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Unidade I - Teoria geral dos títulos de crédito

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DIREITO EMPRESARIAL III
PROF. FERNANDO GOMES
1
UNIDADE I – TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
 	A teoria geral dos títulos de crédito cuida dos princípios gerais e fundamentais do instituto jurídico relacionado com as cambiais. 
1. HISTÓRICO
	O dinheiro é um instrumento de troca por excelência. É “a mercadoria por todos voluntariamente aceita para desemprenhar as funções intermediárias nas aquisições de outras mercadorias e na obtenção de serviços indispensáveis, satisfazendo as necessidades humanas no convívio social“; é, ainda, o meio normal de pagamento (Carvalho de Mendonça). 
 
 	Atualmente, estamos na fase da economia creditícia. Segundo Rubens Requião, o “crédito é um ato de fé, de confiança, do credor. Daí a origem etimológica da palavra – creditum, credere”.
 	Cesare Vivante (1855 – 1944: Professor da Universidade de Roma), diz que “Título de Crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado.”
	
 	
 	Com a criação dos títulos de crédito o dinheiro em espécie é substituído. Não há dúvidas que o crédito incrementou as transações comerciais, tornando-as mais rápidas e mais amplas, permitindo que uma pessoa possa adquirir um bem hoje, para pagá-lo posteriormente (dinheiro presente por dinheiro futuro). 
2. CARACTERÍSTICAS
	Em face da sua extraordinária função econômica na sociedade moderna, os títulos de crédito, para que tivessem circulação pronta e segura, mereceram da lei especial atenção. Por essa razão possuem características próprias que os distinguem dos demais títulos de dívida.
	Segundo Victor Eduardo Rios Gonçalves, “os títulos de crédito gozam de duas características primaciais, quais sejam, a negociabilidade e a executividade. A negociabilidade diz respeito à facilidade com que o crédito pode circular, ou seja, à mobilização imediata de seu valor. Assim, o possuidor de um título, enquanto não se opera o protesto, pode dele livremente dispor, transferindo-o a seus próprios credores ou dando-o em garantia de alguma relação jurídica que integre. Quando alguém emite um título de crédito, não está fazendo promessa de pagamento dirigida exclusivamente ao beneficiário original, mas para pessoa indeterminada, que, na data do vencimento, esteja com a posse do título. Isso porque sua função é circular, não servindo apenas para valer entre as partes originárias.”
	No que se refere à executividade, o referido Autor, diz que “os títulos de crédito gozam de maior eficiência em sua cobrança, já que, nos termos do art. 585, I, do Código de Processo Civil, são títulos executivos extrajudiciais. Aliás, dentre os títulos enumerados em tal Codex, são os que apresentam maior liquidez e certeza. Basta, pois, sua apresentação em juízo para que se dê início ao processo de execução, ficando dispensada a prévia ação de conhecimento.”
3. PRINCÍPIOS (ou características)
	A doutrina aponta três princípios fundamentais do regime jurídico-cambial: a cartularidade, a literalidade e a autonomia. 
a) Cartularidade (ou incorporação): o credor, para exercer o seu direito de crédito, deve estar na posse do título, da cártula, que incorpora o direito. Assim, caso o credor precise promover a execução judicial do título, não poderá fazê-la com cópia reprográfica do título de crédito. Esse princípio dispõe que o credor, ao exigir o crédito, deve apresentar o título provando que não o negociou com outra pessoa. Há algumas exceções ao princípio da cartularidade, como o protesto por indicação da duplicata remetida para aceite e não devolvida pelo devedor (Lei das Duplicatas, art. 15, § 2º) e os títulos não-cartularizados, frutos da evolução tecnológica no campo das obrigações comerciais (CC, art. 889, caput e § 3º). Podemos citar como exemplos: a duplicata virtual (assinada eletronicamente - MP) e o Novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) – cheque eletrônico.
b) Literalidade: só terá relevância jurídica aquilo que estiver expressamente consignado no título de crédito. Assim, o pagamento ou o aval devem ser realizados no próprio título sobe pena de produzir os efeitos jurídicos esperados. Aliás, no caso do aval feito em separado, no máximo, poderá ser reconhecido como fiança. Esse princípio atua tanto em favor do credor (de exigir o que consta do título) como também em favor do devedor (que não está vinculado a nada além daquilo que estiver nele expresso).
c) Autonomia: segundo Fábio Ulhoa Coelho , “pelo princípio da autonomia, entende-se que as obrigações representadas por um mesmo título de crédito são independentes entre si. Se uma das obrigações for nula ou anulável, eivada de vício jurídico, tal fato não comprometerá a validade e eficácia das demais obrigações constantes do mesmo título de crédito.” Sobre o assunto, Victor Eduardo Rios Gonçalves dispõe que o que “efetivamente circula é o título e não o direito abstrato que nele se contém, ou seja, o possuidor exerce direito próprio que não se vincula às relações entre os possuidores anteriores e o devedor. Isto é, cada relação é autônoma em relação às suas antecessoras. Como consequência, não poderão ser opostas ao portador de boa-fé as exceções pessoais referentes ao credor originário, no que tange à obrigação extracartular entre ele e o devedor, emitente do título ”. 
 	Além dos princípios retro, podemos apontar outras características importantes dos títulos de crédito:
 
1ª) O formalismo é elemento preponderante para a existência do título e sem ele não terão eficácia os demais princípios próprios dos títulos de crédito. Isto quer dizer que não terão o valor de título de crédito os documentos que não se revestirem das formalidades exigidas pelas leis específicas. Cada espécie de título possui, assim, uma forma própria. 
 	No Direito Brasileiro, são requisitos formais indispensáveis aos títulos de crédito:
 
a) Denominação do título;
b) Assinatura do seu criador (emitente ou sacador, conforme o caso);
c) Identificação de quem deve pagar (RG, CPF, nº do título de eleitor ou da carteira profissional);
d) Valor a pagar;
e) Data ou época do vencimento;
f) Data da emissão.
 	2ª) Inoponibilidade das exceções. Em decorrência do princípio da autonomia das obrigações cambiárias, surgiu a regra chamada da inoponibilidade das exceções. Por esta regra, consagrada no art. 17 da Lei Uniforme, as obrigações constantes num título de crédito são independentes uma das outras e por tal razão o devedor não se pode escusar de cumprir a obrigação assumida alegando ao portador suas relações com qualquer obrigado. Apenas uma exceção comporta a regra: quando há má-fé. 
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
4.1. Quanto a negociabilidade ou da circulação:
a) Títulos nominativos: transferem-se mediante registro no livro de registro de ações nominativas.
b) Títulos à ordem: transferem-se de forma regular mediante endosso (em preto ou em branco), por cessão de direitos, pela venda do título, pelo endosso aposto depois do protesto.
c) Títulos ao portador: circulam mediante a tradição. Atualmente, não existem títulos ao portador no Direito Brasileiro (Art. 1º, da Lei 8.021/90).
4.2. Quanto à natureza do crédito
 
a) títulos de crédito próprios: são aqueles que encerram uma verdadeira operação de crédito, subordinada a sua existência à confiança que inspiram os que deles participam. São exemplos de títulos de crédito próprios a letra de câmbio e a nota promissória, constituindo-se, respectivamente, em ordem de pagamento e promessa de pagamento, de uma importância certa a uma pessoa determinada ou à sua ordem. 
b) títulos de crédito impróprios ou cambiariformes: são os títulos que não representam uma verdadeira operação de crédito, mas que, revestidos de certos requisitos dos títulos de crédito propriamente ditos, circulam com as garantias que caracterizam esses papéis. É o caso, por exemplo, do cheque, ordem de pagamento a vista, em favor do subscritor ou de outra pessoa, que, por, por ter requisitos dos títulos de crédito propriamenteditos, circula como esses e tem garantias semelhantes. 
5. ENDOSSO.
 
	Segundo João Eunápio Borges, “o endosso é a declaração cambial lançada na letra de câmbio (ou em qualquer título a ordem) pelo seu proprietário, a fim de transferi-lo a terceiro.” O endosso é, na realidade, o meio especial de serem transferidos os direitos emergentes do título, fazendo com que o endossatário (aquele que recebe o título por endosso) se constitua titular desses direitos.
 	Se a transferência da posse do título ao novo credor (simples tradição) transfere só o documento, o endosso transfere o direito ao valor contido no documento. Assim, o devedor que, como forma de solução obrigacional, entrega ao credor, por simples tradição, sem endosso, um título de crédito emitido por terceiro, não se responsabiliza solidariamente pelo pagamento da cártula. 
 	Endossar é transferir com responsabilidade. Assim, se o endossante paga ao endossatário, pode riscar o próprio endosso, uma vez que o título volta ao seu poder. Torna-se credor novamente (art. 50, nº 2, da Lei Uniforme). Mesmo que não seja cancelado o endosso, se o título retorna a posse do endossante, presume-se seja ele seu proprietário.
 	O endosso deve ser lançado no verso ou no anverso do título, consistindo na singela assinatura do endossante. Também pode ser lançado no alongamento do título, desde que assinado pelo endossante.
 	É ineficaz o endosso parcial ou limitado a uma parte do valor do título. Quem endossa transfere integralmente o crédito contido no documento. O endosso deve ser puro e simples, incondicionado. Considera-se, pois, não escrita a cláusula limitativa do endosso.
 	Outras características do endosso:
 
- a assinatura do endossante deve ser de próprio punho; 
- não há necessidade de que a declaração de transferência (pague-se a .....) e o nome do endossatário sejam lançados do próprio punho do endossante, logo, pode ser feita por carimbos, datilografada, impressa;
- o endosso não precisa ser datado;
- o primeiro endosso será sempre do tomador ou beneficiário indicado no título.
5.1. Endosso em preto ou em branco. 
 
	O endosso translativo da propriedade, também apelidado de endosso próprio, pode ser:
 
a) Endosso em preto ou pleno (ou completo): é o que contêm a indicação do beneficiário (por exemplo: pague-se a João da Silva). Consta-se, assim, o nome da pessoa a quem o título é transferido (endossatário), precedido da declaração de transferência (pague-se a ......) e seguido da assinatura do endossante. É, portanto, uma transferência nominal. 	
b) Endosso em branco: é aquele em que o endossante apenas assina o seu nome nas costas (verso) do título sem designar a pessoa a quem transfere. Neste caso a letra circula como se fosse ao portador. O art. 19 e § 2º da Lei 8.088/90 (Dispõe sobre a atualização do Bônus do Tesouro Nacional e dos depósitos de poupança e dá outras providências), prescreve que os títulos deverão ser emitidos sempre sob a forma nominativa, com a transmissibilidade via endosso em preto, sob pena de inexigibilidade dos créditos neles representados. Porém, a jurisprudência vem reconhecendo a exigibilidade do título com endosso em branco.
5.2. Endosso-mandato ou endosso-procuração. Endosso póstumo. Endosso-caução.
 
	O direito cambiário admite outras modalidades de endosso, além do endosso em preto ou em branco, genericamente chamados de endosso impróprio, porque não transferem o direito com responsabilidade do transmitente.
a) endosso-mandato (ou endosso-cobrança): não transfere a propriedade do título (daí impróprio), mas confere poderes ao mandatário para agir em nome do endossante. O endosso-mandato, em geral, confere-se pela adjunção da cláusula por procuração, lançada no verso do título. Contudo, tal fórmula não é sacramental, pode ser trocada por equivalente, desde que deixe claro o desejo do endossante de outorgar um mandato e não transferir o título. 	
b) endosso póstumo: é o posterior ao protesto por falta de pagamento do título ou posterior ao decurso do prazo respectivo para se tirar o protesto. Tem efeito de mera cessão civil, ou seja, o endossante tardio não responde pela solvência do devedor. O endosso após o vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior, já o endosso posterior ao protesto ou ao prazo respectivo produz efeitos de uma cessão civil, o que significa que ao endossatário poderão ser opostas as defesas oponíveis ao endossador.
c) endosso-caução (ou pignoratício): o título é onerado por penhor em favor do credor do endossante, de modo que, cumprida a obrigação garantida pelo penhor, o título retorna ao endossante. O endosso-caução não é mencionado pela lei brasileira, mas a caução por meio de endosso tem a consagração da doutrina e da prática do comércio (é o que afirma WHITAKER, J.M. – 167: 152).

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