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Ana Victória Barbosa – M7 Pré-natal de alto risco INTRODUÇÃO A gestação é um fenômeno fisiológico e deve ser vista pelas gestantes e equipes de saúde como parte de uma experiência de vida saudável envolvendo mudanças dinâmicas do ponto de vista físico, social e emocional. Entretanto, trata- se de uma situação limítrofe que pode implicar riscos tanto para a mãe quanto para o feto e há um determinado número de gestantes que, por características particulares, apresentam maior probabilidade de evolução desfavorável, são as chamadas “gestantes de alto risco”. Gestação de Alto Risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém- nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”. (CALDEYRO-BARCIA, 1973). PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO A assistência pré-natal pressupõe avaliação dinâmica das situações de risco e prontidão para identificar problemas de forma a poder atuar, a depender do problema encontrado, de maneira a impedir um resultado desfavorável. A ausência de controle pré-natal, por si mesma, pode incrementar o risco para a gestante ou o recém- nascido. É importante alertar que uma gestação que está transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou durante o trabalho de parto. Portanto, há necessidade de reclassificar o risco a cada consulta pré-natal e durante o trabalho de parto. Existem vários tipos de fatores geradores de risco gestacional. Alguns desses fatores podem estar presentes ainda antes da ocorrência da gravidez. Os fatores de risco gestacional podem ser prontamente identificados no decorrer da assistência pré-natal desde que os profissionais de saúde estejam atentos a todas as etapas da anamnese, exame físico geral e exame gineco- obstétrico e podem ainda ser identificados por ocasião da visita domiciliar, razão pela qual é importante a coesão da equipe. Na maioria dos casos a presença de um ou mais desses fatores não significa a necessidade imediata de recursos propedêuticos com tecnologia mais avançada do que os comumente oferecidos na assistência pré-natal de baixo risco, embora indiquem uma maior atenção da equipe de saúde a essas gestantes. Pode significar apenas uma frequência maior de consultas e visitas domiciliares, sendo o intervalo definido de acordo com o fator de risco identificado e a condição da gestante no momento. MARCADORES GESTACIONAIS Ana Victória Barbosa – M7 Os outros grupos de fatores de risco referem-se a condições ou complicações que podem surgir no decorrer da gestação transformando-a em uma gestação de alto risco: Ana Victória Barbosa – M7 Todos os profissionais que prestam assistência a gestantes devem estar atentos à existência desses fatores de riscos e devem ser capazes de avaliá-los dinamicamente, de maneira a determinar o momento em que a gestante necessitará de assistência especializada ou de interconsultas com outros profissionais. Uma vez encaminhada para acompanhamento em um serviço especializado em pré-natal de alto risco é importante que a gestante seja orientada a não perder o vínculo com a equipe de atenção básica ou Saúde da Família que iniciou o acompanhamento. Por sua vez esta equipe deve ser mantida informada a respeito da evolução da gravidez e tratamentos administrados à gestante por meio de contrarreferência e de busca ativa das gestantes em seu território de atuação, por meio da visita domiciliar. SEGUIMENTO DAS GESTAÇÕES DE ALTO RISCO O intuito da assistência pré-natal de alto risco é interferir no curso de uma gestação que possui maior chance de ter um resultado desfavorável, de maneira a diminuir o risco ao qual estão expostos a gestante e o feto, ou reduzir suas possíveis consequências adversas. AVALIAÇÃO CLÍNICA Uma avaliação clínica completa e bem realizada permite o adequado estabelecimento das condições clínicas e a correta valorização de agravos que possam estar presentes desde o início do acompanhamento, por meio de uma história clínica detalhada e avaliação de parâmetros clínicos e laboratoriais. AVALIAÇÃO OBSTÉTRICA Inicia-se com o estabelecimento da idade gestacional de maneira mais acurada possível e o correto acompanhamento da evolução da gravidez, mediante análise e adequada interpretação dos parâmetros obstétricos (ganho ponderal, pressão arterial e crescimento uterino). A avaliação do crescimento e as condições de vitalidade e maturidade do feto são fundamentais. REPERCUSSÕES MÚTUAS ENTRE AS CONDIÇÕES CLÍNICAS DA GESTANTE E A GRAVIDEZ Ana Victória Barbosa – M7 É de suma importância o conhecimento das repercussões da gravidez sobre as condições clínicas da gestante e para isso é fundamental um amplo conhecimento sobre a fisiologia da gravidez. Desconhecendo as adaptações pelas quais passa o organismo materno e, como consequência, o seu funcionamento, não há como avaliar as repercussões sobre as gestantes, principalmente na vigência de algum agravo. Por outro lado, se não se conhecem os mecanismos fisiopatológicos das doenças, como integrá-los ao organismo da grávida? Portanto, o conhecimento de clínica médica é outro requisito básico de quem se dispõe a atender gestantes de alto risco, sendo também importante o suporte de profissionais de outras especialidades. PARTO A determinação da via de parto e o momento ideal para este evento nas gestações de alto risco talvez represente ainda hoje o maior dilema vivido pelo obstetra. A decisão deve ser tomada de acordo com cada caso e é fundamental o esclarecimento da gestante e sua família, com informações completas e de uma maneira que lhes seja compreensível culturalmente, quanto às opções presentes e os riscos a elas inerentes, sendo que deve ser garantida a sua participação no processo decisório. Cabe salientar, todavia, que gravidez de risco não é sinônimo de cesariana. Em muitas situações é possível a indução do parto visando o seu término por via vaginal, ou mesmo aguardar o seu início espontâneo. A indicação da via de parto deve ser feita pelo profissional que for assistir ao parto. É importante que profissionais que atendem a mulher durante a gestação não determinem qual deverá ser a via de parto, que depende não só da história preexistente, como também da situação da mulher na admissão à unidade que conduzirá o parto. ASPECTOS EMOCIONAIS E PSICOSSOCIAIS É evidente que para o fornecimento do melhor acompanhamento da gestante de alto risco, há necessidade de equipe multidisciplinar, constituída por especialistas de outras áreas, tais como Enfermagem, Psicologia, Nutrição e Serviço Social, em trabalho articulado e planejado. CONDIÇÕES PARA O PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO Doenças crônicas prévias: - HAS; - Diabetes; - Lúpus; - Doenças psiquiátricas; - Cardiopatias; - Infecções crônicas: Hepatite e HIV - Tuberculose; Gestação anterior de alto risco: -Hipertensão - Aborto de repetição; - Deslocamento prévio de placenta Identificação durante a gestação de uma doença ou condição: - Diabetes gestacional; - DHEG – pré-eclampsia e eclampsia; - Infecções gerais; - Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada; - Aminorrexe prematura; - Hemorragias; - Óbito fetal. Ana Victória Barbosa – M7 Fatores de risco que indicam encaminhamento para urgência/ emergência obstétrica: - Síndromes hemorrágicas (incluindo descolamento prematuro de placenta, placenta prévia), independentemente da dilatação cervical e da idade gestacional; - Suspeita de pré-eclâmpsia: pressão arterial > 140/90, medida após um mínimo de 5 minutos de repouso, na posição sentada. Quando estiver associada à proteinúria, pode-se usar o teste rápido de proteinúria; - Sinais premonitórios de eclâmpsiaem gestantes hipertensas: escotomas cintilantes, cefaleia típica occipital, epigastralgia ou dor intensa no hipocôndrio direito; - Eclâmpsia (crises convulsivas em pacientes com pré-eclâmpsia relacionadas com a implantação e o desenvolvimento dos vasos sanguíneos na placenta, pois a falta de irrigação sanguínea da placenta faz com que ela produza substâncias que ao caírem na circulação vão alterar a pressão do sangue e causar lesões nos rins.); - Amniorrexe prematura: rotura das membranas antes do início do trabalho de parto (consistência líquida, em pequena ou grande quantidade, mas de forma persistente), podendo ser observada mediante exame especular com manobra de Valsalva e elevação da apresentação fetal Pré-Eclampsia Grave: - Pressão arterial igual ou > que 140 mmHg/ 90 mmHg; - Proteinúria igual ou > que 2,0 g em 24hrs; - Oligúria < que 500 ml/dia; - Níveis séricos de creatinina > que 1,2 mg/dL; - Cefaleia e distúrbios visuais; - Aumento de peso rápido e edema facial; - Presença de convulsões ou coma; - Gestação, parto e puerpério. HAS em gestante Crônica: Diagnosticada antes da 20ª semana Anemias: - Hemoglobina < 8 mg/dL; - Hipo e Hipertireoidismo: TSH normal ou baixo e T4 livre ou total baixo. Hepatite C ou B: Encaminhar para infectologista Toxoplasmose: Analisar os exames; - IgG + e IgM -: toxoplasmose antiga; - IgG- e IgM+: infecção recente, entrar com espiramicina. - IgG + e IgM +: realizar teste de avidez: Avidez forte e IG 16 semanas: espiramicina até a 30ª semana Avidez fraca: espiramicina imediatamente.
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