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Herniação cerebral Herniação cerebral é uma sequela do aumento da pressão intracraniana (PIC) ou efeito de massa de lesões intracranianas, elas podem ocorrer de diferentes tipos dependendo da localização do efeito de massa e de quão rápido esse efeito se desenvolve. Qualquer lesão, incluindo hemorragia, tumor, edema vasogênico ou citotóxico, trauma ou infecção, pode causar herniação. No entanto, hemorragia intracerebral espontânea e traumatismo cranioencefálico (TCE) são causas comuns no contexto agudo e frequentemente associando trauma e hemorragia. Existem duas síndromes clássicas que devem ser consideradas para pacientes apresentando sinais agudos, as quais são: síndrome de herniação supratentorial uncal e síndrome da herniação infratentorial tonsilar. Herniação uncal é a herniação do uncus, parte da porção anteromedial do lobo temporal. O uncus sofre herniação medialmente em direção ao entalhe tentorial, causando compressão do 3° par craniano no tronco encefálico conforme progride resultando em uma síndrome clássica envolvendo paralisia ipsilateral do 3° par craniano (pupila fixa, dilatada), coma e hemiparesia contralateral. O primeiro sinal indicativo é midríase ipsilateral. A importância da diminuição do nível de consciência não pode ser ignorada nesses pacientes. Ipsilateral (midríase) Consciência (diminuída) Hemiparesia (contralateral) Herniação tonsilar é uma herniação da fossa posterior caracterizada por herniação das tonsilas cerebelares através do forame magno. Esse processo resulta na compressão do tronco cerebral, o qual contém importantes centros homeostáticos, incluindo centros que regulam a respiração e nível de consciência. Herniação tonsilar causa o reflexo de Cushing, o qual consiste em respiração irregular, bradicardia e hipertensão. Prestar atenção especial aos pacientes com aumento da PIC e bradicardia. Irregular (respiração) Cardíaco (bradicardia) Hipertensão Hielen Cruz Um paciente apresentando-se com esse conjunto de sintomas deve receber manejo de urgência para a pressão intracraniana e consulta imediata com o serviço de neurocirurgia. Medidas não cirúrgicas para manejo da hipertensão intracraniana incluem elevação da cabeceira a 30°, agentes osmóticos como solução salina hipertônica ou manitol, e sedação. Hiperventilação com PCO2 de 30 a 35 mmHg pode ser usado como parâmetro. Neurocirurgia pode implantar uma Derivação Ventricular Externa (DVE) afim de desviar o líquido cerebroespinal e diminuir a pressão intracraniana. Quando o paciente estiver estável, deve-se realizar, o mais rápido possível, uma Tomografia Computadorizada do crânio para determinar a etiologia da herniação. O tratamento definitivo é descompressão de emergência; em estágios iniciais, os déficits podem ser reversíveis, mas a eficácia da descompressão é dependente da etiologia da herniação. Para lesões como hematomas epidurais agudos, os desfechos são excelentes, enquanto que em lesões traumáticas difusas os benefícios são mais incertos. Herniação uncal é tratado com hemicraniectomia descompressiva ou remoção da lesão que provoca efeito de massa, e a falha no tratamento dessa condição pode resultar em paralisia permanente do 3° par craniano, hemiparesia, coma ou morte. Herniação tonsilar é tratada com descompressão posterior, e a falha no tratamento prontamente resulta em comprometimento respiratório e morte.