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Administração Pública - UFF / CEDERJ Disciplina: TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Estudante: Rickison Luciano Pereira da Silva Polo: Itaocara Matrícula:19213110198 AD2 1. (2,5 pontos). Discorra sobre a proposta da Nova Gestão Pública e os principais mecanismos adotados para sua implementação no caso brasileiro. O modelo da Nova Gestão Pública (NGP) espalhou-se pelo mundo com a promessa de atacar dois males burocráticos: o excesso de procedimentos e a baixa responsabilização dos burocratas frente ao sistema político e à sociedade. A proposta básica foi flexibilizar a administração pública e aumentar a accountability com uma nova forma de provisão dos serviços, baseada na criação de entidades públicas não estatais como as organizações sociais (OS). No Brasil, a experiência reformista se inicia em 1995 com as ideias do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. No campo da saúde, o caso de São Paulo constitui um caso paradigmático para avaliar a implantação da NGP no Brasil. A promessa de maior accountability avançou, mas ainda não alterou o insulamento do Poder Executivo e a baixa capacidade de controle institucional e social sobre ele. Ideias e reformas ancoradas na chamada Nova Gestão Pública (NGP) proliferaram nos últimos 20 anos, alimentando processos de mudança em diversos países, a fim de atacar dois males burocráticos: a ineficiência relacionada ao excesso de procedimentos e controles processuais, e a baixa responsabilização dos burocratas frente ao sistema político e à sociedade. Para alcançar esses objetivos, sua proposta básica foi flexibilizar a administração pública e aumentar a accountability ou responsabilização governamental. O Brasil não ficou de fora dessa onda reformista. O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, formulado pelo então Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (Mare), seguiu muitas das linhas básicas da Nova Gestão Pública. Além disso, vários governos estaduais adotaram posteriormente essas novas formas de gestão. É possível resumir a preocupação central da Nova Gestão Pública como a combinação entre a flexibilização da gestão e o aumento da responsabilização da administração pública. A implementação dessa proposta, contudo, depende da peculiaridade dos países, principalmente no que se refere ao legado estatal e à dinâmica política, como realçam os principais estudos comparativos. A singularidade do caso brasileiro, realçam esse aspecto. As OSSs, como são conhecidas, são entidades supostamente sem finalidade lucrativa, que firmam contratos com a administração pública para gerenciamento e prestação de atividades de interesse social (saúde, educação, cultura, ciência e tecnologia, entre outros). Criadas na gestão FHC com forte inspiração neoliberal, elas constituem um modelo já hegemônico de gestão de ações e serviços de saúde no âmbito do SUS e são justificadas com o argumento de uma suposta maior eficiência, ou pelo menos menores entraves à execução dos serviços, uma vez que não estão obrigadas a realizar processo licitatório para suas compras nem concurso público para suas contratações de pessoal. 2. (2,5 pontos). Apresente as principais características do modelo das organizações sociais (OSs). As Organizações Sociais (OSs) são pessoas jurídicas de direito privado, sem finalidade lucrativa, criadas para prestar serviços sociais não-privativos do Poder Público, mas por ele incentivadas e fiscalizadas, e assim qualificadas após o ajuste de um contrato de gestão. O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei. Trata de uma qualificação jurídica conferida a uma entidade sem fins lucrativos, que preencham as exigências legais; segundo, que a área de atuação é restrita aos serviços públicos não exclusivos do Estado; terceiro, a necessidade da formalização de um contrato de gestão, que estabelece o vínculo entre as OSs e o Poder Público. 3. (2,5 pontos). Quais os principais resultados do artigo em relação ao desempenho das organizações sociais na área de saúde e, também da responsabilização, a denominada accountability? A importância que o Plano Diretor confere ao tema do controle reflete o destaque que a discussão em torno da utilização do termo “accountability” ganhou tanto no Brasil como na América Latina. Na sua acepção original, “accountability” diz respeito “ao cumprimento de uma obrigação do funcionário público de prestar contas, seja a um órgão de controle, ao parlamento ou à própria sociedade” Essa obrigatoriedade é inerente à palavra, e todo agente público deve estar ciente dessa obrigação – trata-se de um valor metapolítico. Por isso, a análise da accountability envolve o estudo dos diferentes mecanismos institucionais de responsabilização, divididos em duas vertentes. A primeira é a dimensão vertical da accountability, que tem nas eleições seu principal instrumento e traz para a cena o mecanismo tradicional de premiação e castigo. A outra dimensão da accountability corresponde aos mecanismos horizontais, ou o “velho tema da divisão dos poderes e dos controles e equilíbrios entre eles” ). O desenvolvimento da democracia também trouxe novas instituições que complementam o controle mútuo exercido entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, como o controle por resultados e por mecanismos de participação social. Uma vez estabelecidos os parâmetros, o controle sobre as OS ocorre a partir do acompanhamento e da avaliação dos resultados obtidos pela entidade, que são comparados com o que foi previamente acordado no contrato de gestão, o que configura a “responsabilização pelo controle de resultados”. Isso é feito pela Comissão de Avaliação, sob a responsabilidade do “órgão ou entidade supervisora da área de atuação correspondente à atividade fomentada” (BRASIL, Lei nº 9.637/98). Os relatórios conclusivos são enviados ao órgão supervisor, cujos membros devem ser indicados pela autoridade supervisora. Mas a adoção do modelo das OS teve forte vinculação com o contexto financeiro vivido pelo governo Mário Covas. Como não poderia aumentar mais seus gastos com pessoal por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o então governador optou por transformar os novos hospitais em OS, porque se o fizesse pela via da administração direta estaria batendo de frente com a nova ordem financeira estabelecida pela União. Cabe ressalvar que a forma como foi feita a opção por flexibilizar a gestão nesse caso da Saúde pode eventualmente gerar apenas uma válvula de escape para as contas públicas, quando a transformação do modelo de gestão deveria ser uma solução mais profunda e de longo prazo. Os avanços de gestão das OS da Saúde em São Paulo são evidenciados por dados referentes à eficácia e eficiência dos gastos públicos e à área de recursos humanos, ainda mais quando comparados ao desempenho dos hospitais estatais paulistas. A explicação desse sucesso das OS tem a ver, basicamente, com três fatores. Primeiro, com a flexibilização administrativa, que favorece um melhor gerenciamento. Segundo, com o mecanismo do contrato de gestão, que aumenta a capacidade de planejar e executar por meio de metas capazes de serem avaliadas. Por fim, com o êxito do modelo de repasse a entes públicos não estatais, que só deu certo em São Paulo, porque foi constituído um núcleo burocrático estratégico na Secretaria de Estado da Saúde, capaz de regular, monitorar, avaliar e, eventualmente, alterar o rumo do processo de contratualização. Ressalte-se que esses três aspectos também aparecem nas experiências bem-sucedidas de outros países no campo da gestão por resultados. 4. (2,5 pontos). Quaisas críticas ao modelo de OSs na área de saúde no município de São Paulo apresentadas pelos autores do texto publicado no jornal Le Monde Diplomatique Brasil? o aspecto mais perverso do modelo de OSS: a socialização do prejuízo. Não bastasse o caráter problemático da sucessão entre entidades distintas para a continuidade da prestação desses serviços essenciais, o custo trabalhista com o pagamento de verbas rescisórias, ao fim e ao cabo, será custeado ou pelo erário público (quando pago) ou pelos empregados (quando não pago). Precarização do trabalho na área da saúde, em especial nas categorias não médicas. Mudar o modelo para arrochar salários e dispensar trabalhadores, sem reconhecimento da qualidade no atendimento, é mais do mesmo na história das políticas públicas de saúde do município, entre elas o fatídico antecessor das OSSs, o PAS. A perversidade do modelo de OSS reside justamente na incapacidade de pensar a organização de um modelo público de saúde a longo prazo, incorrendo em um imediatismo destrutivo, e na invariável socialização do prejuízo que ele acarreta. Mudar para que tudo continue como está ainda é, afinal de contas, a nota central no arranjo político de São Paulo. Referências Bibliográficas: "Le Monde Diplomatique Brasil" "A História Recente das Organizações Sociais no Município de São Paulo".; "Promessas e resultados da Nova Gestão Pública no Brasil: o caso das Organizações Sociais de Saúde em São Paulo" de autoria de Hironobu Sano e Fernando Abrúcio (2008). https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/1463389/mod_assign/intro/Texto%20Le%20Monde%20Diplomatique_Organiza%C3%A7%C3%B5es%20Sociais%20%28OSs%29%20SP.pdf https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/1463389/mod_assign/intro/Texto%20Le%20Monde%20Diplomatique_Organiza%C3%A7%C3%B5es%20Sociais%20%28OSs%29%20SP.pdf https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/1463389/mod_assign/intro/SANO_ABRUCIO_promessas%20e%20resultados%20da%20gest%C3%A3o%20p%C3%BAblica%20no%20Brasil.pdf https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/1463389/mod_assign/intro/SANO_ABRUCIO_promessas%20e%20resultados%20da%20gest%C3%A3o%20p%C3%BAblica%20no%20Brasil.pdf https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/1463389/mod_assign/intro/SANO_ABRUCIO_promessas%20e%20resultados%20da%20gest%C3%A3o%20p%C3%BAblica%20no%20Brasil.pdf
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