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1 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Dermatites e Eczemas Corresponde 10 a 30% das consultas dermatológicas Eczema é um tipo de dermatose inflamatória não infecciosa que se caracteriza por apresentar vários tipos de lesões = polimórfica, dependendo da fase em que vai se encontrar ▪ Agudo: pápulas e placas eritematosas e edematosas, com vesículas serosas ou até bolhas ▪ Subagudo: exsudato e crostas (permanecendo um certo grau de eritema) ▪ Crônico: placas com liquenificação e prurigo (nódulo com liquenificação) Dermatite: doenças que se manifestam com eczema ▪ Dermatite atópica ▪ Dermatite seborreica ▪ Dermatite de contato alérgica e irritativa ▪ Eczema asteatórico ▪ Eczema/dermatite de estase Dermatite atópica: É a doença crônica cutânea mais comum ▪ 10 a 30% de crianças e 2 a 10% dos adultos são acometidas ▪ Doença genética complexa (poligênica/multifatorial), que em geral começa na infância e se perpetua até a vida adulta, mas pode surgir na fase adulta também ▪ Mais prevalente em zonas urbanas e renda maior - Hipótese de higiene → É postulado que crianças com pouco contato com agentes infecciosos tende a desenvolver a imunidade adaptativa para o polo Th2 e, portanto, teriam mais a manifestação da atopia ▪ Marcha atópica → vai dizer como as doenças caminham durante a vida e as suas progressões (rinite alérgica, asma, dermatite atópica e uma possível alergia alimentar) ▪ Início precoce na infância: 2 primeiros anos - Ocasionalmente de início tardio - Existe um tipo de dermatite que acomete as grávidas 2 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Genética: ▪ História familiar positiva para DA é fator de risco (pai, mãe ou irmãos com rinite, asma, dermatite ou alergia alimentar tem o fator de risco maior para desenvolver → e desses, o gene da mãe é o que possui maior penetrância) ▪ Genes que codificam proteínas da epiderme e com funções imunológicas (principalmente a filagrinas, ela está reduzida em pessoas com DA) Disfunção da barreira: ▪ Pele xerótica/xerose → pele seca/áspera/ressecada - Alteração do estrato córneo que conduz à perda de água transepidérmica Prurido: (é um sintoma cardina, ou seja, precisa ter!) ▪ Neuropeptídeos, IL-31 ▪ Anti-histamínico são ineficazes → usa pelo efeito sedativo, principalmente a noite para a criança dormir e não fazer escoriações na pele) Quadro clínico: Tríade: xerose + prurido + eczema ▪ Xerose localizada ou generalizada ▪ Prurido acompanha em todas as fases - Interfere em atividades diárias, sono - Piora com sudorese - Ciclo prurido – coçadura – prurido - Infecção secundária (muito comum na infância) - Liquenificação (ocorre se o ciclo não for cessado) ▪ Eczema agudo, subagudo e crônico 3 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 - Sequencial ou coexistindo - Todos podem deixar hipocromia ou hipercromia pós-inflamatória DA infantil: 3 meses a 2 anos ▪ Lesões vesicossecretantes crostosas (vesícula, exsudato e crosta) ▪ Predominam na face – poupando o maciço médio-facial (região do nariz e boca) – e couro cabeludo ▪ Pescoço, superfícies extensoras e generalizadas ▪ Prurido: agitação da criança, dificuldade para manter o sono > escoriação > infecções secundárias ▪ Mais exsudativas que liquenificadas ▪ Não vê tanto o prurido porque o bebê não tem o comando do coçar, ele sente, mas não existe o comando. É possível notar, choro, irritabilidade, nervosismo Imagens: - Padrão ictioziforme (provavelmente tem uma doença genética) → na coluna 2 linha 1 da esquerda para direita - Lesão ulcerada → na coluna 3 linha 1 da esquerda para direita - Pode causar febre se tiver infectada - Saliva, chupeta (material e o que se usa para limpar) podem ser fatores agravantes DA pré-puberal/na juventude: 2 a 12 anos 4 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 ▪ Pode continuar da fase infantil ou surgir nessa fase ▪ Locais clássicos: dobras ante cubitais e poplíteas ▪ Face, pescoço, punhos, nádegas, face posterior de coxas, dorso de mãos e pés > fissuras e distrofia ungueal ▪ Lesões menos exsudativas ▪ Mais crostosas e liquenificadas ▪ Prurido com escoriação Imagens: Dermatite atópica da adolescência e do adulto: >12 anos ▪ Áreas flexoras: cervical, antecubitais e poplíteas → parece muito com a pré-puberal ▪ Punhos, mãos e mamilos ▪ Face: palidez e lesões eczematosas perioral e periorbital ▪ Mais difusas, eritematosas, descamativas, pouco exsudativas ▪ Prurido intenso > escoriações e liquenificação Imagens: Lesão muito ulcerada com crosta melicérica → na coluna 2 linha 1 da esquerda para direita Lesões prurigoides → que são nódulos escoriados Estigmas atópicos: 5 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 São manifestações muito associadas com a DA, como: a dupla prega de dennie-morgan (são infraorbitárias, não é patognomonico de DA), escurecimento periorbitário, palidez facial, ptiríase alba (maculas hipocromicas mal delimitadas), queratose pilar, hiperlinearidade de palmas e plantas, xerose, ictiose, perda da porção distal da sobrancelha Diagnostico: - Combinação de história e clínica - Critérios maiores (3 de 4 presentes): ▪ Prurido é obrigatório ▪ Morfologia e distribuição típicas de lesões de pele ▪ Dermatite crônica e recidivante ▪ Histórico pessoal ou familiar de atopia - Critérios menores (3 de 23 presentes): ▪ Estigmas ▪ IgE sérica elevada 6 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Complicações: ▪ Infecções, eczema herpético, molusco ▪ Catarata, descolamento de retina ▪ Conjuntivite, blefarite ▪ Ceratocone ▪ Retardo de crescimento → por causa das alterações da qualidade de vida Tratamento: ▪ Prevenção de fatores desencadeantes (cuidados ambientais, evitar cortina, tapetes, usar protetor de colchão e travesseiros e os expor ao sol, evitar dormir com animal de estimação, limpar ventilador, evitar banho quentes e muito demorados, usar sabonetes em um banho só e no outro usar os syndetes, evitar bichos de pelúcia) - Dar preferência ao sabonete líquido glicerinado (porque agride menos e o pH é o mais próximo da pele) do que em barra. Os sabonetes syndets são limpadores que não possuem detergentes, o custo é mais caro, mas vale a pena. Hidratar logo nos primeiros 5 minutos após o banho. ▪ Cuidados com a pele e barreira cutânea ▪ Tratar lesões agudas - Anti-inflamatórios - Antibióticos e antivirais se necessário - Imunossupressores, fototerapia, imunobiológicos ▪ Terapia proativa de longo prazo de manutenção Dermatite seborreica: ▪ Doença inflamatória crônica ▪ É comum e recorrente ▪ Acomete de 1 a 3% da população geral e 3 a 5 % em adultos jovens ▪ Predomina no sexo masculino ▪ Não há predileção racial Patogênese: ▪ Hereditariedade contribui pouco para predisposição ▪ Produção sebácea = seborreia ou não - Fator predisponente - Alteração qualitativa: triglicérides e colesterol elevados e escaleno e ácidos graxos livres reduzidos - Ácidos graxos livres são formados por ação da lipase do Propionibacterium acnes → em número reduzido ▪ Desequilíbrio da microbiota residente ▪ Fungo comensal Malassezia sp → o que está aumentado é esse fungo - Não há relação entre quantidade e gravidade - Se utilizara dos lipídeos que induzem a resposta inflamatória ▪ Cascata inflamatória - Metabolitos tóxicos, lipase, espécies reativas de oxigênio - Aumento da proliferação celular epidérmica - Diferenciação incompleta da camada córnea - Prejuízo da barreira epidérmica local Fatores agravantes: calor; umidade; uso de roupas que retém suor; estresse físico ou emocional; drogas neurolépticos, metildopa, cimetidina; doenças neurológicas: Parkinson (não se explica, mas supõe-se da 7 DERMATOLOGIA RafaelaMatos – 7º semestre – 2021.2 imobilidade), infecção pelo HIV (prevalência entre 20 e 83%); álcool, carboidratos, alimentos condimentados; diabetes; obesidade Quadro clínico: ▪ Manchas ou placas finas eritematodescamativas ▪ Mal delimitadas ▪ Escamas branco-amareladas, “graxentas” → pouco gordurosa, aderidas, localizadas ▪ Leve a moderado desconforto ▪ Áreas ricas em glândulas sebáceas - CC, face, pavilhão auricular, região pré-esternal ▪ Áreas intertriginosas ▪ Pequena extensão a eritrodermia Divisão de formas clínicas: Do lactente: ▪ Autolimitada: nos 3 primeiros meses de vida ▪ Andrógenos maternos ▪ Escamas gordurosas e aderentes sobre base eritematosa no CC: “crosta láctea” ▪ Manchas eritematoescamosas na face e áreas de dobras, regiões retroauriculares, pescoço, axilas e região inguinal - Eritema ruborizado: infecção secundária bacteriana ou candidíase ▪ Prurido discreto Do adulto: ▪ Pico de incidência entre 4ª e 6ª década de vida (adolescente também) ▪ CC, face (sulco nasogeniano, glabela), região retroauricular, conduto auditivo, pálpebras (blefarite), porções medianas do tórax, região pubiana e axilar ▪ Prurido variável ▪ Recidivas frequentes ▪ Sensível a exposição solar, calor, terapias tópicas irritantes: exacerbação e/ou disseminação ▪ Quando grave e extensa HIV? Tratamento: ▪ Controlar a inflamação ▪ Diminuir a população fúngica ▪ Diminuir a oleosidade ▪ Lactente: Cuidados gerais: limpeza, emoliente, shampoos leves para remoção de crostas Cetoconazol 2% creme se extenso e persistente ▪ Adulto: - Cremes e shampoos antifúngico - Corticosteroides de baixa potência - Enxofre, piritionato de zinco, ciclopirox olamina, ácido salicílico (não pode ser usado em crianças) *O enxofre diminui a produção do sebo Dermatite de contato: ▪ Dermatose causada por substâncias que quando entram em contato com a pele levam a uma reação inflamatória 8 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 ▪ Etiologia exógena → natureza alérgica ou irritativa ▪ Epidemiologia varia conforme exposição - Tratamento: retirar causa, uso de EPI, restaurar barreira, anti-inflamatórios Dermatite de contato alérgica: 20% dos casos de DC → sendo que desses nem todos procuram ajuda médica ▪ Reação de hipersensibilidade tardio: tipo IV mediado por células ▪ Após contato com substância já sensibilizado - Reação alérgeno-específica → sensibilização inicial → reexposição mesmo com baixo concentração → liberação de citocinas → eczemas Quadro clínico: ▪ Eczema pruriginoso ▪ Bem demarcado e localizados nas áreas de contato: placa ou mancha eritematosa vesiculosa e/ou descamativa - Aguda: bolhas, exsudação, edema - Crônica: liquenificação 9 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 10 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Exames complementar Teste de contato – bateria padrão: patch teste Dermatite de contato irritativa: ▪ 80% dos casos de DC ▪ Ativação do sistema imune inato por efeito citotóxico direto de um agente químico ou físico ▪ Não precisa de contato prévio ▪ Ocupacional Quadro clínico: ▪ Eczema agudo imediato por irritante forte com queimadura e irritação local ▪ Aguda tardia: após 8-24 horas da exposição – queimação! ▪ Cumulativo: várias exposições abaixo do limiar de tolerância da pele – predomina queratose e liquenificação 11 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 Fitofotodermatose→ limão (mancha/eczema agudo e subagudo) Eczema asteatórico ou craquele: ▪ Pele áspera, xerótica, com descamação e fissuras - Região de MMII ▪ Disfunção da camada córnea → perda de barreira Causas endógenas e exógenas: ▪ Idade avançada (quanto mais velho, maior a chance) ▪ Clima seco: piora no inverso ▪ Contato com detergentes e alcalinos ▪ Exposição excessiva a água ▪ Má nutrição e desnutrição ▪ Insuficiência renal e hemólise 12 DERMATOLOGIA Rafaela Matos – 7º semestre – 2021.2 ▪ Neoplasias ▪ Doenças hereditárias Tratamento: vaselina quando tiver fissura, orientar banhos rápidos e frio e hidratar a pele → explicar ao paciente!!!! Dermatite de estase: ▪ Faz parte do espectro clinico da insuficiência venosa crônica de MMII - Sinal precoce ou em todos os estágios o Hipertensão venosa → edema, dermatite ocre o Microangiopatia, inflamação crônica → eczema o Fibrose e remodelação tecidual→ lipodermatoesclerose o Úlceras venosas ▪ Risco de trombose e de infecções (erisipela, principalmente) ▪ Agravado por sensibilização a produtos e medicações tópicas - Prurido, xerose Antibióticos → neomicina, lanolina, antissépticos etc. Maceração, colonização → a primeira foto é um exemplo de dermatite ocre, a segunda foto é uma úlcera Referências bibliográficas:
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