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Epistaxe Epistaxe é o sangramento que se origina da mucosa das fossas nasais, é diferente de hemorragia nasal pois nesta o sangramento pode ter qualquer origem como tuba auditiva, rinofaringe, seios paranasais. Ela ocorre por uma alteração de hemostasia normal do nariz por anormalidades da mucosa nasal que pode ser por: a. Perda de integridade vascular b. Alterações de fatores de coagulação Epidemiologia Há um pico bimodal, ocorrendo em crianças menores que 10 anos e idosos entre 70 e 79 anos. Entre os pacientes hospitalizados, há predominância do sexo masculino antes dos 49 anos, após essa idade a prevalência entre os sexos se iguala. Isso provavelmente se deve ao efeito protetor que o estrogênio possui nas mulheres antes da menopausa, que costuma ocorrer nessa idade. Além disso, uma variação sazonal existe, com predominância dos casos nos meses de inverno. Os fatores que agem nessa epidemiologia são: aumento da incidência de infecções respiratórias superiores, rinite alérgica e alterações da mucosa associadas a flutuações de temperatura e umidade. Mais frequente na região anterior das fossas nasais, 90% na região anterior do septo, mais comum em crianças e adultos jovens. Já a região posterior ocorre mais em idosos, são sangramentos mais graves e menos frequentes. Fisiopatologia + Anatomia A circulação nasal é feita por anastomose entre 3 artérias que formam o plexo de Kiesselbach: 1. Artéria esfenopalatina: irriga cornetos e meato lateralmente e o septo posterior e inferior medialmente. 2. Artérias etmoidais anterior e posterior: derivada do ramo oftálmico da artéria carótida interna suprem a mucosa superior medial e lateralmente. 3. Artéria labial anterior: ramo da facial que irriga septo mucoso anterior e mucosa lateral anterior Entender essa circulação é importante para entender a divisão de: 1. Anterior: são os mais comuns e derivam principalmente da área da bacia vascular do septo nasal, o plexo de Kiesselbach, no qual ocorre anastomose dos vasos citados acima. 2. Posterior: surge dos ramos posterolaterais da artéria esfenopalatina. É menos frequente, porém, mais grave, podendo resultar em hemorragia significativa. Etiologia Causas locais Causas sistêmicas Trauma, Neoplasias, Infecções, Rinite, pós operatório, intubação, corpo estranho Distúrbios hemorrágicos Catarina Nykiel - MedManas ● Trauma Pode ser acidental (pode ocorrer quando o paciente assoa excessivamente o nariz) ou iatrogênico (profissionais de saúde podem lesionar a mucosa nasal na passagem de sondas). O traumatismo da pirâmide nasal é um dos que mais ocorre no corpo humano. Essa maior incidência é justificada pela menor força necessária para promover uma fratura do osso nasal, quando comparada aos demais ossos da face. As fraturas ósseas são comumente acompanhadas de lesões cartilaginosas e septais, uma vez que essas estruturas são intimamente ligadas. Normalmente a causa é devido a acidentes automobilísticos, lesões esportivas, lesões intencionais e domiciliares. A fratura é indicada pela presença de crepitação ou segmentos ósseos móveis à palpação. É comum que haja epistaxe e dor, assim como hematomas em tecidos moles (“olho roxo”). É importante certificar-se de que não haja qualquer desvio palpável no rebordo infraorbital, o que indicaria a presença de fratura do complexo zigomático. Algumas vezes pode ser útil obter confirmação radiológica, em geral desnecessária nas fraturas não complicadas. Também é importante investigar se não há lesões concomitantes faciais, pulmonares ou intracranianas quando as circunstâncias do traumatismo assim sugerirem, como nos casos de acidentes em automóveis e motocicletas. ● Rinossinusite crônica É caracterizada por inflamação da mucosa do nariz e seios paranasais, constituindo-se em uma das afecções mais prevalentes das vias aéreas superiores. O principal diferencial entre os quadros de RS Aguda e RS Crônica é em relação à duração dos sintomas (>12 semanas). Apesar da maioria dos sintomas encontrados nos pacientes com RSC serem muito semelhantes aos encontrados na RSA, algumas características são distintas: a. Rinorreia em menor quantidade b. Epistaxe c. Obstrução menos frequente d. Tosse é comum e. Dor facial é menos frequente f. Destruição do epitélio olfatório e osso subjacente ● Nasoangiofibroma juvenil O angiofibroma nasofaríngeo juvenil (ANJ) é uma neoplasia vascular relativamente incomum, com uma histologia benigna, porém localmente invasivo. Ocorre quase que exclusivamente em adolescentes do sexo masculino, representando menos de 5% dos tumores de cabeça e pescoço. Apesar de raro, o angiofibroma nasofaríngeo juvenil é a neoplasia benigna mais comum da rinofaringe. O local de início é controverso, mas pode ser que sua origem seja no lábio superior do forame esfenopalatino, na junção entre o processo pterigóideo do osso esfenóide e o processo palatino do esfenóide. O sintoma mais comum é a obstrução nasal unilateral, que evolui para obstrução nasal total, com epistaxes recorrentes que variam em frequência e intensidade. O exame otorrinolaringológico revela um tumor violáceo e endurecido, preenchendo usualmente a fossa nasal e a nasofaringe. Nos casos avançados, deformidades do dorso nasal, assimetrias faciais e proptose, com ou sem oftalmoplegia, podem ser observados. O diagnóstico também é feito com uma TC que mostra tumor em fossa nasal, com alargamento do forame esfenopalatino e fossa pterigopalatina. Um sinal característico é a anteriorização da parede posterior do seio maxilar. Além disso, a TC pode demonstrar bem erosão óssea, tanto ao nível do forame esfenopalatino, como dos processos pterigóideos e outros seios paranasais, como o esfenoidal. A ressonância magnética (RM) consegue identificar melhor os limites tumorais, como diferenciar o tumor de possíveis secreções ou de outras estruturas, por isso é mais recomendado para estudar invasão tumoral intraorbitária ou intracraniana. A angiografia confirma a vascularização desse tumor, cuja artéria principal origina-se da artéria maxilar ipsilateral, um ramo da artéria carótida externa, com suplemento adicional ocasional proveniente de outros ramos da carótida externa, assim como ramos tanto da artéria carótida interna ipsilateral ou da artéria carótida externa contralateral. As características clínicas associadas às alterações típicas dos exames de imagem permitem diagnóstico pré operatório relativamente seguro. Catarina Nykiel - MedManas ● Perfuração de septo nasal As perfurações do septo nasal são achados ocasionais no exame otorrinolaringológico. A maioria dos pacientes são assintomáticos, sendo estimado que aproximadamente 2/3 das pessoas acometidas não apresentem queixa nasal. A ausência de sintomas está relacionada diretamente ao tamanho da perfuração e a sua localização no septo nasal. As perfurações de tamanhos maiores estão relacionadas com o aparecimento de crostas, sangramentos, rinorreias, sensação de obstrução nasal, alterações do olfato, dor nasal, cefaléia e cacosmia. Se a umidade nasal está preservada, a perfuração septal geralmente é assintomática. As possíveis causas são doenças granulomatosas (sífilis ou leishmaniose), traumas, cauterizações, entorpecentes como a cocaína e corticosteróides. ● Aneurismas intra e extranasais da artéria carótida interna A epistaxe com origem na artéria carótida interna intracraniana é uma condição rara. Sua causa comum é o rompimento de um aneurisma ou pseudoaneurisma. A formação de um aneurisma ou pseudoaneurisma na ACI intracraniana está relacionada a trauma brusco ou penetrante, cirurgia, procedimentos endovasculares, inflamação ou radiação, vasculopatias e alterações genéticas. Sua manifestação através de isquemias cerebrais ou pela ruptura e consequente hemorragia, pode ocorrer meses ou anos após a sua formação. A angiografia por subtração óssea permanece como padrão ouro para o diagnóstico de rotura, embora alguns autores apontem a angiotomografia computadorizada como opção para screening inicial. ● Corpo estranho Quando a epistaxe é unilaterale acompanhada de drenagem nasal de odor fétido, deve-se presumir a presença de corpo estranho até que se prove o contrário. O corpo estranho pode causar irritação da mucosa, laceração e / ou ulceração. Se o corpo estranho esteve no nariz por apenas um curto período (minutos a horas), sua tentativa de remoção pelo paciente ou pelos pais pode ser a causa do sangramento nasal. Se o corpo estranho estiver no local há vários dias, a drenagem fétida geralmente estará manchada de sangue. Corpos estranhos nasais são encontrados com mais frequência no assoalho do nariz, logo abaixo da concha inferior ● Tumores A epistaxe pode surgir como um sintoma de neoplasia nasal. Os tumores nasofaríngeos são mais comuns em pacientes com herança chinesa e do sudeste asiático. Os tumores mais comuns associados são: a. Carcinoma de células escamosas b. Carcinoma adenóide cístico c. Melanoma d. Papiloma invertido ● Doença de osler-weber-rendu: teleangiectasia hemorrágica hereditária A telangiectasia hemorrágica hereditária (HHT) antes chamada de Osler-Weber-Rendu é um distúrbio autossômico dominante, de desenvolvimento da vasculatura. As epistaxes podem começar na infância ou mais tarde, na adolescência. É causada por mutação nos genes que codificam os receptores de sinalização do: a. Fator beta de transformação de crescimento b. Endoglina c. Activina receptor-like-kinase 1 A HTT pode ser causada por mutações em pelo menos cinco genes. Três delas foram identificadas, e a análise molecular para sua identificação está disponível; essas mutações, em ENG, ALK1 e SMAD4, ocorrem em cerca de 87% das famílias com HTT. Quando a mutação familiar é conhecida, os testes moleculares têm um custo-benefício muito mais favorável do que quando é preciso fazer rastreios repetidos de todos os consanguíneos em risco. Geralmente, aparecem telangiectasias pontuais nos lábios, língua, dedos, pele. Podem ocorrer malformações arteriovenosas (AVMs) no encéfalo, nos pulmões e no fígado, em qualquer idade. O sangramento do trato gastrintestinal é devido a malformações vasculares nas mucosas, e geralmente não traz problemas até a metade da idade adulta ou mais tarde. AVMs pulmonares podem causar hipoxemia (com Catarina Nykiel - MedManas cianose periférica, dispneia e deformação nas unhas) e uma derivação da direita para a esquerda (com AVE isquêmico ou abscesso encefálico). Pessoas com grupo sanguíneo O têm uma expressão mais baixa do fator de von Willebrand e, portanto, uma tendência relativa ao sangramento Os critérios diagnósticos são: epistaxes recorrentes, AVMs viscerais, telangiectasias mucocutâneas e ser consanguíneo próximo de um indivíduo claramente afetado. A arteriografia por RM ou TC detecta AVMs. ● Doença de von Willebrand É uma doença hereditária da coagulação com maior prevalência. O (FvW) é uma glicoproteína existente no plasma e nos grânulos a, citosol e membrana das plaquetas é constituída por uma série de oligômeros contendo um número variável de subunidades. Sua função é: 1. Medeia a adesão plaquetária a locais de lesão vascular, ou seja, atua como ponte entre os receptores na membrana das plaquetas e o subendotélio exposto, ou entre as plaquetas e as células endoteliais alteradas. 2. Função primordial na formação do trombo plaquetário: ele media a aglutinação das plaquetas 3. Protege o fator VIII da coagulação da degradação plasmática, impedindo a sua inativação pela proteína C ativada e a sua ativação pelo factor X activado. O quadro clínico é inexistente ou dominado por hemorragias ligeiras cutâneas ou mucosas. Por outro lado, nas formas severas, em que a quantidade plasmática de FVIII é baixa, podem existir hemartroses e hematomas intramusculares dissecantes graves. É importante ter presente que a ocorrência de petéquias é rara, sendo mais comuns as epistaxe (em cerca de 60% dos doentes), hemorragias gastrintestinais (em cerca de 10% dos doentes), menorragias (em cerca de 35 a 65% das mulheres afetadas), equimoses fáceis e hematomas (em cerca de 40% dos doentes) e gengivorragias (em cerca de 35% dos doentes). Pode surgir angiodisplasia em vários locais, especialmente no tubo digestivo. As manifestações hemorrágicas tornam-se menos severas com a idade. ● Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) A insuficiência cardíaca congestiva pode ocorrer como consequência de qualquer doença que afete o coração. A pressão elevada que ocorre nessa patologia pode causar a ruptura de pequenos vasos sanguíneos da mucosa nasal. ● Coarctação de aorta A coarctação da aorta é a redução do calibre da aorta que provoca hipertensão dos membros superiores. Pode ocorrer em qualquer ponto da sua extensão, ainda que mais frequentemente se localize a jusante do tronco arterial braquiocefálico. Cerca de dois terços das crianças com esta malformação desenvolvem hipertensão arterial. As manifestações clínicas dependem do local e da extensão da obstrução, bem como da presença de anomalias cardíacas associadas, sendo a mais frequente a válvula aórtica bicúspide, presente neste caso. Pode ainda associar-se a aneurisma de Berry ou disgenesia gonadal (síndroma de Turner). A maior parte dos doentes têm mínimos ou poucos sintomas, apesar da hipertensão arterial grave, sendo os mais frequentes as cefaleias, episódios de epistaxe e extremidades frias. O diagnóstico pode ser feito pela diferença acentuada de amplitude entre os pulsos dos membros superiores. A clássica combinação de hipertensão nos membros superiores com pulsos diminuídos ou ausentes nos membros inferiores, detectada numa criança ou adolescente, sugere a coarctação e uma diferença acentuada das pressões arteriais entre os dois membros superiores, sugere que a coarctação se situa entre as origens das duas artérias subclávias. ECG caracteristicamente mostra sinais de hipertrofia ventricular esquerda. Na maior parte dos doentes, o diagnóstico é feito a partir dos achados clínicos em combinação com os dois exames referidos. Os principais riscos são devidos à gravidade da hipertensão arterial e incluem o aparecimento de aneurismas e hemorragias cerebrais, ruptura da aorta, insuficiência cardíaca congestiva e endocardite bacteriana. Outros sinais: hiperfonese da 2° bulha nas áreas aórtica e mitral, ; estalido proto-sistólico aórtico, principalmente na área mitral (dilatação da aorta ascendente); sopro ocupando a meso-telessístole e avançando até a proto-mesodiástole na região do dorso esquerdo (turbulência no local da CoAo). Na coarctação de aorta pode levar ao aumento da pressão venosa que se transmite para os vasos da zona de Kiesselbach ou de Little. Catarina Nykiel - MedManas ● Corticoides nasais O uso de esteróides nasais tem aumentado bastante e eles possuem uma contribuição para aumento da incidência de hemorragias nasais anteriores. Ex: beclometasona hidrofluoralcano, furoato de fluticasona.. Porém, alguns estudos mostram que esse sangramento costuma ocorrer somente em pacientes que já tem uma mucosa nasal friável e maior risco de traumas durante a aplicação. ● Uso de anticoagulantes Ocorre em pacientes anticoagulados, que possuem alto risco de sangramento nasal. Outro fator é o uso de aspirina, a qual os estudos ainda são contraditórios mas pode estar associado a aumento dos sangramentos nasais. ● Fatores climáticos O baixo teor de umidade do ar ambiente pode resultar em secura e irritação da mucosa. ● Fatores diversos: deficiência vitamínica, infecções e doenças sistêmicas graves !!! HAS não é causa e sim um fator que prolonga a situação, sendo considerado o principal fator de risco para sangramento posterior. ● Trombastenia de Glanzmann É um raro distúrbio na função plaquetária, resultante de uma deficiência do receptor de fibrinogênio em uma glicoproteína plaquetária, a GPIIB/IIIa, um conjunto de integrina na superfície das plaquetas que passa por mudanças estruturais quando as mesmas são ativadas. Ela afeta assim a linha megacariocítica e é caracterizada por déficit de agregação plaquetária. É uma patologia recessiva manifestações clínicas variam de um indivíduopara outro, indo desde um leve sangramento até quadros hemorrágicos severos potencialmente fatais. Os sintomas são mais apresentados durante a infância e podem ser: propensão a contusões, epistaxe, menorragia, sangramento gengival e sangramento anormal após procedimentos cirúrgicos. O diagnóstico é feito através de exames que verifiquem o tempo de sangramento e agregação plaquetária. Baseia-se na existência de hemorragia mucocutânea e morfologia plaquetária normal. A deficiência de alfaIIbbeta3 plaquetária deve sempre ser confirmada, podendo ser feita através da utilização de anticorpos monoclonais e citometria de fluxo. ● Policitemia É definida como um aumento da hemoglobina acima do normal. Pode ser um aumento real ou apenas aparente devido a uma redução do volume plasmático (policitemia relativa). Os pacientes com policitemia podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas relacionados ao aumento da massa eritrocitária ou o processo mórbido subjacente que leva ao aumento da massa de eritrócitos. Os sintomas dominantes estão relacionados com a hiperviscosidade e trombose venosa e arterial. As manifestações incluem desde isquemia digital até a síndrome de Budd-Chiari, com trombose da veia hepática. As tromboses dos vasos abdominais são comuns. Pode haver sintomas neurológicos como vertigem, zumbido, cefaléia e perturbações visuais e com frequência hipertensão. Os pacientes podem exibir equimoses de ocorrência fácil, epistaxe ou sangramento do trato gastrintestinal. É comum a ocorrência de úlcera péptica. Os pacientes com hipoxemia podem manifestar cianose com esforço mínimo ou cefaléia, redução da acuidade mental e fadiga. ● Drogas Os fármacos podem alterar a hemostasia por várias vias, seja causando trombocitopenia por reação auto-imune, seja com agentes plaquetários primários (aas, dextrano e dipiridamol) ou drogas que prolongam o tempo de sangramento (B-lactâmicos, heparina e ativadores do plasminogênio) ou ainda fatores da coagulação (penicilina, aminoglicosídeos e isoniazida). Metais pesados (fósforo, mercúrio e cromo) estão associados a epistaxe, assim como toxinas presentes em afecções como a febre tifóide, febre reumática, difteria nasal, hanseníase, dentre outros. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) e o ácido acetilsalicílico (AAS) são as medicações mais associadas à epistaxe, por inibir a agregação plaquetária. Já os anticoagulantes (warfarina, enoxaparina, heparina) podem induzir ao sangramento pela inibição da síntese de fatores de coagulação ligados a vitamina K. Outras substâncias também podem inibir a agregação plaquetária, como alho, ginkgo biloba e ginseng (os 3 Gs, em inglês). ● Anemia aplásica Catarina Nykiel - MedManas É uma pancitopenia com hipocelularidade da medula óssea. A anemia aplásica pode surgir abruptamente ou de maneira insidiosa. Sangramento é o sintoma inicial mais comum; o paciente queixa-se de fácil aparecimento de equimoses, sangramento das gengivas, epistaxe, fluxo menstrual intenso e, algumas vezes, petéquias de vários dias a semanas de duração. Diagnóstico ● Anamnese Quantificar o sangramento: feito através do número de toalhas, papéis sujos Frequência Episódio isolado ou recorrente Uni ou bilateral Hábitos e vícios Medicações em uso Doença associada: como doença arterial coronariana e doença pulmonar obstrutiva crônica. História de trauma: crianças < 2 anos dificilmente tem sangramento, podendo o abuso infantil ser a causa. ● Exame físico É importante avaliar os sinais vitais, o estado mental e as vias aéreas do paciente, procurando sinais de comprometimento das vias aéreas ou choque hipovolêmico. Em pacientes com hemorragias nasais recorrentes, o paciente deve ser avaliado para sinais de coagulopatia como equimoses, petéquias e lesões telangiectásicas. ATENÇÃO: o paciente pode estar sentindo dor e por isso deve-se fazer anestesia local antes da avaliação detalhada, isso é feito com lidocaína 2% ou lidocaína com epinefrina. Se for criança, pode ser necessário entrar com sedação. Exame do nariz: é feito o exame com um espéculo nasal e pode-se usar o dedo indicador para pressionar a asa nasal contra a lâmina para impedir que a lâmina se mova e assim reduzir o desconforto para o paciente. Os coágulos podem ser eliminados com aspiração ou pedindo que o paciente assoe suavemente. 1. Inspecione o plexo de Kiesselbach pois a maioria dos sangramentos se origina aqui. Observe atentamente se há sangramento, ulceração ou erosão. Pode ser útil deslocar o coágulo suavemente com um cotonete para identificar a origem do sangramento. 2. Inspecione o vestíbulo nasal, septo e cornetos que também podem ser fontes de sangramento. Como diferenciar sangramentos anteriores de posteriores??? A melhor maneira é colocando um tampão nasal anterior bilateral e examinando o paciente. Se o sangramento for rápido, sugere fortemente uma fonte posterior. ● Testes laboratoriais A avaliação laboratorial é apropriada nas seguintes crianças: a. Epistaxe prolongada apesar de pressão local b. Epistaxe refratária a medidas agudas para interromper o sangramento c. Crianças < 2 anos d. Epistaxes + de 2 a 3x por semana durante várias semanas e. História ou achados de exame físico sugestivos de um distúrbio hemorrágico ou outra doença sistêmica. Pode-se pedir: tipo de sangue e triagem, hemograma completo, tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial ativado, RNI e avaliação para doença de von Willebrand. - Estudos de coagulação e outros testes Um tempo de protrombina (TP) pode ser pedido para pacientes anticoagulados. Um hematócrito, tipo e prova cruzada devem ser obtidos no cenário de hemorragia maciça ou prolongada. ● Avaliação radiológica A TC ou RM devem ser feitas se houver suspeita ou visualização de massa. Catarina Nykiel - MedManas Manejo - Tratamento ABCD! A. Avaliar perviedade das vias aéreas C. Avaliar epistaxe ativa Importante fazer inspeção externa e da cavidade oral! 5 passos! PRIMEIRO: afrin (oximetazolina) spray nasal, 10 a 15min de compressão direta e lidocaína para anestesia se houver muita dor para comprimir (história de trauma). Para obter o tamponamento, o paciente deve exercer pressão de forma adequada, segurando a asa do nariz distalmente e apertando firmemente contra o septo. Outra manobra possível é fazer o paciente inclinar-se para frente, colocando um tampão de algodão no nariz. SEGUNDO: embeber a gaze com lidocaína e adrenalina para gerar vasoconstrição local, colocar na narina afetada e comprimir. TERCEIRO: cauterização química com nitrato de prata ou ácido tricloroacético (feitas com um cotonete) com cuidado pois pode gerar uma esclerose dos vasos e espessamento da mucosa. Deve-se cauterizar pequena área ao redor do vaso e cauterizar apenas um lado pois pode causar isquemia septal. Pode ser cauterização elétrica também. Ps: pode causar rinorreia e formação de crostas. QUARTO: tamponamento nasal feito com dedo de luva ou espumas trombogênicas (surgicel ou gelfoam - absorvível) ou gaze com vaselina. Feito com ácido tranexâmico (100 mg/ml) numa gaze ou balão anterior em um frasco de 5ml do transamin e manter por 48h. Caso seja um paciente ansioso, pode ser feita uma dose parenteral de medicamento ansiolítico como lorazepam. QUINTO: caso não haja melhora normalmente é de origem posterior e deve-se usar o balão posterior ou sonda de foley. NÃO TEM BALÃO POSTERIOR, O QUE FAZER? Cateter de foley de 10 a 14 1. Posicione o paciente e faça o pré-tratamento com anestésico e vasoconstritor 2. Inserir na nasofaringe parcialmente insuflado 5 a 7ml de água 3. Tracionar e adicionar mais 5 a 7ml 4. Fixar com gaze + vaselina ao redor do cateter Seguimento: a. Paciente de sangramento anterior: se houver melhora após manejo inicial deve-se observar por 3-6h e após isso dar alta. Deve-se orientar o paciente a se apresentar num pronto-socorro caso haja recorrência do sangramento. Catarina Nykiel - MedManas Seguimento ambulatorial com otorrino em 2-3 dias. NÃO há evidências da necessidade de antibióticos pois a incidência da síndromede choque tóxico é muito baixa. Só alerta-se para febre, descamação e hiperemia da mucosa. Prevenção: b. Sangramento posterior: posicionar sonda de foley e encaminhar prontamente para otorrino. Síndrome do choque tóxico A incidência de síndrome do choque tóxico é estimada em 16 a cada 100 mil pacientes. Porém, é importante ficar atento aos sinais como febre, hipotensão, descamação e hiperemia da mucosa. Os antibióticos sistêmicos parecem ser de pouca utilidade na redução do transporte nasal de Staphylococcus aureus (S. aureus). Além disso, o uso pode causar reações alérgicas e o desenvolvimento de cepas bacterianas com resistência a antibióticos. Prefere-se evitar a administração de antibióticos rotineiramente para profilaxia contra infecção em pacientes com tamponamento nasal anterior. A decisão de prescrever antibióticos é apropriadamente individualizada para o paciente. Pode ser razoável tratar pacientes com maior risco de infecção, como diabéticos, idade avançada ou imunossupressão. Se necessário: amoxicilina-clavulanato ou cefalosporina de primeira geração. Pode ser mupirocina tópica. Falhas de tratamento - cirurgia O manejo das falhas do tratamento conservador varia de acordo com os recursos disponíveis e o cenário clínico. O tratamento cirúrgico pode ser feito e é realizado por via endoscópica e pode incluir ligadura da artéria esfenopalatina ou etmoidal anterior. Uma forma também é a embolização angiográfica que tem tido resultados que se aproximam do tratamento cirúrgico. Catarina Nykiel - MedManas
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