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Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia CÂNCER GÁSTRICO INTRODUÇÃO ANATOMIA 1. Cárdia Porção inicial do estômago 2. Fundo 3. Corpo 4. Antro 5. Piloro Região de transição do estômago para o intestino delgado (duodeno). A região do fundo e do corpo possui mais pregas, enquanto a região do antro é mais lisa LOCALIZAÇÃO E TIPO HISTOLÓGICO Epiteliais (mucosa) → Adenocarcinoma – 95% → Linfoma / linfoma MALT → Tumor carcinoide Não epiteliais/mesenquimais (mucosa até subserosa) → Benignos → GISTs, Lipossarcoma → Leiomiossarcomas Menos de 1% das neoplasias que acometem o estômago EPIDEMIOLOGIA OMS → O quarto tipo mais frequente de tumor no mundo é o tumor gástrico → Só perde para as neoplasias no pulmão, mamas e colorretal/próstata (homens) Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia EPIDEMIOLOGIA BRASIL → No Brasil, estima-se de 2020 a 2022 o aparecimento de 13.360 casos novos predominando em homens e 7.870 predominando em mulheres 1. Ou seja, ainda é uma neoplasia que predomina mais no sexo masculino e em pessoas de pele negra EPIDEMIOLOGIA CÂNCER GÁSTRICO 1. Incidência maior em países em desenvolvimento 2. Relação homem e mulher de 2:1 3. Negros > brancos 4. Idade média de 50 anos, com pico de incidência aos 70 anos 5. Diminuição da incidência entre 1930 e 1970 6. Aumento da incidência em pessoas jovens e estômago proximal TIPOS DE CÂNCER GÁSTRICO Tipo intestinal Mais frequente que o difuso Estruturas glandulares semelhantes ao tecido intestinal Tipo difuso Células em anel de sinete produtoras de mucina Lesão agressiva que penetra nas camadas do estômago TIPO INTESTINAL → Bem diferenciado: quanto menos diferenciado for o tumor mais agressivo → Tipo mais comum → Mais associados a fatores ambientais Helicobacter Pylori: principal → Se manifesta na mucosa como lesões ulceradas: é uma lesão que costuma crescer para luz do órgão → Estômago distal (antro) → Declínio de incidência – talvez pelo controle da H. Pylori Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia TIPO INTESTINAL Quando é uma úlcera benigna em geral o pregueado se mantêm Quando maligno em geral o pregueado ao redor se perde Lesão que vegeta que cresce para dentro da luz do órgão TIPO DIFUSO → Indiferenciado → Pacientes jovens → Associados a fatores genéticos → Infiltram a parede gástrica, sem massas → Estômago proximal → Pior prognóstico → Linite plástica Estômago perde a distensibilidade quando é infiltrado, se torna rígida até o ponto de linite plástica → Perde pregueado do estômago, sugerindo câncer gástrico difuso A luz do estômago é a parte preta (ar) e a parede que está espessada é a parte cinza em volta As pregas estão planas e desaparecendo = linite plástica FATORES RELACIONADOS AO ADENOCARCINOMA GÁSTRICO GENÉTICOS → Grupo sanguíneo tipo A e B Risco aumentado de aproximadamente 20% de câncer gástrico se comparados com outros tipos sanguíneos → alto risco de infecção por H. pylori e anemia perniciosa → História familiar Intestinal e difuso: parentesco de primeiro grau Polipose adenomatosa familiar: aumenta em 40% o risco do paciente • Proliferação celular acelerada e começa a fazer pólipos → pólipos adenomatosos com chance de malignização Câncer de cólon hereditário não polipoide (Linch): aumenta em 15 a 20% o risco Síndrome de Peutz-Jeghers • Pólipos hamartomatosos tanto no intestino quanto no estômago esses pólipos crescem e se degeneram para o adenocarcinoma • Começam a formar manchas melanóticas em lábio, mucosa oral, língua Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia AMBIENTAIS → Infecção pelo Helicobacter pylori – aumenta em 6x o risco → Consumo excessivo de sal - o sal em excesso consumido de forma crônica vai lesar a mucosa do estômago, o que estimula regeneração = facilitador → Nitratos – vegetais, batatas, queijos, alimentos curados e tabaco → Tabagismo – relação com tempo e intensidade de uso → Obesidade – grau de risco bem menor que no adenocarcinoma de esôfago Nossa mucosa secreta ácido ascórbico = mecanismo de proteção HELICOBACTER PYLORI → Pode levar a: Gastrite simples Úlcera duodenal Úlcera gástrica/câncer gástrico → Carcinógeno classe I (cepa mais carcinogênica é a cagA +, e felizmente não é a mais predominante no Brasil) e associado aos tipos intestinal e difuso → Extensão, gravidade da inflamação e desfecho clínico dependem da virulência da bactéria, suscetibilidade genética hospedeiro, duração da infecção e presença ou ausência de outros fatores de risco ambientais Patogênese H. pylori → Inflamação crônica - stress oxidativo com formação de radicais livres de oxigênio (carcinogênicos) – esses carcinógenos levam a mutações no DNA, inibem os mecanismos de reparação do DNA, produção de citocinas pró inflamatórias (estimulam a proliferação celular), levando a turn over acelerado e menor apoptose → Diminuição do ácido ascórbico no suco gástrico (antioxidante) → Hipergastrinemia, ou seja, aumento da produção de gastrina que acaba por levar a proliferação epitelial. → Sintetiza enzimas que agem contra as células de defesa do hospedeiro, impossibilitando uma resposta eficaz. → Lesão epitelial / barreira mucosa direta ou indireta – proteases, urease, amônia, lisolecitina RESUMÃO Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia CONDIÇÕES PRÉ MALIGNAS Gastrite crônica atrófica Destruição do epitélio secretor, ou seja, vai ocorrendo atrofia da mucosa secretora Anemia perniciosa Deficiência de vitamina B12 causada por autoanticorpos contra as células parietais ou contra o fator intrínseco Gastrectomia subtotal prévia Hipocloridria que favorece o supercrescimento de bactérias anaeróbias que degradam nitrato em nitrito. Refluxo enterogástrico crônico Atrofia da mucosa fúndica Metaplasia e displasia intestinal Alterações que o epitélio agredido sofre no intuito de se proteger da agressão Pólipos gástricos (adenomatosos) Risco de crescerem e se degenerarem no adenocarcinoma gástrico Toda vez que se visualizar um pólipo ele deve ser retirado e mandado para o histopatológico Doença ménétrier Pregas gigantes em fundo e corpo. Por sua vez, essas pregas não conseguem absorver mais nada direito levando a uma disabsorção, emagrecimento, diarreia etc. Capacidade reduzida de produção ácida. Isso pode levar a uma gastrite atrófica Perda de proteína GASTRITE CRÔNICA ATRÓFICA → Atrofia/perda do tecido glandular → hipoclorídria / acloridria → hipergastrinemia → proliferação de células mucosa → Favorece crescimento de bactérias anaeróbias → formação de compostos N- nitrosos que são mitogênicos e carcinogênicos → Diminui secreção luminal do ácido ascórbico → Aumenta gastrina → Aumenta em 6x o risco de adenocarcinoma do tipo intestinal → A infecção por H. pylori aumenta em 10x o risco de ocorrênciade gastrite atrófica Patogênese → As pregas gástricas desapareceram, ou seja, o epitélio glandular foi destruído → Esses vários pontinhos brancos são os vasinhos que ficam na submucosa, pois a mucosa está tão atrofiada que é possível visualizá-los Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia DIAGNÓSTICO ANAMNESE 80% assintomáticos Sintomas persistentes Refratários ao tratamento Sintomas precoces → Desconforto gástrico / epigastralgia → Perda do apetite Sintomas tardios → Dor ou desconforto no andar superior do abdome → Náusea e vômitos → Emagrecimento → Astenia e fadiga → Anemia (Síndrome de estenose pilórica) → Plenitude pós prandial → Vômitos pós prandiais tardios EXAME FÍSICO Achados precoces → Inespecíficos Achados tardios → Caquexia → Massa epigástrica palpável → Adenopatia supraclavicular esquerda – nódulo de virchow → Massa palpável ao toque retal – prateleira de Blumer → Nódulos umbilicais – sinal da irmã Maria José → Aumento ovariano – tumor de Krukenberg → Tromboflebite migratória – síndrome de Trousseau Nódulo de virchow Prateleira de blumer Nódulo irmã maria josé Tromboflebite migratória Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia EXAMES COMPLEMENTARES INESPECÍFICOS → Rotina laboratorial: HC, eletrólitos, função renal, PTN (estado nutricional), PFH, sangue oculto nas fezes → Marcadores tumorais: CEA (antígeno cárcino embrionário) e CA19-9 (muito associado a tumores de pâncreas) Não existe nenhum marcador específico para câncer gástrico. → Pepsinogênio e gastrina: raramente faz. Feito na síndrome de Zollinger-Ellison → RX Tórax ESPECÍFICOS → Endoscopia digestiva alta: o melhor → Seriografia esôfago-estômago-duodeno: raio x com contraste – quando a endoscopia não consegue visualizar até o final do estômago, ou seja, as vezes o tumor está estenosando tanto a luz que você não consegue passar o endoscópio → TC abdome: estadiamento → RNM abdome: estadiamento → USG endoscópico: quantas camadas da parede do estômago foram acometidas ENDOSCOPIA → Método de escolha → Permite coleta de biópsia para confirmação diagnóstica → Suspeita diagnóstica em lesões precoces → Terapêutica definitiva ou paliativa Imagem 1: lesão ulcerada / Imagem 2: lesão ulcerada + vegetante / Imagem 3: lesão ulcerada + vegetante + infiltrante Imagem 1: lesão polipoide se projetando para luz do órgão / Imagem 2: lesão plana = gastrite atrófica Classificação endoscópica japonesa de Borrmann Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia SERIOGRAFIA ESÔFAGO- ESTÔMAGO-DUODENO → Lesões mais avançadas → Avalia a morfologia da lesão A porção inicial, que está apontada pelas setas brancas, foi toda infiltrada, ou seja, o tumor se infiltrou na parede do fundo e do corpo. o contrate não conseguiu distender a parede do estômago no fundo e no corpo, pois ambas estão infiltradas É um carcinoma do tipo difuso, pois ele não forma uma úlcera que se projeta para luz, ao invés disso, ele infiltra na parede do órgão, ou seja, toma as camadas do estômago TC OU RN DE ABDOME → Estadiamento → Invasão de orgãos vizinhos → Espessamento da parede USG ENDOSCÓPICO → Lesões precoces ou subepiteliais → Avaliação da profundidade da invasão + gânglios regionais acometidos Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia ESTADIAMENTO → T: profundidade → N: se tem gânglios regionais ou não acometidos → M: metástase a distância TRATAMENTO **a erradicação cirúrgica completa de um tumor gástrico com ressecção de linfonodos adjacentes representa a melhor chance de sobrevida a longo prazo Endoscópico Cirúrgico Quimioterapia/radioterapia Terapia alvo ENDOSCÓPICO → Curativa para câncer gástrico precoce → Paliativa para doenças avançadas A decisão de usar o tratamento endoscópico em oposição à ressecção cirúrgica é afetada pelo estágio do tumor, localização, morfologia, prognóstica da doença, fatores de risco, avaliação da ressecabilidade versus cura e a morbidade associada a cada procedimento Tratamento endoscópico curativo – ressecção endoscópica da submucosa Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia Tratamento endoscópico curativo – mucosectomia Tratamento endoscópico paliativo → Próteses, laser de argônio, ablação por radiofrequência CIRÚRGICO → O tipo de cirurgia depende da extensão e localização do tumor → Gastrectomia subtotal e gastrectomia total Glaziele Odawara – 6° período – Gastroenterologia
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