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Tutoria 5 Módulo I Nódulos de tireoide Listar as indicações de realização de ultrassom de tireoide para pesquisa de nódulos Geral sobre nódulos ● lesão dentro do parênquima da tireoide que tem características radiologicamente distintas do parênquima ao redor. Pode ser palpável ou não, dependendo de seu tamanho e profundidade e da experiência de quem palpa. Quando não é palpável e é descoberto por acaso em uma USG de tireoide, é chamado de incidentaloma, tendo o mesmo risco de malignidade dos nódulos palpáveis de mesmo tamanho. ● prevalência de nódulos de tireoide na população corresponde a: 5% das mulheres (à palpação), 1% dos homens (à palpação) e 19 a 67% das pessoas acima de 40 anos de idade (à ultrassonografia). ● Carcinoma diferenciado de tireoide (CDT) corresponde a 5-15% dos nódulos Indicações ● Deve ser realizada em qualquer paciente com nódulo palpável ou em qualquer suspeita de nódulo tireoidiano levantada por outros exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e PET, pois se sabe que a USG é o exame mais sensível dentre todos os outros para a avaliação de nódulos de tireoide. ● São avaliados: tamanho da glândula, número de nódulos, localização, tamanho dos nódulos, ecogenicidade, heterogeneidade, delimitações, halo, calcificações, vascularização e presença de componente cístico e de linfonodos suspeitos. ● Indicações ○ Síndrome genética ○ História familiar ○ História de irradiação, principalmente na infância ○ Presença de bócio ○ Achado de nódulo na palpação ● OBS: se houver alteração na funcao tireoidiana, recomendar primeiro a cintilografia Compreender as características ultrassonográficas suspeitas dos nódulos de tireoide ● As características de um nódulo tireoidiano suspeito são: ○ Hipoecogenicidade: indica que o nódulo é muito celular, pois o que lhe dá ecogenicidade é principalmente a quantidade de material coloide. Portanto, nódulos muito hipoecogênicos costumam ser muito celulares e com menor quantidade de material coloide, por isso se tornam mais suspeitos ○ Microcalcificações: são muito sugestivas de carcinoma papilífero, pois correspondem aos corpos psamomatosos da histologia. No entanto, deve-se lembrar de que o coloide espesso pode parecer uma calcificação à USG, mas geralmente ele faz uma imagem de rabo de cometa branco atrás do coloide espesso, enquanto as reais microcalcificações fazem imagem de sombra acústica preta posterior ○ Contornos mal limitados e limites indefinidos ○ Diâmetro anteroposterior maior que o transverso, ou seja, um nódulo que cresce mais em profundidade do que em largura é mais suspeito ○ Vascularização predominantemente central (Chammas ≥ 4). Visto apenas nas USG feitas com Doppler. A Classificação de Chammas para a vascularização dos nódulos de tireoide é: ■ Chammas 1: sem vascularização ■ Chammas 2: apenas periférica ■ Chammas 3: periférica > central ■ Chammas 4: central > periférica ■ Chammas 5: apenas central ○ Índice de resistência (IR) do nódulo elevado > 0,77 ■ O IR é um índice calculado baseado na velocidade de fluxo sanguíneo no nódulo nas fases sistólica e diastólica. Portanto, para seu cálculo é necessário que tenha sido feito USG com doppler. O valor do IR já vem calculado pelo próprio ultrassonografista. Quanto mais celular for o nódulo, maior será a resistência para a chegada de sangue durante a diástole, por isso o pico diastólico será menor, e consequentemente o IR será elevado. Por isso, o IR elevado significa um nódulo com muita resistência à chegada diastólica do sangue, o que sugere ser um nódulo densamente celular e, portanto, mais suspeito: ■ Cálculo do IR: (pico sistólico – pico diastólico)/pico diastólico ○ Presença de linfonodo suspeito: arredondado/globoso, heterogêneo, com contornos mal definidos e diâmetro anteroposterior/superoinferior < 1,5; sem hilo hiperecogênico central, com microcalcificações, > 7 a 8 mm de diâmetro transversal ou formando conglomerados, com áreas de necrose/liquefação/degeneração cística, assimétrico, com vascularização periférica e IR > 0,8. A presença de um halo hipoecogênico circundando o nódulo tireoidiano é um bom sinal de que o nódulo foi de crescimento lento. No entanto, a ausência do halo não é um fator de prognóstico ruim (é um fator neutro). ● A classificação ultrassonográfica dos nódulos de tireoide é: ○ Grau 1: benigno (frequência de malignidade de 0%): ■ Cisto puro simples, sem indicação de punção ○ Grau 2: benigno (frequência de malignidade de 3,6%): ■ Nódulo misto espongiforme, ou ■ Múltiplos nódulos sólidos isoecogênicos ou hiperecogênicos, com ou sem calcificações grosseiras ○ Grau 3: indeterminado (frequência de malignidade 50%): ■ A: Nódulo único sólido isoecogênico; Cisto com crescimento de componente sólido em sua parede; Nódulo sólido com área líquida central ■ B: nódulo único sólido hipoecogênico ○ Grau 4: suspeito para câncer papilífero (frequência de malignidade de 94,3%): ■ Nódulo sólido, hipoecogênico, irregular, com microcalcificações e vascularização central. Entender as indicações de punção de nódulos de tireoide ● É o padrão ouro para excluir carcinoma nos nódulos suspeitos ● Deve ser guiada por USG ● Punciona-se o nódulo mais suspeito; com vários nódulos com mesmas características, punciona o maior ou os 4 maiores ● Critérios ○ Nunca se punciona nenhum nódulo com menos de 5 mm, pois a punção de nódulo desse tamanho se torna um procedimento com dificuldade técnica muito grande, além de doloroso ○ Não se puncionam cistos simples de tireoide ○ Não se puncionam nódulos quentes à cintilografia ○ Nódulos de 5 a 10 mm: apenas se houver características muito suspeitas na anamnese (história pessoal ou familiar de câncer de tireoide, antecedente de irradiação cervical ou presença de síndromes genéticas associadas a maior risco de câncer de tireoide), ao exame físico ou à USG (como microcalcificações, Chammas > 4) ○ Nódulo > 1 cm: sempre se punciona se for sólido e hipoecogênico. Em nódulos sólidos isoecogênicos ou hiperecogênicos, a American Thyroid Association (ATA) considera que também possa ser puncionado, quando acima de 1 cm, a critério do endocrinologista, mas devendo ser sempre puncionado se superior a 1,5 cm. Já o Consenso Brasileiro recomenda que os nódulos sólidos isoecogênicos ou hiperecogênicos só sejam puncionados quando acima de 1,5 cm ○ Nódulos > 1,5 cm: sempre se punciona, se o nódulo for sólido isoecogênico ou hiperecogênico. Se for misto, a ATA considera que também pode ser puncionado, quando acima de 1,5 cm, a critério do endocrinologista, mas devendo ser sempre puncionado se > 2 cm. Já o Consenso Brasileiro recomenda que nódulos mistos só sejam puncionados quando acima de 2 cm ○ Nódulos > 2 cm: sempre são puncionados, mesmo que se trate de um nódulo misto ou espongiforme ○ Qualquer linfonodo suspeito > 5 mm. Estudar a classificação citológica dos nódulos de tireoide (sistema Bethesda) e a conduta indicada para cada resultado ● Bethesda I - material insatisfatório ○ 10-30% dos resultados ○ Material insuficiente, com hemorragia e pouca célula, ou amostra preparada de forma inadequada ○ Conduta: Puncionar 3 a 6 meses depois de novo ■ Se persistir na I, considerar acompanhamento apenas com USG ou cirurgia ● Bethesda II - material benigno ○ 70% das PAAF, 5% de falso-negativo (+ >4cm) ○ São nódulos caracterizados pela presença de grande quantidade de material coloide, macrofolículos, poucas células foliculares e ausência de atipias. Pode haver muitos linfócitos, se for tireoidite. Pode se tratar de bócio coloide, nódulo folicular benigno, tireoidite crônica linfocítica (Hashimoto), tireoidite subaguda ou apenas tireoide normal. ○ Conduta: Continua-se o seguimento clínico com USG em 6 meses e depois anualmente. Só é preciso repuncionar se a parte sólida do nódulo crescer > 20% e 2 mm em duas dimensões ou aumentar > 50% no seu volume, que pode ser calculado multiplicando-se as três dimensões por 0,52, ou se suas características se modificarem. ■ Nódulos benignos sintomáticos- cirurgia, esvaziamento ou injeção percutânea de etanol; sólido com contraindicação a cirurgia pode fazer termoablação ou radioiodo ● Bethesda III - atipia de significado indeterminado ○ Os achados na sua maioria são benignos, mas pode haver uma alteração que põe em dúvida, como: célula atípica, alterações focais e leves sugestivas de carcinoma papilífero em uma parte muito pequena da amostra, algumas células formando microfolículos, infiltrado linfocitário, etc. ○ Conduta: repetir PAAF em 3-6 meses ■ Se continuar III - operação ou USG seriada, a depender do risco clínico e de USG ■ O CB recomenda cirurgia se III 2x e >2cm ● Bethesda IV - suspeita de neoplasia folicular ou de células de Hürthle ○ 10-20% das PAAF ○ Trata-se de um crescimento folicular, com algumas atipias arquiteturais, como a presença de microfolículos, coloide escasso, grande quantidade de material celular, grupos densos de células foliculares e alterações estruturais. É impossível saber se é uma neoplasia benigna (adenoma folicular, que é a hipótese diagnóstica mais provável nesses casos) ou maligna (carcinoma papilífero variante folicular, ou carcinoma folicular – muito raro no Brasil, pois somos suficientes em iodo), uma vez que a única maneira de se fazer esse diagnóstico diferencial é pela identificação da invasão da cápsula, que só pode ser vista na avaliação anatomopatológica de toda a cápsula daquele nódulo. ○ A presença de células de Hürthle na tireoide é normal. São células grandes, de citoplasma abundante, e sua presença não aumenta o risco de malignidade da amostra. No entanto, caso estejam presentes em quase toda a amostra (> 75 a 95% da amostra composta por células de Hürthle), então essa já passa a ser suspeita de neoplasia de células de Hürthle (atualmente chamada de neoplasia folicular variante oncocítica), que é um subtipo bastante agressivo de neoplasia. ○ Conduta: realizar cintilografia ■ Se o nódulo for frio, faz lobectomia e istmectomia - se tiver clínica de alto risco, faz total ■ Se quente, não precisa operar ● Bethesda V - suspeito de malignidade ○ 3-8% das PAAF ○ Suspeito para carcinoma papilífero,medular,linfoma ou metástase, qualquer outro tipo de neoplasia maligna que não a folicular ○ Algumas alterações: núcleo bipartido em semente de café, corpos psamomatoso e núcleo despolido ○ Conduta: tireoidectomia total ● Bethesda VI - maligno ○ 3-7% das PAAF ○ Detecta alterações patognomônicas: ■ Papilífero - pseudoinclusões nucleares, núcleo pálido,cromatina mais condensada, corpos psamomatoso ■ Medular - células parecidas com plasmócitos,com núcleo desviado para o canto da célula ○ Conduta: tireoidectomia total ○