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Vanessa Balan Julio – Medicina Veterinária / UFPR Abordagem ao paciente com trauma cranioencefálico Etiologia Ocorre em animais que passaram por acidentes domésticos ou atropelamentos. Os sinais normalmente são neurológicos, e podem aparecer em diferentes proporções, dependendo da gravidade do trauma. Com o TCE, ocorre um dano ao tecido neuronal. Dano primário: perda de tecido neuronal em si (perda de neurônios), que pode ocorrer por hemorragia intracraniana, dano a grupos neuronais ou laceração encefálica (fratura de crânio – mais grave). Dano secundário: desregulação do fluxo sanguíneo cerebral (pressão de perfusão cerebral). O SNC produz um aumento do seu metabolismo basal, na tentativa de reparar o dano ao tecido ou se livrar de algumas substâncias que já começam a se formar. Frente a isso, ocorre um aumento do gasto energético (déficit energético). Pode ocorrer o derramamento de sangue dentro das meninges, fazendo a formação de um coágulo, que exerce pressão sobre o tecido adjacente. Os sinais clínicos do paciente aumentam conforme aumenta a compressão desse tecido (ex: neoplasia no encéfalo). Há instalação dos sinais clínicos de forma rápida. O cérebro sofre um aumento de volume, em resposta (edema), levando ao aumento da pressão interna do crânio (pressão intracraniana), que tem relação direta com os sinais neurológicos que o paciente apresenta. Causas • Causas intracranianas: redução da disponibilidade energética (menor aporte de oxigênio no tecido), aumento da concentração de glutamato (ativador de neurônios) e aumento do influxo de cálcio (despolarização neuronal, aumento do gasto energético das células neuronais). Dependendo dos sinais clínicos do paciente, avalia-se a indução a um coma induzido terapêutico. • Causas extracranianas: hipotensão, hipóxia, inflamação sistêmica (politrauma), alteração em níveis glicêmicos (manter os pacientes em níveis normais de glicose), hipercapnia, hipertermia, desequilíbrio eletrolítico, desequilíbrio ácido-básico (acidose respiratória – normalmente têm uma redução da função do centro respiratório, levando uma diminuição dos disparos respiratórios – redução da FR – excesso de CO2 e formação de ácido carbônico no sangue). Metas do tratamento: Lesões primárias – pouco a se fazer. Lesões secundárias – garantir PPC (manutenção da PA média estável e diminuição da PIC – pressão intracraniana), diminuir o metabolismo do cérebro e otimizar o FiO2 (fração inspirada de oxigênio do paciente), estabilizar níveis de CO2. Ventilação mecânica é preferível ou colocar no oxigênio e sonda nasal. Vanessa Balan Julio – Medicina Veterinária / UFPR Abordagem Inicial Paciente traumatizado, ABCD do trauma, capum (cena, alergias, passado, última refeição, medicações em uso). - Categorização do paciente: escala de Glasgow modificada. - Facilitar o retorno venoso jugular: decúbito lateral (pescoço esticado 30º graus, sem comprimir a jugular) - Decúbito ventral: mesa inclinada a ângulo de 30. Escala de Glasgow Atividade motora – reflexos normais (6) Hemiparesia/ tetraparesia / descerebração (5) Decúbito lateral/ rigidez extensora intermitente (4) Decúbito lateral/ rigidez extensora constante (3) Decúbito lateral/ rigidez extensora contante/ opistótono (2) Decúbito lateral/ hipotonia muscular/ reflexos espinais (1) Reflexos do Tronco Cerebral Reflexo pupilar à luz e oculoencefálico normais (6) Reflexo pupilar e oculoencefálico diminuídos (5) Miose bilateral não responsiva/ reflexo oculoencefálico diminuído ou ausente (4) Miose acentuada e globo centralizado (pinpoint pupils) / reflexo oculoencefálico diminuído ou ausente (3) Escala de Glasgow modificada Período no qual está alerta e responsivo ao ambiente (6) Depressão ou delirante / pode responder, mas a resposta é inadequada (5) Semicomatoso / responsivo a estímulos visual (4) Semicomatoso / responsivo a estímulos auditivos (3) Semicomatoso / responsivos apenas a estímulos repetidos de dor (2) Coma / não-responsivo (1) 15-18: avaliação neurológica praticamente normal | prognóstico favorável 10 – 14: avaliação neurológica com sinais importantes | prognóstico reservado 3 – 9: Sinais clínicos muito importantes | prognóstico desfavorável Pressão de Perfusão Cerebral (PPC) = Pressão Arterial média (PAM) – Pressão Intracraniana (PIC) PAM > 80 mmHg ou PAS > 100 mmHg PIC < 20 mmHg (fisiológica < 5 mmHg) Vanessa Balan Julio – Medicina Veterinária / UFPR Conduta do Clínico Reposição volêmica: fluido – isotônica – 10 mL/Kg em 15 a 20 minutos Solução hipertônica – 3% - 4-8mL/kg 7,5% - 4-5 mL/kg 10% - 0,9 mL/kg Evitar vasopressores. Diminuir a PIC: manitol 0,5 a 1 g/kg em bolus lento (aumenta o volume de urina) Furosemida 2 mg/kg (pode ser usada antes do manitol) – potencializa o manitol Craniotomia descompressiva: indicada em EGM < 8, PIC > 20 mmHg. Ocorre deterioração dos sinais neurológicos. Descompressão emergencial: não- recomendado. Diminuição do metabolismo: propofol para induzir o coma, ou benzodiazepínicos (midazolam), opoides (sufentanil) rápidos e dexmedetomidina. Hipotermia controlada não é recomendada. Otimizar a FiO2: intubação orotraqueal, oxigênio a 100%; ventilação mecânica (baixo volume corrente, PEEP, Pressão de via aérea < 10 cmH20, movimentos ventilatórios – mínimo necessário para manter níveis de EtCO2. Descompressão abdominal: evitar aumentos da pressão abdominal, sonda urinária, caso de indução ao coma, fazer sonda esofágica.
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