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"barriga d´água" ou hidroperitônio é o nome dado ao acúmulo de líquido no interior do abdome. Esse líquido pode ter diversas composições, como linfa, bile, suco pancreático, urina e outras. Mas, no contexto de doença do fígado com hipertensão portal (cirrose, esquistossomose, Síndrome de Budd-Chiari), a ascite é o extravasamento do plasma sanguíneo para o interior da cavidade abdominal, principalmente através do peritônio. A ascite, na doença hepática crônica, sinaliza que a doença está avançada e está relacionada ao aparecimento de outras complicações da cirrose, como a hemorragia por varizes esofágicas e a encefalopatia hepática. Inicialmente, pode ser tratada apenas com diuréticos e a dieta com pouco sal, mas à medida que a doença progride os rins podem não suportar os diuréticos e/ou desenvolverem a chamada síndrome hepatorrenal (falência dos rins causada por alterações circulatórias provocadas pela cirrose), podendo ser necessária a realização de paracentese (drenagem da ascite através de punção com agulha). Além de outras complicações, a presença da ascite pode levar à infecção do líquido ascítico, condição chamada peritonite bacteriana espontânea, que pode ser severa e com alta mortalidade se não tratada adequadamente. Por que ocorre a ascite? Aumento da pressão hidrostática (cirrose - 80%, insuficiência cardíaca); Perda de albumina no sangue (nefrótico, desnutrição); Tuberculose e câncer (doenças inflamatórias que provocam excesso de citocinas, fazendo o peritônio exsudar). Causas: 1. Hipertensão Portal: aumento da pressão hidrostática intravascular. Além de formar liquido, começa a se formar a circulação colateral. Doenças que provocam: cirrose de qualquer etiologia, insuficiência cardíaca direita, trombose de veia porta ou veias supra-hepáticas (Síndrome de Budd-Chiari) e pericardite constritiva. 2. Hipoalbuminemia: diminuição de pressão oncótica intravascular. Doenças que provocam: síndrome nefrótica, enteropatia perdedora de proteína e desnutrição. 3. Doença do peritônio: inflamação local, exsudação. Doenças que provocam: neoplasias malignas (ovário) e tuberculose peritoneal. Complicação da cirrose. A veia porta é derivada da veia esplênica e da veia mesentérica superior e inferior. Portanto, recebe o sangue que drena da circulação esplâncnica para o fígado. O fígado é o principal sítio de resistência ao fluxo venoso portal e age como uma rede vascular distensível de baixa resistência. A pressão venosa portal é normalmente baix a (5-10mmHg), sendo a hipertensão portal definida como superior a 10mmHg. Essas veias, que provém da maioria dos órgãos do abdome, tornam-se dilatadas (pela pressão interna aumentada e pela ação de vasodilatadores), levando ao extravasamento de um líquido filtrado do sangue que "escapa" dos vasos. O órgão que é responsável pela maior parte da produção do líquido ascítico é o peritônio, uma membrana que reveste a parte interior do abdome e alguns dos seus órgãos e que é permeável, tanto ao extravasamento de líquido para a formação da ascite, quanto à absorção do líquido durante o tratamento. Sistema porta-hepático: Distenção abdominal, dor, desconforto para respirar, ganho de peso, ma nifestações da doença de base (caquexia no caso de cirrose, neoplasias e insuficiência cardíaca). Hemorragia digestiva (no caso da cirrose). Macicez móvel Semicírculo de Skoda Piparote Preciso pedir exame de imagem para me auxiliar no diagnóstico de ascite? Ascite grau I: ascite leve só detectada por USG/TC; Ascite grau II: ascite moderada - macicez móvel dos flancos e semi circulo de skoda; Ascite grau III: ascite grave - piparote positivo. Paracentese: Quando eu indico? Ascite de início atual para diagnóstico etiológico; Suspeita de peritonite bacteriana primária (dor, piora clínica e laboratorial, encefalopatia); Suspeita de mudança de etiologia; Para alívio de sintoma respiratório (ascites volumosas). A punção para drenagem do líquido é feita do lado esquerdo (mais seguro), palpando a crista ilíaca, traçando a linha vai ser dividida em terços, não pode pulsionar no terço perto da artéria umbilical (sangra), pulsionar o mais próximo da crista ilíaca (próximo ao ponto de Mc Burney). Para dar o diagnóstico de hipertensão portal ou inflamação peritoneal/hipoalbuminemia? Gradiente albumina soro-ascite (GASA) = diminuir a albumina do sangue pela albumina da ascite. > 1.1 significa que tem mais albumina no soro que na ascite, então o mecanismo é por hipertensão porta. <1.1 significa que tem mais albumina na ascite pode ser doença do peritônio ou hipoalbuminemia. Citologia e citometria: avaliar leucócitos e seu diferencial. Leucócitos >500 com predomínio de neutrófilos (pode ser peritonite bacteriana). Leucócitos >500 sem predomínio de neutrófilos (pode ser tuberculose ou neoplasia). Pedir: glicose, triglicerídeos, amilase, cultura aeróbio anaeróbio, cultura para micobacteriose.