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Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Fase aguda do trauma raquimedular: estimulação simpática, mediada por receptores alfa-adrenérgicos; o Aumento da pressão arterial sistêmica, bradicardia ou taquiarritmia reflexa; o A resposta aguda simpática ocorre devido à liberação de noradrenalina e adrenalina da camada medular da glândula suprarrenal, em resposta ao trauma como também à desconexão dos neurônios supraespinais simpáticos; Após 3 a 4 minutos, o parassimpático predomina ➝ vasodilatação cutânea, venodilatação, redução do retorno venoso, hipotensão arterial sistêmica, bradicardia com bradiarritmias e bloqueios nodais atrioventriculares devido à perda do tônus simpático e ausência de estímulo inotrópico; hipotermia; Choque neurogênico: causado por desconexão entre os centros supraespinais simpáticos e seus órgãos-alvo (lesão medular alta), cursando com hipotensão arterial sistêmica, bradicardia e vasodilatação periférica; Choque medular: refere-se ao evento transitório que se segue após o trauma, com suspensão dos reflexos medulares abaixo do nível da lesão; o Caracterizado por déficit sensorial, paralisia flácida, ausência dos reflexos medulares e alterações da termorregulação abaixo do nível da lesão; o O choque medular pode durar dias ou semanas - média de 4 a 12 semanas; Lesão medular topograficamente elevada (cervical e/ou torácica) ➝ pode cursar com comprometimento respiratório, tetraplegia, anestesia e choque neurogênico com síndrome de Horner ipsilateral associada; Lesões torácicas mais baixas ➝ não haverá comprometimento respiratório e/ou sinais de choque neurogênico; É a perda de reflexos abaixo do nível da lesão; Não tem relação com hipoperfusão; Após um traumatismo que resulte na secção completa da medula, o paciente entra em estado de choque espinhal; Não tem a ver com o choque por perda de sangue ou de líquido ➝ caracteriza-se pela absoluta perda da sensibilidade, dos movimentos e do tônus nos músculos inervados pelos segmentos medulares situados abaixo da lesão; É reversível; Há retenção de urina e de fezes; Após um período variável, reaparecem os movimentos reflexos ➝ se tornam exagerados; aparece o sinal de Babinski (síndrome do neurônio motor superior); Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Casos de secção completa (e não simples esmagamento) ➝ não há recuperação da motricidade voluntária ou da sensibilidade; pode haver certa recuperação reflexa do mecanismo de esvaziamento vesical; Perda do controle autonômico simpático; Hipoperfusão tecidual associada a bradicardia; O choque neurogênico é resultado, na grande maioria das vezes, da lesão medular alta (acima de T6) que cursa com choque medular: plegia ou paresia, hiperextensibilidade e hipo ou arreflexia osteotendinosa profunda e cutânea superficial abaixo da lesão; Tríade: hipotensão arterial, bradicardia e disrreflexia autonômica; A reposição de líquidos deve ser evitada no choque neurogênico ➝ para não sobrecarregar a volemia; Geralmente em vítimas de traumatismo crânio- encefálico grave e lesão da medula espinhal (principalmente acima de T6) ➝ leva à interrupção das vias autonômicas, com diminuição da resistência vascular e alteração do tônus vagal; Culmina na má perfusão tecidual pela perda súbita do tônus vascular; o Tônus vascular: estado de ligeira contração mantido nos vasos sanguíneos pelo sistema nervoso autônomo, e é crucial para a manutenção da PA e da pressão de enchimento capilar (PEC); o A perda do tônus causa dilatação das arteríolas (diminuição da resistência vascular periférica (RVP)) e das vênulas ➝ diminui o retorno venoso; Apesar da dilatação dos vasos sanguíneos, o volume sanguíneo é adequado ➝ resultando na perfusão insuficiente dos tecidos e das células; o Esse desequilíbrio hemodinâmico causa o choque; Ocorre devido à injúria no centro vasomotor no SNC; o Tal injúria pode ser proveniente de anestesia geral profunda (por excessiva depressão do centro vasomotor), uso de drogas ou fármacos que deprimem o sistema nervoso central, anestesia espinhal (por bloqueio da descarga simpática acima da medula espinhal) ou por lesão cerebral difusa que cause paralisia vasomotora; Se caracteriza pela vasoplegia, com perda do controle vasomotor ➝ pode ocorrer por lesão do sistema nervoso central, que atinge o centro vasomotor no IV ventrículo ou a medula espinal ou ainda por bloqueio anestésico (raquídeo ou epidural), pois as fibras do SNA são mais sensíveis do que as sensitivas à ação da xilocaína; É classificado como choque distributivo ➝ pode ser causado por trauma raquimedular, compressão da medula espinal, anestesia geral, anestesia raquidiana, anestesia peridural, lesão no SN, hipoglicemia, trauma do SNC, acidente vascular cerebral, meningoencefalite; Ocorre em decorrência de um desequilíbrio entre as estimulações parassimpática (dilatação) e simpática (contração) ➝ o paciente encontra-se com a predominância da estimulação parassimpática, causando vasodilatação, que dura um período estendido e leva a um estado hipovolêmico relativo; Suas características clínicas são os sinais de estimulação parassimpática (o SNS não é capaz de responder aos estressores corporais): pele seca e quente e hipotensão com bradicardia ➝ diferente de outros tipos de choque (pressão arterial está diminuída e acompanhada de taquicardia); Não há alteração no débito cardíaco ➝ tanto a bomba cardíaca como o volume circulante de sangue estão preservados; Tratamento visa restaurar a perfusão periférica e corrigir o desequilíbrio no consumo de oxigênio; É a expressão clínica da incapacidade vascular em adaptar-se à demanda de oxigênio tecidual; Critérios diagnósticos: o Pressão arterial sistólica (PAS) inferior a 90 mmHg e/ou pressão arterial média (PAM) inferior a 70 mmHg ➝ critérios considerados no choque de qualquer origem; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo o Presença de pele fria e pegajosa ou mesmo quente e seca, dependendo da fase do choque circulatório encontrado; o Débito urinário reduzido (< 0,5 mL/kg/h) ➝ hipoperfusão renal; o Estado mental alterado ➝ confusão, sonolência, obnubilação, torpor e coma; Alterações laboratoriais: o Hiperlactatemia ➝ indica anaerobiose tissular; o Aumento da proteína C reativa e da pró- calcitonina; o Marcadores de lesões de órgãos nobres: creatinina, ureia, bilirrubinas e tempos de coagulação; Fisiopatologia: inclui uma variedade de mecanismos: o Hipovolemia ➝ perda fluida por sangramentos, diarreias, vômitos, febre; o Fatores cardiogênicos ➝ arritmias, isquemias miocárdicas, dilatações ventriculares anômalas, valvulopatias; o Fatores obstrutivos ➝ tamponamento cardíaco, derrame pericárdico, tromboembolismo pulmonar, pneumotórax hipertensivo; o Fatores distributivos ➝ incapacidade de controle adequado do tônus vascular para a demanda metabólica tissular (anafilaxia, sepse e lesões neurológicas que comprometam o SNS; História clínica: os traumas geralmente possuem o componente hipovolêmico, podendo estar associados ao choque neurogênico nas lesões do neuroeixo ou mesmo cardiogênico nas lesões de estruturas torácicas; Manejo: estabilização da coluna vertebral, garantia de ventilação adequada, ressuscitação volêmica e o uso de vasopressores ➝ melhor prognóstico do paciente.; o Descompressão cirúrgica de emergência: indicada aos pacientes com piora clínica evidente; o Contraindicação ao uso de opioides ➝ aumentam a vasodilatação; 1. Arreflexia ou hiporreflexia - primeiras 24 horas; 2. Retorno de alguns reflexos - 1 a 3 dias; 3. Hiperreflexia reflexa precoce - 4 dias a 1 mês; 4. Espasticidade- 1 a 12 meses; Lesões medulares: acidentes automobilísticos (48,8%), lesões nos esportes de contato (12%), agressões e quedas (40%); Alterações cardiovasculares no choque neurogênico chegam a representar 40% das causas de óbito - fibrilação atrial, flutter atrial, taquicardia supraventricular paroxística, insuficiência cardíaca, aterosclerose, taquicardia ventricular, cardiomiopatia, bradiarritmias, bloqueio atrioventricular e cardiomiopatia de Takotsubo; Pacientes classificados como ASIA A ou B (comprometimento motor completo): bradicardia em quase 100% dos casos e hipotensão sistólica em 60%, com necessidade de drogas vasoativas em 35% deles - 15 a 20% desses evoluem com parada cardiorrespiratória; Pacientes classificados como ASIA C e D: bradicardia em 35 a 70% dos casos, sendo raros os casos que apresentam hipotensão arterial; Prevalência de lesões acima de T6 que podem apresentar disautonomia varia entre 48 e 90% dos casos, sendo a trombose venosa profunda e o tromboembolismo pulmonar complicações potencialmente fatais; Regiões supratentoriais ➝ córtex da ínsula, córtex medial pré-frontal, hipotálamo, e núcleos do tronco encefálico - responsáveis pelas funções autonômicas; SNA parassimpático ➝ chegam até o colo transverso através do nervo vago, inervando coração, brônquios, trato digestório e glândulas por fibras pré-ganglionares longas e pós- ganglionares curtas; o Não há fibras parassimpáticas direcionadas aos vasos sanguíneos periféricos; SNA Simpático ➝ fibras curtas pré- ganglionares até uma cadeia de gânglios Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo paravertebrais que desce paralelamente à medula espinal torácica e lombar (T1-L2), emitindo fibras longas pós-ganglionares; inervam a grande maioria das vísceras - coração e musculatura lisa vascular; Lesão em duas etapas: o Lesão primária ➝ imediatamente após o trauma; o Lesões secundária ➝ desencadeadas pela lesão mecânica primária ➝ danos microvasculares, edema, desmielinização, isquemia, excitotoxicidade, alterações eletrolíticas, produção de radicais livres, inflamação e apoptose tardia; Penumbra isquêmica: região imediatamente ao redor do local lesado; Opioides ➝ letais às células lesionadas; causam bloqueio da microcirculação e dificultam a restauração funcional por atuarem como neurotransmissores em receptores kappa; Perda do controle autonômico simpático sobre o parassimpático ➝ responsável pelos sintomas do choque neurogênico; A hipotensão arterial bem como a hipotensão ortostática melhoram em torno de alguns dias ou semanas ➝ mecanismos compensatórios: atividade da musculatura esquelética, espasticidade, aumento do tônus muscular, ressurgimento dos reflexos simpáticos medulares (reajustando os níveis de catecolaminas) e readaptação do sistema renina-angiotensina- aldosterona; Lesões que acima de C3: necessidade de suporte ventilatório imediato por perda do drive supraespinal excitatório, interrompendo a função dos neurônios motores do nervo frênico; Lesões abaixo de C3: sintomas de comprometimento do sistema nervoso autônomo, incluindo a possibilidade de parada cardiorrespiratória alguns minutos após a lesão; Apresentação clássica: paralisia flácida, bradicardia e hipotensão arterial sistólica (PAS < 90 mm Hg) em posição ortostática; pode ter incapacidade de esvaziamento vesical; O choque neurogênico correlaciona-se às lesões cervicais em 19,3% dos casos, às lesões da medula torácica em 7% e lombares em 3%; Após estabilização cirúrgica da fratura, os pacientes devem ser submetidos a elevações graduais do decúbito: preconiza-se uma elevação de 10 graus ao dia com monitoração constante dos parâmetros hemodinâmicos; Quando o paciente tolerar uma elevação de 40 graus de decúbito, a cadeira de rodas passa a ser uma opção para locomoção; Persistência da hipotensão ortostática ➝ administrar fludrocortisona ou agonistas alfa-adrenérgicos; O volume urinário fica reduzido nos primeiros dias após a lesão, muito provavelmente devido à SSIADH o Após o terceiro dia, há uma diurese muito aumentada, podendo alcançar 5 a 6 litros por dia, erroneamente associada à necrose tubular aguda decorrente do choque apresentado logo após o trauma; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo A administração de oxigênio deve ser imediatamente iniciada nos pacientes em choque, para que haja oferta adequada aos tecidos bem como à microcirculação, prevenindo também a hipertensão pulmonar. Oximetria de pulso ➝ possui limitações e frequentemente não revela a situação real do paciente devido à vasoconstrição periférica ➝ utilizar gasometria arterial para avaliação dos reais parâmetros metabólicos; Indicativos para intubação orotraqueal: persistência de hipoxemia, dispneia, rebaixamento do nível de consciência, fadiga da musculatura acessória ventilatória, acidose e cianose persistente; o Intubação orotraqueal com laringoscopia e estímulo traqueal induz à bradicardia por reflexos vagovagais, podendo levar à parada cardiorrespiratória, em especial em hipoxêmicos; o Choque neurogênico ➝ não há resposta simpática opondo-se ao reflexo ➝ usar atropina; o Evitar a utilização de succinilcolina durante a IO ➝ bloqueador neuromuscular despolarizante ➝ pode induzir à PCR e hipocalemia devido à hipersensibilidade das membranas das células musculare; Mnemônico VIP ➝ preocupações iniciais do emergencista diante do paciente em choque: o V (Ventilatory Support – suporte ventilatório); o I (Infusion – ressuscitação com fluidos); o P (Pump – administração de drogas vasoativas); Infusão de fluidos ➝ soluções cristaloides são 1ª opção, os coloides ficam em 2º plano devido ao seu custo; o Velocidade de infusão: não deve ultrapassar 300 a 500 mL em um período de 20 a 30 minutos; o Objetivo: aumento da PAS (120 mm Hg), débito urinário superior a 0,5 mL/kg/h, pressão venosa central (PVC) entre 8 e 12 mm Hg e saturação venosa de oxigênio (veia cava superior) de 70%; o Pacientes em choque neurogênico que permanecem hipotensos e bradicárdicos (FC < 60 bpm) ➝ administrar atropina (0,5 a 2 mg por hora) em infusão contínua em associação às catecolaminas; Drogas vasoativas: o 1º opção: agonistas adrenérgicos ➝ elevada potência e rápido início de ação com meia- vida curta facilitam seu ajuste; o Noradrenalina é o vasopressor de escolha ➝ propriedades alfa-adrenérgicas (vasoconstrição e aumento da resistência vascular periférica) associadas à modesta ativação β-adrenérgica, auxiliando na função cardíaca Aumento da PAS com quase nenhuma interferência na frequência cardíaca; Dose: varia de 0,1 a 2 mcg/kg/min; o Formas hipercinéticas do choque neurogênico: pacientes desenvolvem deficiência de vasopressina e, doses relativamente baixas (1 a 4 UI/h), apresentam excelente resposta no controle da pressão arterial; Sinais de insuficiência cardíaca associada ao choque: agentes inotrópicos são boas opções para serem associadas às drogas de primeira escolha; o Dobutamina ➝ agonista β-adrenérgico com menor interferência na frequência cardíaca quando comparada ao isoproterenol (β- agonista puro); dose de 1 a 20 mcg/kg/min; Bradiarritmia: revertida com administração de dopamina (1ª escolha) em bomba de infusão contínua; o Outras opções: atropina e marca-passo transcutâneo ➝ indicados na ausência de resposta à dopamina; o Marca-passos transvenosos ➝ bradiarritmias persistentes a longo praz; Edema pulmonar neurocardiogênico: resolve- se espontaneamente em 24 a 48 horas, desde que a PIC seja controlada; Edemas não-cardiogênicos: bloqueadores alfa- adrenérgicos - clorpromazina e fentolamina; A extubação precoce deve serfeita assim que a escala de coma de Glasgow for maior que 10; Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo Profilaxia à trombose venosa profunda bem como ao tromboembolismo pulmonar são obrigatórias já no manejo clínico inicial do paciente; o Estratégias não farmacológicas: mobilização periódica do paciente no leito, utilização de meias compressivas pneumáticas e fisioterapia intensiva; o Terapias farmacológicas: utilização de anticoagulantes orais ou parenterais; Heparina de baixo peso molecular (menor risco de sangramentos); Assim que possível, a terapia anticoagulante parenteral deve ser substituída pela oral; Responsáveis pelo maior número de óbito em pacientes com TRM; o 80% dos óbitos em pacientes hospitalizados com lesão cervical ocorrem por causa pulmonar - pneumonia responsável por 50%; Fase precoce: falhas na ventilação, broncoaspiração, edema pulmonar e pneumo- hemotórax; Atelectasia (36,4%), pneumonia (31,4%) e falha ventilatória (22,6%) - mais prevalentes nos cinco primeiros dias de hospitalização; Outras alterações: diminuição da força inspiratória e expiratória, do volume corrente e da capacidade residual funcional e aumento do volume residual; Bronquiectasias são frequentes em adultos e raros em crianças; Comprometimento medular, principalmente acima de T8, compromete os músculos expiratórios, diminui a efetividade da tosse e, consequentemente, altera o clearance de secreções, aumentando a suscetibilidade desses pacientes a infecções respiratórias baixas; Relação entre lesões medulares altas com o aumento da incidência de pneumonia; Fatores de risco para o aumento da incidência de pneumonia: idade avançada, tetraplegia, lesões traumáticas e duração da lesão; Além da maior predisposição a infecções respiratórias, a diminuição da capacidade inspiratória, principalmente em pacientes com comprometimento cervical alto, contribui para a formação de microatelectasias ➝ dispneia e insuficiência respiratória, podendo simular um quadro de asma; Pacientes com comprometimento cervical que necessitam de respiração artificial podem desenvolver pneumonia aspirativa; Lesões completas acima de C3 ➝ suporte ventilatório controlado ou assistido-controlado; Lesões incompletas e abaixo de C3 ➝ modos que incorporem a ventilação espontânea como, por exemplo, mandatória intermitente e pressão controlada; Lesão cervical alta ➝ pode apresentar respiração abdominal paradoxal ➝ a musculatura normal da respiração está paralisada, então os músculos acessórios atuam na inspiração expandindo a caixa torácica e invertendo o diafragma e abdômen, ocorrendo o contrário na expiração ➝ risco aumentado de parada respiratória, podendo evoluir para óbito; Risco de alterações cardiovasculares é 200% maior em pessoas com TRM; Coração é inervado pelo sistema simpático, de T1 a T5, e parassimpático, emergindo principalmente do bulbo; Lesões acima de T1 ➝ podem levar à desconexão dos centros superiores com predomínio vagal; Choque neurogênico, por interrupção das fibras simpáticas descendentes e predomínio da inervação parassimpática ➝ perda do tônus vasomotor, queda da resistência vascular periférica com diminuição da pré e pós-carga, bradicardia e hipotensão arterial ➝ pode resultar em insuficiência cardíaca congestiva; Após o choque medular, o sistema nervoso simpático volta a funcionar, nessa fase de forma reflexa, sem controle cortical ➝ estímulos aferentes são transmitidos pelo feixe espinotalâmico e cordões posteriores ao hipotálamo ➝ lesão medular, cervical ou Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo torácica alta bloqueia o estímulo ➝ leva a uma hiperatividade simpática generalizada; o Disreflexia autonômica (DA): ocorre até três meses após o trauma ➝ cefaleia intensa, hipertensão arterial paroxística, midríase, piloereção, sudorese profusa, visão embaçada, bradicardia, congestão nasal e conjuntival, palidez cutânea infralesional, retração palpebral e rash cutâneo eritematoso; Ocorre da estimulação de receptores situados abaixo do nível da lesão, principalmente localizados na região urogenital; Aparece em mais de 90% dos pacientes com lesões acima de T6 e é mais grave quanto mais alto for o nível da lesão; Bradicardia: diminui a perfusão ➝ pode levar à acidose e acarretar lesões secundárias; Alterações eletrocardiográficas: batimentos ventriculares e atriais prematuros, alargamento da onda T, onda U, prolongamento do intervalo PR, desaparecimento de ondas P e bloqueios AV de segundo grau; Radiografia simples: cardiomegalia; Lesões medulares altas, acima de T6: hipotensão arterial postural por interrupção simpática ➝ náuseas, tontura e síncope quando na posição supina; Lesões de T1 a T5: acima da inervação cardíaca ➝ pode ocorrer inotropismo positivo e taquicardia; A bexiga é controlada por mecanismos voluntários e involuntários; Esfíncter uretral externo: inervação somática (região sacral) ➝ controle voluntário da micção ➝ pacientes com TRM perdem o controle do esfíncter externo; o Sem o relaxamento do esfíncter concomitante à contração vesical ➝ aumento na pressão intravesical, levando à distensão vesical e superestiramento da bexiga e do músculo detrusor, podendo afetar a taxa de filtração glomerular renal ➝ retenção urinária; Dilatação ureteral: por insuficiência na propulsão urinária ➝ pode levar à hidronefrose; Cateterismo vesical intermitente deve ser feito a cada quatro ou seis horas, de acordo com o balanço hídrico do paciente, ou por meio de sonda de demora, que deve ser aberta a cada três ou quatro horas, sendo trocada semanalmente; o Uso de sonda vesical de demora: predispõe a infecções - cistite, pielonefrite, litíase vesical e fístulas uretrocutâneas; ITU é a complicação mais frequente em pacientes com TRM agudo; o Klebsiella pneumoniae mostrou-se o patógeno mais prevalente em paciente com TRM; o Tratamento de primeira escolha: cefuroxime e fluoroquinolona; Lesão sacral: dificuldade na contração do esfíncter ➝ incontinência urinária; Alterações motoras, sensitivas e autonômicas podem levar à disfunção sexual; o Primária: por alterações orgânicas; o Secundária: por mudanças psicossociais ➝ merece atenção dos profissionais de saúde; Infecções genitais podem levar à infertilidade; Continência fecal: é mantida pelo tônus e atividade reflexa dos esfíncteres anais internos e externos e pelos músculos do assoalho pélvico ➝ o esfíncter anal externo, inervado pelo nervo pudendo, que surge de S2 a S4, é responsável pelo controle voluntário da defecação; Lesões acima de S2- S4: podem levar à perda do controle voluntário ou à contração mais vigorosa do esfíncter externo anal (EEA); Lesões acima de S2-S4: comprometem o nervo pélvico parassimpático, que pode ocasionar hipotonia retal, perda do reflexo retocólico com atraso no esvaziamento intestinal ➝ constipação, empachamento, distensão abdominal e íleo paralítico; Lesões acima de T5: alteram a coordenação dos movimentos peristálticos entre o antro e o duodeno ➝ atraso no esvaziamento gástrico; Lesões completas ou parciais da cauda equina ➝ EEA e musculatura pélvica se tornam flácidos Ana Luiza Spiassi Sampaio @anassampaioo ➝ perdem a capacidade reflexa de responder ao aumento da pressão intra-abdominal ➝ incontinência fecal; o A incontinência fecal é mais frequente em pacientes com lesão medular completa ; Úlceras de Cushing: estímulo endógeno e exógeno de esteroides e a hiperestimulação vagal, predispõe à formação de úlceras gástricas por estresse ➝ podem acarretar episódios de sangramento digestivo alto com hematêmese e melena; Colelitíase: complicação tardia➝ alteração no ciclo intestinal dos sais biliares em pacientes cujo trânsito intestinal encontra-se mais lentificado; A incidência de TVP nos primeiros três meses de paralisia por lesão medular é de 38%; O risco é maior em pacientes com lesões medulares completas (81%) que incompletas (8%), torácicas que cervicais, principalmente nos primeiros três meses após a lesão; Causas: diminuição do tônus vasomotor, do retorno venoso e da contração muscular; hipercoagulabilidade; imobilização; e dano direto no sistema venoso profundo; A TVP pode levar à embolia pulmonar; Pacientes com lesão medular necessitam de profilaxia de rotina para TVP; Tratamento: heparina de baixo peso molecular, warfarin, baixa dose de heparina não fracionada, além de medidas não medicamentosas como mobilização precoce, compressão pneumática dos membros inferiores e uso de meias elásticas; Pacientes imobilizados, com alteração da sensibilidade, irrigação sanguínea, elasticidade e turgor da pele, têm tendência a desenvolver úlceras de pressão; Locais mais acometidos: sobre proeminências ósseas ou próteses; Podem ser classificadas em: o Grau I ➝ eritema sem lesões de pele; o Grau II ➝ comprometimento de epiderme e derme; o Grau III ➝ lesão até o tecido celular subcutâneo; o Grau IV ➝ lesão extensa com necrose tecidual e dano aos tecidos profundos; Devem ser realizadas mudanças de decúbito, a cada duas horas, fazendo cuidados locais na pele para evitar a formação de úlceras; Paraplegia incompleta ➝ lesão torácica incompleta; Paraplegia completa ➝ lesão torácica completa; Quadriplegia incompleta ➝ lesão cervical incompleta; Quadriplegia completa ➝ lesão cervical completa;
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