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DIREITO CIVIL - COISAS - CCJ0224 Semana Aula: 8 A Propriedade Tema Propriedade: Do direito de vizinhança Palavras-chave Propriedade. Limites. Direito de vizinhança. Objetivos a) Compreender que a propriedade sofre limitações b) Identificar o direito de vizinhança c) Reconhecer as diversas formas de uso anormal da propriedade d) Identificar outras limitações legais e) Reconhecer as limitações similares às servidões Estrutura de Conteúdo UNIDADE 3 – DA PROPRIEDADE (AQUISIÇÃO DE BENS MÓVEIS) E DO DIREITO DE VIZINHANÇA 3.3. Do direito de vizinhança 3.3.1. Restrição ao direito de propriedade quanto à intensidade do seu exercício: uso anormal da propriedade 3.3.2. Limitações legais ao domínio similares às servidões 3.3.3. Da passagem forçada 3.3.4. Restrições oriundas das relações de contiguidade entre dois imóveis O presente conteúdo é apresentado em consonância com o disposto no Plano de Ensino, bibliografia indicada e material disposto no SAVA. É fundamental que o aluno se prepare antes de cada aula, pois tal preparação possibilitará o real acúmulo de conhecimento e a devida formação para a vida acadêmica e profissional. Estratégias de Aprendizagem Recomenda-se a leitura do Livro Didático de Direito Civil IV páginas 92 a 104. O aluno poderá, também, buscar materiais complementares através da internet. Recomenda-se que o aluno navegue pelo SAVA e acesse os recursos indicados e disponíveis. A análise dos casos concreto e postagem das respostas possibilitará melhor fixação do conteúdo. A participação em sala e diálogo com o professor possibilitará que sejam dirimidas eventuais dúvidas. Indicação de Leitura Específica - Livro Didático de Direito Civil IV, páginas 92 a 104. - Código Civil. Arts. 1.277 a 1.313. - Vídeos sugeridos:https://www.youtube.com/watch?v=ODPY0k_dN8A https://www.youtube.com/watch?v=OCwyy7RaBv4 https://www.youtube.com/watch?v=EBWOzebG584 - Indicar filme: Meus Vizinhos são um terror (1989) Aplicação: articulação teoria e prática Questão sobre o tema: (OAB FGV III EXAME UNIFICADO 2010) Félix e Joaquim são proprietários de casas vizinhas há cinco anos e, de comum acordo, haviam regularmente delimitado as suas propriedades pela instalação de uma singela cerca viva. Recentemente, Félix adquiriu um cachorro e, por essa razão, o seu vizinho, Joaquim, solicitou-lhe que substituísse a cerca viva por um tapume que impedisse a entrada do cachorro em sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao pedido do vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e inofensivo e, por isso, jamais lhe causaria qualquer dano. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Joaquim (A) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse na sua propriedade, contanto que arque com metade das despesas de instalação, cabendo a Félix arcar com a outra parte das despesas. (B) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as despesas de instalação. (C) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva fora instalada de comum acordo e demarca corretamente os limites de ambas as propriedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não há indícios de que o cachorro possa vir a lhe causar danos. (D) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de instalação, deduzindo-se desse montante metade do valor, devidamente corrigido, correspondente à cerca viva inicialmente instalada por ambos os vizinhos. (OAB FGV IV EXAME UNIFICADO 2011) Acerca da servidão de aqueduto, assinale a alternativa correta. (A) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à passagem de cabos e tubulações. https://www.youtube.com/watch?v=ODPY0k_dN8A https://www.youtube.com/watch?v=OCwyy7RaBv4 https://www.youtube.com/watch?v=EBWOzebG584 (B) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, mas a quem não incumbem as despesas de conservação. (C) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o proprietário do aqueduto não deverá ser indenizado pela retirada das águas supérfluas aos seus interesses de consumo. (D) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente indenizado pela passagem da servidão do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais. Considerações Adicionais RESPOSTA COMENTADA PRIMEIRA OBJETIVA Os fatos apresentados envolvem direito de vizinhança, o problema centra suas razões na questão envolvendo uma cerca viva, feita de comum acordo e que não será suficiente para manter um cachorro afastado da propriedade do vizinho. Lembrando, este cachorro não existia quando da feitura da cerca viva, tendo sido recentemente adquirido por Félix. A solução para a presente situação é a do art. 1297, CC: Art. 1297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas. (...) § 3º A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas. O dispositivo transcrito impõe que Félix construa o tapume especial, bem como arque sozinho com as despesas. A resposta correta é a letra ?B?. Letra D. Correta. O proprietário do prédio serviente, indenizado pela passagem da servidão do aqueduto, terá o direito de exigir que a canalização seja subterrânea quando atravessar áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais, conforme art. 1293, § 2º, CC. RESPOSTA COMENTADA Letra A. Errada. Ao contrário do afirmado as regras acerca da passagem de cabos e tubulações são aplicadas à servidão de aquedutos. A base legal se encontra em dois artigos do Código Civil, veja: Art. 1294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e 1.287. Combinado com o Art. 1286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa. Letra B. Errada. O disposto nesta letra segue o enunciado no §3º, do art. 1293, CC, no entanto erroneamente exonera o dono do aqueduto das despesas com conservação, a lei afirma justamente o contrário: O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as despesas de conservação?. Letra C. Errada. O proprietário do aqueduto deverá ser indenizado pela retirada das águas supérfluas aos seus interesses de consumo, conforme art. 1296, CC: ?Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá- las, para os fins previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que então seriam necessárias para a condução das águas até o ponto de derivação. CASO CONCRETO 08 Anita é proprietária de um terreno em Nova Iguaçu, no qual resolveu construir uma casa. A edificação realizada está a meio metro de distância do terreno de sua vizinha, Valesca. Ainda no início da construção, Valesca observa que a casa que está sendo construída por Anita terá uma janela justamente na parede que faz limites com seu terreno, bem como o telhado da casa despejará todas as águaspluviais diretamente no terreno de Valesca. A construção de Anita obedece ao direito de vizinhança? Explique. Gabarito Não, pois o Código Civil determina que nenhum proprietário pode construir de maneira que o seu prédio despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho, bem como não se pode abrir janelas a menos de metro e meio do terreno vizinho, conforme arts. 1.300 e 1.301.