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Cada batimento cardíaco é constituído por uma sístole ventricular e por uma diástole ventricular ↪O coração é composto, na verdade, por duas bombas (dois ventrículos) que trabalham juntos, lado a lado. Cada bomba ventricular trabalha em um ciclo, primeiro relaxando e enchendo-se de sangue, e, então, contraindo-se e ejetando sangue; ↪Em cada ciclo cardíaco (pulsação) o ventrículo esquerdo recebe um volume de sangue das veias pulmonares do átrio esquerdo e, em seguida, ejeta para a aorta; ↪O ventrículo direito recebe um volume semelhante de sangue das veias sistêmicas e do átrio direito, e depois ejeta o sangue na artéria pulmonar; ↪Os ventrículos não se esvaziam completamente durante a sístole; ↪Cada ventrículo de um cão de porte grande contém cerca de 60 mL de sangue no final da diástole. Isso é chamado de volume diastólico final; ↪Durante a sístole, cerca de 30 mL desse sangue são ejetados de cada ventrículo, porém 30 mL permanecem. Isso é chamado de volume sistólico final; ↪O volume de sangue ejetado de um ventrículo em um batimento cardíaco é chamado de volume ejetado, expresso como se segue: ↪A fração do volume diastólico final que é ejetada durante a sístole ventricular é chamada de fração de ejeção, com se segue: ↪A pressão ventricular direita é baixa no começo da sístole ventricular, mas a contração poderosa do músculo ventricular faz com que a pressão ventricular aumente rapidamente; ↪O aumento na pressão ventricular esquerda causa um fluxo momentâneo de sangue de retorno do ventrículo esquerdo ao átrio esquerdo, que fecha a valva atrioventricular (AV) esquerda (a valva mitral); O coração como uma bomba O ponto A indica o fechamento das valvas mitral e tricúspide (as valvas atrioventriculares); o ponto B indica a abertura das valvas aórtica e pulmonar; o ponto C indica o fechamento das valvas aórtica e pulmonar; e o ponto D indica a abertura das valvas mitral e tricúspide. Volume ejetado = volume diastólico final – volume sistólico final Fração de ejeção = Volume ejetado Volume diastólico final ↪O sangue não é imediatamente ejetado do ventrículo esquerdo para a aorta no começo da sístole, porque a valva aórtica permanece fechada até que a pressão do ventrículo esquerdo exceda a pressão aórtica; ↪Portanto, o volume ventricular permanece o mesmo durante a primeira fase da sístole, que é apropriadamente chamada de contração isovolumétrica; ↪Quando a pressão ventricular esquerda aumenta acima da pressão aórtica, a valva aórtica é empurrada e aberta, e ocorre uma ejeção rápida de sangue para a aorta; ↪A ejeção rápida é seguida de uma fase de ejeção reduzida de sangue, porque a pressão ventricular e a aórtica já passaram os seus valores de pico (sistólico) e começaram a cair; ↪Realmente, durante o período de ejeção reduzida, a pressão ventricular cai abaixo da pressão aórtica, mas a ejeção continua por alguns momentos, pois o sangue que flui para fora do ventrículo é carreado adiante pela propulsão a ele imposta, durante a ejeção rápida; ↪À medida que a pressão ventricular continua a diminuir, a ejeção chega a um final. Um refluxo momentâneo da aorta para o ventrículo esquerdo fecha a valva aórtica; ↪O fechamento da valva aórtica demarca o fim da sístole e o começo da diástole ventricular; ↪Durante a primeira fase da diástole ventricular, o músculo ventricular relaxa e a pressão ventricular esquerda cai de um valor similar ao da pressão aórtica para um valor próximo ao da pressão do átrio esquerdo; ↪Entretanto, nenhum enchimento ventricular pode ocorrer, porque a valva mitral permanece fechada até que a pressão ventricular esquerda caia abaixo da pressão atrial esquerda; ↪Essa primeira fase da diástole ventricular é chamada de relaxamento isovolumétrico, pois não existem nem enchimento nem esvaziamento do ventrículo; ↪Quando a pressão do ventrículo esquerdo cai abaixo da pressão do átrio esquerdo, a valva mitral é empurrada e aberta, e o sangue começa a fluir do átrio para o ventrículo; ↪Primeiro, existe um período de enchimento ventricular rápido, que é seguido de uma fase de enchimento ventricular reduzido (diástase); ↪A diástase persiste até que as células do nó sinoatrial iniciem um potencial de ação atrial e a contração atrial (sístole atrial); ↪Tipicamente, 80% a 90% do enchimento ventricular ocorrem antes da sístole atrial. A sístole atrial simplesmente “completa” os ventrículos que já estão quase cheios; ↪Uma consequência clínica importante desse fato é que os ventrículos, em um animal em repouso, bombeiam um volume quase normal, mesmo na ausência de contrações atriais rítmicas e apropriadas (p. ex., durante a fibrilação atrial); ↪Durante o exercício, entretanto, as contrações atriais realizam uma contribuição relativamente maior para o enchimento ventricular, porque a rápida frequência cardíaca, no exercício deixa um tempo menor para o enchimento diastólico; ↪Portanto, animais com fibrilação atrial exibem, tipicamente, uma intolerância ao exercício. O enchimento ventricular também se torna mais dependente da sístole atrial em pacientes com certos defeitos de valvas, como o estreitamento da valva mitral (estenose mitral); ↪No final da sístole atrial, o átrio começa a relaxar. A pressão do átrio esquerdo diminui levemente. Então, quando os ventrículos começam a se contrair, existe um refluxo de sangue momentâneo, do ventrículo esquerdo ao átrio esquerdo; ↪O refluxo fecha a válvula mitral, o que marca o final da diástole ventricular e o começo de uma nova sístole ventricular esquerda. Por definição, o ciclo cardíaco é dividido em sístole e diástole ventriculares; ↪O fechamento da valva mitral marca o início da sístole ventricular. O fechamento da valva aórtica marca o início da diástole ventricular. ↪Sístole atrial acontece durante a diástole ventricular; ↪Os volumes ventriculares são semelhantes para o lado esquerdo e o direito, assim como as taxas de fluxo de sangue. As pressões, entretanto, diferem muito nos dois lados; ↪A pressão sistólica (pico) no ventrículo direito e na artéria pulmonar é de apenas 20 mm Hg, enquanto a pressão sistólica no lado esquerdo do coração atinge os 120 mm Hg; ↪A primeira bulha cardíaca está associada ao fechamento das valvas AV (valvas mitral e tricúspide). O fechamento das valvas por si só não causa esse som; os folhetos das valvas são tão leves e finos que o seu fechamento seria quase silencioso; ↪Entretanto, há um refluxo momentâneo de sangue dos ventrículos para os átrios no início da sístole ventricular; ↪Quando esse refluxo de sangue é levado a parar subitamente contra as valvas em fechamento, vibrações são criadas no sangue e nas paredes cardíacas. Essas vibrações são responsáveis pela bulha cardíaca; ↪A segunda bulha cardíaca (S2) está associada ao fechamento da valva aórtica do lado esquerdo, e da valva pulmonar do lado direito do coração. Ela é, geralmente, mais curta, mais afiada, e de um tom mais alto do que a primeira bulha cardíaca; ↪Novamente, o que causa as bulhas não é o fechamento dos folhetos valvares, mas sim a reverberação produzida quando o refluxo momentâneo de sangue dentro dos ventrículos é arremessado contra as valvas que estão se fechando; ↪Os fechamentos das valvas aórtica e pulmonar são, geralmente, simultâneos. Sob certas circunstâncias, entretanto, as duas valvas se fecham com uma pequena diferença de tempo, e a segunda bulha cardíaca é auscultada como dois sons distintos em uma rápida sucessão; esta condição é chamada de desdobramento da segunda bulha cardíaca; ↪As válvulas AV fecham-se no início da sístole ventricular, e as valvas aórtica e pulmonar fecham-se no final da sístole ventricular; ↪Portanto, a sístole ventricularé, algumas vezes, definida como a parte do ciclo cardíaco entre a primeira e a segunda bulha cardíaca; ↪Duas bulhas cardíacas adicionais podem ser comumente auscultadas em animais grandes (ocasionalmente em cães); ↪O fluxo rápido de sangue para os ventrículos durante a fase de enchimento rápido da diástole inicial pode criar turbulência e vibração suficientes das paredes ventriculares que serão auscultada como uma terceira bulha cardíaca (S3); ↪Uma quarta bulha cardíaca (S4), se audível, ocorre exatamente no final da diástole, durante a sístole atrial. Débito cardíaco é igual à frequência cardíaca multiplicada pelo volume ejetado ↪Cada batimento cardíaco resulta na ejeção de um volume de sangue na artéria pulmonar e na aorta. O número de batimentos cardíacos por minuto é chamado de frequência cardíaca; ↪Portanto, o débito cardíaco (o volume total de sangue bombeado por cada ventrículo em 1 minuto) é expresso da seguinte maneira: ↪Essa relação enfatiza o fato de que o débito cardíaco pode ser aumentado apenas se a frequência cardíaca aumentar, se o volume injetado aumentar, ou se ambos aumentarem; ↪Portanto, para se entender como o corpo controla o débito cardíaco, deve-se entender como o corpo controla a frequência cardíaca e o volume ejetado; Débito cardíaco = volume ejetado x frequência cardíaca O aumento no volume diastólico final ventricular causa um aumento no volume ejetado ↪O volume ejetado é igual ao volume diastólico final menos o volume sistólico final; ↪O volume ejetado pode ser aumentado, aumentando- se apenas o volume diastólico final (enchendo-se mais os ventrículos durante a diástole), ou diminuindo o volume sistólico final (esvaziando-se mais os ventrículos durante a sístole), ou ambos; ↪O maior enchimento ventricular, durante a diástole, permite que as fibras musculares do ventrículo coloquem-se em uma posição geométrica mais favorável para a ejeção de sangue, durante a próxima sístole; ↪Além disso, o estiramento das fibras musculares do ventrículo, durante a diástole, causa a liberação de uma maior quantidade de cálcio (Ca2+) pelo retículo sarcoplasmático, durante a contração sistólica subsequente, e isso aumenta a força de contração; ↪Em condições de repouso, um animal normal está em algum lugar próximo ao meio desta curva de função ventricular; ↪Portanto, aumentos ou diminuições do volume diastólico final normal resultam em aumentos ou diminuições aproximadamente proporcionais do volume ejetado. O volume diastólico final ventricular é determinado pela pré-carga ventricular, pela complacência ventricular e pelo tempo de enchimento diastólico ↪A pré-carga ventricular é a pressão durante o enchimento ventricular. Por causa das alterações de pressão ventricular ao longo do enchimento, o valor da pressão ventricular, ao final da diástole, é geralmente aceito como uma única medida de pré-carga; ↪Os valores normais de pré-carga (pressão ventricular diastólica final) são de cerca de 3 mm Hg para o ventrículo direito e de 5 mm Hg para o esquerdo; ↪Em um coração normal, a pressão ventricular, ao final da diástole, é essencialmente igual à pressão atrial, porque as valvas AV estão totalmente abertas durante o final da diástole; ↪Além disso, porque não existem valvas entre as veias e os átrios, a pressão atrial é quase idêntica à pressão nas veias das proximidades; ↪Então, a pressão na veia pulmonar, a pressão atrial esquerda e a pressão diastólica final ventricular esquerda são, essencialmente, medidas equivalentes da pré-carga ventricular esquerda; ↪Igualmente, a pressão diastólica final ventricular direita, a pressão atrial direita e a pressão na veia cava são todas essencialmente medidas equivalentes da pré- carga ventricular direita; ↪Na clínica, a pré-carga ventricular direita é medida introduzindo-se um cateter em uma veia periférica (veia jugular) e avançando-o até a veia cava craniana (pré- cava) ou átrio direito; A. Aumento no volume diastólico final ventricular causa aumento no volume ejetado. B. Aumento na pressão diastólica final ventricular (pré-carga) causa aumento no volume diastólico final ventricular. C. Combina as relações de A e B para mostrar que o aumento na pré-carga ventricular causa aumento no volume ejetado. ↪Tal cateter é chamado de cateter venoso central, e a pressão mensurada na sua ponta é chamada de pressão venosa central; ↪A pré-carga ventricular esquerda é mais difícil de ser medida clinicamente, pois não existe um modo fácil de introduzir uma ponta de cateter no átrio esquerdo ou nas veias pulmonares. ↪A imagem B: mostra que aumentos na pré-carga estão associados a aumentos no volume diastólico final ventricular. O gráfico mostra um ventrículo esquerdo, que tem um volume normal de 30 mL, em um estado de relaxamento, não pressurizado (quando a pré-carga é igual a 0 mm Hg). Aumentos na pré-carga distendem e enchem o ventrículo. Uma pré-carga de 5 mm Hg faz com que o volume diastólico final ventricular seja 60 mL. No entanto, o tecido ventricular atinge seu limite elástico quando o volume ventricular aproxima-se de 90 mL. Aumentos posteriores na pré-carga não causam enchimento ventricular adicional importante. ↪Aumentos da pré-carga ventricular causam aumento no volume diastólico final, e o aumento do volume diastólico final causa aumento no volume ejetado; ↪Portanto, segue-se que aumentos na pré-carga causam aumentos no volume ejetado. Cada uma dessas relações atinge um limite superior. Vários fatores estão envolvidos, mas o principal é que as paredes ventriculares tornam-se estiradas, ao seu limite elástico, quando o volume diastólico final ventricular chega a altos níveis; ↪Em um cão em repouso, os valores normais de pré- carga ventricular, volume diastólico final e volume ejetado encontram-se no meio do caminho entre os seus valores mínimo e máximo; ↪Portanto, uma diminuição da pré-carga abaixo do normal causará uma diminuição tanto no volume diastólico final ventricular quanto no volume ejetado. Isso acontece, por exemplo, em resposta à hemorragia; ↪As relações entre pré-carga ventricular, volume diastólico final e volume ejetado foram, inicialmente, estudas por Ernest Henry Starling; ↪A observação de que alterações na pré-carga causam alterações correspondentes no volume diastólico final ventricular e no volume ejetado é chamada de lei de Starling do coração; ↪O mecanismo de Starling é crítico para o ajuste do volume ejetado, momento a momento. Por exemplo, se o ventrículo direito começa, por qualquer razão, a bombear um volume ejetado maior, o fluxo de sangue pulmonar adicional resultante causa um aumento na pressão venosa pulmonar, o que aumenta a pressão no átrio esquerdo, o que, por sua vez, aumenta a pré- carga ventricular esquerda, que aumenta o enchimento ventricular esquerdo durante a diástole; ↪O aumento resultante no volume diastólico final do ventrículo esquerdo leva a um maior volume ejetado do ventrículo esquerdo. Então, o aumento no volume ejetado pelo ventrículo direito resulta, rapidamente, em um aumento correspondente no volume ejetado pelo ventrículo esquerdo. O reverso também é verdadeiro; ↪Os mecanismos de Starling mantêm equilibrado o volume ejetado pelos ventrículos direito e esquerdo. Se essa igualdade não fosse mantida (e um ventrículo bombeasse mais sangue que o outro por vários minutos), uma grande parte do volume de sangue do corpo se acumularia no pulmão ou na circulação sistêmica; ↪Um nome alternativo para a lei de Starling do coração é autorregulação heterométrica. Esse nome implica um controle próprio (autorregulação) do volume ejetado, como resultado de diferentes (hétero) volumes iniciais (métrico); isto é, heterométrico refere-se a diferentes volumes diastólicosfinais; ↪O volume diastólico final ventricular é determinado não somente pela pré-carga, mas também pela complacência ventricular. Complacência é a medida da facilidade com que as paredes ventriculares distendem- se para acomodar o sangue que entra durante a diástole; ↪Um ventrículo complacente é aquele que permite, facilmente, a pressão da pré-carga, e enche-se de sangue prontamente, durante a diástole. Complacência é definida com mais rigor da seguinte maneira: Complacência = mudança de volume / mudança de pressão ↪A complacência ventricular, portanto, corresponde à curva do volume ventricular versus a curva de pressão; ↪A imagem B mostra que um ventrículo normal é bem complacente em relação à variação dos volumes ventriculares até, e incluindo, o volume diastólico final ventricular normal; ↪Nesta faixa, pequenas alterações na pré-carga resultam em alterações substanciais no volume diastólico final ventricular. Em pré-cargas maiores do que 10 mm Hg, entretanto, os ventrículos tornam-se menos complacentes (mais rígidos); ↪O tecido conjuntivo inelástico das paredes ventriculares impede aumentos no volume ventricular acima de 90 mL; ↪A isquemia miocárdica, algumas doenças cardíacas ou a mera idade avançada podem levar as paredes ventriculares a se tornarem rígidas e não complacentes, até mesmo em pré-cargas normais; ↪No ventrículo não complacente, acontece um menor aumento no volume ventricular, para qualquer aumento dado na pré-carga ventricular; ↪Consequentemente, uma pré-carga maior do que o normal é necessária para a obtenção de um volume diastólico final ventricular normal e um volume ejetado normal; ↪Uma pré-carga elevada necessita de pressões atrial e venosa elevadas, o que leva ao edema; ↪Então, o enrijecimento do ventrículo esquerdo leva ao aumento da pressão nas veias pulmonares e ao edema pulmonar; e o enrijecimento do ventrículo direito leva ao aumento da pressão nas veias sistêmicas e ao edema sistêmico. ↪Além da pré-carga e da complacência, o terceiro fator que afeta o volume diastólico final ventricular é o período de tempo disponível para o enchimento ventricular durante a diástole; ↪A frequência cardíaca é o principal determinante do tempo de enchimento diastólico. Em uma frequência cardíaca normal, sob repouso, há um amplo intervalo de tempo para o enchimento ventricular durante a diástole; na verdade, o enchimento ventricular está quase completo, mesmo antes que a sístole atrial ocorra; ↪Conforme aumenta a frequência cardíaca, entretanto, a duração da diástole diminui. Em frequências cardíacas maiores do que cerca de 160 batimentos/min, o encurtamento do tempo de enchimento diastólico exclui o alcance do volume diastólico final ventricular normal; ↪A limitação do enchimento ventricular reduziria, dramaticamente, o volume ejetado quando a frequência cardíaca estivesse alta, se não fosse por uma influência compensatória adicional trazida pelo sistema nervoso simpático; ↪O volume diastólico final ventricular é determinado pela pré-carga ventricular, pela complacência ventricular e pelo tempo de enchimento diastólico. Uma pré-carga aumentada leva ao aumento no enchimento ventricular; ↪A diminuição da complacência ventricular ou a diminuição do tempo de enchimento diastólico podem limitar o enchimento ventricular. Aumentos na contratilidade ventricular causam reduções no volume sistólico final ventricular ↪Contratilidade refere-se à capacidade de bombeamento do ventrículo. Com a contratilidade aumentada, há um maior esvaziamento do ventrículo durante a sístole e, portanto, um menor volume sistólico final; ↪Um aumento na contratilidade leva a um aumento no volume ejetado sem requerer um aumento no volume diastólico final; ↪O aumento na contratilidade resulta em um aumento do volume ejetado para qualquer valor de volume diastólico final; ↪A atividade nervosa simpática aumenta a contratilidade ventricular através da ação do neurotransmissor norepinefrina, que ativa os receptores β-adrenérgicos das células musculares do ventrículo; ↪A ativação de receptores β-adrenérgicos leva ao influxo aumentado de Ca2+ extracelular para as células cardíacas, durante um potencial de ação (e a outros vários efeitos); o resultado final é que as contrações cardíacas tornam-se mais fortes, mais curtas e desenvolvem-se mais rapidamente; ↪A epinefrina e a norepinefrina, liberadas da medula suprarrenal e circulando no sangue, podem, igualmente, ativar os receptores β-adrenérgicos e aumentar a contratilidade, assim como podem, também, os fármacos agonistas β-adrenérgicos (p. ex., epinefrina, isoproterenol); ↪Os glicosídeos cardíacos (p. ex., digitálicos) são outra classe de fármacos que aumentam a contratilidade cardíaca, novamente aumentando a concentração do Ca2+ citosólico durante um potencial de ação; ↪Se a contratilidade cardíaca tornar-se deprimida, ocorre um esvaziamento ventricular menor do que o normal durante a sístole. O volume sistólico final aumenta e o volume ejetado diminui; ↪A diminuição na atividade simpática causa a diminuição na contratilidade cardíaca, como fazem os fármacos antagonistas β-adrenérgicos, que bloqueiam os receptores β-adrenérgicos nas células musculares cardíacas; ↪O propranolol e o atenolol são os antagonistas β- adrenérgicos utilizados mais frequentemente para diminuir a contratilidade cardíaca; ↪Assim como os antagonistas β-adrenérgicos, os bloqueadores de canais de cálcio também diminuem a contratilidade cardíaca, fazendo com que menos Ca2+ fique disponível para a ativação das proteínas contráteis; ↪Os barbitúricos, os opioides e alguns anestésicos gerais também deprimem a contratilidade cardíaca; ↪Uma diminuição na contratilidade cardíaca causa uma diminuição do volume ejetado, e, então, do débito cardíaco. Consequentemente, a pressão sanguínea do paciente pode cair a níveis perigosamente baixos; ↪ A diminuição na contratilidade cardíaca é a marca da condição clínica geral chamada insuficiência cardíaca (falência do miocárdio); ↪Apesar de existirem muitas formas de insuficiência cardíaca, elas compartilham uma característica: uma redução da capacidade de bombeamento de um ou ambos os ventrículos; ↪A insuficiência cardíaca pode resultar de uma doença arterial coronariana, isquemia miocárdica, infarto do miocárdio, miocardite, toxinas ou desequilíbrios eletrolíticos; ↪Apesar de a contratilidade ventricular ser o fator predominante que altera o volume sistólico final ventricular, o efeito da pressão sanguínea arterial também deve ser considerado; ↪Um aumento importante na pressão sanguínea arterial impede a ejeção ventricular, pois a pressão do ventrículo esquerdo, durante a sístole, deve exceder a pressão aórtica antes que a ejeção do sangue pelo ventrículo possa ocorrer; ↪A pressão arterial é chamada de pós-carga cardíaca; esta é a pressão contra a qual o ventrículo deve bombear, com a finalidade de ejetar o sangue. Quanto maior a pós-carga, mais difícil se torna o bombeamento de sangue pelo ventrículo; ↪Se a pressão arterial estiver excessivamente alta, a ejeção ventricular é impedida, o volume sistólico final aumenta, e o volume ejetado diminui. Esse efeito é mínimo para um coração normal e na faixa normal de pressão arterial; ↪Entretanto, uma pós-carga alta pode, significativamente, limitar o volume ejetado para um coração que já está em falência. O aumento na frequência cardíaca não aumenta substancialmente o débito cardíaco a menos que o volume ejetado seja mantido ↪Como o débito cardíaco é igual ao volume ejetado multiplicado pela frequência cardíaca, seria esperado que o débito cardíaco fosse proporcional à frequência cardíaca; ou seja, dobrando-se a frequência cardíaca, seria esperado que o débito cardíaco dobrasse;↪Entretanto, se a frequência cardíaca for aumentada experimentalmente, acima do seu limite normal, com um marca-passo elétrico, o débito cardíaco aumenta de alguma forma, porém não proporcional ao aumento da frequência cardíaca; ↪A razão disso, como foi mencionado anteriormente, é que aumentando a frequência cardíaca reduz o tempo de enchimento diastólico. A redução resultante no volume diastólico final diminui o volume ejetado, de modo que o débito cardíaco não aumenta na mesma proporção que a frequência cardíaca; ↪De fato, em frequências cardíacas maiores do que 160 batimentos/min, o volume ejetado diminui tanto que o débito cardíaco diminui, com aumentos superiores na frequência cardíaca; ↪Diminuição no volume ejetado, em frequências cardíacas altas, também é encontrada em certas arritmias cardíacas. Na taquicardia atrial paroxística, por exemplo, uma rápida frequência cardíaca é originada por um marca-passo ectópico atrial; ↪A taquicardia ocorre, tipicamente, em salvas ou paroxismos. A alta frequência cardíaca limita tanto o enchimento diastólico que o débito cardíaco cai abaixo do normal. Isso faz com que a pressão sanguínea caia tanto, que o paciente torna-se letárgico e pode, até mesmo, desmaiar; ↪Embora o marca-passo cardíaco não cause um grande aumento no débito cardíaco, aumentos na frequência cardíaca no decorrer das atividades normais diárias são acompanhados por aumentos substanciais no débito cardíaco; ↪O aumento real no débito cardíaco, durante exercícios progressivamente mais intensos, é até maior do que o que seria esperado, com base no aumento associado da frequência cardíaca; ↪O motivo pelo qual o débito cardíaco aumenta tanto durante o exercício é que o volume ejetado também aumenta. Durante o exercício, aumentos na frequência cardíaca são ocasionados por aumentos na atividade simpática; ↪A ativação simpática também aumenta a contratilidade cardíaca, portanto os ventrículos esvaziam-se mais completamente em cada batimento. Além disso, a ativação simpática encurta a duração da sístole, o que ajuda a preservar o tempo de enchimento diastólico; ↪Em resumo, sob ação simpática, o coração não somente se contrai mais frequentemente (frequência aumentada) e mais intensamente (contratilidade aumentada), mas também se contrai e relaxa mais rapidamente (ajudando a preservar o tempo de enchimento diastólico); ↪Quando a frequência cardíaca está a 60 batimentos/min, cada batimento leva 1 segundo. Neste 1 segundo, estão incluídas uma sístole e uma diástole; ↪Tipicamente, a sístole dura cerca de ⅓ de segundo, o que deixa ⅔ de segundo (tempo suficiente) para o enchimento diastólico; ↪Se a frequência cardíaca aumenta para 120 batimentos/min, cada batimento dura apenas 1/2 segundo; ↪Se a sístole permanece com ⅓ de segundo, sobra apenas 1/6 de segundo para o tempo de enchimento diastólico (tempo insuficiente); ↪Entretanto, se o aumento da frequência cardíaca ocorrer devido a um aumento na atividade simpática, a sístole torna-se mais curta, o que restaura parte do tempo de enchimento diastólico perdido; ↪A diástole é mais curta nestas condições do que em repouso, mas é mais longa do que seria se a sístole não fosse encurtada; ↪Então, diz-se que a ativação simpática ajuda a preservar o tempo de enchimento diastólico. Globalmente, a ativação simpática (especialmente quando associada à diminuição da atividade parassimpática) pode aumentar, drasticamente, o débito cardíaco. Sopros são bulhas cardíacas anormais causadas por fluxo turbulento através de defeitos cardíacos ↪Sopros cardíacos são bulhas cardíacas anormais, e frequentemente indicam a presença de anormalidades cardíacas; ↪Alguns sopros são exageros das bulhas cardíacas normais; outros são bulhas cardíacas adicionais (“extra”). Os sopros são causados por fluxo turbulento através de defeitos cardíacos; ↪O princípio físico básico é que o fluxo laminar ou suave de sangue através do coração ou dos vasos sanguíneos é silencioso, enquanto o fluxo turbulento é barulhento; ↪O fluxo de sangue através do coração ou dos vasos sanguíneos é normalmente suave, e, portanto, silencioso, durante a maior parte do ciclo cardíaco; ↪Um momento de fluxo turbulento normalmente ocorre no início da contração ventricular, no fechamento das valvas AV. Um segundo momento de fluxo turbulento ocorre no final da sístole ventricular, quando as valvas aórtica e pulmonar se fecham; ↪A turbulência momentânea e a vibração associada ao fechamento das valvas criam a primeira e a segunda bulhas cardíacas (S1 e S2); Alterações cardíacas típicas durante exercício vigoroso em um cão de grande porte Medida Repouso Exercício VDFV (mL) 60 55 VSFV (mL) 30 15 VDFV (mL) (VDF) 30 40 Fração de ejeção (%) 50 73 Frequência cardíaca (batimentos/min) 80 240 Débito cardíaco (L/min) 2,4 9,6 ↪Às vezes (particularmente em animais de grande porte), a terceira e quarta bulhas cardíacas são vagamente audíveis com o estetoscópio durante o enchimento ventricular rápido (S3) ou durante a sístole atrial (S4); ↪Em comparação, sopros clinicamente importantes são mais altos e geralmente persistem por uma porção maior do ciclo cardíaco. Algumas vezes, os sopros são até mesmo mais altos do que a primeira e a segunda bulhas cardíacas normais; ↪Sopros sistólicos ocorrem durante a sístole ventricular; sopros diastólicos ocorrem durante a diástole ventricular; ↪Sopros contínuos ocorrem tanto durante a sístole quanto na diástole. O tempo de cada sopro é fácil de entender se dois princípios básicos forem considerados: sopros são causados por fluxo sanguíneo turbulento e fluxo sanguíneo em resposta a diferenças de pressão; ↪Em outras palavras, o fluxo turbulento (barulhento) por um defeito cardíaco ocorre apenas se existir uma diferença de pressão substancial de um lado do defeito para o outro; ↪A pressão no ventrículo esquerdo é, normalmente, muito maior do que a pressão no átrio esquerdo, durante a sístole ventricular; ↪A valva mitral está normalmente fechada durante a sístole ventricular, e, então, nenhum sangue reflui do ventrículo para o átrio esquerdo; ↪Se a valva mitral falhar em se fechar completamente durante a sístole ventricular, a grande diferença de pressão entre o ventrículo e o átrio esquerdos causa um rápido refluxo de sangue através da valva parcialmente fechada; ↪Este refluxo turbulento cria um sopro sistólico. Uma valva mitral que não fecha totalmente é chamada de insuficiente ou incompetente; ↪O refluxo através da valva é chamado de regurgitação. A regurgitação mitral está presente em cerca de 8% dos cães acima de cinco anos de idade; ↪Um defeito no septo ventricular (DSV) é um buraco ou fissura no septo interventricular. O sangue flui através de um DSV do ventrículo esquerdo para o ventrículo direito durante a sístole ventricular, porque a pressão sistólica é muito maior no ventrículo esquerdo do que no direito; ↪Tipicamente, o fluxo sanguíneo através de um DSV é turbulento, criando-se um sopro sistólico. A turbulência sistólica também é criada se a valva aórtica não se abre suficientemente; ↪O sangue ejetado do ventrículo acelera a uma alta velocidade conforme é comprimido através da abertura aórtica restrita, ocorrendo à turbulência; ↪Uma valva que falha em se abrir o suficiente é chamada de estenótica; o defeito da estenose aórtica produz um sopro sistólico. Da mesma forma, a estenose pulmonar causa um sopro sistólico. A estenose aórtica e a pulmonar são defeitos congênitos comuns em cães; ↪Ducto arterioso patente (DAP) é a persistência, após o nascimento, de uma abertura entre a aorta e a artéria pulmonar; ↪ O DAP produz um sopro durante a sístole, porque a pressão na aorta é muito maior do que a pressão na artéria pulmonar.O sangue flui da aorta para a artéria pulmonar, ocorrendo à turbulência; ↪O sopro de um DAP não está restrito à sístole, entretanto, pois a pressão aórtica também permanece mais alta do que a pressão na artéria pulmonar ao longo da diástole; ↪Portanto, o sopro do DAP é auscultado tanto na sístole quanto na diástole, sendo então um sopro contínuo. É também chamado de sopro em maquinaria, porque ele, caracteristicamente, soa como o ruído de uma maquinaria; ↪O DAP é comum em cães jovens, principalmente em fêmeas. O local, no tórax, de onde pode ser ouvido (auscultado) mais nitidamente um determinado sopro, é sempre um indicativo da localização particular e do tipo de defeito que causa este sopro; ↪Por exemplo, o sopro do DAP é, caracteristicamente, auscultado nitidamente sobre a base esquerda do coração; ↪Ocasionalmente, a turbulência causada por um defeito cardíaco será tão extrema que poderá causar uma vibração torácica palpável (frêmito); ↪Alguns animais possuem trajetos abertos para o fluxo sanguíneo entre artérias e veias periféricas. Essas aberturas são chamadas de fístulas arteriovenosas; ↪Nessas fístulas, o fluxo persiste tanto durante a sístole quanto durante a diástole, criando turbulências e, portanto, sopros contínuos; ↪O sopro de uma fístula arteriovenosa é mais audível na superfície do corpo mais próxima do ponto da fístula; ↪Essas pressões formam a base para o entendimento de por que certos defeitos cardíacos caracteristicamente produzem sopros diastólicos; ↪Por exemplo, uma valva mitral normal abre-se amplamente durante a diástole ventricular, o que cria um caminho de baixa resistência para o sangue fluir do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo; ↪Entretanto, se a valva mitral falha em se abrir amplamente (estenose mitral), o enchimento ventricular deve ocorrer através de uma valva estenótica (estreita). Isso cria um fluxo turbulento e um sopro diastólico; ↪A estenose mitral é um sopro comum entre os seres humanos que desenvolveram uma calcificação na valva mitral, como resultado de uma doença cardíaca reumática; ↪Durante a diástole, a valva aórtica normal está fechada, e não ocorre nenhum refluxo de sangue da aorta para o ventrículo esquerdo; ↪Se a valva aórtica não se fecha completamente, o sangue reflui (regurgita) da aorta para o ventrículo esquerdo durante a diástole. Portanto, a regurgitação aórtica produz um sopro diastólico; ↪O defeito é chamado de incompetência aórtica ou insuficiência aórtica. A regurgitação aórtica é comum em cavalos, mas não em cães. Sopros diastólicos podem também ser produzidos por defeitos no lado direito do coração; ↪A regurgitação pulmonar produz um sopro diastólico, mas é relativamente rara. A estenose de tricúspide é incomum, ao menos como um defeito congênito. Entretanto, uma infestação maciça por vermes do coração do lado direito pode criar uma estenose da valva tricúspide e um sopro diastólico; ↪Os sopros cardíacos, por si sós, não são danosos ao organismo. Eles são clinicamente importantes, entretanto, porque os defeitos que causam os sopros também têm consequências fisiopatológicas. Defeitos cardíacos tipicamente levam a uma ou mais dessas consequências: (1) fluxo sanguíneo anormalmente alto ou baixo a uma região do corpo. (2) pressão sanguínea anormalmente alta ou baixa em uma região do corpo. (3) hipertrofia cardíaca (aumento do músculo cardíaco). ↪Na presença de um defeito do septo ventricular, o ventrículo direito recebe sangue tanto do átrio direito quanto do ventrículo esquerdo, o que leva a um fluxo de sangue anormalmente alto através da circulação pulmonar; ↪Na presença da estenose aórtica, o ventrículo esquerdo deve gerar uma pressão sistólica anormalmente alta para ejetar o sangue através da abertura valvar estreita; ↪Na presença de estenose mitral, o sangue é represado (e uma pressão excessiva se forma) no átrio esquerdo e nas veias pulmonares; ↪É mais difícil entender por que alguns defeitos cardíacos causam hipertrofia cardíaca. O princípio básico é que alguns defeitos cardíacos aumentam a carga de trabalho de um ou ambos os ventrículos, e esse aumento na carga de trabalho do músculo cardíaco leva à hipertrofia. Alguns defeitos cardíacos aumentam a carga de trabalho do coração, o que causa hipertrofia ↪Os defeitos cardíacos geralmente comprometem a capacidade do coração em suprir os órgãos sistêmicos com o fluxo sanguíneo que eles necessitam para manter seu metabolismo; ↪A compensação para uma falência na bomba frequentemente requer um ou ambos os ventrículos bombeando mais sangue que o normal ou o bombeamento do sangue a uma pressão maior do que a normal; ↪Essas adaptações aumentam a carga de trabalho do coração. Um aumento persistente na carga de trabalho cardíaco leva, após várias semanas, à hipertrofia cardíaca; ↪Um ventrículo que precisa bombear um volume maior de sangue do que o normal desenvolverá certo grau de hipertrofia, ao passo que um ventrículo que necessita bombear sangue a uma pressão mais alta do que o normal, desenvolverá uma hipertrofia ainda maior; ↪Essa observação é a base para o aforismo clínico, “O trabalho de manutenção da pressão é maior para o coração [isto é, causa mais hipertrofia] do que o trabalho do volume”; ↪Um músculo esquelético trabalha exercendo uma força enquanto se encurta. O trabalho mecânico útil (trabalho externo) realizado por um músculo esquelético é igual à força desenvolvida pelo músculo que se contrai, multiplicada pela distância movida durante uma contração, multiplicada pelo número de contrações (isto é, o trabalho é igual à força multiplicada pela distância); ↪Portanto, o trabalho externo realizado por um músculo esquelético pode ser aumentado, aumentando- se a energia da contração, a distância movida ou o número de contrações. Em um condicionamento de levantamento de pesos, a ênfase é realizar poucas contrações, porém muito poderosas, do músculo esquelético; ↪Em contraste, o condicionamento que envolve contrações repetitivas, de baixa força, do músculo esquelético (corrida, natação) enfatiza, primariamente, os componentes de distância e duração do trabalho do músculo esquelético; ↪Ambos, o “trabalho de peso” e o “trabalho de distância”, levam à hipertrofia do músculo esquelético. Entretanto, uma observação comum é que o trabalho de peso causa uma hipertrofia substancialmente maior do que o trabalho de distância; ↪A base para esta diferença é que o trabalho de peso envolve a geração de grandes quantidades de trabalho interno (trabalho perdido), que aparece como calor; ↪Este grande desperdício de energia no trabalho interno aumenta enormemente o trabalho total (trabalho externo mais trabalho interno) realizado pelo músculo cardíaco durante o levantamento de peso em comparação com corrida de distância; ↪É o aumento total do trabalho do músculo, não apenas o trabalho externo, que é o estímulo primário para hipertrofia. O coração trabalha bombeando o sangue. O trabalho útil mecânico (trabalho externo), realizado por qualquer bomba, é igual à pressão gerada pela bomba, multiplicada pelo volume de líquido que é bombeado em uma única bombeada, multiplicado pelo número de bombeadas; ↪Portanto, o trabalho externo realizado pelo ventrículo esquerdo em um minuto é igual à pressão gerada, multiplicada pelo volume ejetado, multiplicado pela frequência cardíaca. A pressão gerada pelo ventrículo esquerdo pode ser aproximada da pressão média da aorta, como se segue: ↪O trabalho externo realizado pelo ventrículo em um ciclo cardíaco é chamado de trabalho de ejeção, como se segue: ↪O trabalho no ventrículo direito pode ser calculado por meio de uma forma similar, mas usando-se a pressão média da artéria pulmonar; ↪De acordo com a analogiacom o condicionamento do músculo esquelético, a pressão aórtica média é análoga à força desenvolvida pelo músculo esquelético contraindo-se; o volume ejetado é análogo à distância movida durante uma contração; e a frequência cardíaca é análoga ao número de contrações; ↪Obviamente, o trabalho externo realizado pelo ventrículo esquerdo poderia ser aumentado, aumentando-se a pressão gerada pelo ventrículo esquerdo, em se aumentando o volume ejetado, ou em se aumentando a frequência cardíaca; ↪Por exemplo, um aumento de 50% no trabalho ventricular pode resultar de um aumento de 50% na pressão do ventrículo esquerdo, de um aumento de 50% no volume ejetado do ventrículo esquerdo, ou de um aumento de 50% na frequência cardíaca; ↪Qualquer uma destas alterações resulta, após um período de semanas, em hipertrofia ventricular esquerda. Entretanto, um aumento na pressão ventricular causa uma hipertrofia muito mais pronunciada do que um aumento no volume ejetado ou na frequência cardíaca; ↪A base para esta diferença é que o aumento da pressão envolve uma geração de trabalho muito mais interna (trabalho desperdiçado), que aparece na forma de calor; ↪Este grande desperdício de energia no trabalho interno aumenta enormemente o trabalho total (trabalho externo mais trabalho interno) realizado pelo músculo cardíaco; ↪O estímulo primário para a hipertrofia é o trabalho total do músculo cardíaco e não apenas o trabalho externo. Sob circunstâncias normais de repouso, cerca de 85% da energia metabólica consumida pelo coração aparece como calor, e apenas 15% aparecem como trabalho externo; ↪Um físico diria que o coração tem uma “eficiência termodinâmica” de cerca de 15 %. Entretanto, a “eficiência cardíaca” depende do tipo de trabalho que está sendo realizado pelos ventrículos; ↪O coração torna-se menos eficiente quando o trabalho externo é aumentado, aumentando-se a pressão. Pelo contrário, o coração torna-se mais eficiente quando o trabalho externo é aumentado pelo aumento no volume de sangue bombeado; ↪O papel dominante da pressão em determinar o consumo de energia ventricular total é evidente em uma comparação entre o trabalho realizado pelos ventrículos esquerdo e direito; ↪O volume ejetado e a frequência cardíaca são equivalentes para os ventrículos esquerdo e direito, mas a pressão gerada é cerca de cinco vezes maior no ventrículo esquerdo do que no direito (significa que a pressão aórtica é cinco vezes maior do que a pressão na artéria pulmonar); ↪Portanto, o trabalho externo realizado pelo ventrículo esquerdo é aproximadamente cinco vezes maior do que o trabalho externo realizado pelo ventrículo direito; ↪Entretanto, o consumo total de energia metabólica do ventrículo esquerdo é muito maior do que cinco vezes Trabalho do ventrículo esquerdo em 1 min = pressão aórtica média x volume ejetado x frequência cardíaca Trabalho de ejeção do ventrículo esquerdo = pressão aórtica média x volume ejetado a energia consumida pelo ventrículo direito, porque o trabalho externo extra é realizado pelo ventrículo esquerdo, em condição de maior pressão; ↪Consequentemente, o trabalho interno (perdido) do ventrículo esquerdo é enormemente maior do que o trabalha interno (perdido) do ventrículo direito. Portanto, quase toda a energia consumida pelo coração é pelo ventrículo esquerdo; quase todo o fluxo coronariano é entregue ao músculo ventricular esquerdo e quase todo o oxigênio consumido pelo coração o é pelo ventrículo esquerdo; ↪Por causa da grande quantidade de trabalho da pressão exercido pelo ventrículo esquerdo, em comparação ao ventrículo direito, o ventrículo esquerdo desenvolve paredes musculares muito mais espessas e pesadas do que o ventrículo direito; ↪Até certo ponto, a hipertrofia ventricular é uma adaptação apropriada e benéfica para aumentar a carga de trabalho imposta ao músculo ventricular; ↪Entretanto, a hipertrofia excessiva é deletéria por três motivos. Primeiro, o aumento do músculo ventricular restringe a abertura da valva aórtica (ou valva pulmonar no caso de hipertrofia ventricular direita); ↪Desenvolve-se um círculo vicioso. A hipertrofia ventricular leva à estenose aórtica e pulmonar, que faz com que o ventrículo precise gerar uma pressão sistólica ainda maior para ejetar o sangue, o que leva a mais hipertrofia ventricular, e assim por diante; ↪Uma segunda complicação da hipertrofia excessiva é que a circulação coronariana pode se tornar incapaz de providenciar fluxo sanguíneo suficiente para suprir a demanda metabólica aumentada da maciça musculatura ventricular, particularmente durante o exercício; ↪O fluxo sanguíneo coronariano inadequado ocorre, especialmente, se os vasos coronarianos tornarem-se estreitos por causa de uma doença arterial coronariana (aterosclerose); ↪Como resultado, pacientes com hipertrofia ventricular e doença arterial coronariana têm um maior risco de isquemia cardíaca, infarto do miocárdio, arritmias ventriculares e morte súbita, durante períodos de exercício; ↪Afortunadamente, a doença arterial coronariana é rara na maioria dos animais. A terceira complicação da hipertrofia cardíaca é que os fatores de crescimento celular que medeiam à hipertrofia também predispõem o músculo cardíaco a apoptose. As consequências fisiopatológicas dos defeitos cardíacos são resultados diretos das pressões normais, volumes e trabalhos criados nas câmaras cardíacas ↪Regurgitação de mitral: com cada contração do ventrículo esquerdo, um volume normal de sangue é ejetado para a aorta, e um volume adicional de sangue reflui (através da valva regurgitante) para o átrio esquerdo. Como resultado, ocorre um aumento no trabalho de volume realizado pelo ventrículo esquerdo. Desenvolve-se, então, uma hipertrofia leve a moderada. Também, em um coração com regurgitação de mitral, o átrio esquerdo torna-se distendido, e a pressão atrial esquerda aumenta, assim como a pressão venosa pulmonar. A pressão elevada nos vasos sanguíneos pulmonares força a água e os eletrólitos para fora da corrente sanguínea, entrando no espaço intersticial pulmonar, causando edema pulmonar. Quando a pressão atrial excede 20 mm Hg, o edema pulmonar torna-se tão grave que a capacidade do pulmão de transferir o oxigênio para a corrente sanguínea é reduzida substancialmente. Isso resulta em dificuldade respiratória. ↪As consequências da regurgitação de mitral são, geralmente, mais evidentes durante o exercício do que durante o repouso; ↪Uma razão é que, apesar da regurgitação, o ventrículo esquerdo pode, geralmente, adaptar-se suficientemente por meio da hipertrofia e do aumento na frequência cardíaca, para manter um débito cardíaco normal na aorta (e, portanto, na circulação sistêmica) em repouso; ↪Além disso, apesar de um pouco de edema pulmonar, a oxigenação do sangue é suficiente para suprir as necessidades do animal durante o repouso; ↪Durante o exercício, entretanto, o débito do ventrículo esquerdo para a circulação sistêmica deve aumentar muitas vezes para suprir a quantidade adequada de sangue para o músculo esquelético em exercício; ↪A entrega de oxigênio pelo sangue também deve aumentar em muitas vezes. Por causa da hipertrofia, o ventrículo esquerdo pode não ser capaz de levar fluxo sanguíneo adequado para a circulação sistêmica durante o exercício, se a regurgitação da mitral for grave; ↪O edema pulmonar também pode impedir a entrega de oxigênio suficiente ao sangue, para manter o metabolismo de um animal em exercício; ↪Estenose aórtica: Para ejetar, a cada batimento, um volume normal de sangue pela valva estenótica, o ventrículo esquerdo deve desenvolver uma pressão sistólica anormalmente alta. Isso aumenta o trabalho de pressão do ventrículo esquerdo, que leva à hipertrofia ventricularesquerda importante. A hipertrofia tem o efeito desejável de aumentar a contratilidade do músculo ventricular esquerdo, de forma a poder gerar o aumento de pressão necessário para manter o débito cardíaco normal. Conforme a hipertrofia progride, entretanto, o músculo ventricular começa a comprometer a via de saída da aorta e isso também dificulta a capacidade do ventrículo de ejetar sangue. Isto quer dizer que o músculo ventricular hipertrófico “entra no seu próprio caminho” ou se torna limitado pelo seu próprio músculo. A limitação resultante na via de saída aórtica é um problema muito mais importante no exercício do que no repouso. Um paciente com estenose aórtica pode ser capaz de agir normalmente no repouso, mas, caracteristicamente, exibe intolerância ao exercício. ↪Ducto arterioso patente (DAP): é um defeito que tipicamente resulta em hipertrofia tanto do ventrículo esquerdo quanto do direito. Em um paciente típico com DAP, o ventrículo esquerdo bombeia um volume de sangue próximo do normal, por minuto, para a circulação sistêmica, e também bombeia de duas a três vezes esse volume de sangue, por minuto, através do ducto arterioso patente. Como resultado, o trabalho de volume realizado pelo ventrículo esquerdo excede, em muito, o trabalho normal, o que leva à hipertrofia ventricular esquerda. O sangue que flui através do DAP entra na artéria pulmonar, e, então, a pressão na artéria pulmonar excede os valores normais. Isso, por sua vez, aumenta o trabalho de pressão que precisa ser realizado pelo ventrículo direito. O ventrículo direito recebe um volume de sangue da circulação sistêmica, próximo do normal, a cada minuto, e ele precisa gerar uma pressão sistólica elevada para ejetar esse sangue na artéria pulmonar altamente pressurizada. O aumento no trabalho de pressão para o ventrículo direito é um poderoso estímulo para a hipertrofia, desenvolvendo-se, assim, uma hipertrofia ventricular direita pronunciada. ↪À medida que o paciente com DAP cresce, a intolerância ao exercício torna-se evidente. Por causa da hipertrofia, o ventrículo esquerdo não consegue suprir o fluxo sanguíneo maior necessário para o crescimento e para os músculos esqueléticos em exercício, além do sangue que flui pelo DAP; ↪Em pacientes com DAP, a artéria pulmonar e os vasos sanguíneos pulmonares devem carrear, não somente o sangue que é bombeado pelo ventrículo direito (como em um animal normal), mas também o sangue que é bombeado através do DAP; ↪Nos casos mais graves, o fluxo sanguíneo pulmonar pode ser mais de quatro vezes maior do que o normal. O aumento resultante na pressão vascular pulmonar pode levar ao edema pulmonar; ↪O reparo cirúrgico do DAP, em um animal jovem, leva à rápida reversão de todas as anormalidades cardiovasculares e pulmonares; ↪Defeito de Septo Ventricular: aumento no trabalho de volume do ventrículo esquerdo, hipertrofia ventricular esquerda moderada, aumento no trabalho de volume e pressão do ventrículo direito, hipertrofia ventricular direita pronunciada, aumento do fluxo sanguíneo no pulmão, possível edema pulmonar e provável intolerância ao exercício. ↪Estenose Mitral: a pressão atrial esquerda deve exceder os níveis normais para forçar um volume de sangue normal, através de uma valva mitral estenótica, para o ventrículo esquerdo, durante cada diástole ventricular. A pressão atrial esquerda elevada distende o átrio esquerdo. Pode existir alguma hipertrofia do músculo atrial. O átrio continua a funcionar, entretanto, principalmente como um reservatório, para coletar e manter o sangue durante a sístole ventricular, mais do que uma câmara de bombear, para forçar o sangue para o ventrículo, durante sua diástole. Um problema é que os potenciais de ação atriais tendem a se tornar descoordenados em um átrio distendido, e uma consequência comum é a fibrilação atrial. O aumento da pressão no átrio esquerdo também causa refluxo de sangue e acúmulo nos vasos sanguíneos pulmonares, então, o edema pulmonar é comum. Poderia parecer que o refluxo de sangue nos vasos pulmonares levaria, também, a um aumento da pressão na artéria pulmonar, e então ao aumento no trabalho de pressão do ventrículo direito. Em outras palavras, a estenose mitral poderia levar à hipertrofia ventricular direita. Essa previsão é lógica, mas, na prática, animais com pressões atriais esquerdas elevadíssimas geralmente morrem por causa dos efeitos do edema pulmonar antes que a pressão no ventrículo direito tenha tido a chance de se tornar suficientemente alta para induzir a hipertrofia ventricular direita. Portanto, a estenose mitral não causa, geralmente, hipertrofia de nenhum ventrículo. ↪O defeito da regurgitação aórtica leva a hipertrofia ventricular. A cada sístole, o ventrículo esquerdo deve ejetar, na aorta, um volume anormalmente grande de sangue; ↪Desse sangue, um volume normal vai para a circulação sistêmica; o resto é simplesmente regurgitado de volta, da aorta para o ventrículo esquerdo, durante a diástole; ↪Então, o trabalho de volume do ventrículo esquerdo é aumentado a níveis acima do normal, e a pressão ventricular esquerda pode aumentar da mesma forma. Ambos os fatores estimulam a hipertrofia do ventrículo esquerdo; ↪Em casos graves de regurgitação aórtica, a pressão ventricular diastólica torna-se elevada (porque, durante a diástole, o ventrículo esquerdo recebe sangue de ambos, o átrio esquerdo e a aorta). Isso leva ao aumento na pressão atrial esquerda, e assim pode-se desenvolver edema pulmonar.
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