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INFECÇÃO BACTERIANA

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1 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
 
TAMANHO E FORMA DA CÉLULA BACTERIANA 
As bactérias podem ser classificadas de acordo com sua forma em três grupos básicos: cocos, bacilos e espiroquetas. Os cocos são esféricos, os 
bacilos exibem forma de bastonete, e os espiroquetas são espiralados. Algumas bactérias variam quanto a forma, sendo referidas com 
pleomórficas (com muitas formas). A forma de uma bactéria é determinada por sua parede celular rígida. O aspecto microscópico de uma 
bactéria corresponde a um dos critérios mais importantes para identificá-las. 
Além de suas formas características, o arranjo das bactérias é importante. 
Por exemplo, alguns cocos organizam-se em pares (diplococos), alguns em 
cadeias (estreptococos), e outros em agrupamentos semelhantes a cachos 
de uvas (estafilococos). Esses arranjos são determinados pela orientação e 
pelo grau de ligação das bactérias no momento da divisão celular. O arranjo 
dos bacilos e dos espiroquetas exibe menos importância médica. 
As bactérias variam em tamanho, de 0,2 a 5 micrometros (Figura 2-2). As 
menores bactérias (Mycoplasma) exibem tamanho aproximadamente 
equivalente aos maiores vírus de animais (poxvírus) e correspondem aos 
menores organismos capazes de existir fora de um hospedeiro. As bactérias 
bacilares mais longas exibem tamanho similar ao de algumas leveduras e 
hemácias humanas (7 micrometros). 
ESTRUTURA DA CÉLULA BACTERIANA 
A parede celular é o componente mais externo, 
sendo comum a todas as bactérias (exceto as 
espécies de Mycoplasma, envoltas por uma 
membrana celular e não por uma parede celular). Algumas bactérias exibem 
elementos de superfície externos à parede celular, como cápsula, flagelos e 
pili. A parede celular se localiza externamente à membrana citoplasmática, e é composta por peptideoglicanos. O peptideoglicano provem 
suporte estrutural e confere a manutenção da forma da célula bacteriana. 
PAREDES CELULARES DE BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS E 
GRAM-NEGATIVAS 
A estrutura, a composição química e a espessura da parede celular 
diferem em bactérias gram-positivas e gram-negativas. 
A camada de peptideoglicano é muito mais espessa em bactérias 
gram-positivas que em gram-negativas. Algumas bactérias gram-
positivas também possuem fibras compostas por ácido teicoico, que 
se projetam para fora do peptideoglicano, fato não observado em 
bactérias gram-negativas. 
Em contrapartida, os organismos gram-negativos possuem uma 
camada externa complexa, consistindo em polissacarídeos, lipoproteínas e fosfolipídios. Situado entre a camada da membrana e a membrana 
Parede celular 
 
2 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
citoplasmática, encontra-se o espaço periplasmático, que, em algumas espécies, corresponde ao local de enzimas denominadas b-lactamases, 
as quais degradam penicilina e outros fármacos b-lactâmicos. 
A parede celular exibe várias outras propriedades importantes: 
 Em organismos gram-negativos, contém a endotoxina, um lipopolissacarídeo 
 Seus polissacarídeos e suas proteínas são antígenos uteis na identificação laboratorial 
 Suas proteínas porinas desempenham papel na regulação da passagem de moléculas pequenas e hidrofílicas ao interior das células. 
As porinas da membrana externa formam um trímero que atua, geralmente de modo inespecífico, como um canal que permite a entrada 
de substâncias essenciais, como açúcares, aminoácidos e metais, assim como vários fármacos antimicrobianos, como as penicilinas 
PAREDES CELULARES DE BACTÉRIAS ACIDORRESISTENTES 
As micobactérias (p. ex., Mycobacterium tuberculosis) apresentam 
uma parede celular incomum, responsável pela impossibilidade de as 
micobactérias serem coradas pelo método de Gram. Essas bactérias 
são referidas como acidorresistentes, uma vez que resistem à 
descoloração por álcool-ácido após serem coradas por carbol-
fucsina. Essa propriedade está́ relacionada à alta concentração de 
lipídeos, denominados ácidos micólicos, observada na parede celular 
das micobactérias. 
COMPONENTES DA PAREDE CELULAR 
O peptideoglicano é uma rede complexa e entrelaçada que envolve toda a célula, sendo composto por uma única macromolécula ligada 
covalentemente. É observado apenas nas paredes celulares bacterianas. Confere uma sustentação rígida à célula, é importante para a 
manutenção da forma característica dela e permite que esta resista a meios de baixa pressão osmótica, como a água. 
O termo peptideoglicano é derivado dos peptídeos e açúcares (glicano) que compõem a molécula. Mureína e mucopeptídeo são sinônimos de 
peptideoglicano. O arcabouço de carboidratos é composto por moléculas alternadas de ácido N-acetilmurâmico e N-acetilglicosamina. 
Ligado a cada uma das moléculas de ácido murâmico, há um tetrapeptídeo que consiste em d e l-aminoácidos, cuja composição exata difere de 
uma bactéria para outra. Dois desses aminoácidos devem ser especialmente mencionados: o ácido diaminopimélico, específico de paredes 
celulares bacterianas, e a d-alanina, envolvida nas ligações cruzadas entre os tetrapeptídeo, bem como na ação da penicilina 
Por estar presente em bactérias, mas não em células humanas, o 
peptideoglicano corresponde a um alvo adequado para fármacos 
antibacterianos. Vários desses fármacos, como penicilinas, 
cefalosporinas e vancomicina, inibem a síntese de peptideoglicano por 
inibirem a transpeptidase responsável pelas ligações cruzadas entre 
os dois tetrapeptídeo adjacentes. 
O lipolissacarídeo (LPS) da membrana externa da parede celular de bactérias gram-negativas é uma endotoxina. É responsável por varias 
características de doenças, como febre e choque, causadas por esses organismos. É denominado endotoxina porque consiste em uma porção 
integral da parede celular, ao contrário das exotoxinas, as quais são liberadas pelas bactérias. O grupo de sintomas causados pela endotoxina 
de uma bactéria gram-negativa é similar ao de outras bactérias gram-negativas, mas a severidade dos sintomas pode diferir amplamente. Em 
contrapartida, os sintomas causados por exotoxinas de bactérias diferentes são normalmente muito diferentes. 
 
 
3 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
O LPS é composto por três unidades distintas: 
 Um fosfolipídio denominado lipídeo A, responsável pelos efeitos tóxicos. 
 Um cerne polissacarídico composto por cinco açúcares ligados ao lipídeo A por meio de cetodesoxioctulonato (CDO). 
 Um polissacarídeo externo consistindo em até 25 unidades repetidas de três a cinco açúcares. Esse polímero externo corresponde ao 
importante antígeno somático, ou O, de várias bactérias gram-negativas, utilizado na identificação de certos organismos no laboratório 
clínico. 
São fibras de glicerol-fosfato ou ribitol-fosfato que se situam na camada 
externa da parede celular gram-positiva e estendem-se a partir desta. 
Alguns polímeros de ácido teicoico contendo glicerol penetram na camada de 
peptideoglicano, ligando-se covalen- temente ao lipídeo da membrana 
citoplasmática e, nesse caso, re- cebem a denominação ácido lipoteicoico; 
outros são ancorados ao ácido murâmico do peptideoglicano. 
A importância médica dos ácidos teicoicos reside em sua capacidade de 
induzir o choque séptico quando causado por certas bactérias gram-
positivas; isto é, os ácidos teicoicos ativam as mesmas vias que a endotoxina 
(LPS) de bactérias gram-negativas. Os ácidos teicoicos também medeiam a 
ligação de estafilococos às células mu- cosas. Bactérias gram-negativas não possuem ácidos teicoicos. 
Internamente adjacente à camada de peptideoglicano da parede celular localiza-se a membrana plasmática, 
composta por uma bicamada fosfolipídica similar à de células eucarióticas quanto ao aspecto microscópico. As 
duas são quimicamente similares, porém as membranas eucarióticas contêm esteróis, ao contrário dos procariotos 
em geral. Os únicos eucariotos que apresentam esteróis em suas membranas são osdo gênero Mycoplasma. 
A membrana desempenha quatro funções importantes: 
 transporte ativo de moléculas para o interior da célula 
 geração de energia pela fosforilação oxidativa, 
 síntese de precursores da parede celular, e 
 secreção de enzimas e toxinas. 
O citoplasma exibe duas áreas distintas quando observado ao microscópico eletrônico: 
 Uma matriz amorfa que contém ribossomos, grânulos de nutrientes, metabólitos e plasmídeos. 
 Uma região nucleoide interna composta por DNA 
RIBOSSOMOS 
Os ribossomos bacterianos são o local da síntese proteica, como nas células eucarióticas, mas diferem dos ribossomos eucarióticos em relação 
ao tamanho e à composição química. Os ribossomos bacterianos apresentam tamanho de 70S, com as subunidades 50S e 30S, ao passo que os 
ribossomos eucarióticos apresentam tamanho de 80S, com as subunidades 60S e 40S. As diferenças nas proteínas e nos RNAs ribossomais 
constituem a base para a ação seletiva de vários antibióticos que inibem a síntese proteica de bactérias, mas não de seres humanos 
GRÂNULOS 
O citoplasma contém vários tipos de grânulos que atuam como áreas de armazenamento de nutrientes e que se coram de modo característico 
com determinados corantes. Por exemplo, a volutina corresponde a uma reserva de alta energia, armazenada na forma de metafosfato 
polimerizado. 
Esse grânulo mostra-se metacromático, uma vez que se cora em vermelho pelo corante azul de metileno, em vez de azul, como seria esperado. 
Os grânulos metacromáticos são uma propriedade característica de Corynebacterium diphtheriae, causador da difteria. 
Membrana 
citoplasmática 
Citoplasma 
 
4 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
NUCLEOIDE 
O nucleoide corresponde à região do citoplasma onde o DNA está localizado. O DNA de procariotos é uma única molécula circular, com peso 
molecular de aproximadamente 2 3 109, contendo cerca de 2 mil genes. (Como comparação, o DNA humano contém cerca de 100 mil genes.) 
Uma vez que o nucleoide não apresenta membrana nuclear, nucléolo, fuso mitótico, nem histonas, há pouca semelhança com o núcleo eucariótico. 
Uma diferença importante entre o DNA bacteriano e o DNA eucariótico é o fato de o DNA bacteriano não apresentar íntrons, ao contrário do DNA 
eucariótico. 
PLASMÍDEOS 
Plasmídeos são moléculas de DNA de dupla-fita, circulares e extracromossômicos, capazes de replicar-se independentemente do cromossomo 
bacteriano. Embora sejam geralmente extracromossômicos, os plasmídeos podem integrar-se ao cromossomo bacteriano. 
Os plasmídeos estão presentes tanto em bactérias gram-positivas quanto em gram-negativas, podendo haver vários tipos diferentes de 
plasmídeos em uma célula: 
 Plasmídeos transmissíveis podem ser transferidos de uma célula a outra por conjugação. 
 Plasmídeos não transmissíveis são pequenos, uma vez que não contêm genes de transferência. 
Os plasmídeos carreiam os genes envolvidos nas seguintes funções e estruturas de importância médica: 
 Resistência a antibióticos, a qual é mediada por uma variedade de enzimas. 
 Resistência a metais pesados, como mercúrio, o componente ativo de alguns antissépticos e prata, sendo mediada por uma enzima 
redutase. 
 Resistência à luz ultravioleta, mediada por enzimas de reparo de DNA 
 Pili (fímbrias) que medeiam a adesão das bactérias às células epiteliais. 
 Exotoxinas, incluindo diversas enterotoxinas 
Outros produtos de interesse são codificados por plasmídeos: 
 Bacteriocinas são proteínas tóxicas produzidas por determinadas bactérias que são letais para outras bactérias. Exemplos de 
bacteriocinas produzidas por bactérias de importância médica são as colicinas, produzidas por Escheri- chia coli, e as piocinas, 
produzidas por Pseudomonas aeruginosa. Entretanto, a importância médica das bacteriocinas está na possibilidade de serem úteis no 
tratamento de infecções causadas por bactérias resistentes a antibióticos. 
 Enzimas de fixação de nitrogênio de Rhizobium 
 Vários antibióticos produzidos por Streptomyces 
TRANSPOSONS 
Os transposons são segmentos de DNA que se deslocam pron- tamente de um local a outro, tanto no interior quanto entre os DNAs de bactérias, 
plasmídeos e bacteriófagos. Alguns transposons movem-se por meio da replicação de seu DNA e da inserção de uma nova cópia em outro local 
(transposição replicativa), ao passo que outros são excisados de um local sem replicação e, então, inseridos em um novo local (transposição 
direta). 
Esses elementos podem codificar enzimas de resistência a fármacos, toxinas ou uma variedade de enzimas envolvidas no metabolismo, bem 
como causar mutações no gene onde são inseridos, ou alterar a expressão de genes próximos. 
Genes de resistência a antibióticos são transferidos de uma bactéria à outra principalmente por meio da conjugação. Esta transferência é mediada 
principalmente por plasmídeos, embora alguns transposons, denominados transposons conjugativos, sejam também capazes de transferir 
resistência a antibióticos. 
 
 
 
5 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
CÁPSULA 
A cápsula é uma camada gelatinosa que reveste toda a bacté- ria. É composta por polissacarídeos, 
exceto no bacilo do antraz, que possui uma cápsula de ácido d-glutâmico polimerizado. Os açúcares 
que compõem os polissacarídeos variam de uma espécie bacteriana para a outra e, frequentemente, 
determinam o tipo sorológico de uma espécie. Por exemplo, existem 84 tipos sorológicos distintos de 
Streptococcus pneumoniae, os quais são distinguidos pelas diferenças antigênicas dos açúcares da cápsula polissacarídica. 
A cápsula é importante por quatro razões: 
1. É um determinante da virulência de diversas bactérias, uma vez que limita a capacidade de fagócitos englobarem as bactérias. Cargas 
negativas no polissacarídeo capsular repelem a membrana celular negativamente carregada do neutrófilo e evitam que ele englobe 
a bactéria. 
2. A identificação específica de um organismo pode ser fei- ta por meio do uso de antissoro contra o polissacarídeo da cápsula. Na 
presença de um anticorpo homólogo, a cápsula apresentará um intenso inchaço. Reação de Quellung 
3. Os polissacarídeos capsulares são utilizados como an- tígenos em determinadas vacinas, uma vez que são capazes de induzir a 
formação de anticorpos protetores. 
4. A cápsula pode desempenhar um papel na adesão das bactérias aos tecidos humanos, que consiste em uma etapa inicial importante 
da infecção. 
FLAGELOS 
Os flagelos são longos apêndices, semelhantes a um chicote, que deslocam as bactérias em direção aos nutrientes e a outros fatores atrativos, 
processo denominado quimiotaxia. 
Os flagelos exibem importância médica por duas razões: 
 Algumas espécies de bactérias móveis são causas comuns de infecções do trato urinário. Os flagelos podem desempenhar papel na 
patogênese por propelirem as bactérias ao longo da uretra até a bexiga. 
 Algumas espécies de bactérias são identificadas no laboratório clínico pelo uso de anticorpos específicos contra proteínas flagelares. 
FIMBRIAS OU PILI 
Os pili são filamentos semelhantes a pelos que se estendem a par- tir da superfície celular. São mais curtos e lineares que os flagelos, sendo 
compostos por subunidades de uma proteína, a pilina, or- ganizadas em fitas helicoidais. São encontrados principalmente em organismos gram-
negativos. 
Os pili desempenham dois papeis importantes: 
 Medeiam a ligação das bactérias a receptores específicos da superfície de células humanas. 
 Um tipo especializado de pilus, o pilus sexual, estabelece a ligação entre as bactérias doadoras (macho) e receptoras (fêmeas) durante 
a conjugação 
GLICOCÁLICE 
O glicocálice consiste em um revestimento polissacarídico se- cretado por muitas bactérias. Ele reveste as superfícies como um filme e 
possibilita a firme aderênciadas bactérias a estruturas variadas (p. ex., pele, válvulas cardíacas e cateteres) 
A importância clínica do glicocálice é ilustrada pelo fato de ce- pas de Pseudomonas aeruginosa produtoras de glicocálice cau- sarem infecções 
do trato respiratório em pacientes com fibrose cística; além disso, cepas produtoras de glicocálice das espécies Staphylococcus epidermidis e o 
estreptococo do grupo viridans causam endocardites. 
 
 
Estruturas externas à 
parede celular 
 
6 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
Essas estruturas altamente resistentes são formadas em resposta às condições adversas por dois gêneros 
de bacilos gram-positivos de importância médica. O esporo é formado no interior da célula e contém DNA 
bacteriano, uma pequena quantidade de citoplasma, membra- na celular, peptideoglicano, pouquíssima água 
e, o mais importante, um revestimento espesso semelhante à queratina, responsável pela acentuada 
resistência do esporo ao calor, à radiação e a compostos químicos. 
A importância médica dos esporos reside em sua extraordinária resistência ao calor e a compostos químicos. Como resultado de sua resistência 
ao calor, a esterilização não é obtida por meio de fervura. 
METABOLISMO BACTERIANO 
As bactérias reproduzem-se por fissão binária, processo em que uma célula parental divide-se, 
originando duas células-filhas. Pelo fato de uma célula originar duas células-filhas, é referido que as 
bactérias realizam crescimento exponencial. 
O ciclo de crecimento de bactérias apresenta quatro fases principais: 
1. A primeira corresponde à fase lag, durante a qual ocorre 
intensa atividade metabólica; contudo, as células não se 
dividem. Essa fase pode durar de alguns minutos a muitas 
horas. 
2. A fase log (logarítmica) é a fase em que se observa rá- pida 
divisão celular. Fármacos b-lactâmicos, como a penicilina, 
atuam durante essa fase, uma vez que os fármacos são 
eficazes no período em que as células produzem 
peptideoglicano, isto é, quando estão em divisão. 
3. A fase estacionária ocorre quando a depleção de nu- 
trientes ou os produtos tóxicos causam uma diminuição no 
cres- cimento até que o número de células novas 
produzidas equilibra- -se com o número de células que 
morrem, resultando em um estado de equilíbrio. 
4. A fase final corresponde à fase de morte, caracterizada por um declínio no número de bactérias viáveis. 
A resposta ao oxigênio é um critério importante para a clas- sificação das bactérias e exibe grande 
importância prática, uma vez que espécimes obtidos a partir de pacientes devem ser in- cubados 
na atmosfera apropriada ao crescimento das bactérias. 
 Algumas bactérias são aeróbias obrigatórias, requerem oxigênio para o crescimento, uma vez 
que seu sistema de geração de ATP depende do oxigênio como aceptor final de hidrogênio. 
 Outras bactérias, como E. coli, são anaeróbias facultativas; elas utilizam o oxigênio, caso este se encontre presente, para gerar energia 
por meio da respiração; contudo, são capazes de utilizar a via da fermentação para sintetizar ATP na ausência de oxigênio suficiente. 
 O terceiro grupo de bactérias consiste nas anaeróbias obrigatórias, como Clostridium tetani, incapazes de crescer na presença de 
oxigênio, uma vez que são desprovidas de superoxido dismutase ou catalase, ou ambos. 
FERMENTAÇÃO DE AÇUCARES 
No laboratório clínico, a identificação de vários patógenos importantes de seres humanos baseia-se na fermentação de deter- minados açúcares. 
Por exemplo, Neisseria gonorrhoeae e Neisseria meningitidis podem ser distinguidas entre si com base na fermentação de glicose ou maltose;; 
e E.coli pode ser diferenciada de Salmonella e Shigella de acordo com sua capa- cidade de fermentar a lactose. 
 
 
METABOLISMO DO FERRO 
Esporos 
bacterianos 
Ciclo de crescimento 
Crescimento aeróbio e 
anaeróbio 
 
7 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
O ferro, sob a forma de íon férrico, é necessário para o cresci- mento das bactérias por ser um componente essencial dos cito- cromos e de 
outras enzimas. O fato de as bactérias apresentarem esse mecanismo descrito reforça a importância do ferro para o cresci- mento e metabolismo 
bacterianos. 
Para obter o ferro necessário para o crescimento, as bactérias produzem compostos ligantes de ferro, denominados sideróforos. Os sideróforos, 
como a enterobactina produzida por E. coli, são secretados pelas bactérias, quelam o ferro disponível e, assim, o capturam, ligando-se a 
receptores específicos localiza- dos na superfície das bactérias, sendo ativamente transportados para o interior da célula. 
A microbiota normal é o termo utilizado para descrever as várias bactérias e fungos que são residentes permanentes de de- terminados locais 
corporais, especialmente a pele, a parte oral da faringe, o colo e a vagina. . Organismos da microbiota normal são frequentemente denominados 
comensais. Comensais são organismos que se beneficiam de outros organismos, mas que não trazem danos ao hospedeiro. 
Os membros da microbiota normal desempenham papel na 
manutenção da saúde, bem como na promoção de doenças, de três 
maneiras distintas: 
1. Eles podem causar doenças, especialmente em indivíduos 
imunocomprometidos ou debilitados. 
2. Constituem um mecanismo de defesa protetor. As bacté- rias 
residentes não patogênicas ocupam locais de adesão na pele e na 
mucosa, podendo interferir na colonização por bactérias patogênicas. 
A capacidade de os membros da microbiota limitarem o crescimento 
de patógenos é denominada resistência à colonização. 
3. Podem desempenhar uma função nutricional. As bactérias 
intestinais produzem grande quantidade de vitaminas B e K. Indivíduos 
malnutridos, quando submetidos ao tratamento com antibióticos orais, 
podem apresentar deficiências vitamínicas como resultado da 
redução da microbiota normal. 
MICROBIOTA DA PELE 
O organismo predominante na pele é o Staphylococcus epidermidis, 
que não é patogênico quando situado na pele, mas pode causar 
doenças quando atinge determinados locais, como válvulas cardíacas 
artificiais ou articulações prostéticas. 
Organismos anaeróbios, como Propionibacterium e Peptococcus, estão 
situados em folículos mais profundos da derme, onde a tensão de oxigênio é baixa. Propionibacterium acnes é um organismo anaeróbio comum 
na pele, implicando na patogênese da acne. A levedura Candida albicans também é um membro da microbiota normal da pele. Pode atingir a 
corrente sanguínea de um indivíduo quando a pele é perfurada por agulhas. 
MICROBIOTA DO TRATO RESPIRATÓRIO 
O nariz é colonizado por uma variedade de espécies estreptocócicas e estafilocócicas, das quais a mais importante corresponde ao patógeno S. 
aureus. 
A garganta contém uma variedade de estreptococos do grupo viridans, espécies de Neisseria e S. epidermidis. Esses organismos não patogênicos 
ocupam locais de adesão da mucosa da faringe, impedindo o crescimento dos patógenos Streptococcus pyogenes, Neisseria meningitidis e S. 
aureus, respectivamente. 
Bactérias anaeróbias, como espécies de Bacteroides, Prevo- tella, Fusobacterium, Clostridium e Peptostreptococcus, são encontradas nos sulcos 
gengivais, onde a concentração de oxigênio é muito baixa. Quando aspirados, esses organismos podem causar abscessos pulmonares, 
especialmente em pacientes debilitados e com má higiene dental. 
 
8 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
MICROBIOTA GASTROINTESTINAL 
Em indivíduos com dieta normal, o estômago contém poucos organismos devido a seu pH baixo e suas enzimas. O intestino delgado geralmente 
contém pequeno número de estreptococos, lactobacilos e leveduras, particularmente C. albicans. Grandes números desses organismos são 
encontrados na porção terminal do íleo.O colo corresponde à principal localização das bactérias no corpo. É importante destacar que mais de 90% da microbiota fecal é composta por 
anaeróbios, com destaque para Bacteroides fragilis. Os anaeróbios facultativos mais abundantes são os coliformes, sendo Escherichia coli o 
membro mais importante. 
Outras importantes bactérias facultativas incluem o Enterococcus faecalis, que causa infecções do trato urinário e endocardite, e a Pseudomonas 
aeruginosa, que causa várias infecções, particular- mente em pacientes hospitalizados e com defesas imunológicas comprometidas 
Escherichia coli corresponde à principal causa de infecções do trato urinário, enquanto Bacteroides fragilis é uma importante causa de peritonite 
associada à perfuração da parede intestinal por trauma, apendicite ou diverticulite. 
MICROBIOTA DO TRATO GENITOURINÁRIO 
A microbiota vaginal de mulheres adultas contém principalmente espécies de Lactobacillus. Os lactobacilos são responsáveis pela produção do 
ácido láctico que mantém baixo o pH vaginal da mulher adulta. 
Os lactobacilos parecem ser capazes de prevenir o crescimento de patógenos potenciais, uma vez que sua supressão pelo uso de antibióticos 
pode levar ao crescimento exagerado de C. albicans. O crescimento excessivo dessa levedura pode resultar em vaginite por Candida. 
Em indivíduos sadios, a urina, quando na bexiga, é estéril. Contudo, durante a passagem pelas porções mais distais da ure- tra, a urina sofre 
contaminação por S. epidermidis, coliformes, difteroides e estreptococos não hemolíticos. 
A região ao redor da uretra feminina e de homens não circuncisados contém secreções que apresentam Mycobacterium smegmatis, um 
organismo acidorresistente. A pele que reveste o trato urogenital corresponde ao local de Staphylococcus saprophyticus, uma causa de infecções 
do trato urinário em mulheres. 
MECANISMOS DE AGRESSÃO DAS BAC TÉRIAS 
As bactérias provocam doença de dois mecanismos principais: produção de toxinas e invasão/inflamação. As toxinas se enquadram em duas 
categorias gerais: 
 Exotoxinas – são polipeptídeos liberados pela célula bacteriana; 
 Endotoxinas – são lipopolissacarídeo, componentes integrais da parede celular 
ESTÁGIOS DA PATOGÊNESE BACTERIANA 
Uma sequência generalizada dos estágios de uma infecção pode ser assim representada: 
1. Fonte externa como fonte de transmissão pela porta de entrada. 
2. Evasão das defesas primárias do hospedeiro, como a pele e o ácido gástrico. 
3. Aderência às membranas mucosas, frequentemente pelos pili bacterianos. 
4. Colonização por meio da multiplicação da bactéria no local de aderência. 
5. Manifestações clínicas da doença oriundas da produção de toxinas ou da invasão acompanhada pelo processo inflamatório. 
6. Respostas do hospedeiro, imunidade inespecífica e específica durante os passos 3, 4 e 5. 
7. Progressão ou resolução da doença. 
 
 
 
9 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
DETERMINANTES DA PATOGÊNESE BACTERIANA 
1. Transmissão 
Embora algumas infecções sejam causadas por membros da microbiota normal, a maioria é adquirida de fontes externas. Os pa- tógenos são 
normalmente eliminados dos pacientes pelos tratos res- piratório e gastrintestinal; a transmissão ao novo hospedeiro, por- tanto, ocorre 
normalmente por meio de aerossóis respiratórios ou contaminação fecal de fontes de alimento e água. 
Microrganismos também podem ser transmitidos por contato sexual, urina, contato cutâneo, transfusão sanguínea, seringas contaminadas ou 
picada de artrópodes. O contato sanguíneo, seja pela transfusão sanguínea ou pelo compartilhamento de seringas durante o uso intravenoso de 
drogas, pode transmitir vários patógenos de etiologias bacteriana e viral. 
As principais doenças bacterianas transmitidas por carrapatos nos Estados Unidos são a doença de Lyme, a febre maculosa das Montanhas 
Rochosas, a erliquiose, a febre recorrente e a tularemia. 
2. Aderência às superfícies celulares 
Certas bactérias têm estruturas especializadas (p. ex., pili) ou produzem substâncias (p. ex., cápsulas ou glicocálices) que as permitem aderir 
às superfícies de células humanas, aumentando sua capacidade de causar doença. Esses mecanismos de aderência são essenciais aos 
microrganismos que se prendem às membranas mucosas; mutantes desprovidos desses mecanismos são frequentemente não patogênicos. 
Os pili presentes em Neisseria gonorrhoeae e E. coli, por exemplo, permitem a adesão desses microrganismos ao epitélio do trato urinário, assim 
como o glicocálice de Staphylococcus epidermidis e de algumas amostras de Streptococcus permite a forte aderência desses microrganismos 
ao endotélio das válvulas cardíacas. 
Após a adesão, as bactérias frequentemente formam uma matriz protetora, denominada biofilme, constituída por diversos tipos de 
polissacarídeos e proteínas. Os biofilmes formam-se especialmente em corpos estranhos, como próteses de articulações, válvulas cardíacas e 
cateteres endovenosos, mas também podem ocorrer em estruturas nativas, como válvulas cardíacas naturais. Os biofilmes protegem as 
bactérias tanto de antibióticos quanto das defesas imunes do hospedeiro, como anticorpos e neutrófilos. 
Essas estruturas também retardam a cura da ferida, gerando processos infecciosos crônicos, principalmente em diabéticos. Os biofilmes 
desempenham papéis importantes na persistência de Pseudomonas no pulmão de pacientes com fibrose cística e na formação da placa dental, 
precursora das cáries. 
3. Invasão, inflamação e sobrevivência 
Diversas enzimas secretadas por bactérias invasivas desempenham papéis na patogênese. Entre as mais importantes encontram-se as 
seguintes: 
 Colagenase e hialuronidase, as quais degradam o colágeno e o ácido hialurônico, respectivamente, permitindo, assim, que a bactéria 
se dissemine por meio do tecido subcutâneo. 
 Coagulase , que acelera a formação do coágulo de fibrina a partir de seu precursor, o fibrinogênio (esse coágulo protege a bactéria 
da fagocitose por meio do isolamento da área infectada e por envolver o microrganismo em uma camada de fibrina). 
 Protease de imunoglobulina A (IgA), capaz de degradar IgA, permitindo a adesão do microrganismo às membranas mucosas. 
 Leococidinas capazes de destruir neutrófilos e macrófagos. 
Após a colonização e a multiplicação das bactérias na porta de entrada, elas podem invadir a corrente sanguínea e disseminar-se para outras 
partes do corpo. Os receptores de superfície celular capazes de interagir com ligantes bacterianos determinam, na maioria das vezes, os órgãos 
afetados. 
Duas doenças importantes, difteria e colite pseudomembranosa, são caracterizadas por lesões inflamatórias, denominadas pseudomembranas. 
As pseudomembranas são espessas, aderentes e apresentam exsudatos acinzentados ou amarelados nas mucosas da garganta, na difteria, ou 
do colo, na colite pseudomembranosa. 
4. Produção de toxinas 
 Exotoxinas 
 
10 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
Exotoxinas encontram-se entre as substâncias mais tóxicas já conhecidas. A dose letal da toxina tetânica para um ser humano, por exemplo, é 
estimada em menos do que 1 microg. Devido ao fato de que algumas exotoxinas purificadas podem reproduzir todos os aspectos da doença, pode-
se concluir que certas bactérias não apresentam nenhum outro papel na patogênese além da síntese da exotoxina em si. 
Exotoxinas são liberadas da bactéria por meio de estruturas especializadas, conhecidas como sistemas de secreção. Alguns sistemas de 
secreção transportam as exotoxinas para o espaço extracelular, enquanto outros as levam diretamente ao interior das células dos mamíferos. 
Os sistemas que as levam diretamente ao espaço intracelular são considerados mais eficientes, uma vez que as exotoxinas não são expostas 
aos anticorpospresentes no meio extracelular. 
BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS 
As exotoxinas produzidas por bactérias gram-positivas apresentam inúmeros mecanismos de ação e geram diferentes manifestações clínicas: 
BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS 
As exotoxinas produzidas por bactérias gram-negativas também apresentam diversos mecanismos de ação e produzem diferentes 
manifestações clínicas. Duas exotoxinas muito importantes são as enterotoxinas da E. coli e do V. cholerae (toxina colérica), que aumentam a 
quantidade intracelular de AMP cíclico nos enterócitos, produzindo a diarreia aquosa. 
 Endotoxinas 
As endotoxinas são parte integral da parede celular de bacilos e cocos gram-negativos, diferentemente do observado para as exotoxinas, que 
são ativamente liberadas pela célula bacteriana. 
A toxicidade das endotoxinas é baixa quando comparada à toxicidade das exotoxinas. Todas as endotoxinas produzem sintomas sistêmicos de 
febre e choque, embora endotoxinas de alguns microrganismos sejam mais eficientes quando comparadas às demais. 
Endotoxinas são pouco antigênicas; a produção de anticorpos protetores é tão baixa que inúmeros episódios de toxicidade podem ocorrer. 
Toxoides nunca foram produzidos a partir de endotoxinas e, portanto, endotoxinas não estão presentes em nenhuma vacina disponível. 
Um dos principais locais de ação das endotoxinas são os macrófagos. As endotoxinas (LPS) são liberadas da superfície de bactérias gram-
negativas em pequenos pedaços da membrana externa, os quais se ligam à proteína de ligação ao LPS no plasma. Este complexo interage com 
um receptor na superfície de macró- fagos, denominado CD14, o qual ativa o receptor semelhante ao Toll 4 (TLR-4). 
5. Imunopatogênese 
Em certas doenças, como a febre reumática e a glomerulonefrite, o microrganismo por si não provoca a doença, mas sim a respos- ta imune à 
presença do microrganismo. Na febre reumática, por exemplo, há a formação de anticorpos contra a proteína M do S. pyogenes, que apresentam 
reação cruzada com tecidos articulares, cardíacos e cerebrais. A inflamação ocorre e resulta em artrite, miocardite e encefalite, achados 
característicos dessa doença. 
 
11 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
MECANISMOS DE DEFESA DO HOSPEDEIRO 
1. Imunidade inata 
Uma defesa importante corresponde à membrana mucosa do trato respiratório, a qual é revestida por cílios e recoberta por muco. A 
movimentação coordenada dos cílios conduz o muco até o nariz e a boca, onde as bactérias capturadas podem ser expelidas. Esse aparato 
mucociliar, o elevador ciliar, pode ser danificado pelo álcool, pelo fumo e por vírus; o dano predispõe o hospedeiro a infecções bacterianas. 
Outros mecanismos de proteção do trato respiratório envolvem os macrófagos alveolares, a lisozima das lágrimas e o muco, pelos do nariz, e o 
reflexo de tosse que impede a aspiração para os pulmões. 
A enzima lisozima, presente na lágrima, no muco e na saliva de seres humanos, é capaz de clivar o arcabouço de peptide- oglicano, rompendo 
suas ligações glicosil, contribuindo, assim, para a resistência do hospedeiro à infecção microbiana. Bactérias tratadas com lisozima podem 
intumescer e romper-se como resultado da entrada de água nas células, as quais exibem elevada pressão osmótica interna. No entanto, quando 
as células tratadas com lisozimas se encontram em uma solução com a mesma pressão osmótica que a do interior bacteriano, essas células 
sobrevivem, assumindo formas esféricas, denominadas protoplastos, circundadas apenas por uma membrana citoplasmática. 
A proteção inespecífica do trato gastrintestinal inclui as enzimas hidrolíticas da saliva, o ácido estomacal, assim como várias enzimas 
degradativas e macrófagos do intestino delgado. A vagi- na da mulher adulta encontra-se protegida pelo pH baixo gerado pelos lactobacilos, 
membros da microbiota normal. 
Uma proteção adicional observada no trato gastrintestinal e no trato respiratório inferior é conferida por defensinas. Defensinas são peptídeos 
com alta carga positiva (catiônicos) que criam poros nas membranas das bactérias, promovendo sua morte. 
2. Imunidade adaptativa 
A imunidade adaptativa resulta da exposição ao organismo (imunidade ativa) ou do recebimento de anticorpos pré-formados produzidos em 
outro hospedeiro (imunidade passiva). 
A imunidade passiva adaptativa é uma forma de proteção temporária contra um determinado organismo, sendo adquirida por meio da inoculação 
de soro contendo anticorpos pré-formados de outra pessoa ou animal. A imunização passiva ocorre naturalmente na forma de imunoglobulinas 
transferidas da mãe para a criança por meio da placenta (IgG) ou do leite materno (IgA). 
A imunidade passiva tem a importante vantagem de suas capacidades protetoras estarem presentes de imediato, ao passo que a imunidade 
ativa ocorre dentro de poucos dias a poucas semanas, dependendo de tratar-se de uma resposta primária ou secundária. Contudo, a imunidade 
passiva apresenta a impor- tante desvantagem de a concentração de anticorpos sofrer rápida redução à medida que as proteínas são 
degradadas, de modo que a proteção persiste normalmente por apenas um mês ou dois. 
A imunidade ativa adaptativa consiste na proteção baseada na exposição ao organismo na forma de doença sintomática, infecção subclínica ou 
por meio de uma vacina. . Essa proteção desenvolve-se mais lentamente, porém é de maior duração que a imunidade passiva. 
A imunidade ativa é mediada tanto por anticorpos quanto por células T: 
 Os anticorpos protegem contra os organismos por uma variedade de mecanismos – neutralização de toxinas, lise de bactérias na 
presença do complemento, opsonização das bactérias para facilitar a fagocitose e interferência na adesão de bactérias e vírus às 
superfícies celulares. 
 As células T medeiam uma variedade de reações, in- cluindo a destruição citotóxica de bactérias e células infectadas por vírus, 
ativação de antígenos e hipersensibilidade tardia. As células T também auxiliam as células B na produção de anticorpos com vários 
antígenos, mas não todos. 
 
 
 
 
 
12 RAYSSA OLIVEIRA SANTOS - MEDICINA 
INFECÇÃO URINÁRIA 
A maioria dos episódios de ITU é causada por enterobactérias como: Escherichia, Klebsiella, Enterobacter, Citrobacter, Proteus, Serratiae outros. 
A Escherichia coli é o agente etiológico mais comum, ocorrendo em 80-90% dos casos. Em crianças imunodeprimidas, principalmente naquelas 
que estejam usando antibióticos potentes, de amplo espectro, pode ocorrer ITU por Candida albicans ou outros fungos. 
A gravidade e as complicações da ITU são determinadas pela suscetibilidade do paciente e pelas complexas interações entre o hospedeiro e o 
patógeno. As apresentações clínicas variam conforme a faixa etária, a localização da infecção, o estado nutricional do paciente e alterações 
anatômicas e funcionais do trato urinário. 
Nos lactentes, a principal manifestação clínica é a febre. Raramente podem ocorrer sinais e sintomas mais específicos como polaciúria, disúria, 
dor lombar e gotejamento urinário. Sintomas inespecíficos como hiporexia e baixo ganho de peso também podem ser observados. Nos 
adolescentes, a ITU geralmente apresenta-se com disúria, polaciúria, hematúria, dor à micção ou urgência miccional, além de febre e 
acometimento do estado geral. 
O diagnóstico da ITU é clínico-laboratorial, incluindo anamnese e exame físico detalhados. Na anamnese é importante pesquisar, além da 
sintomatologia especifica da ITU, o padrão miccional (frequência urinária, incontinência urinária diurna e/ou enurese), o hábito intestinal 
(constipação e escapes fecais), a característica do jato urinário, os sintomas gerais associados (febre, vômitos, diarreia, déficit no ganho 
ponderal) e a atividade sexual em adolescentes. 
Na avaliação laboratorialos exames de urina rotina (urinálise, EAS) e a bacterioscopia pelo Gram de gota de urina não centrifugada, quando 
alterados, corroboram o diagnóstico de ITU. Porém, a confirmação diagnóstica é feita pela cultura da urina, mostrando proliferação bacteriana 
em valores acima de 100.000 UFC. 
 Outros exames laboratoriais, como hemograma e PCR, podem estar normais ou apresentarem alterações indicativas de infecção bacteriana 
aguda, principalmente nas pielonefrites e em crianças de pouca idade. 
Leucócitos ou piócitos (piúria) são muito sugestivos de ITU. Considera-se piúria a presença de cinco ou mais leucócitos por campo microscópico 
sob grande aumento (400x), sendo que na maioria dos episódios de ITU estão presentes campos repletos 
Na bacterioscopia pelo Gram, uma ou mais bactérias Gram-negativas correlacionam-se fortemente com urocultura positiva. O diagnóstico de 
ITU é confirmado pela urocultura positiva, que é a existência de um número igual ou superior a 100.000 UFC de uma única bactéria. 
GONORREIA 
A gonorréia é doença infecciosa do trato urogenital, bacteriana, transmitida quase que exclusivamente por contato sexual ou perinatal. Acomete 
primariamente as membranas mucosas do trato genital inferior e menos freqüentemente aquelas do reto, orofaringe e conjuntiva. 
A N. gonorroheae primariamente infecta o epitélio colunar. A ligação ao epitélio mucoso, mediada em parte pelos pilli e pela proteína Opa, é 
seguida em 24-48 horas pela penetração do organismo entre e através das células epiteliais para chegar ao tecido submucoso. Há resposta 
vigorosa de polimorfonucleares, com descamação do epitélio, desenvolvimento de microabscessos submucosos e formação de exsudato. 
O diagnóstico laboratorial da gonorréia depende da identificação da N. gonorrhoeae em um local infectado. O isolamento por cultura representa 
o método diagnóstico padrão e sempre deve ser utilizado. A amplificação do DNA pela reação em cadeia da polimerase (PCR) oferece sensibilidade 
comparável ou até mesmo superior a cultura, porém a experiência clínica revela-se limitada. Uma simples cultura em meio seletivo mostra 
sensibilidade de 95% ou mais para amostras uretrais de homens com uretrite sintomática e 80-90% para infecção endocervical nas mulheres, 
dependendo da qualidade do meio e da adequação da amostra. 
Normalmente, não se colhe o pus que é eliminado, porque esse já sofreu a ação de enzimas e nem sempre contém bactérias. Despreza-se esse 
primeiro pus e colhe-se o material diretamente da uretra, normalmente solicitando previamente que o paciente fique sem urinar por pelo menos 
2 horas. É um exame rápido — em 15 minutos, está pronto o resultado — barato e indolor, mas importantíssimo para definir o agente etiológico 
da doença. Como é frequente a infecção por mais de um agente, podem ser colhidas na mesma oportunidade amostras de sangue e fluidos para 
outros exames.

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