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6- OK -BIOLOGIA E EDUCAÇÃO

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Pag. 1 
 
 
 
 
 
CURRALINHO PARÁ 
 
3º PERÍODO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOLOGIA E EDUCAÇÃO 
DISCIPLINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_____________________________ 
PROFESSOR 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________________________________ 
NOME DO ALUNO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANO -2021 
 
 
 
 
 
Prédio Multiuso I, Bloco A, Sala AT-57/7 – UnB – Brasília/DF – CEP 70.910-900 - Tel: (61) 3107-5917/5918 – Fax: (61) 3107-5838 – E-mail: atendimento@unip.com.br 
mailto:atendimento@unip.com.br
MENSAGEM DE REFLEXÃO 
 
NÃO DESISTA NUNCA! 
 
A vida é superação. Todos os dias encontramos pedras no caminho e para remover as 
pedras temos que plantar flores; e para plantar flores é preciso ter fé e acreditar em dias 
melhores. É preciso acreditar que nós devemos e podemos evoluir! 
Nós somos o nosso pior inimigo toda vez que nos deixamos consumir pelo pessimismo, 
pela falta de estima por nós mesmos e quando perdemos a esperança. 
A superação é também perdão, perdão ao próximo, mas acima de tudo perdão a nós 
mesmos. Quando perdoamos de coração e alma os nossos erros é porque nos 
arrependemos e queremos fazer melhor. 
E assim superamos nossas falhas e nos tornamos seres mais dignos de uma vida feliz, 
mais dignos de amor e de viver neste mundo e nele deixar a nossa contribuição. 
A superação é com certeza uma maneira de fazer um mundo melhor, pois ao perdoar a si 
mesmo, estamos oferecendo o melhor que temos dentro dos nossos corações. Não 
desista nunca! O sol nasce todos os dias; o sol supera a escuridão para iluminar você. 
Supere-se e tenha uma vida iluminada! 
Existem pedras. 
Não desista de andar! 
Existem barreiras. 
Não desista de passar! 
Existem os nós. 
É preciso desatar! 
Existe o desânimo. 
É a pior coisa que há! 
A estrada é longa. 
Não desista de chegar! 
Existe o cansaço. 
É preciso caminhar! 
Existe a derrota. 
Você nasceu para ganhar! 
Existe o desamor. 
É fundamental amar! 
Tenha coragem e jamais desista! 
Não tenha medo de ser feliz! 
 
 
 
 
 
 
 
Pag. 1 
 
1 
1 EMENTA 
Estudo dos fatores básicos que atuam no desenvolvimento das crianças e adolescentes e suas implicações no 
processo ensino- aprendizagem. Estudo do corpo humano numa visão organicista, isto é, da concepção de 
corpo como um todo, um sistema integrado de muitos outros sistemas, que interage com o ambiente e que 
reflete a história de vida do sujeito. Estudo dos determina antes do processo saúde-doença e da organização do 
sistema de saúde nacional e local na legislação específica. Patrimônio genético e influências do meio na 
determinação do enótipo: f paradigma da normalidade x paradigma da diversidade; escola inclusiva; 
naturalização de fenômenos sociais. Gravidez na adolescência, uso e abuso de drogas. 
2 HORÁRIO DAS AULAS (OPCIONAL) 
DIA DA SEMANA HORÁRIO CRÉDITOS 
Sábado De acordo com a organização do polo/coordenador 04 
3 OBJETIVOS 
3.1 OBJETIVO GERAL 
Compreender o desenvolvimento humano no processo de relações sociais e os processos biológicos em suas 
interações com a prática social, especialmente na relação ensino-aprendizagem; 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
• Destacar as diferenças que evidenciam a individualidade de cada ser humano, indicando que cada 
pessoa é única e permitindo o desenvolvimento de atitudes de respeito e apreço ao próprio corpo e ao do 
outro. 
• Valorizar o equilíbrio ecológico local, regional e global, identificando os efeitos antrópicos no meio 
ambiente. Atuar para o desenvolvimento social e profissional, acompanhando a evolução do pensamento 
científico na área de sua atuação e utilizando o conhecimento socialmente acumulado na produção de novos 
conhecimentos, tendo a compreensão desse processo, a fim de utilizá-lo de forma crítica e com critérios de 
relevância social. 
• Organizar, coordenar e participar de equipes multidisciplinares ou interdisciplinares interagindo com 
diferentes especialidades e diversos profissionais de modo a estar preparados à contínua mudança do mundo 
produtivo. 
• Analisar as consequências fisiológicas e sociais de uma gravidez na adolescência. 
4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
I Introdução aos Estudos 
II- Definições da Biologia Educacional 
III - A configuração da Biologia Educacional como disciplina 
IV - Principais marcos dos primeiros anos ao presente 
V -Institucionalização da Biologia Educacional como disciplina de formação do professor/pedagogo 
VI - algumas abordagens importantes no ensino de biologia e educação 
 5 METODOLOGIA 
As aulas serão desenvolvidas a partir de leitura prévia de textos indicados. 
As estratégias didáticas constarão de aulas expositivas dialogadas e debates. 
Estimularemos a leitura de jornais (imprensa nacional, imprensa sindical) e o debate sobre temas polêmicos em 
educação. 
 6 CRONOGRAMA DAS AULAS (OPCIONAL) 
MÊS DIAS 
Agosto Sábado 
Agosto Domingo 
7 AVALIAÇÃO 
ATIVIDADE CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO PESO 
Trabalhos/seminários e/ou apresentação de 
trabalhos. 
Aspectos qualitativo e quantitativos 0 á 10 
8 BIBLIOGRAFIA 
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. 5 ed. Objetiva, 1996. 
GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 6 ed., Guanabara Koogan, 1984. 
LIMA, Celso P. Genética Humana. 3 ed., Harper e Howdo Brasil, 1996. 
NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. Porto Alegre, Artes Médicas, 1996. 
ARATANGY, L.R.; TOLEDO FILHO, S.A.; FROTA-PESSOA, O. Programa de saúde 
– projetos e temas de higiene e saúde. SP: Comp. Ed. Nacional. 1976. 
ARAÚJO, Paulo. Déficit de atenção: um diagnóstico que você pode fazer. Rev. Nova escola, SP: Ed. Abril, Maio/ 2004. 
CAVALCANTE, M. A química que dá gosto de aprender.Rev. Nova Escola, SP: Ed.Abril; Set./ 2005. 
NEIVA, Paula. Gênios e autistas? Revista Veja. SP:Ed. Abril, maio, 2003. 
KENSKI, Rafael. A revolução do cérebro. Superinteressante. SP: Ed. Abril. Agosto, 2006. 
VEIGA, A. Cuidado! Imagens em construção. Revista V eja. SP: Ed. Abril, agosto, 2000. 
 
 
Pag. 2 
 
2 
Introdução 
 
 
Considerando o processo de modernização que ocorria no Brasil no final do século 
XIX e meados do século XX, o Estado de São Paulo era referência para a Educação, um 
exemplo a ser seguido pelo país, ressalta-se que os principais idealizadores e fundadores 
dessa “educação exemplar” rumo à modernidade, possuíam formação acadêmica na área 
médica. Entre os médicos educadores que trabalharam em prol da Educação, pode-se 
destacar o catedrático professor Antônio Ferreira de Almeida Júnior, que foi o principal 
agente criador da disciplina de Biologia Educacional. Surgiu com a missão de sistematizar 
um conjunto de conhecimentos, visando a estabelecer um padrão de higienização dos 
cidadãos, bem como com o papel de fundamentar a Pedagogia, juntamente com os 
conhecimentos da Sociologia e da Psicologia, designadas ciências-fontes da Educação 
que, naquele momento, utilizavam-se das denominações Biologia da Educação, 
Sociologia da Educação e Psicologia da Educação. O campo pedagógico, após o 
movimento da Escola Nova que trazia uma concepção de base científica, possibilitou o 
desígnio da Pedagogia em buscar construir uma ciência do homem como ciência 
integradora. 
Nesse debate, a Biologia Educacional assume um duplo papel: disciplina curricular e 
ciência fundamentos da Educação. Conforme observa Lucíola Santos (1990, p. 26), o 
estabelecimento de uma disciplina, depende também de fatores internos, tais como a 
emergência de grupos de liderança intelectual, o surgimento de centros acadêmicos de 
prestígio na formação de profissionais, a organização e evolução das associações de 
profissionais e o avanço editorial da área. 
Tornando-se uma disciplina específica, com conteúdos próprios e certa autonomia, a 
Biologia Educacional configura seus conteúdos nas Escolas Normais e Secundárias; 
posteriormente, disseminando-se no Ensino Superior, especificamente no curso de 
Pedagogia, porque a visão que se difundia na época nos programas dos cursos de 
formação de professores discutia a questão da fundamentaçãocientífica que se deveria 
dar ao licenciado para ampliar sua visão do fenômeno vida, particularmente do processo 
de ensino e aprendizagem. 
Conforme Tanuri, 
 
 
[...] a preocupação central do currículo da Escola Normal deslocava-se dos 
‘conteúdos’ a serem ensinados - o que caracterizou os primórdios da instituição – 
para os métodos e processos de ensino, valorizando-se as chamadas ‘Ciências da 
Educação’, especialmente as contribuições da Psicologia e da Biologia. Encontra-
se nos documentos legais dessas reformas a presença de dispositivos indicadores 
 
Pag. 3 
 
3 
de ideias da escola renovada, relativas ao atendimento às possibilidades 
biopsicológicas da criança, à adequação do currículo às características no meio 
social, ao tratamento das matérias escolares como instrumentos de ação e não 
como fins em si mesmas, à importância dos processos intuitivos, da observação 
direta da atividade do aluno, do método analítico para o ensino da leitura 
(TANURI, 2000, p. 74). 
 
 
No início da década de 1930, a Biologia Educacional era entendida como “mera 
Biologia a serviço da Educação”. Ela visava a dar suporte para os professores sobre 
assuntos específicos abordados em outras áreas do conhecimento, como os estudos da 
Psicologia, Sociologia, Filosofia entre outros. Pelo exposto, observa-se que os conteúdos 
eram abordados pelo amplo campo da Biologia Geral e da Biologia Humana. Como os 
cursos de formação de professores, naquela época, tinham caráter experimental, 
consagraram-se os laboratórios de ensino (Biologia Educacional, Psicologia Educacional, 
Pesquisas Sociais, Educacionais e Estatística). (EVANGELISTA, 2001). 
No ano de 1939, foi criada no Rio de Janeiro a Faculdade Nacional de Filosofia, 
através do Decreto-lei nº 1190, constituindo-se o “padrão federal”. A ideia central desse 
padrão era adaptar os programas de todos os cursos de qualquer Instituição Superior. 
Conhecido também como esquema 3+1, o mesmo estipulava que todos que quisessem 
frequentar qualquer curso ofertado com três anos de duração (entre eles o curso de 
Pedagogia) obteriam o diploma de bacharel, porém, caso o bacharel desejasse 
acrescentar em sua formação o diploma de licenciado, deveria frequentar mais um ano o 
curso de Didática. 
No processo de formação do bacharel e do licenciado faziam-se presentes os 
saberes da Biologia da Educação. A esse respeito observa Marta Pinheiro: 
 
A disciplina Fundamentos Biológicos da Educação constava do currículo previsto 
para os cursos de Pedagogia e de Didática; desse modo, deveriam cursar aquela 
disciplina todos os que desejassem obter o diploma de licenciado, em qualquer um 
dos onze cursos oferecidos pela Faculdade Nacional de Filosofia ou por qualquer 
instituição de nível superior do país. No caso específico de Licenciatura em 
Pedagogia, como Fundamentos Biológicos da Educação já constava do currículo 
do curso de Pedagogia, os bacharéis em Pedagogia não eram obrigados à 
frequência, nem aos exames da disciplina (PINHEIRO, 1993, p. 64). 
Em 1962, o Decreto-lei 1190 sofreu modificações com a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional. Essas modificações interferiram diretamente nos objetivos da 
disciplina, vista antes apenas como base a estudos introdutórios de outras áreas do 
saber, ela passa a ganhar um novo olhar, onde se admite sua função direta no ensino-
aprendizagem e na interferência na saúde dos educandos; pois, foi considerada a 
necessidade social de formação de professores que levasse os conhecimentos biológicos 
 
Pag. 4 
 
4 
às crianças e às famílias delas, a formação de mães e donas de casa que assumissem 
funções familiares por meio da higiene e da profilaxia. 
Visando ainda a uma Educação renovada, a formação de professores deveria 
garantir que esses profissionais fossem eficientes para inserção no mercado de trabalho, 
formando alunos de acordo com os objetivos da fundamentação biológica, dando 
precisão a condição humana e as particularidades de cada espécie; assim como, dando a 
visibilidade ao futuro professor de que cada indivíduo possui suas singularidades e 
possibilidades de adaptação ao meio. 
A disciplina passa a adaptar novamente seus currículos à reforma do Ensino 
Superior através da Lei nº 5540/68 que reformulava e estruturava as Universidades 
brasileiras. No ano de 1969, ocorreu a terceira regulamentação do curso de Pedagogia. O 
Parecer nº 252/69, apresentado pelo professor Valnir Chagas, criava a distinção entre os 
licenciados e bacharéis do curso de Pedagogia, distinguindo os especialistas através das 
habilitações. A Biologia Educacional se adapta, em nível nacional, aos novos moldes que 
ocorreram novamente em 1971, redefinindo o ensino no 1º e 2º Graus com o advento da 
Lei nº 5692/71. Após três anos, a disciplina acata novas modificações pelo Parecer nº 
2264/74 do Conselho Federal da Educação que se referia à Saúde e à Educação, 
incluindo Programas de Saúde nos cursos de Habilitação ao Magistério. 
Nesse contexto, a Biologia Educacional vai sofrendo alterações de posições, de 
acordo com os novos debates do campo científico e educacional. Nesse aspecto, ora ela 
é extinta dos programas e/ou é incorporada em outras disciplinas como, a Didática, ora 
também assume lugares diferentes no campo de formação do pedagogo, pois de um 
caráter sanitarista e higienista passa a um saber neurobiológico fundamental à 
constituição da denominada Ciências da Educação. 
Segundo Marcílio Souza Junior e Ana Maria de Oliveira Galvão (2005, p. 396), as 
disciplinas não se estabelecem no currículo de maneira pacífica, conformando-se às 
origens oficiais, mas ao contrário, guardam relações conflituosas com as teorizações 
acadêmicas e as recomendações oficiais, ora acatando-as, ora resistindo a elas, ora 
reformando-as ou deformando-as. 
A inserção da Biologia Educacional deve ser compreendida no âmbito dos debates 
do campo da Educação, particularmente na segunda metade do século XX. Nesse 
contexto, da Pedagogia passou-se à ciência da Educação; de um saber unitário e 
fechado passou-se ao das ciências. Tratou-se de uma revolução no saber educativo que 
se firmou em um saber plural e aberto; do primado da Filosofia passou-se ao das 
ciências. (CAMBI, 1999). A passagem da Pedagogia às Ciências da Educação foi um 
 
Pag. 5 
 
5 
evento marcante da Pedagogia Contemporânea, que mudou sua identidade e 
caracterizou seu crescimento e auto compreensão como saber e práxis, assumindo um 
modelo de Pedagogia que a pesquisa científica deve trabalhar. 
Surgida em 1911, quando começou a fazer parte da formação das Escolas Normais 
norte-americanas, a disciplina Biologia Educacional chegaria ao Brasil apenas 20 anos 
depois, por meio do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (PINHEIRO, 1993; 
RAMOS et al., 2010). 
A Biologia Educacional – conhecida também como Fundamentos Biológicos da 
Educação, Biologia Aplicada à Educação ou Biologia da Educação – é uma disciplina 
que trata sobre os fatores biológicos que podem interferir na Educação, como a 
hereditariedade e a genética, e tem como objetivo servir de base para o professor 
entender como se dá o desenvolvimento físico, motor e mental da criança, auxiliando em 
seu papel didático. Além disso, esta disciplina complementa e é complementada pela 
Psicologia educacional (ALMEIDA JÚNIOR, 1968; LEX, 1973, 1984). 
A princípio, no Brasil, a Biologia Educacional chegou a ser ofertada juntamente com 
a disciplina de Biologia Geral, fazendo parte da grade curricular de alguns cursos de 
Pedagogia e, em menor proporção, de cursos de licenciatura do país (PINHEIRO, 1993). 
A existência de conteúdos relacionados às ciências naturais e biomédicas – mais 
comuns nas disciplinas das áreas de História Natural, Anatomia e Fisiologia Humana, 
Higiene e outras correlatas – e nos currículos das Escolas Normais do Estado do Rio de 
Janeiro, desde o final do séc. XIX, fortaleceu a autonomia de uma nova disciplina, quesob a influência da Pedologia e da Antropologia Pedagógica, tornar-se-ia próxima à 
Psicologia e às Práticas Antropométricas (VIVIANI; BUENO, 2006). 
Antes de ser formalizada no país, junto à Biologia Geral no início, a disciplina teria 
incorporado os anseios do contexto político das décadas de 1920 e 1930, antecessores à 
1ª Guerra Mundial, buscando a valorização de temas relacionados ao entendimento do 
corpo, de noções e propostas higienistas (eutênicas) e eugênicas1, no sentido de 
refletir sobre a educação preocupações de ordem médica que se faziam presentes 
naquele período (HORA, 2005). Com o Código de Educação de 1933, seria instituída, 
no Curso Normal, a seção de Biologia Aplicada à Educação, na qual tais princípios 
seriam efetivamente implementados (VIVIANI, 2005). 
 
1 Conceito criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), o qual suscitou a possibilidade de se 
melhorar ou prejudicar as qualidades sociais das gerações futuras, seja física, seja mentalmente, 
por meio do controle social no presente. O movimento eugenista propunha a regeneração racial, 
processo que adquiriria maiores dimensões nos Estados Unidos e em alguns países europeus, 
sem apresentar grandes repercussões socais no Brasil (ADAMS, 1990; BIZZO, 2013). 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Disciplina
http://pt.wikipedia.org/wiki/Disciplina
http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hereditariedade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gen%C3%A9tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_educacional
 
Pag. 6 
 
6 
Em nível das políticas nacionais, a Biologia Educacional também prepararia 
professores para abordar tanto assuntos como a higiene do aluno e do ambiente escolar, 
passando pela identificação e prevenção de doenças típicas dos primeiros anos da 
criança – como o sarampo, a caxumba, a catapora, a pediculose e as verminoses –, 
quanto temas intrinsecamente relacionados à adolescência, como a sexualidade, a 
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, dentre outros (ARATANGY; 
TOLEDO FILHO; FROTA- PESSOA, 1972, 1985). 
Estabelecer-se-iam nessa época os principais rótulos e estigmas a partir de 
discursos medicalizantes que se repercutiriam até a atualidade, fortificando a 
condição criada de fracasso escolar, persistente na prática pedagógica no transcorrer 
de gerações. Tal consequência, por sua vez, teria afetado a aprendizagem de milhões de 
estudantes. 
Baseada nos elementos até então abordados, esta pesquisa objetivou 
essencialmente: 
-Analisar a influência da disciplina Biologia Educacional na formação teórico- 
prática inicial do pedagogo, considerando a sua atuação interdisciplinar dentro e fora da 
sala de aula, bem como o seu papel de educador ao contribuir para um maior 
autoconhecimento dos alunos com os quais atua em diferentes meios. 
Além disso, buscou-se de modo específico neste estudo: 
-Discutir as etapas que marcaram a construção da Biologia Educacional no cenário 
nacional em termos políticos, organizacionais e teóricos a partir dos seus 
principais atores, e a relação que elas tiveram com a consolidação de alguns 
cursos de Pedagogia e licenciatura no país; e Identificar junto aos alunos do curso de 
Pedagogia considerado nesta pesquisa um posicionamento crítico acerca das 
abordagens trazidas pela Biologia Educacional, dentro da sua trajetória de construção 
até sua aplicabilidade no cotidiano. 
 
II- Definições da Biologia Educacional 
 
A definição da Biologia abrange um campo de amplas áreas interligadas que 
estudam a vida nas mais variadas escalas. É notável o fascínio exercido pelos tópicos 
ligados à vida e a sua origem, permitindo um estudo mais investigativo e detalhado. Além 
do mais, a disciplina de Biologia instiga o aluno a adquirir práticas de grande importância 
para o seu cotidiano. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adolesc%C3%AAncia
 
Pag. 7 
 
7 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 2000), 
a educação deve ser estruturada em quatro alicerces: aprender a conhecer, aprender a 
fazer, aprender a viver e aprender a ser, na qual considera-se a importância de uma 
educação geral, suficientemente ampla, com possibilidade de aprofundamento em 
determinada área de conhecimento. No contexto da educação brasileira, alguns aspectos 
são relevantes para o papel da educação em Biologia, como novas formas 
interdisciplinares e algumas inovações teóricas e metodológicas que possibilitem um 
acúmulo de conhecimentos e mudanças de conceitos e práticas. 
A transmissão de conhecimentos que capacitem à tomada de decisões e que 
possibilitem a formação dos conhecimentos científicos e a inserção da ciência nas 
relações sociais deve ser o principal norteador de um ensino de Biologia que se proponha 
criativo e útil ao presente e futuro dos alunos e da sociedade. (THOMPSON, 2009). 
A educação, portanto, é um aspecto importante no processo de vida saudável do 
indivíduo, associado ao seu modo de viver e suas interações e adaptações com o meio 
ambiente (BACKES et al., 2009), tais como as práticas de esporte, hábitos alimentares, 
lazer e o cultivo do bem-estar social. Neste contexto, o viver saudável pode ser entendido 
como um processo singular, complexo e plural, construído a partir dos significados e 
imaginário que cada ser humano ou grupo social atribui ao seu modo de ser e viver, bem 
como aos diferentes movimentos dinâmicos da vida, motivados pelo contexto social e 
cultural específico (BACKES et al., 2009). 
Diante da temática escolhida, julgou-se de fundamental importância, nesta pesquisa, 
a compreensão do processo de viver saudável dos estudantes de Biologia, com idades 
entre 15 e 20 anos, tendo como referencial o processo aprendizagem e saúde. Com base 
nessas considerações, o estudo elaborado buscou a compreensão dos principais fatores 
que proporcionam uma qualidade de vida saudável e o estímulo ao aprendizado dos 
alunos, mediante atividades propostas por eles. 
 
III - A configuração da Biologia Educacional como disciplina 
 
No caminho da utilização de conhecimentos biológicos na educação, a Biologia 
Educacional acabaria por se diferenciar de outras correntes de ensino até 
então predominantes, permitindo uma nova atividade funcional em resposta ao seu 
contexto. Isso ajudaria a construir o repertório dos alunos quanto à natureza biológica do 
indivíduo, sem dissociá-la do âmbito social e das demais relações com as quais ele 
pudesse estar comunicado (CARLOS DE SOUZA, 2004; VIVIANI, 2005). 
 
Pag. 8 
 
8 
Esse estreitamento da condição humana, enquanto parte do ambiente, reduziria a 
separação muitas vezes gerada na abordagem da educação como um 
fenômeno essencialmente social, distinguível em sua cronologia e espacialidade. A 
natureza humana, ao contrário, buscaria se associar a uma história própria, dinâmica, 
permitindo ao indivíduo se incluir tanto como o ser único quanto o ser universal que o 
homem é, caracterizando a condição dissonante e inconciliável estabelecida entre o 
indivíduo e a sociedade (CARLOS DE SOUZA, 2004). 
Dentro desse panorama, em meio aos diversos campos que emergiram na ciência, 
a Biologia teria sua importância renegada por muitos séculos, tornando-se apenas mais 
recentemente reconhecida, em um grupo de ciências mais tradicionais. A Matemática, a 
Física e a Química estiveram por bastante tempo à sua frente na consolidação de 
teorias, exercendo influência mais destacada na sociedade, bem como no entendimento 
de questões essenciais à vida e à organização do universo. 
Enquanto a Física se tornaria reconhecida pela representação da sua visão de 
forma cartesiana e atomizada, a Biologia necessitaria de anos para contar com 
elementos de base explicativa, a fim de que pudesse se ser compreendida através do 
DNA, da clonagem, dos transgênicosetc. Esse contexto se tornaria possível para a 
educação porque surgiriam profissionais que se preocupariam com a divulgação e o 
trabalho crítico dessas descobertas, o que impulsionaria sobremaneira o estado limitado 
em que se encontrava a Biologia Educacional e outras disciplinas. As elaborações 
teóricas e reducionistas, apoiadas em um discurso hegemônico, dicotômico e 
determinista, abririam espaço para novas representações e conceitos, os quais poderiam 
contar com a maior participação de outras linhas do saber, haja vista o incremento 
ocorrido nos últimos anos da interatividade entre as disciplinas (COLLARES; MOYSÉS, 
1996). 
 
IV - Principais marcos dos primeiros anos ao presente 
 
Devido à origem tida pela disciplina, os primeiros professores de 
Biologia Educacional no Brasil eram todos médicos, os quais seriam progressivamente 
substituídos por licenciados em Pedagogia ou História Natural, que haviam cursado a 
disciplina durante a graduação. Estes, por sua vez, passariam a trabalhar com colegas 
que, ou nunca a tinham tido como disciplina (no caso daqueles licenciados em História 
Natural que não fizeram a Escola Normal), ou a haviam cursado apenas na Escola 
Normal, ou, ainda, tinham-na cursado na licenciatura, mas com um mínimo de 
 
Pag. 9 
 
9 
carga horária, pois a disciplina inicialmente era denominada de Biologia Geral e 
Educacional (PINHEIRO, 1993). 
Entre os anos 1950 e 1976, à semelhança das políticas que se desenvolviam no 
país, as práticas de integração social realizadas pelas professoras se aproximava do 
assistencialismo. Por isso, houve uma ação social da escola em relação à assistência 
moral do estudante pobre, que correspondia à maior parte da população. Como uma 
extensão dos programas médico- assistencialistas, seriam repassadas informações 
relacionadas à desinfecção da água; ao encaminhamento do aluno da zona rural para 
realizar um exame de fezes para posterior tratamento, caso necessário; e até de como 
proceder na situação de um parto, todas consideradas ações de base dentro do ensino 
da Biologia Educacional naquele período (ALMEIDAR JÚNIOR, 1934). 
Algumas décadas depois, os pontos levantados por essa disciplina e a maior parte 
daquelas ministradas no país incluiriam em suas ementas outros fatores biológicos que 
poderiam interferir na educação, como a hereditariedade e a genética, e seus 
desdobramentos com consequências observáveis no período escolar. Seria o caso 
principalmente dos alunos com necessidades especiais causadas por motivos 
hereditários ou por erros genéticos (COELHO, 1962; BARROS, 1982). 
 
V -Institucionalização da Biologia Educacional como disciplina de formação do 
professor/pedagogo 
 
 
Ao abordar historicamente o ensino da Biologia no Brasil, podemos atribuir seu 
percurso a implantação da primeira disciplina de conhecimentos de Biologia em 1890, 
como parte da reforma educacional proposta por Caetano de Campos. 
 
Com o advento da República, foi nomeado o governador Prudente de Moraes que 
indicou, mediante a sugestão de Rangel Pestana, o Dr. Caetano de Campos para 
a direção da Escola Normal de São Paulo. A reforma educacional por ele 
encaminhada em 1890 criou cadeiras referentes a várias áreas do conhecimento, 
inclusive, uma nova cadeira na área científica, Biologia, a primeira relacionada 
exclusivamente aos conhecimentos biológicos (VIVIANI, 2010, p.88). 
 
 
Embora a Biologia Educacional circulasse entre os projetos de renovação 
educacional em desenvolvimento no país na década de 1920, quando ocorreram 
mudanças no discurso pedagógico, em uma direção mais otimista da criança e de sua 
natureza, quanto ao seu poder de ação, e sem tantas limitações deterministas 
(CARVALHO, 1999), a disciplina se concretiza no país, em 1931, ao ser introduzida no 
http://www.infoescola.com/educacao/biologia-educacional/
 
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10 
Instituto de Educação no Rio de Janeiro e, em 1933, no Instituto de Educação de São 
Paulo por intermédio do Código de Educação, instituído por Fernando de Azevedo, 
contando com a atuação de Antônio Ferreira de Almeida Júnior, cuja contribuição 
educacional será discutida no decorrer desta dissertação. Ela ganha maior importância na 
era de Getúlio Vargas, quando os esforços da intelectualidade se faziam presentes para 
sistematizar um saber pedagógico, no qual a Biologia, ao lado da Psicologia e Sociologia, 
passa a ter papel de destaque. 
 
 
A biologia e a higiene tiveram um papel essencial para fundamentar a nova 
pedagogia, com conteúdos que foram sendo inseridos nos currículos da 
Escola Normal desde a Reforma Sampaio Dória, de 1920. Por um lado, 
oferecendo meios de desenvolver a ‘base biológica’, por meio da defesa da 
saúde individual, e por outro, dotando o professor de uma sólida base 
científica. A importância desses conhecimentos, em conjunção à formação 
de uma cultura geral, associava-se ao entendimento dos fins e meios da 
educação, e teve importante papel no delineamento de perfis de conduta 
profissionais, femininos e infantis (VIVIANI, 2005, p. 6). 
 
Para desenvolver os conteúdos da Biologia aplicados à educação, formulou-se, 
inicialmente, no estado de São Paulo uma seção que abrangia os estudos sobre 
Fisiologia, crescimento e higiene infantis, Puericultura e higiene escolar, com 
contribuições dos campos dos conhecimentos médico e higienista, bem como as 
elaborações eugênicas. Entedia-se que esses conteúdos facilitariam o conhecimento da 
criança, municiando os futuros educadores com saberes importantes para a sua profissão 
(VIVIANI, 2010, p. 86). 
No contexto internacional, na década de 1920, outras questões perpassaram pelos 
caminhos da Biologia. A Eugenia (higiene racial) ganha uma forte repercussão no 
discurso dentro da escola, sendo inegável o reflexo dessas ações eugênicas no campo 
biológico. As políticas eugênicas influenciaram um período da Educação brasileira, no 
qual assuntos como a genética e a evolução se tornaram, no âmbito da saúde, 
fundamentais na formação de professores. 
Na década de 1930, a Biologia já ganhava espaço no Ensino Superior. O discurso 
médico reconhece a escola como lócus apropriado para desenvolver suas práticas, 
medicalizando o mundo social através da Educação. Os professores que introduziram a 
Biologia Educacional nas Escolas Normais e Secundarias no país, tinham formação 
médica. Na Universidade de São Paulo (USP), ela se desenvolveu e adquiriu objetivos 
próprios, tendo um currículo organizado. Seus contornos de disciplina que antes serviam 
 
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11 
apenas de base para as outras áreas do saber passaram a adquirir status e seu campo 
se abre para outras questões particulares educacionais. 
Anotável a atuação educacional e política de Antônio Ferreira de Almeida Júnior no 
processo de formação de professores no país. A Biologia Educacional procurava dar uma 
fundamentação sólida ao futuro licenciado, que praticamente não desenvolvia a pesquisa 
científica, a trabalhar com as questões que visavam a superar a Pedagogia 
Conservadora, ou a arte de ensinar, implantando boas práticas para que o futuro 
licenciado aplicasse essas inovações, incluindo nessa questão, as práticas de 
Puericultura. 
A disciplina, que passou de História Natural para Biologia Educacional, aos poucos 
foi substituindo seu quadro de professores com formação em outras áreas. Os saberes 
que eram utilizados na disciplina aos poucos mudavam as concepções sobre o corpo, os 
costumes e os hábitos, pois exigia um olhar disciplinado e disciplinador do professor. A 
preparação de professores em Nível Superior no Brasil ocorreu em 1934 e 1938, no 
Instituto de Educação da Universidade de São Paulo. “Previa-se a possibilidade da 
instituição de uma unidade dedicada às questões educacionais: A Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras” (EVANGELISTA, 2002, p. 22). 
No processo de formação de professores no Brasil, a disciplina Biologiada 
Educação (Fundamentos Biológicos da Educação ou Biologia Educacional) servia para 
alargar a visão do futuro licenciado a respeito de questões sobre a origem da vida e a 
evolução, tomando como objetivo importante dar suporte ao futuro educador para 
compreender o campo científico de temas investigados em outras áreas do conhecimento 
como da Psicologia, Sociologia, Filosofia entre outros. A disciplina era entendida então 
como mera Biologia a serviço da Educação. 
Ampliando seu campo de atuação no Ensino Superior, a Biologia é configurada pelo 
escolanovismo, o qual interpreta de uma forma diferente a Educação e conceitua que os 
homens são essencialmente diferentes e que são únicos. Então, a Biologia passa a ser 
definida como “o estudo dos fatores biológicos que determinam as diferenças e variações 
individuais na espécie humana e dos meios em que o educador poderá atuar sobre eles ” 
(ALMEIDA JUNIOR, 1969, p. 17). 
Olinda Evangelista (2001) diz que os cursos de formação de professores eram 
formulados através de um caráter puramente experimental. Por isso eram marcados pelos 
laboratórios de Biologia Educacional, Psicologia Educacional, Pesquisas Sociais e 
Estatística. Esse caráter experimental serviu para as observações, práticas e verificações 
das novas teorias que surgiam. 
 
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12 
Nesse contexto, entendemos que a disciplina começa a ter uma divisão essencial, 
a parte prática e a fundamental. A Pedagogia Nova se preocupava, e de fato, priorizava a 
parte prática, enquanto a Escola Tradicional priorizava a parte fundamental. Integrando-se 
à Pedagogia Nova, a parte que mais se destacou e se desenvolveu nos currículos de 
Pedagogia foram as questões relacionadas à higiene e à saúde. 
No ano de 1939, o Decreto-Lei n.º 1190 criou a Faculdade Nacional de Filosofia no 
estado do Rio de Janeiro ao qual: 
Instituiu o chamado ‘padrão federal’, ao qual tiveram que se adaptar os currículos 
básicos de todos os cursos oferecidos por qualquer instituição de ensino superior 
no país. Em outras palavras, o Decreto-lei n. 1190, de 1939, criou o chamado 
esquema 3+1, ou seja, o esquema através do qual, tendo cursado qualquer dos 
cursos ofertados (Matemática, Física, Química, Filosofia, Pedagogia, Ciências 
Sociais etc.), cada um com três anos de duração, o indivíduo obtinha o diploma de 
bacharel, ao qual poderia acrescentar o diploma de licenciado, se optasse por 
cursar mais um ano do chamado curso de Didática (PINHEIRO, 1993, p. 64). 
 
Os estudantes do curso de Pedagogia tinham a opção de fazer o bacharelado que 
durava três anos ou acrescentar o curso de Didática e se tornar licenciados. Os bacharéis 
que não optassem em fazer o curso de Didática eram chamados de Técnicos em 
Educação. A Biologia era parte integrante dos currículos de Pedagogia. Por algumas 
vezes em sua história, sua terminologia é trocada e em algumas Faculdades ela oscilou 
entre Fundamentos Biológicos da Educação, Biologia Educacional ou Fundamentos da 
Biologia. 
A disciplina sofreu várias modificações durante o advento da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional. Podemos citar questões relacionadas aos seus próprios 
objetivos que, segundo Pinheiro (1993): 
 
 
[...] além da função ancilar, que visava a auxiliar no estudo de outras disciplinas, a 
Biologia Educacional passa a ser claramente entendida como um campo de 
estudo/área de conhecimento que colabora diretamente na obra educativa, uma 
vez que fornecia bases para a compreensão do processo ensino-aprendizagem e 
permitia uma intervenção direta e imediata sobre a saúde dos alunos (PINHEIRO, 
1993, p. 64). 
 
 
Com essa nova concepção, a Biologia começou a ganhar um amplo campo de 
atuação dentro dos currículos. O tema Higiene e Saúde se tornou fecundo na formação 
de professores devido a problemas que ocorriam no país, como as endemias e a falta de 
sanitarismo; começando no estado de São Paulo que trouxe à tona a preocupação com a 
saúde. Nas escolas, esses hábitos higiênicos foram adequados à realidade dos alunos, 
onde muitas vezes, não tinham hábitos apropriados de saúde, principalmente em casa. A 
preocupação com a saúde demonstrava que o tópico higiene escolar daria ao futuro 
 
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licenciado condições de preparar os alunos para cuidar da própria higiene e colaborar 
com a higiene dos outros estudantes. O docente desenvolveria essa consciência coletiva 
de saúde, envolvendo também o ambiente (meio) em que esses indivíduos se 
encontravam (escola). 
Essas concepções envolviam temas relacionados à higiene das instalações físicas, 
dos materiais, das principais endemias que acometiam o país na época, a assepsia do 
professor, parasitas externos mais importantes e que mais acometiam as escolas entre 
outras, assim, tornando a prática docente responsável por transmitir conhecimentos que 
permitissem aos alunos proteger a sua própria saúde e a de outros, “e a de colaborar 
(através da participação direta) com as autoridades sanitárias, especialmente em 
trabalhos de profilaxia” (ALMEIDA JÚNIOR, 1959, p. 523). 
Uma das funções do futuro licenciado ainda era cuidar da higiene da zona rural. O 
professor seria então o profissional mais adequado para levar essas práticas profiláticas 
até a essas regiões que não recebiam informações sobre higiene. Recebendo apoio das 
autoridades sanitárias, os professores desenvolviam, dentro de suas competências, as 
medidas de profilaxia e de combate às endemias. A proliferação do discurso médico na 
Educação representava a incorporação dos avanços da ciência, onde o médico 
instaurava sua missão, produzindo novos saberes e poderes, orientando os pedagogos 
para desenvolver suas representações e práticas. 
Segundo Stephanou (2006), os médicos se preocupavam com as questões que 
envolviam a escola e queriam entender as questões educativas do seu tempo. A 
Pedagogia apresentava fragilidades e o discurso médico se empenhava na Medicina 
Social preventiva que era inconcebível sem a Educação. 
Da mesma forma, a Educação também não poderia deixar de incorporar o discurso 
médico e os avanços que ocorriam na ciência. 
 
No Brasil, pelo menos desde o final do século XIX, discutia-se que educação e 
saúde seriam as investidas mais importantes para ‘salvar o país’ do atraso, da 
degeneração, da catástrofe. Se o Brasil era um ‘grande hospital’, na expressão do 
Dr. Miguel Pereira, não bastaria atender clínica e terapeuticamente as doenças, 
uma vez que um dos fatores determinantes neste estado de coisas era a 
ignorância. Curar implicava, necessariamente, instruir e educar, para prevenir e 
erradicar as doenças e a ignorância a que o povo estava condenado. 
(STEPHANOU, 1996, p. 34). 
 
Nesse contexto, a Biologia se entrelaçava cada vez mais com o discurso médico e a 
Pedagogia. Como unidade integrante do currículo, a disciplina Higiene e Saúde passou a 
dividir a carga horária juntamente com a Biologia Geral. Muitas reformas e reformulações 
 
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do ensino ocorreram e a centralização do ensino promovida pela Lei 4024/61 trouxe 
críticas ao descaso com que a disciplina foi tratada. 
Enfim, a disciplina sofreu algumas derrotas que passaram pela articulação de uma 
nova teoria educacional, a Pedagogia Tecnicista, trazendo assim o pressuposto da 
neutralidade científica que “nos queria fazer crer que a ciência não está sob a influência 
do processo histórico e tampouco está vinculada com a concepção política” (PINHEIRO, 
1993, p. 66). 
Nas décadas de 1950 e 1960, aumentou o fluxo de estudantes para a Escola 
Normal. Diante disso, Viviani (2010, p.87) observa que, nessa época, a Biologia 
Educacional: 
 
Foi então caracterizada por uma abordagem propedêutica, em que as orientações 
para a prática docente foram minimizadas e os objetivos da disciplina voltaram-se 
para o ensino de conceitos biológicos gerais, noções de saúde, crescimento e 
desenvolvimento humanos. Essa fase foi caracterizada pelo declínio da disciplina,pois o projeto educacional renovador que a sustentava perdeu importância e o 
domínio científico da disciplina foi aos poucos sendo acampados por outras áreas, 
como a pediatria, a saúde pública e a psicologia. As pesquisas científicas 
realizadas anteriormente não se firmaram como tradição acadêmica, da mesma 
forma como ocorreu com outras disciplinas da área de fundamentos da educação 
(psicologia, sociologia e história da educação), mas, mesmo assim, a disciplina 
continuou a ser ensinada nos cursos de habilitação ao magistério e no ensino 
superior na década de 1970 e também em períodos posteriores (VIVIANI, 2010, 
p.87-88). 
 
Com a reformulação das universidades na década de 1960, a Universidade Federal 
do Paraná passou por uma nova reestruturação, tendo que se adaptar à reforma do 
Ensino Superior. O Departamento de Pedagogia passou a ser denominado então de 
Faculdade de Educação. Com a criação do Departamento de Teoria e Fundamentos da 
Educação, a Biologia Educacional permaneceu como disciplina obrigatória nos cursos de 
Pedagogia e possuía conteúdos próprios. 
Com o novo currículo mínimo, em nível nacional, promovido pela terceira 
regulamentação do curso de Pedagogia de autoria do professor Valnir Chagas, o curso 
de Pedagogia passa a formar os especialistas, por meio de habilitações em 1969. Dentro 
desse currículo, a disciplina de Biologia Educacional não fazia parte, porém, as outras 
disciplinas que pertenciam aos Fundamentos da Educação permaneceram. 
Percebe-se que a disciplina, a partir de 1969, deixou de existir em muitas 
instituições, passando a ser optativa. Entre os médicos educadores que realizaram 
importante função na cadeira de Biologia Educacional no país, citou-se o professor Dr. 
Ary Lex, o professor Dr. Homero de Mello Braga (Paraná), o professor Dr. Antônio 
Ferreira de Almeida Júnior, Alencar Barros e Dr. José Guerra Pinto Coelho. Esses 
 
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15 
professores, formados em Medicina, influenciaram a forma como a disciplina foi 
adquirindo suas características próprias. 
Entre os livros mais importantes para a aquisição de conhecimentos biológicos, 
desde sua implantação nos currículos nacionais da disciplina de Biologia Educacional, 
estão a obra de Antônio Ferreira de Almeida Júnior, Biologia Educacional: Noções 
Fundamentais, publicado em 1939, sendo reeditado por vinte e duas vezes e lançado 
pela Companhia Editora Nacional; o livro do Dr. Ary Lex, Biologia Educacional, para uso 
das Escolas Normais, Institutos em Educação e Faculdades de Filosofia, lançado pela 
Companhia Editora Nacional, na sua 5ª edição no ano de 1953. 
Encontra-se ainda o livro de Alencar Barros, intitulado Biologia Educacional e 
Higiene, publicado no ano de 1962 pela Editora do Brasil S/A. No mesmo ano é lançado o 
livro Introdução à Biologia Educacional, escrito pelo Catedrático professor José Guerra 
Pinto Coelho, da Faculdade de Ciências Médicas, do Colégio Estadual e da Escola de 
Educação Física de Minas Gerais, publicado pela Editora Bernardo Álvares S.A. Há um 
de autoria de Lídia R. Aratangy, Silvio de Almeida Toledo Filho e Oswaldo Frota-Pessoas 
publicado (1972 e 1985, reeditado em 1885) e de José Guerra Pinto Coelho (1959 e 
1962). Percebe-se a maior parte da produção intelectual sobre Biologia Educacional no 
ano de 1962. Depois desse período, após alguns anos, é publicado outro livro Didático 
escrito por Maria Ângela dos Santos em 1987, intitulado Biologia Educacional, pela 
Editora Ática. Os livros de Biologia Educacional no país são raros e com publicações 
muito antigas. 
Os cursos de Magistério passaram a incluir conteúdos relativos aos Programas de 
Saúde, juntamente com a disciplina de Ciências Físicas e Biológicas. O Conselho Federal 
da Educação acata o Parecer nº. 2264/74, que se refere à Educação da Saúde ou 
programas de Saúde. Os objetivos desses programas eram enfatizar a criação de hábitos 
e atitudes e, subsidiariamente, a aquisição de conhecimentos básicos que justificam, 
alicerçam e tornam racionalmente compreensíveis aqueles hábitos e atitudes. 
(PINHEIRO, 1993, p.67). 
Com a clareza de que a realidade educacional se dá em um contexto histórico, as 
teorias pedagógicas críticas trouxeram contribuições significativas para a Biologia na 
década de 1980. Na formação do Magistério ela foi considerada como indispensável na 
formação do educador com a nova reestruturação em 1989, a Biologia Educacional 
objetivava: 
 
Proporcionar ao futuro professor um conhecimento abrangente dos fatores 
biológicos que atuam no desenvolvimento físico e mental dos educandos, a fim de 
 
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16 
que se torne capaz de identificar problemas que possam intervir no processo 
ensino-aprendizagem, bem como a busca de possíveis soluções, através do 
desenvolvimento de estratégias que atendam à natureza e às necessidades dos 
educandos; fornecer elementos para a compreensão de que a ciência não é 
neutra, estando sob influência do processo histórico, do momento político e das 
diferenças sociais, transformando-se constantemente e acompanhando as 
mudanças que ocorrem na sociedade (PINHEIRO, 1993, p. 68). 
 
Diante da institucionalização da Pedagogia Científica, observou-se que a principal 
modificação para este acontecimento que teve como respaldo principal e que gerou uma 
grande modificação no cenário educacional, a atuação das Ciências Fontes da Educação, 
conforme já citado anteriormente. 
 
VI - ALGUMAS ABORDAGENS IMPORTANTES NO ENSINO DE BIOLOGIA E 
EDUCAÇÃO 
5.1- Por que estudar biologia? 
 
Introduziu-se a discussão dos resultados sobre a importância do ensino da Biologia, 
para que se compreenda qual a sua ligação com hábitos de vida saudável e qualidade de 
vida. A seguir, as falas mais relevantes: 
Quando estudo Biologia, fico mais informada do que acontece no mundo da 
ciência, como acontece a infestação do fungo nos legumes e isso muito me 
interessa, pois meu pai é agricultor. (B1) 
A Biologia me ajuda a ter o conhecimento sobre as doenças, os fungos, tipos de 
bactérias, como as plantas devem ser tratadas, saber o que biodiversidade. (B11) 
[...] me ensina a combater as doenças. (B4) 
[...] necessitamos para conhecer a vida. (B8) 
Ensina a cuidar do meio ambiente, das árvores e de tudo ao nosso redor. (B12) 
[...] nos ensina sobre o estudo da genética. (B3) 
 
Diante dos resultados, é possível determinar que a Biologia é uma disciplina 
importante para a compreensão dos fenômenos naturais e científicos, sendo válidos seus 
ensinamentos para o aluno do ensino médio. Esta disciplina cria no aluno atitudes 
positivas para a vida cotidiana. 
Verificou-se também que os conteúdos explanados nas aulas de ciências motivam 
os alunos a aplicar a teoria aprendida a situações no seu dia a dia. Portanto, 
contextualizar o ensino de Biologia com as atividades diárias permite retirar o aluno da 
condição de espectador passivo, permitindo-lhe uma aprendizagem efetiva, que o 
incentive a buscar recursos no ambiente para melhorar as condições de adaptação. Estas 
estratégias de aprendizagem fazem com que o aluno associe os conhecimentos obtidos 
no livro aos das práticas cotidianas e construa, a cada leitura, conhecimentos a partir da 
interação com o professor. 
 
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Percebeu-se aprendizagem quanto ao modo de cuidar das plantas, do meio 
ambiente, da biodiversidade em geral, como citado nos depoimentos de B11 e B12. Outro 
fato que chamou atenção foi o desejo em conhecer a ação dos fungos no solo, pois o pai 
é trabalhador rural, e essa informação dá cientificidade ao conhecimento empírico 
vivenciado no cotidiano (B1). 
Aspectos importantes da prática, como conhecer as doenças e saber combatê-las, 
também foram mencionados pelos estudantes (B11 e B4). Ademais, é sabido que a 
Biologia se relaciona com os conhecimentos científicos e tecnológicos, e a compreensão 
da genética, como revela a fala de B3, é um passo importante para que os estudantes 
possam entenderquestões relativas à herança biológica e manipulação dos genes. 
Esses resultados sinalizam a necessidade de reflexão pelos pesquisadores 
docentes acerca da importância do ensino da Biologia na vida dos estudantes, a fim de 
que sejam capazes de se posicionar diante de assuntos relacionados à saúde, como 
também de elementos da natureza. Outro resultado é o fato de a disciplina formar nos 
alunos atitudes positivas para que melhor compreendam a realidade. 
Neste sentido, concordou -se com outros estudos que relacionaram a importância da 
Biologia, em meio escolar, ao conhecimento do organismo vivo como unidade organizada 
e funcional e à compreensão do mundo vivo enquanto espaço de relações (PEREIRA; 
SE-DOVIM; MAGALHÃES, 2006). 
 
5.2- Aulas dinâmicas sobre qualidade de vida 
 
Desenvolver uma consciência sobre hábitos de vida saudável e qualidade de vida é 
um dos principais objetivos de cada temática das aulas de Biologia. Quando se pensou 
em falar desses temas, as pesquisadoras se propuseram a acolher os desejos dos alunos 
sobre atividades que poderiam ser realizadas durante as aulas para melhorar a 
compreensão dos temas tratados. E nesta perspectiva, foram sugeridas ideias que podem 
dinamizar esses encontros semanais na escola. As ideias que sobressaíram foram: 
 
 
Realizar aulas práticas com desenvolvimento de exercícios. (B8) 
Elaborar atividades que “puxem” dos alunos mais atenção às doenças e ter mais 
palestras sobre como viver melhor, para mais informação. (B3) 
Ir ao laboratório para “mexer” no microscópio e ver a contaminação de bactérias e 
fungos nos alimentos que não são bem lavados; realizar outros experimentos. 
(B11) 
Mais aulas em que a gente possa falar sobre o tema e desenhar nas cartolinas. 
(B1) 
 
 
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18 
As aulas práticas se destacaram como uma valiosa ferramenta quando se aborda 
determinado assunto, pois é perceptível maior interesse dos alunos e melhor participação. 
Quando essas aulas ocorrem no laboratório, é vivenciado um clima de interação entre o 
professor e o aluno, e deste com o assunto abordado, fato que proporciona melhores 
resultados. Isso é discutido na literatura. 
Segundo Lunetta (1991), as aulas práticas podem ajudar no desenvolvimento de 
conceitos científicos, além de permitir que os estudantes aprendam como abordar 
objetivamente o seu mundo e como desenvolver soluções para problemas complexos. 
Além disso, os autores Leite, Silva e Vaz (2008) revelam que as aulas práticas 
servem de estratégia e podem auxiliar o professor a retomar um assunto já abordado, 
construindo com seus alunos uma nova visão sobre um mesmo tema. Quando 
compreende um conteúdo trabalhado em sala de aula, o aluno amplia sua reflexão sobre 
os fenômenos que acontecem à sua volta e isso pode gerar discussões durante as aulas, 
fazendo com que os alunos, além de exporem suas ideias, aprendam a respeitar as 
opiniões de seus colegas de sala. 
As falas de B8 e B11 questionam sobre as aulas práticas e uma delas propõe 
desenvolvê-las na quadra de esportes, evidenciando a importância da atividade física 
para o bom condicionamento físico e mental. A prática do laboratório também foi 
apontada por eles como meio de reconhecer os microorganismos que habitam frutas ou 
demais alimentos se não forem bem lavados e bem acondicionados. 
Palestras que ensinam como viver melhor e abordam doenças, transmissão e 
prevenção, representam ideias criativas (B3) e que foram valorizadas pelas 
pesquisadoras. É sabido que o processo educacional deve ser dinamizado pelos 
docentes para que o aluno seja motivado a participar ativamente das aulas e buscar 
outras fontes para seu aprofundamento. 
A fala de B1, revelando a necessidade de aulas expositivas em cartolina e cartazes 
pelos próprios alunos, foi de muito interesse para se discutir esta categoria. É importante 
valorizar o conhecimento e a criatividade do aluno e provocar debates sobre o processo 
de viver com qualidade. As ideias apresentadas podem ser importantes, em especial, se 
estão relacionadas com a experiência vivenciada pelos jovens. 
 
5.3- Biologia e alimentação 
 
De forma geral, os estudantes mostraram ter um conceito adequado sobre uma 
alimentação saudável, enfatizando a importância do ensino da Biologia, relacionando-a 
 
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19 
corretamente com noções de equilíbrio, moderação, variedade dos alimentos e 
participação dos nutrientes. A seguir, as falas mais expressivas dos estudantes: 
 
Com o estudo da Biologia, aprendemos que ter uma boa alimentação é essencial 
para termos uma vida longa e saudável. (B8) 
[...] as crianças precisam crescer tendo amor às comidas saudáveis. (B8) 
Conhecer mais os alimentos que fazem bem à saúde [...] ter um balanceamento 
[...] não exagerar. (B2) 
A gente aprende que as frutas e os legumes são bem saudáveis para a nossa 
saúde e ajuda a manter o corpo em forma. (B1) 
[...] aproveitar os alimentos da estação (temporada), porque são mais frescos. 
(B5) 
[...] aprendi na pirâmide dos alimentos a escolher os mais saudáveis [...] entender 
os açúcar, óleo, proteína, carboidratos [...]. (B9) 
Analisando as opiniões dos alunos sobre a influência da Biologia no hábito de ter 
uma alimentação saudável, identificou-se a valorização da prática de comer bem, de 
forma equilibrada e saudável. 
Em busca da promoção de saúde, os estudantes expressaram distintos 
conhecimentos, como a importância da pirâmide alimentar, mencionada por B9, 
ressaltando os tipos de alimentos e as proporções que devem ser ingeridas nas refeições 
de pessoas saudáveis, para ser usado como um roteiro para uma alimentação 
equilibrada. 
Fatores que promovem uma alimentação saudável, como consumir vegetais, frutas, 
verduras e legumes da estação, foram mencionados na fala de B5, e que ajudam a 
manter o corpo em forma, como foi expresso na fala B1, são conhecimentos adquiridos 
nas aulas desta disciplina. 
Algumas falas estiveram relacionadas aos hábitos de alimentação, mostrando a 
influência positiva dos familiares sobre as práticas alimentares dos alunos (B8), os 
benefícios de ter um conhecimento maior sobre os alimentos e nutrientes e os malefícios 
de não se ter uma alimentação saudável (B2). 
Considerando que a adoção de um estilo de vida saudável deve ocorrer desde a 
infância e a adolescência, compreender as percepções dos jovens sobre uma 
alimentação saudável é fundamental para o delineamento adequado de materiais 
educativos e intervenções nutricionais (GELLAR; SCHRADER; NANSEL, 2007 apud 
TORAL; CON-TI; SLATER, 2009). 
Além disso, Poulain e Proença (2003) e Toral e Slater (2007) explicam a 
necessidade de considerar que o sentido dado à alimentação vai além das funções 
nutricionais e biológicas. A alimentação humana envolve aspectos psicológicos, 
fisiológicos e socioculturais, classificando-se como um fenômeno de grande 
complexidade, considerações que vêm reforçar a importância do ensino de Biologia na 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alimentos
 
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formação de hábitos alimentares, desde que sejam realizadas intervenções intencionais 
e frequentes. 
 
54- Biologia e higiene 
 
Pelos os depoimentos dos estudantes, percebeu-se a presença constante da higiene 
como necessária para melhor manutenção da saúde. A escola, como a segunda 
educadora, e em particular a disciplina de Biologia, deve desenvolver conteúdos 
priorizando a higiene. 
Quando se relacionaram hábitos de vida, muitas foram as informações referentes à 
higiene; por exemplo, ter higiene é lavar as mãos antes das refeições, ao sair do 
banheiro, depois de estar num local contaminado etc. Não ser higiênico foi sinônimo de 
adquirir doença. Essas informações são descritas abaixo: 
 
Andar calçado, sempre lavar as mãos antes de comer e saindo do banheiro, lavar 
bem as frutas e também os legumes. (B10) 
[...] algumas coisas pequenas na mão podem causar grandes doenças, f icar bem 
atento e andar sempre com higiene para ter umavida saudável. (B11) 
[...] devemos limpar os móveis da casa, que poeira faz mal. (B1) 
[...] devemos nos proteger de vermes, bactérias, protozoários, como as coisas que 
devemos ter cuidado desde criança até ser adulto. (B3) 
Viver limpo, bem calçado, no ambiente mais limpo. (B5) 
 
5.5 Biologia e lazer 
 
Observaram-se referências frequentes a práticas que promovem divertimento, 
distração, relaxamento e que contribuem para a qualidade de vida saudável dos 
estudantes. Foram escolhidas as seguintes falas: 
 
[...] devemos praticar esportes todos os dias [...]. 
(B14) 
• bom sair pra passear, andar de bicicleta, ouvir música, dançar, encontrar os 
amigos [...]. (B7) 
[...] não usar drogas, pois elas são vícios que matam os seres humanos. (B6) 
[...] cuidar de animais de estimação e fazer chapéu de palha [...]. (B15) 
 
Para estimular o aprendizado e ampliar o conhecimento geral dos alunos, muitas 
ações e investimentos são feitos continuamente em espaços para atrair esse público. 
A partir do uso correto da educação e do entretenimento, é notável a contribuição 
para a formação de seres humanos mais conscientes, criativos e capazes de alcançar 
altos níveis de produtividade e qualidade, como foi encontrado na fala B6. 
A educação em saúde deve permear todas as áreas do currículo escolar, em 
especial da disciplina de Biologia, por estar especificamente ligada em vários aspectos. 
 
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O professor não deve apenas transmitir informações, e sim garantir uma 
aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de vida. Nesse sentido, 
observa-se a relevância deste estudo ao se apresentar a opinião dos estudantes e suas 
perspectivas quanto à temática hábitos de vida saudável. 
Aspectos vinculados à alimentação, higiene e lazer ganharam destaque nas falas 
dos estudantes, contribuindo decisivamente para a formação de personalidades ativas no 
próprio contexto de saúde. Ficou explícito o desejo por aulas dinâmicas, quer seja fora da 
escola como também dentro do laboratório de ciências, e se acredita que haverá maior 
rendimento entre os alunos se os professores de Biologia aderirem a essa ideia. 
O significado de viver saudável para os jovens foi caracterizado pela busca de 
harmonia entre o viver e a prática de alimentar-se equilibradamente, manter hábitos de 
higiene e praticar exercícios físicos e esportes, além de dispor de momentos de lazer. 
Em conclusão, para se ter qualidade de vida e programar estratégias capazes de 
promover a saúde dos estudantes, é preciso compreender e acolher os significados que 
cada um atribui a isso no seu imaginário pessoal ou coletivo. Estudos como este formam 
a base de conhecimentos para que a sociedade em geral interprete a importância de 
conhecer os fenômenos que o ensino da Biologia traz para o seu cotidiano, valorizando 
aspectos simples que fazem a diferença e proporcionam bem-estar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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