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@ste.vett Emergências Neurológicas Doutrina de Monroe-Kellie: é o equilíbrio entre a massa cerebral, circulação e liquor para que se consiga manter o volume intracraniano constante. CARACTERISTICAS DO SN FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL: a quantidade mínima de fluxo sanguíneo (FSC) é cerca de 40% do normal METABOLISMO CEREBRAL: aeróbico – não tem reserva de energia A reserva é para apenas 90 minutos de hipoglicemia severa Recebe 20% do DC ALTA DEMANDA DE ENERGIA: pela alta demanda de energia ele tem um mecanismo próprio para autorregulação do fluxo sanguíneo O mecanismo de regulação é feito basicamente pela concentração de CO2 Quando há baixa de CO2: ocorre vasoconstrição na região cerebral e isquemia cerebral Quando há aumento de CO2: ocorre vasodilatação na região cerebral e acidose respiratória GLICOSE: Os neurônios possuem apenas pequenos reservatórios de energia; portanto, dependem de um fluxo de sangue normal para fornecer oxigênio e nutrientes, principalmente glicose. GLUT 1: glicose do sangue -> BHE GLUT 3: glicose do astrócito -> neurônio TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICO TIPOS DE LESÃO: 1. Concussão: chacoalhar/deslocamento do tecido 2. Contusão: batida 3. Laceração: fratura ALTERAÇÕES CLINICOPATOLÓGICAS (localização): Focal – lesão apenas no local de contusão Difusa – lesão de diversas estruturas LESÕES PRIMARIA: impacto direto que pode danificar o tecido – lesão propriamente dita Não é possível interferir para parar a lesão SECUNDARIA: secundaria a lesão primaria Pode-se interferir para minimizar a lesão secundaria de dois tipos de edema: Edema citotóxico – ocorre em até 2h pós lesão primaria O edema citotóxico ocorre a partir de 2 eventos que acontecem simultaneamente: 1. Aumento de ácido lático Tecido com trauma e rompimento vascular Diminuição de fluxo sanguíneo focal Baixa captação de energia Aumento de glicose anaeróbica para compensar a perda da energia Aumento de produção de ácido lático gerando aumento de toxicidade Edema citotóxico 2. Paralisação da bomba Na/K Tecido com trauma e rompimento vascular @ste.vett Diminuição de fluxo sanguíneo focal Baixa captação de energia Diminuição da demanda energética da célula nervosa Bombas deixam de funcionar – Na/K Influxo de Na+ e Ca+ Retenção de água Edema citotóxico Além disso, devido a baixa demanda energética ocorre também aumento de quantidade de radicais livres: Diminuição de fluxo sanguíneo focal Aumenta a liberação de glutamato Influxo de Ca Cascata de ac. Araquidônico, xantinas oxidases Formação de radicais livres EDEMA CITOTÓXCO + FORMAÇÃO DE RADICAIS LIVRES = MORTE NEURONAL Edema vasogênico – ocorre entre 6-8h (no máximo 12h) após o trauma primário Tecido com trauma e rompimento vascular Diminuição de fluxo sanguíneo focal Vasodilatação cerebral e aumento da pressão intracraniana Aumento da pressão hidrostática Edema vasogênico AUMENTO DA PRESSÃO INTRACRANIANA O corticoide não se encaixa no tratamento de trauma crânio encefálico MONITORAMENTO DO PACIENTE Monitoramento Sistêmico Exame físico geral ABC’s do paciente emergencial Pressão arterial Glicemia – diversos relatos dizem que hiperglicemia implica em diagnostico ruim Eletrólitos pO2/pCO2 NÃO USAR SONDA NASAL pois aumenta pressão intracraniana Monitoramento Neurológico 1. Nível de consciência 2. Atividade motora 3. Reflexos do tronco cerebral Podemos analisar os três pela escala de Glasgow modificada – é a avaliação física do paciente e quanto mais normal o paciente está maior pontuação apresenta - Serve também para analisar a melhora do animal - Há duas escalas de Glasgow: de 1 a 6 – somando 18 pontos ou de 1 a 3 – somando 9 pontos Nível de consciência 1 2 3 @ste.vett Atividade motora 1 2 3 Reflexos do tronco cerebral 1 2 3 Alterações: NIVEL DE CONSCIENCIA: ATIVIDADE MOTORA ATIVIDADE CEREBRAL RIGIDEZ DESCEREBRAÇÃO RIGIDEZ DESCEREBELAÇÃO Extensão (espasticidade) de todos os 4 membros e opistótono Extensão (espasticidade) dos MT com flexão dos MP Indicativo: compressão do tronco cerebral secundaria a hipertensão intracraniana grave ou herniação Indicativo: lesão cerebelar, como herniação cerebelar Para diferenciar local de lesão: Lesão em cerebelo: ataxia cerebelar por dismetria Lesão em coluna: não tem alteração de estado mental Lesão em tronco encefálico: hemi ou tetraparesia/plegia, alteração de estado mental Hemiparesia: tem que ser contralateral a lesão cerebelar Miose: quando ocorre lesão em ponto alto sem pegar estruturas importantes – lesa via simpática prevalecendo o parassimpático Midríase: individuo com edema cerebral importante e /ou com aumento de pressão intracraniana – lesa via simpática e parassimpática PONTUAÇÃO PARA 9 PONTOS: 6-9: bom prognostico 3-6: reservado 0-3: prognostico ruim AVALIAÇÃO DA PIC Clínica e escala de Glasgow Ultrassonografia ocular Equipamentos multiparamétricos PROGNOSTICO BOM: 15-18 PROGNOSTICO RESERVADO: 09-14 PROGNOSTICO RUIM: 03-08 ! Manifestações do AUMENTO da PIC Tríade de cushing: principal indicativo – está associado a três alterações no exame físico: Bradicardia Hipertensão Alteração do padrão respiratório – taquipnéia por exemplo Redução do nível de consciência Anormalidades pupilares Estrabismo ventrolateral Êmese Alterações respiratórias 3 • Alerta • Responsivo ao ambiente 2 • Depressão/ • Demencia/ • Delirio 1 • Estupor/Coma 3 •Marcha • Reflexos espinhais normais 2 • Hemiparesia/ • Tetraparesia 1 • Decubito • Rigidez extensora constante + opistotono 3 • Reflexos pupilares normais 2 •Miose bilateral não responsiva/ anisocoria 1 •Midriase bilateral @ste.vett Pleurotótonos TERAPIA INICIAL Feito em 3 etapas de acordo com a evolução clinica Objetivos: Controle de PIC Melhorar perfusão tecidual Minimizar injurias secundarias Níveis de terapia inicial: 1. Controle de hipóxia/hipotensão 2. Controle do nível 1 com progressão das alterações neurológicas (aumento da pic) 3. Progressão sem resposta ao nível 2 – trauma crânio encefálico refratário TRATAMENTO NIVEL 1: controle de hipóxia/ hipotensão Oxigenioterapia: não usar sonda intranasal Controle: pressão de O2 acima de 80mmHg e CO2 abaixo de 40mmHg mas não deixando chegar abaixo de 30mmHg pois pode causar isquemia Correção postural: elevação da cabeça - Melhora o retorno venoso - Deve fiar entre 15 e 30º pois acima de 30º diminui o fluxo arterial - Evitar ocluir a drenagem venosa – manter o pescoço reto e tomar cuidado com a coleta de sangue da jugular pois ao comprimi-la pode-se aumentar a PIC Fluidoterapia: Realizar prova de carga: 3 a 5 mL/kg em 10-15 min IV Fármacos vasoativos (noradrenalina) Soluções hipertônicas (SF de cloreto de sódio a 7,5%): ela eleva a pressão pois puxa a agua da região intersticial para dentro do vaso. Além disso, auxilia na recaptação de neurotransmissores excitatório e melhora resposta inflamatória ! NÃO usar em animais desidratados pois não há de onde puxar a agua TRATAMENTO NIVEL 2 Manitol: usar apenas quando animal está normotenso, hidratado e não respondeu a primeira estabilização Diurético osmótico – nunca usar em paciente hipotenso pois baixa mais a pressão e causa + isquemia Dose de 1/kg em 15-20 minutos, IV Ação em 4 a 6 horas Ação: - Diminui a viscosidadesanguínea - Inibe a produção de ROS - Não há evidências quanto ao uso em suspeitas de hemorragias intracranianas. Sem o uso de outro diurético em conjunto (furosemida) – a furosemida precisa desidratar o animal para puxar a agua, pois é um diurético de alça, já o manitol não Sedação e controle de dor Controlar dor do paciente: pode ser necessário sedar – fentanil, propofol Uso de anticonvulsivantes: crise epiléptica não é comum AINES Corticoides: NÃO SE USA Hipotermia Em alguns artigos usa-se a hipotermia pois quando se baixa a temperatura baixa o metabolismo cerebral Não é só ligar o ar e sim deixar ele “””congelado”” Não é muito utilizado e nem descrito, é apenas uma curiosidade @ste.vett TRATAMENTO NIVEL 3: feito quando animal não respondeu a primeira e segunda estabilização Tratamento cirúrgico - para correção de: Hematomas Fratura Aumento da PIC NÃO MUITO USADO NA VETERINARIA Hipoglicemia Ambos são ruins para o SNC Hipoglicemia: causa depleção de ATP e edema citotóxico Etiologia: Excesso de secreção de insulina – insulinoma Diminuição da produção de glicose: Doença hepática Hipoadrenocorticismo Hipoglicemia dos neonatos e raças toy Aumento de consumo de glicose Sepse (leucocitose) Exercícios extremos Diagnostico: glicemia abaixo de 40 já é indicativo de animais que podem ter alterações de SNC devido hipoglicemia Para insulinoma: dosar insulina – em casos de insulinoma o animal terá insulina alta. Em casos fisiológicos, quando se há pouca glicemia há pouca insulina. Coleta de sangue e glicosimetros Histórico e exames complementares: Na/K – sódio baixo e potássio alto em animais com hipoadreno Não adianta fazer dexametasona em hipoadreno pois não tem efeito mineralocorticoide – deve fazer hidrocortisona, prednisona Hemograma Função hepática/US Insulina/glicose, frutosamina glicosilada Tratamento: Baixa de glicose: adm glicose Solução de glicose a 50% 0,5 mg/kg, iv, lento Diluir em solução fisiológica numa proporção de 1:3 Solução glicofisiológica 2,5 ou 5% No caso de suspeita de insulinoma Dexametasona 0,2 mg/kg/iv, bid / tid Insulinoma: cuidado com efeito rebote – usar glicocorticoide e hiperglicemiar aos poucos Hiperglicemia Ambos são ruins para o SNC Hiperglicemia associada com hipóxia: causa glicólise anaeróbica e aumento do ácido lático resultando em edema vasogênico – a diabetes sozinha não costuma causar problema em SNC e sim associada com traumas ESTADO EPILÉTICO Isolada: não é situação emergencial Agrupada (CLUSTER): 2 ou mais crises dentro de um período de 24h com recuperação – urgência Estado Epilético: 1 crise epilética que dure mais que 5 min ou 2 ou mais crises sem recuperação completa em intervalo de 20 min – emergência Animal que tem muito consumo de energia e oxigênio Terá mudança de homeostase cerebral Pode ter edema vasogênico @ste.vett ABORDAGEM DO PACIENTE 1. Animal chega em crise e está sem acesso: diazepam IR ou midazolan IN 2. Para da crise 3. Pegar acesso 4. Mensurar glicemia Hipoglicemia em filhotes cães pequenos: repor glicemia em bolus – pode se pensar em sepse e hipoglicemia neonatal ou de raça toy Hipoglicemia em adultos/idoso: repor glicose, se ficar hipoglicemico novamente mensurar insulina pensando em insulinoma 5. Investigar causas: insulinoma, neoplasias, hipoadreno, sepse 6. Exames: Leucograma - com leucocitose e desvio a esquerda em caso de sepse Função hepática – FA, ALT, Albumina EM CASOS DE NOVA CRISES 1. Adm. novamente diazepam – pode-se aplicar até 3 doses de diazepam no total, a partir da 4ª não funciona 2. Caso tenha dado as 3 doses e continue com crises realizar infusão continua ou loading dose de fenobarbital 3. Caso não melhore com fenobarbital pode-se fazer propofol – tem função de parar apenas a crise epiléptica O problema que depois de usar o animal volta extremamente agitado ou pode causar depressão respiratória NÃO USAR MANITOL POIS AUMENTA A EXCREÇÃO DO ANTICONVULSIVANTE – usar apenas quando tem aumento de PIC Hipertônica: Indicada em pacientes com aumento de PIC e hipotenso Prova de carga Modula reposta infamatória e melhora o fluxo sanguíneo – não age diretamente na crise e sim causas de base OBJETIVO DE TRATAR A CRISE: fazer com que o animal não tenha mais nenhuma crise no período de 24h Avaliação neurológica: nível de consciência, reposta a estímulos, reflexos dos nervos cranianos, reflexos espinhais e postura Monitoramento geral: PA Hidratação Oxigenação e ventilação FC Temperatura Glicemia IDIOPATICA • Genética confirmado ou suspeito • Causa desconhecida e nenhhuma indicação estrutural ESTRUTURAL • Epilepsia com etiologia cerebral REATIVA • Etiologia metabolica toxica
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