na vida desses trabalhadores demonstra os danos físicos, como os próprios ferimentos são bem comuns, como é o caso de um dos testemunhas em que acidentalmente cortou o seu braço, e assim não conseguiu mais recuperá-lo e nisso causou uma grande reviravolta em sua vida, pois a empresa já não tinha mais interesse em tê-lo como funcionário devido a sua comorbidade e ele não achava emprego mas ele precisava de dinheiro para sustentar a sua família. Ele também conta que sentia vergonha quando saia na rua, pois ele não possuía um de seus braços e assim ele percebia que as pessoas olhavam diferente pra ele. E um acidente de trabalho não está interligado apenas em uma perda física, mas também está ligada em uma perda psicológica no qual foi observado pelo nosso grupo que por mais que as testemunhas falassem da sua dor, ainda assim, eles não conseguiam expor tudo aquilo que lhe foipassado, que às vezes é uma dor inexplicável. O que muitas das vezes nos pegamos pensando em como que pode o dono de uma empresa poder pensar somente em dinheiro e não poder investir em melhores condições de trabalho para passar aos seus funcionários. Vale ressaltar que principalmente em cidades pequenas, os trabalhadores se sujeitam a essas condições precárias de trabalho por não ter outra alternativa de emprego, visto que em cidades pequenas provavelmente não possuem uma outra empresa, então, muitos pais de família têm que encarar aquilo ou os seus filhos irão passar fome. Até mesmo o documentário traz uma testemunha que fala sobre isso, que ela não tinha condições de continuar a trabalhar naquele local pois sua saúde já tinha sido prejudicada devido aos seus movimentos repetitivos, mas quando pensava que tinha que sustentar seus filhos, ela ia trabalhar, mesmo chorando ela ia e isso se deu até o momento em que seus filhos cresceram e puderam bancar ela. E isso infelizmente, é uma grande realidade de muitos trabalhadores no Brasil, onde o capitalismo extremo sempre prevalece sobre aqueles que são mais pobres e a desigualdade cada vez mais presente na sociedade civil e nos órgãos governamentais do nosso país. Podemos concluir que a precariedade na forma de vida faz com as pessoas se submetam a coisas terríveis, como formas de trabalho desumana para sobreviver e não morrer de fome. Esse é um problema nacional que devia ser mais discutido em mídias e ter uma fiscalização mais rigorosa, pois esse tipo de trabalho afeta a expectativa de vida da população e faz com que empresas tenham lucro em cima de pessoas humildes que não tem outra alternativa a não ser aquela imposta pela empresa, essas pessoas não tem recursos e nem esperança, a vida pra elas é um eterno ciclo doloroso que parece nunca ter fim, sendo assim encerro com a seguinte frase para reflexão “Viver para trabalhar ou trabalhar para viver “.
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