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Atividade a Distância 2 – AD2 1. Discorra sobre a proposta da Nova Gestão Pública e os principais mecanismos adotados para sua implementação no caso brasileiro. O novo modelo de administração pública se espalhou pelo mundo com a promessa de lidar com dois males burocráticos: as práticas extremas e a baixa responsabilização dos burocratas perante o sistema político e a sociedade. A experiência da reforma no Brasil começou em 1995 com as ideias de um plano diretor para reformar o aparelho de Estado. A promessa de maior responsabilidade evoluiu, mas a baixa capacidade de isolamento do Poder Executivo e de controle institucional e social sobre ele ainda não mudou. As ideias e reformas englobadas pela chamada Nova Administração Pública evoluíram nos últimos 20 anos e estimularam processos de mudança em diversos países na tentativa de enfrentar dois males burocráticos: a inadequação. A eficiência inclui muitos controles procedimentais e procedimentais e baixos níveis de responsabilidade dos funcionários públicos perante o sistema político e social. O Brasil não é exceção nesta onda de reformas. O Plano Diretor de Reforma do aparelho do Estado seguiu muitas das linhas fundamentais da Nova Administração Pública elaborada pelo então Ministério Federal da Administração e Reforma do Estado. Além disso, vários governos estaduais posteriormente adotaram essas novas formas de governo. É possível resumir o interesse central da Nova Administração Pública como uma combinação de gestão flexível e maior responsabilidade da gestão pública. No entanto, a implementação desta proposta depende das características dos países, particularmente em termos de patrimônio nacional e dinâmica política, conforme evidenciado por estudos básicos comparativos. Para concretizar os objetivos da NGP, três mecanismos são essenciais: Adoção de uma gestão pública orientada para os resultados baseada em mecanismos de gestão contratual com objetivos, indicadores e métodos de cobrança dos gestores e apoiada na transparência das ações governamentais, permitindo um maior controlo sobre os cidadãos e a utilização de outros instrumentos de gestão. Além disso, a contratilidade pressupõe a existência de uma pluralidade de prestadores de serviço público que Bradach e Eccles chamam de plural de gestão. Desta forma, é possível introduzir formas contratuais de gestão em estruturas estatais e entidades públicas não estatais. Finalmente, a combinação de flexibilização da burocracia e aumento da responsabilidade pela administração pública terá mais sucesso se os mecanismos de controle institucional funcionarem adequadamente. Esse é o aspecto mais difícil no caso do Brasil. Referência: SANO, Hironobu; ABRUCIO, Fernando Luiz. Promessas e resultados da Nova Gestão Pública no Brasil: o caso das organizações sociais de saúde em São Paulo. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 48,n. 3,p. 64-80, set. 2008. 2. Apresente as principais características do modelo das organizações sociais (Oss). Criados com forte inspiração neoliberal na governança FHC, esses produtos já constituem um modelo hegemônico de gestão das ações e serviços de saúde no SUS e se justificam com base na suposta maior eficiência, ou, pelo menos, menos barreiras, execução de serviços. Uma vez que não são obrigados a realizar um processo de licitação para a sua compra ou a realizar um concurso público para a contratação de pessoal. O modelo OSS, introduzido no município seis anos após o encerramento do PAS, traz as mesmas diretrizes gerais para contratação com terceiros, bem como para transferência de ativos e transferência de recursos, mas com algumas diferenças. Em vez de cooperativas, o modelo OSS criou um título concedido a pessoas jurídicas sem fins lucrativos de direito privado e, em vez de um acordo, criou um contrato de gestão, um instrumento de parceria entre poderes públicos e particulares. A iniciativa de implementar o modelo OSS no nível municipal continuou a se espalhar rapidamente, embora os prefeitos filiados ao PSDB e ao DEM ajuizassem Ação Inconstitucional Direta questionando a constitucionalidade do modelo OSS. Sob a direção do prefeito Fernando Haddad. O anúncio de novembro de 2014 sobre a reestruturação do modelo de OSS municipal apresentou uma nova distribuição regional das zonas de saúde e a não renovação dos contratos de gestão que então vigoravam com a assinatura de 3 novos contratos. Diante desse modelo neoliberal, as ações e serviços de saúde pública são produtos de baixíssimo valor, portanto, reduzir os custos de insumos e mão de obra torna-se uma tarefa permanente. No caso do recrutamento de pessoal, o modelo revela sua lacuna mais marcante, pois, apesar da miopia de uma administração pública tecnocrática, a contratação de trabalhadores por meio da CLT parece mais eficaz por permitir demissões desmotivadas, os custos das dispensas, eventualmente e o fim, pelos próprios trabalhadores ou custeados pelo erário público. Isso revela o aspecto mais perverso do modelo OSS: a socialização do preconceito. Acontece que a economia errada do modelo OSS é que as perdas do modelo não são suportadas pelas organizações que constituem os verdadeiros oligopólios da saúde hoje, mas pelos trabalhadores que sistematicamente vinculam e concentram seus salários. Jornada de trabalho para eles, com diminuição de pessoal e população, deterioração do atendimento. Quase dois anos após o anúncio da reformulação do modelo de OSS municipal, o que temos visto é a repetição de um ciclo de trabalho precário na área da saúde, principalmente nas categorias não médicas. Mudar o modelo para aumentar salários e demitir trabalhadores sem reconhecer a qualidade do atendimento é mais o mesmo na história das políticas públicas de saúde do município, incluindo o PAS, premissa fatídica dos OSS. A perversão do modelo OSS reside justamente na incapacidade de se pensar na regulação de longo prazo de um modelo de saúde pública, sua urgência subversiva e a constante socialização dos danos que causa. Referência: NAVARRETE, Ana Caroline, DA ROSA, Gabriel Franco. A história recente das organizações sociais no município de São Paulo. Le Monde Diplomatique Brasil, 24 mar 2017. Disponível em: https://diplomatique.org.br/a-historia-recente-das-organizacoes- sociais-no-municipio-de-sao-paulo/. Acesso em: 21 mai. 2021. 3. Quais os principais resultados do artigo em relação ao desempenho das organizações sociais na área de saúde e, também da responsabilização, a denominada accountability? A implantação da OS na área da saúde em São Paulo já foi objeto de estudos que buscaram analisar os resultados gerenciais desse modelo. Entre 2000 e 2002, Ferreira Júnior descobriu nos sistemas operacionais a capacidade de prestar mais serviços sem grandes variações financeiras em comparação aos hospitais públicos de administração direta. Segundo o autor, houve um aumento significativo de internações, atendimentos ambulatoriais e emergenciais em hospitais administrados por meio de contrato de gestão. Embora tivessem um orçamento um pouco maior do que os hospitais gerenciados por administração direta, seus custos médios eram significativamente mais baixos. Também houve avanços na gestão de pessoas. Somente quem comete crime gravíssimo pode ser destituído sob administração direta, de modo que a permanência e a igualdade de tratamento na função pública pouco têm a ver com o desempenho de qualquer funcionário. Por fim, destacam-se os avanços nessa área de transparência. Em comparação com os dados sobre gerenciamento direto, as Os fornecem mais informações sobre o desempenho gerencial e os resultados alcançados. O contrato de gestão e sua publicação esclarecem os objetivos e a missão dos sistemas operacionais de saúde em comparação com aqueles administrados diretamentepor uma autoridade pública. Essa transparência permite, teoricamente, uma maior ativação da cidadania e do controle. Porém, o sucesso da accountability depende muito de como e se as instituições responsáveis ativam seus instrumentos de controle e fiscalização. Com base num estudo do Conselho Científico do Clad, os mecanismos de responsabilização podem ser divididos em quatro grupos: responsabilização pelo escrutínio parlamentar; responsabilidade pelo controle processual; responsabilidade pelo controle social; e responsabilidade pela verificação dos resultados. Cada um desses mecanismos está relacionado às pessoas responsáveis pelo controle. A responsabilidade pelo escrutínio parlamentar reside, em princípio, no escrutínio mútuo entre o executivo e o legislativo. Mais uma vez, com base no trabalho do Clad, existem https://diplomatique.org.br/a-historia-recente-das-organizacoes-sociais-no-municipio-de-sao-paulo/ https://diplomatique.org.br/a-historia-recente-das-organizacoes-sociais-no-municipio-de-sao-paulo/ quatro mecanismos principais para o escrutínio parlamentar: submeter nomeações executivas a cargos públicos importantes para aprovação, como a presidência do banco central; controle sobre a preparação e gestão do orçamento e responsabilidades do Poder Executivo; a existência e pleno funcionamento de comissões parlamentares destinadas a avaliar políticas públicas e apurar a transparência dos atos governamentais; e audiências públicas usadas para discutir projetos de lei e programas na sociedade antes de sua implementação. Do ponto de vista da gestão e da responsabilidade, o principal elo entre o Estado e a organização social é o contrato de administração. Referência: SANO, Hironobu; ABRUCIO, Fernando Luiz. Promessas e resultados da Nova Gestão Pública no Brasil: o caso das organizações sociais de saúde em São Paulo. Rev. adm. empres., São Paulo, v. 48,n. 3,p. 64-80, set. 2008. 4. Quais as críticas ao modelo de OSs na área de saúde no município de São Paulo apresentadas pelos autores do texto publicado no jornal Le Monde Diplomatique Brasil? O PAS foi desativado em 2000, após a constatação de inúmeras irregularidades relacionadas ao uso indevido da bolsa, que foi muito criticado por conselhos de profissionais de saúde e órgãos de controle. Entre as críticas estavam as precárias condições de trabalho promovidas pelos cooperados, a ineficácia dos meios de controle e o desligamento da cidade do restante da política estadual de saúde da cidade. Após a demissão e condenação de gestores, empresários e médicos cooperativos por incumprimento administrativo, os serviços de saúde voltaram à gestão direta do município sob a direção de Marta Suplicy, com integração ao SUS. O modelo OSS, introduzido no município seis anos após o encerramento do PAS, traz as mesmas diretrizes gerais para contratação com terceiros, bem como para transferência de ativos e transferência de recursos, mas com algumas diferenças. No entanto, o órgão de controle interno para esses contratos Desde a primeira comemoração, o Centro Técnico do Contrato de Serviços de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde nunca cancelou nenhum reajuste, mesmo nos casos de repetidos descumprimentos das metas revela a fragilidade do controle exercido sobre esses contratos. O anúncio de novembro de 2014 sobre a reestruturação do modelo de OSS municipal apresentou uma nova distribuição regional das zonas de saúde e a não renovação dos contratos de gestão que então vigoravam com a assinatura de 3 novos contratos. A imposição de critérios exclusivamente quantitativos para a seleção de OSSs tem impacto direto na ruptura das relações de trabalho e cuidado, uma vez que padrões de avaliação transferidos mecanicamente de setores produtivos como a indústria para o SUS a definem como permanentemente inadequada. No caso do recrutamento de pessoal, o modelo revela sua lacuna mais marcante, pois, apesar da miopia de uma administração pública tecnocrática, a contratação de trabalhadores por meio da CLT parece mais eficaz por permitir demissões desmotivadas, os custos das dispensas, eventualmente e o fim, pelos próprios trabalhadores ou custeados pelo erário público. Do ponto de vista das relações de trabalho, existem duas situações: ou os trabalhadores foram demitidos por um breve período ou transferidos de funcionários de uma organização para outra. Tomemos como exemplo os equipamentos de saúde mental como os Centros de Atenção Psicossocial, começou do zero com novos profissionais, cujos pacientes são acompanhados pela mesma equipe profissional há anos, sem uma política de transição. Por nenhum outro motivo, neste contexto, a equipa mínima estipulada contratualmente passa a ser o padrão máximo de recrutamento. Uma vez que o contrato de trabalho não estava sujeito a sucessão e os ex- funcionários da OSS foram demitidos, a recontratação foi incentivada com salários muito mais baixos do que os normalmente aplicados. Acontece que a economia errada do modelo OSS é que as perdas do modelo não são suportadas pelas organizações que constituem os verdadeiros oligopólios da saúde hoje, mas pelos trabalhadores que sistematicamente vinculam e concentram seus salários, jornada de trabalho para eles, com diminuição de pessoal e população, deterioração do atendimento. Quase dois anos após o anúncio da reformulação do modelo de OSS municipal, o que temos visto é a repetição de um ciclo de trabalho precário na área da saúde, principalmente nas categorias não médicas. Mudar o modelo para aumentar salários e demitir trabalhadores sem reconhecer a qualidade do atendimento é mais o mesmo na história das políticas públicas de saúde do município, incluindo o PAS, premissa fatídica dos OSS. Mudar para manter as coisas como está é, afinal, o ponto central do arranjo político de São Paulo. Referência: NAVARRETE, Ana Caroline, DA ROSA, Gabriel Franco. A história recente das organizações sociais no município de São Paulo. Le Monde Diplomatique Brasil, 24 mar 2017. Disponível em: https://diplomatique.org.br/a-historia-recente-das-organizacoes- sociais-no-municipio-de-sao-paulo/. Acesso em: 21 mai. 2021. https://diplomatique.org.br/a-historia-recente-das-organizacoes-sociais-no-municipio-de-sao-paulo/ https://diplomatique.org.br/a-historia-recente-das-organizacoes-sociais-no-municipio-de-sao-paulo/
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