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Tromboembolismo pulmonar Introdução A trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar faz parte do aspecto da doença tromboembolismo venoso., sendo o TEP a terceira causa de DCV no mundo. A gravidade do TEP vai depender da apresentação hemodinâmica do paciente. A tríade clássica do TEP é dispneia, dor torácica pleurítica e hemoptise ocorre na minoria dos casos, a dispneia é o sintomas mais frequente.. Deve avaliar a probabilidade pré teste com escores de Wells ou Genebra, escolher o teste diagnostico e após o diagnostico estratificar o risco de morte com o escore PESI, imagem e biomarcadores, após isso deve realizar o tratamento de acordo com a categoria de risco do paciente. A primeira medida é assegurar o suporte hemodinâmico e respiratório. Etiologia e fisiopatologia A embolia é a obstrução de vasos pulmonares e pode ser por embolo aéreo, gorduroso, tumoral ou outros matérias. Ocorre por presença de algum elemento da tríade de Virchow, lesão endotelial, estase sanguínea e hipercoagubilidade. A maioria dos TEP ocorrem por pós cirúrgico, imobilidade de um membro, neoplasia maligna, condições que impedem o fluxo sanguíneo venoso como infecção e sepse, trombofilias hereditárias, obesidade, lesões vasculares doença crônica, uso de estrógeno e gravidez. Os principais sítios do TEP são veias pélvicas, poplíteas, femorais comum e femorais superficial. Os mecanismos de morte por TEP são oclusão abrupta da artéria pulmonar e efeito isquêmico no sistema de condução His- Purkinje, parte dos pacientes podem apresentar sintomas graves como disfunção direita persistente, hipertensão pulmonar crônica e dispneia incapacitante. TEP em sela ou a cavaleiro indica trombo na bifurcação da artéria pulmonar com maior instabilidade hemodinâmica e mortalidade, em ramos mais distantes classifica como lobar, segmentar ou subsegmentar. Deve caracterizar a hipotensão arterial sendo PAS < 90 mmHg ou queda da PAS em mais de 40 mmHg do basal por mais de 15 minutos ou ainda hipotensão com necessidade de uso de inotrópicos. Fatores de risco Trombofilias, fraturas de grandes ossos, cirurgias de grande porte, neoplasia, idosos, imobilização, tromboembolismo prévio, pílula anticoncepcional, reposição hormonal, cateterismo cardiovascular. Manifestações clinicas O sintoma mais comum é a dispneia súbita, o segundo mais comum é a dor torácica com caráter pleurítico ( quando o trombo é periférico, próximo a pleura, por inflamacao dessa região) ou substernal, simulando uma síndrome coronariana aguda. No exame físico pode encontrar edema assimétrico em MMII devem ser pesquisados, achados de hipertensão pulmonar como B2 hiperfonetica e sopro em foco tricúspide também podem estar presentes. Alterações dos sinais vitais ocorrem devido ao coagulo obstruindo o fluxo sanguíneo que juntos estimulam as fibras eferentes adrenérgicas para o coração e causam distúrbio ventilação perfusão pulmonar. Na ausculta de sibilos ou estertores bilaterais tornam possível um diagnostico alternativo de broncoespasmo ou de pneumonia mas não excluem TEP. Edema unilateral em membro e dispneia súbita tem alta probabilidade de TEP. TEP periférico – hemoptise, dor pleurítica, dispneia leve e infarto pulmonar TEP proximal – dispneia grave, dor retroesternal, lipotimia, sincope e choque obstrutivo. Uma das principais apresentações do TEP é dispneia não explicada por achados de ausculta, alterações no ECG ou radiografia de tórax. Exames complementares e diagnostico Oximetria de pulso e gasometria arterial – devem ser colhidos na avaliação inicial de suspeita de TEP e podem vir normal mesmo com o TEP em evolução, o gradiente alvéolo arterial é aumentado mas pode estar normal também. D-dímero – os coágulos de sangue contem fibrina que pela ação da plasmina é degradada e gera a proteína d-dímero no sangue. Ele possui alta sensibilidade e baixa especificidade para o diagnóstico. Pode ser feito por aglutinação pelo látex, simpli-RED e ELISA. Algumas situações a especificidade do d- dímero é mais baixa como pós operatório, idosos >75 anos e evento trombótico ou sangramentos recentes. Situações que aumentam o d dímero: hematomas subcutâneos, neoplasia, queimaduras, eclampsia, insuficiência renal, insuficiência hepática, isquemia coronariana, efusões pleurais, gravidez, hostpitalizados e feridas cirúrgicas. Quando a probabilidade clínica de TEP for baixa ou intermediaria e o d-dímero for negativo ajuda a excluir a possibilidade de TEP, se a suspeita for alta o d-dímero não auxilia tanto. Algoritmo YEARS exclui TEP com d-dímero < 1000yu/mL em pacientes sem nenhum dos seguintes achados: sinais clínicos de TVP, hemoptise, TEP não é a principal hipótese diagnostica. Angiografia de tórax – tem boa especificidade e sensibilidade diagnostica, identifica o coagulo ou até mesmo diagnósticos alternativos como pneumonia. Indicada para pacientes com probabilidade clinica pré teste alta ou com d- dímero positivo, permite avaliar diagnósticos diferenciais, é seguro e não invasivo, estratifica o risco em pacientes com TEP, cintilografia ventilação perfusão V/Q pode identificar defeito na perfusão em locais com ventilação normal, sendo o próximo passo caso a angiotomografia de tórax de negativo. Atualmente cintilografia V/Q serve para pacientes que não podem receber contraste iodado, ou se submeter a radiação como em gestantes, anafilaxia com contraste EV ou doença renal crônica. Se a cintilografia for negativa exclui o TEP agora se for positiva aumenta as chances de ser TEP Eletrocardiograma – os achados mais comum no ECG são taquicardia, inversão de onda T em V1 e alterações do segmento ST em V1 a V4.. pode estar presente bloqueio incompleto do ramo direito e o achado clinico clássico mas incomum S1Q3T3. Esses achados referem elevação das pressões em câmaras direitas. Poderá apresentar S1Q3T3 (S ampla em D1, Q presente em D3 e T invertida em D3). Alguns pacientes há onda T invertida em V1, V2 e V3/V4. Radiografia de tórax – o paciente pode apresentar cardiomegalia, atelectasia basal e infiltrado ou derrame pleural. Pode apresentar achados como sinal de Westermark significando obstrução completa da artéria lobar, opacificação periférica em formato de cúpula, corcova de Hampton indica infarto pulmonar, sinal de Fleichner que consiste na artéria pulmonar central distendida. Ecocardiografia – tem maior utilidade na estratificação do TEP, pode mostrar sinais de sobrecarga de VD. Arteriografia pulmonar – a angiografia pulmonar identifica um coagulo como um defeito de enchimento dentro da artéria pulmonar, coloca um cateter na artéria pulmonar geralmente através da veia femoral. É o exame padrão ouro mas é invasivo. USG doppler de membros inferiores – usualmente reservado para pacientes com contraindicações para realizar a angiotomografia e complementar a cintilografia ou angiotomografia inconclusiva. Outros exames – função renal, coagulograma, eletrólitos, e para estratificar o TEP, troponina, BNP e ecocardiograma. Abordagem diagnostica O primeiro passo na suspeita de TEP é determinar a probabilidade clinica pré teste do paciente apresentar realmente TEP. Os pacientes classificados como de baixo risco apresentam uma probabilidade de 10 a 12% de apresentar TEP, moderado risco de 30% e alto risco de 65%.Primariamente monitorar o paciente, ver critérios de instabilidade e colher exames e ter um acesso central. Os exames úteis pra confirmar o diagnóstico dependem da probabilidade clínica, sendo eles o D- dimero, angiotomografia de tórax, cintilografia V/Q e arteriografia Estratificação dos pacientes Estratificar após o diagnóstico. O TEP é classificado com base na gravidade: TEP maciço – PAS < 90 mmHg por mais de 15 minutos e PAS< 100 mmHg com história de hipertensão ou redução > 40 % na PAS basal TEP submaciço – PA normal mas com evidencias de estrese pulmonar TEP de menor gravidade todos os outros casos Deve avaliar se o paciente está chocado ou hipotenso sendo o objetivo principal a trombólise. Se suspeita clinica forte mas o paciente está estável deve definir a gravidade pela tabela PESI. PESI classe I e II são baixo risco e pode ter tratamento domiciliar ou alta precoce com alta antes de 5 dias Pacientes classe II e IV dosar troponina e BNP, aferição de disfunção de VD ( eco ou TC ). Tratamento Suporte hemodinâmico – cristaloide em bolus de até 500 ml em pacientes hipotensos, reposição volêmica agressiva pode piorar o estresse de VD. Norepinefrina aumenta a PA, melhora perfusão coronariana e função do VD por ação inotrópica positiva, usa 0,2 a 1 mcg/kg/min, dobutamina para pacientes com índice cardíaco reduzido a 2-20 mcg/kg/min Suporte respiratório – é indicada oxigenioterapia se SaO2 <90%, para reduzir o risco hipotensão se possível outras técnicas como cânula nasal de alto fluxo ou VNI devem ser tentadas. Se VM necessária usar drogas hipotensoras durante a sedação, e prefere quetamina se hipotensão importante ou choque. Anticoagulação parenteral – as duas opções mais usadas são heparina não fracionada e a heparina de baixo peso molecular, também pode ser iniciada com rivaroxabana por VO. Probabilidade pré teste >20% para TEP é recomendado anticoagulação empírica. Heparina de baixo peso molecular uma vez ao dia inibe o fator Xa, tem como exemplo enoxaparina SC 1,5 mg/kg uma vez ao dia. Heparina não fracionada dose de ataque 80 UI / kg EV ou dose única 5000U, infusão continua de 18UI/kg/h e ajuste pela dose do TTPA. Deve ser descontinuada apenas quando o nível de INR estiver adequado INR 2-3 por 2 dias consecutivos. A anticoagulação oral domo varfarina - marevan ou os novos anticoagulantes orais deve ser instituída precocemente concomitante a parenteral. Outras opções, filtros de veia cava inferior, trombólise e embolectomia. A entrada do OS tem avaliação de risco inicial na enfermaria, classificação de Manchester para atendimento de acordo com a gravidade. A estratificação do risco é o primeiro momento. A primeira coisa que devera ser feita é apresentar ao paciente. Caso clinico Paciente do sexo masculino, 77 anos, foi encaminhado ao serviço de emergência por dispneia intensa há 1 hora, de início súbito, e dor torácica em região precordial. Sinais vitais: PA:140x100 mmHg, FC: 120 bpm, FR: 36 irpm, SatO2: 82%. Ausculta pulmonar com MV discretamente reduzido nos 2/3 inferiores do hemitórax esquerdo. Após estabilização, foi obtida história clínica mais completa com o paciente e familiares que o trouxeram: a paciente recebeu alta hospitalar há 3 dias, após 7 dias de internação devido à pneumonia adquirida na comunidade. Na internação em questão, havia apresentado boa evolução clínica com o tratamento antimicrobiano prescrito, com melhoria do padrão respiratório, e se manteve afebril desde o segundo dia desta internação. Permaneceu acamado em sua casa a maior parte do tempo pela persistência de astenia. Perguntas orientadoras: 1) Quais as medidas iniciais nesse caso ao receber o paciente no PA/PS? A primeira coisa que deverá ser feita é apresentar ao paciente. O paciente deve ser encaminhando a sala vermelha pois tem risco de parada, lá irar ter desfibrilador, material de intubação e ventilação. Deverá receber monitorização cardíaca com ECG e aferição da PA e oxímetro de pulso. Oxigênio por cânula nasal a 6 L/min. Deverá ter dois acesos venosos e colher exames. No ECG buscamos supra de ST, avaliar se o RR é regular, se tem onda P e se ela precede o QRS. O acesso venoso garante uma melhor conduta se o paciente parar. Vê se esta em ritmo sinusal olha D2, olha a distancia RR se é regular, conta a frequência cardíaca, se tem onda P, se todo P precede QRS. Ele esta com taquicardia Pode ser um achado o S1Q3TE que é onda S alargada em D1, Q presente em D3 e T invertida em D3. São sinais sugestivos de hipertensão pulmonar. 2) Qual a principal hipótese diagnóstica e diferenciais para esta piora no quadro clínico? A principal hipótese é TEP Diagnósticos diferenciais: IAM, pneumonia, pneumotórax, traumático, espontâneo ( longilinios e jovens), hipertensivo, ICC, derrame pleural, exacerbação de DPOC, dissecção de aorta, pericardite. Esses diagnósticos teriam outros achados que levariam a pensar mais neles que excluem ou colocam como diagnostico diferencial. Fazer escore de wells – fc > 100, imobilização >3 dias e diagnostico mais provável de TEP, pontua 6 pontos logo é um TEP provável. 3) Neste momento quais os exames mais indicados para confirmar o diagnóstico e/ou fornecer informações prognósticas? USG doppler de MMII, raio X ( não pede pois ira confirmar com a angiotomografia de tórax), ECG, ecocardiograma, Gasometria artérial hipoxemia com PCo2 baixa e alcalose respiratória ( se acidose respiratória paciente teria fadiga muscular), BNP e troponina para prognóstico, d-dímero ( exame sensível com valor preditivo alto, pode sofrer alteração com a idade) Função renal ureia e creatinina HMG ( anemia, leucocitose, plaquetopenia) Coagulograma d-dimero lactato se sinais de choque avaliar estabilidade hemodinâmica do paciente e se estável: Angiotomografia de tórax e se não for útil fazer cintilografia V/Q ou arteriografia ( que é o padrão ouro mas muito invasivo) 4) Quais fatores de risco poderiam estar associados ao desenvolvimento desta complicação neste caso e qual estratégia preventiva poderia sido realizada? O principal fator de risco foi a imobilização, idade avançada, hospitalização prolongada. Profilaxia Mecânica: meia elástica e pneumônica. Medicamento: enoxaparina, antes e depois da cirurgia. Em fraturas de joelho e quadril, tem a recomendação de manter até 35 dias de anti-coagulantes. Cirurgias bariátricas a recomendação é anticoagular por 15 dias, no mínimo 5) Após a estabilização do quadro, qual a prescrição mais importante para uso intrahospitalar e após a alta hospitalar? anticoagulação por no mínimo 3 a 6 meses. Heparina de baixo peso molecular estável clexane 1,5 mg/kg 1 x ao dia. SC. E ai pode mandar pra casa se PESI I ou II. Pode associar com varfarina. 5 mg, inicialmente tem ação pró coagulante. Suspende a heparina de baixo peso molecular quando atingir o INR ( alvo 2- 3) na faixa sendo avaliado na varfarina por 3 messes ( quinzenal ou semanal). Ou novos anticoagulantes orais como rivaroxabana. Heparina de baixo peso molecular (enoxaparina) + varfarina Varfarina atua na via intrínseca (2, 7, 9 e 10), proteína C e S. a varfarina, quando inibe a vitamina K, inicialmente tem atuação pró- coagulante (pela proteína C e S), por isso começa com HBPM. Novos anticoagulantes: Dabigatrana (inibidor de trombina, se usa, precisa fazer 5 dias de enoxaparina antes), xarelto (rivoxabana) e eliquiz (edoxabana) (inibidores de Xa, não precisam fazer enoxaparina antes). Varfarina tem como problema o seu controle (interações que encurtam ou aumentem o INR) Se chega na emergência com INR muito alargado por varfarina → vitamina K e fatores de coagulação (plasma fresco congelado). Para pacientes instáveis Instabilidade hemodinâmica PaS <90 mmHg OU diminuição de 40 mmHg na PA inicial sistólica Instituir cristaloide até 500 ml ( mais volume aumenta pré e pós carga de VD que piora a hipertensão pulmonar). Se não funcionar usar droga vasoativas como noradrenalina 0,1 mg/kg/min em infusão ativa e dobutamina 5 a 20 mcg/kg/min DC = FC x Volume sistólico ( se fizer dobutamina antes o paciente entra em choque, pois reduz a PA). Diagnostico com ecocardiograma evidenciando sinais indiretos como falência deVD, se o septo esta abaulando patologicamente pra o lado esquerdo, hipercinecia de ápice USG com doppler verificando poplíteas, femorais e inguinais. Trombólise com alteplase correndo de 2 a 24 . E depois tratamento como paciente estável com anticoagulante. Se não funcionar faz cateterismo e se não funcionar fazer ECMO para manter estabilidade hemodinâmica. Paciente que internam tem grande estresse emocional, tende a fazer ulcera péptica por estresse, logo deve prescrever protetor da mucosa gástrica e sangrar podendo levar a instabilidade, deve prescrever ranitidina. Heparina não fracionada para paciente instável tem antidoto o sulfato de protamina.
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