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1 O ENSINO À DISTÂNCIA E O APRENDIZADO SOBRE MATEMÁTICA Douglas Oliveira Vieira1 Tamiris Capellaro Ferreira2 RESUMO: Com o boom que as inovações tecnológicas em educação tiveram no início do século XXI e, em particular, a inserção de ferramentas virtuais nos processos educacionais, têm permitido a adaptação, desenvolvimento e implantação de sistemas de educação a distância. Educação a Distância é uma forma de educação na qual o conteúdo do curso e a interação são fornecidos pelas tecnologias e metodologias da Internet. O principal objetivo deste trabalho é analisar o ensino da matemática no ambiente virtual bem como o papel do professor de matemática na modalidade à distância. Para isso, este trabalho busca, especificamente, descrever brevemente a educação à distância e o seu surgimento no Brasil; abordar as vantagens e a eficácia da educação à distância no desenvolvimento social; e, analisar o ensino e o papel do professor de matemática em configurações de aprendizagem virtual. A metodologia deste trabalho se desenvolverá por meio de pesquisas bibliográficas. Concluiu-se que a virtualidade tem enorme potencial para ser considerada um cenário possível para a construção do conhecimento matemático, desde que haja uma disposição por parte de alunos e professores para o fortalecimento das relações de interação no sistema didático virtual. Somente a frequência e fluidez da comunicação facilitador-conhecimento- participante podem garantir o alcance dos objetivos propostos na sala de aula virtual. Palavras-chave: Matemática; Educação à distância; Didática. 1. INTRODUÇÃO O início do século XXI caracteriza-se por apresentar à humanidade desafios complexos e variados, dentre os quais, um dos mais significativos é o requisito de desenvolver sistemas educacionais adequados às transformações vivenciadas pelas realidades nacionais e pelo meio ambiente global, (ROSA, 2017). 1 Aluno concludente do curso de Licenciatura em Matemática, da Universidade Estácio de Sá. 2 Professora Orientadora do artigo da Universidade Estácio de Sá. 2 Educação a Distância é uma forma de educação na qual o conteúdo do curso e a interação são fornecidos pelas tecnologias e metodologias da Internet. O ambiente on-line permite que as pessoas interajam com outras pessoas de forma assíncrona ou sincronizada em ambientes colaborativos; obtenham acesso a bancos de dados multimídia remotos para aprendizado ativo e baseado em recursos; e gerenciem a aprendizagem individualizada, de maneira flexível. Além disso, a Internet permite que os alunos se inscrevam em cursos de qualquer lugar do mundo a qualquer momento, (OLIVEIRA; MOURA, 2015). Os diversos desafios da Educação à distância convergem em um requisito fundamental: aumentar significativamente o nível educacional das populações menos favorecidas. A este respeito, a educação tem um compromisso inevitável buscando ser uma educação para o progresso, educação para a paz, educação para a sustentabilidade. Este compromisso implica o desenvolvimento de métodos alternativos e complementares às formas tradicionais de educação e a Educação à Distância oferece oportunidades para expandir a oferta educacional, criar novas abordagens para a aprendizagem e contribuir para acelerar o processo de desenvolvimento humano no continente. Em consonância com o exposto, as tendências atuais da educação matemática apontam para a criação de novos espaços de experimentação e investigação no campo da modernização e inovação pedagógica, bem como para a comunicação e confrontação de ideias que abram caminhos para uma discussão construtiva sobre a relevância do conhecimento matemático para os indivíduos e a sociedade. Nesta perspectiva, a principal questão que norteia este trabalho é: Qual o papel do professor de matemática na modalidade à distância? O principal objetivo deste trabalho é analisar o ensino da matemática no ambiente virtual bem como o papel do professor de matemática na modalidade à distância. Para isso, este trabalho busca, especificamente, descrever brevemente a educação à distância e o seu o surgimento no Brasil; abordar as vantagens e a eficácia da educação à distância no desenvolvimento social; e, analisar o ensino e o papel do professor de matemática em configurações de aprendizagem virtual. Essa discussão é pertinente por entender que numa sociedade globalizada, a educação das gerações atuais deve assumir grandes desafios competitivos, o que exige a demanda por excelente preparação acadêmica. Para isso, a matemática é 3 um pilar importante na vida do ser humano. Essa disciplina promove habilidades e habilidades de grande importância no desempenho da vida diária, como raciocínio lógico e criatividade. Com o boom que as inovações tecnológicas em educação tiveram no início do século XXI e, em particular, a inserção de ferramentas virtuais nos processos educacionais, têm permitido a adaptação, desenvolvimento e implantação de sistemas de educação a distância. A adoção da educação a distância nas instituições de ensino surge não apenas para atender às tendências educacionais de cobertura e qualidade do ensino, mas também porque a sociedade do conhecimento exige novas formas e modelos de aprendizagem. 1.1 MÉTODO Segundo Gil (2010), a pesquisa é feita mediante conhecimentos acessíveis com a execução de métodos e técnicas de investigação, abarcando diversas etapas. De acordo com o mesmo autor, uma pesquisa, pode ser compreendida como um processo formal e sistemático de desenvolvimento do modo científico na qual são descobertas respostas ou são comprovadas hipóteses para as quais formulados questionamentos e apresentados problemas. A metodologia deste trabalho será embasada, de modo geral, em conceitos que atendem a pesquisa com seu tema principal, desse modo, o atual estudo terá abordagem quantitativa exploratória e se desenvolverá por meio de pesquisas bibliográficas. Segundo Spector (2010) a pesquisa quantitativa pode ser definida em exploratória, descritiva e causal. O presente trabalho, por tratar-se de pesquisa qualitativa descritiva exploratória, tem a base da flexibilidade e criatividade buscando conhecer o assunto. Desse modo, esse estudo buscará relacionar autores que permeiam seus estudos nessa esfera. Além de livros, serão examinados sites e artigos que fundamentem a clareza da temática. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA As novas tecnologias permitiram descobrir oportunidades para iniciativas mais eficazes, com maior abrangência, que garantam qualidade na aprendizagem e que possam ser muito econômicas se forem gerenciadas em escala adequada. A 4 tecnologia, neste caso, refere-se não apenas ao suporte tecnológico em si, mas também à possibilidade de processar e organizar os conteúdos com uma abordagem tecnológica (OLIVEIRA; MOURA, 2015). As tecnologias de informação e comunicação (TICs) oferecem a possibilidade de criar novos processos de aprendizagem apoiados pelo computador, pela Internet, plataformas de educação virtual, bases de dados e redes de satélite, através das quais o aluno tem acesso a todos os tipos de conteúdo educacional sem a necessidade de contato direto com o professor. Isso implica maior autonomia do aluno / aprendiz e reduz a importância da presença. Exige, é claro, um papel mais proativo do aluno e um papel menos proeminente do professor. Mas, por outro lado, um maior número de alunos pode ter contato através da rede com um professor distante (OLIVEIRA; MOURA, 2015). Os atuais projetos de Educação a Distância se baseiam na premissa de que as TICs são uma ferramenta muito útil, pois constituem um contexto tecnológico que altera alguns paradigmas fundamentais do processo de ensino-aprendizagem. As modalidades educativas associadas à EAD são vistas como uma possibilidadede democratização da educação, uma vez que se percebe que o uso das TICs favorece a igualdade de oportunidades (NUNES et al., 2018). Com o objetivo de ofertar educação para todos que precisam, surgiram práticas de educação à distância. Essas práticas sempre exigiram a existência de um elemento mediador entre o professor e a disciplina. Geralmente, este mediador tem sido uma tecnologia que vem mudando a cada momento. Se historicamente refere-se ao correio convencional, que estabeleceu uma relação epistolar entre professor e aluno, ao longo do tempo têm se introduzido novas tecnologias que, devido ao seu custo e acessibilidade, permitem às pessoas evoluírem neste relacionamento à distância (DUARTE, 2011). Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais (MOORE; KEARSLEY, 2008 p. 2). O ensino à distância (ou e-learning) é uma forma de aprender e validar um diploma à distância, isto é, sem ter que ir a uma escola para assistir às aulas. Uma solução particularmente interessante para pessoas que têm uma atividade diurna 5 (funcionários, mães que ficam em casa...), estão no exterior ou não podem se mudar (FRANÇA NETO, 2016). Especificamente, o aluno recebe aulas em casa para poder estudar a qualquer momento. Muitas vezes as aulas são acompanhadas de exercícios para realizar e mandar de volta para correção pelos professores. Cada vez mais estabelecimentos mudaram nos últimos anos, de papel para mouse, e agora usam ferramentas digitais (e-mail, chat, vídeo, etc.) para facilitar o aprendizado e a interação entre aluno e professor (FRANÇA NETO, 2016). Embora o ensino à distância tenha muitos benefícios, incluindo flexibilidade, o aluno precisa estar particularmente motivado para ter sucesso. A educação a distância requer motivação intrínseca para apoiar o desenvolvimento de habilidades, interesses intelectuais, desafios ou crescimento pessoal. Na educação à distância, o processo de aprendizagem tem uma relevância especial (PEREIRA, 2015). Os sistemas de educação à distância (EAD) são de extrema importância porque buscam facilitar a autonomia do aluno, em termos de ritmo, estilo, métodos e tempo de aprendizagem, cada aluno por conta própria deve aprender a aprender e promover a realização dos objetivos que são propostos, já que os alunos são adultos, responsáveis por sua própria formação, isso lhes permitirá assumir de forma madura a caracterização de um processo educacional à distância, que em primeira, segunda e última instância dependerá de si mesmo (PEREIRA, 2015). O aluno não está totalmente sozinho, mas sim isolado, por isso deve aproveitar os recursos disponíveis para assimilar o conhecimento necessário em sua formação. Um atendimento de qualidade é essencial nos sistemas de educação à distância porque o aluno de EAD necessita que o suporte e o atendimento dado ele seja eficaz para que suas demandas sejam atendidas a fim de proporcionar a ele um ensino de qualidade (PEREIRA, 2015). Uma boa educação à distância não se limita à simples prestação de um serviço, nem a sua qualidade pode ser avaliada como é feito com a geração de serviços, mas, como qualquer outra modalidade educacional, é uma ação de transformação humana, com toda a complexidade que implica, daí a gestão da qualidade da educação (SANTOS, 2014). 6 2.1.1. O surgimento da Educação à distância no Brasil A educação a distância no Brasil teve origem nos anos 90, na cidade de Florianópolis, na UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, subsequentemente expandiu pelas universidades das províncias de São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro, com a implementação de ferramentas digitais que permitissem o apoio técnico necessário a realização de projetos com metodologias de aprendizagem por tecnologias de informação e comunicação educacional (ROSA, 2017). O Brasil, no ano de 2004, implementou o "Programa Brasileiro de Inclusão Digital", um trabalho desenvolvido nos anos de 2000-2001 que foi observado para a democratização telecomunicações, visando a implementação do governo eletrônico e o inventário de TICs na esfera administrativa federal (SILVA, 2007 s.p.). Segundo Vianney e Torres (2010, p. 24), a cronologia da educação a distância no Brasil apresenta a seguinte rota: 7 Tabela 1 – Cronogram da EAD no Brasil Fonte. Vianney e Torres (2010, p. 24). O histórico mostra que a educação a distância virtual no Brasil teve uma jornada de aproximadamente duas décadas para integrar as universidades. O incentivo das modalidades de ensino à distância e educação continuada é o artigo 80 da Nova LDB / 96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que visa avanço qualitativo na educação, já que a internet traz informações e conhecimento para os lugares mais remotos (ROSA, 2017). O desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas décadas foi responsável pelo início da revolução digital e pela emergência da sociedade da informação: uma comunidade global baseada TICs, que envolvem a aquisição, armazenamento, processamento e distribuição de informações por meios eletrônicos (...). As TIC representam uma das grandes esperanças para liberar energias e processos criativos, criar e compartilhar conhecimento e enfrentar lacunas educacionais e de informação, sendo um consenso que devemos trabalhar para oferecer toda a população igualdade de oportunidades de acesso a essa revolução (MARTUCCI, 2005, pp. 184- 185). 8 A análise da trajetória da educação a distância no ensino superior brasileiro mostra que a modalidade se consolida como um instrumento de inclusão social e melhoria da qualidade geral da educação. Esta é uma rara conquista dupla, uma vez que quase sempre a expansão em quantidade, nem sempre há uma melhoria na qualidade. Desta forma, o caso da implementação do ensino superior a distância no Brasil está consolidado como de fundamental importância para ampliar o acesso da população brasileira em todos os níveis e modalidades de ensino, principalmente como um recurso para aumentar as taxas do ensino superior (ROSA, 2017). Quando os sistemas tradicionais de educação não conseguem responder às demandas de um contexto particular, é necessário buscar estratégias educacionais para que as pessoas que vivem nessas circunstâncias possam acessá-las, por essa razão, não é de surpreender que aprendizagem aberta e à distância ser cada vez mais considerada como uma estratégia valiosa para resolver os problemas relacionados ao acesso, qualidade e igualdade na educação (ROSA, 2017). A Educação a Distância (EaD) é uma importante modalidade no contexto educacional, pois, além de democratizar a educação, também contribui para a sua ampliação, uma vez que abrange c idades longínquas. O número de organizações educacionais interessadas em obter a autorização e o reconhecimento para cursos superiores de EaD vem crescendo consideravelmente no Brasil (FIORILLO et al., 2014 s.p.). No Brasil, a educação a distância foi implementada usando a tecnologia que cada período histórico permitiu. Nos primeiros anos da educação a distância, utilizou-se a mídia impressa, e mais tarde, à medida que o desenvolvimento científico e tecnológico colocava outros meios à disposição da sociedade, eles começaram a ganhar terreno no campo educacional: uso do rádio , televisão e agora a Internet (SANTOS, 2012). Outro aspecto relacionado à importância da educação a distância hoje tem a ver com a atitude de professores e instituições de ensino frente a esse tipo de educação. Há um interesse crescente no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no processo educacional. E é que, quando se trata de educação à distância, pelo menos no presente, é quase impossívelnão falar sobre tecnologias (SANTOS, 2012). O e-learning, que nasce como uma forma de educação a distância graças ao desenvolvimento tecnológico impacta positivamente o ato educativo já há alguns anos, tanto os professores como as instituições de ensino não estão alheios a essa realidade, prova disso é o uso de e-mail, fóruns, plataformas LMS (Learning 9 Management System - sistemas de gerenciamento de aprendizado, plataformas web que suportam processos de treinamento online com ferramentas de conteúdo, tarefas, comunicação, monitoramento, etc.), outros recursos tecnológicos, em sala de aula, para os programas presenciais, mesclados e totalmente virtuais (OLIVEIRA; MOURA, 2015). Todos esses elementos são usados para impulsionar o processo na sala de aula tradicional, também os processos de educação à distância e em todos os níveis de ensino. Hoje se pode ver que existem muitas instituições educacionais que atualmente apostam na educação mediada por Tecnologias da Informação e Comunicação para quebrar as limitações de tempo e espaço e, assim, alcançar um grande número de pessoas que anteriormente não tinham acesso tão fácil a uma gama tão ampla de programas educacionais (OLIVEIRA; MOURA, 2015). A sociedade e as empresas também desempenham um papel importante aqui. Todos os dias os níveis de demanda aumentam em termos de formação de pessoas em diferentes empresas e outros setores da sociedade, essa demanda "força" de certa forma todas as pessoas a buscarem treinamento. No caso de adultos e jovens que iniciam a sua vida ativa e que têm um grande número de obrigações, encontram na educação a distância a opção perfeita que responde às suas condições e hábitos de vida. A família, a extensa jornada de trabalho, não permite que as pessoas sejam vinculadas a salas de aula regulares, que cumprem horários semanais de atendimento (SÁ, 2007). Espaços de treinamento à distância, on-line, permitem flexibilidade e controle ao longo do tempo, além de reduzir tempos e custos de viagem, combinando educação e trabalho sem implicações negativas para o trabalho, vida familiar ou acadêmica, o tempo anterior necessário para o deslocamento, por exemplo, agora o aluno pode se dedicar ao estudo do material, à realização de atividades ou à interação com os demais acompanhantes e com o tutor do curso (SÁ, 2007). Indiscutivelmente, a educação à distância desempenha um papel importantíssimo e fundamental porque, nesse mundo atual “corrido” em que parece que todos têm pressa e que o tempo é curto, possibilita que as pessoas consigam se aprimorarem e crescerem intelectual e profissionalmente estudando em qualquer lugar do mundo e de acordo com as suas demandas de tempo e ritmo o que, sem sombras de dúvidas, seria impossível para muitos se somente existissem ensinos presenciais. 10 Portanto, as estratégias de aprendizagem, a elaboração e produção dos materiais instrucionais, a forma de avaliação do desempenho dos alunos, a avaliação dos cursos e das carreiras em geral, todo o processo educacional, devem ser realizados de maneira especial e considerando condições semelhantes. Essas condições devem ser refletidas nos materiais e nas estratégias de aprendizado utilizadas. A tecnologia está proporcionando a cada dia novas possibilidades de acesso, através de sistemas de comunicação, de novas informações que devem ser transformadas em conhecimento (GUTIERREZ, 2006). A educação a distância tem que desempenhar um papel fundamental para poder coletar todas as oportunidades que surgem, colocá-las à prova, avaliá-las e oferecê-las à comunidade como um todo para o máximo aproveitamento promovendo acessibilidade à todos de forma igualitária. A educação a distância tem o desafio de desenvolver sistemas tecnológicos que permitam o desenvolvimento de materiais e recursos com altos níveis de interatividade para os alunos. Recursos com os quais é realmente possível converter uma comunidade científica de classe mundial (GUTIERREZ, 2006). 2.1.2. Vantagens e benefícios do ensino à distância O ensino a distância oferece uma série de vantagens que estão relacionadas, sobretudo, aos alunos que não têm a possibilidade de estudar o modelo tradicional de educação. Dentre as vantagens do ensino à distância pode-se citar (COSTA, 2016): a acessibilidade para pessoas que não poderiam estudar no ensino tradicional por diversos motivos, como locomoção; não há desperdício de tempo ou outros recursos em transporte; o aluno possui a flexibilidade de estudar em qualquer lugar apenas por ter uma conexão com a Internet; os alunos aprendem em seu próprio ritmo de aprendizado, exploram rapidamente os materiais e concentram seu tempo e esforço em áreas que contêm novas informações ou habilidades; flexibilidade em relação ao cronograma para pessoas que trabalham; o estudo é realizado a uma velocidade e intensidade pessoal, sem ter que esperar como acontece com o ritmo mais lento das aulas convencionais; os alunos podem participar de conversas e discussões a qualquer momento com outros alunos de outras localidades; e, acessibilidade para pessoas com mobilidade restrita, incluindo pessoas com algum tipo de deficiência, doença ou idosos, etc. 11 Além disso, o que é feito com alunos, professores, tutores e equipe em geral é padronizado e a disciplina e novos métodos de trabalho são promovidos para melhorar os resultados da aprendizagem. A instituição de ensino deve criar uma expectativa do que é aprendido através de sua criatividade e inventividade, assim dispersando outra visão da realidade na mente de seus alunos, estimulando a motivação ao aprendizado (VIEIRA, 2011). A Educação à distância possui novas tecnologias que favorecem a inovação nos processos de ensino e aprendizagem. De fato, uma das possibilidades emergentes derivadas dessas tecnologias é o uso de AVAs (Ambientes Virtuais de Aprendizagem), centrados em modelos construtivistas de natureza sociocultural que permitem o trabalho colaborativo e aumentam a construção do conhecimento em uma comunidade de aprendizagem. Um espaço de reflexão é promovido, acessível a todo momento, adaptável ao ritmo de aprendizado individual e, sobretudo, oposto à transmissão clássica do conhecimento (VIEIRA, 2011). Garantir uma boa educação, não é fácil ou pode ser limitado a procedimentos manuais ou processos padronizados, como pode acontecer na provisão de outros tipos de serviços, nem se limita ao ensino de aulas, ao cumprimento de conteúdo acadêmico do programa dos cursos, ter salas de aula equipadas, etc., mas tem a ver com a realização do ensino em múltiplos espaços de aprendizagem e com múltiplas atividades formativas, a partir do acompanhamento permanente (tutoriais), práticas permanentes, até o conhecimento das individualidades e condições de cada aluno, e a geração de laços afetivos de valorização e respeito, isto é, interação humana (VERGARA, 2007). Portanto, para que a educação à distância seja considerada uma boa educação, uma educação de qualidade, além da integração da modalidade a distância ao modelo educacional e acadêmico, deve-se desenvolver o conhecimento autônomo para esta modalidade educacional, toda a educação, assim como as próprias opções tecnológicas, ou seja, é necessário que o atendimento à esse grupo de pessoas que optam em estudar à distância seja eficiente, que promova meios e ambientes que estimulem e viabilizem o ensino autônomo do aluno, e que deem o devido suporte a ele para que este alcance o sucesso no seu processo de aprendizagem e formação à distância (GUTIERREZ, 2006). 12 2.1.3. A eficácia da educação à distância no desenvolvimento social Num modelo de aprendizagem centrado no aluno, que aprende de forma autónoma, sem o encontro face a face e frequente com os seus professores e pares, a capacidade do tutor de iniciar e manter um diálogo com o aluno é essencial.Esse diálogo deve transmitir a ele que ele está conectado ao grupo, que há um acompanhamento constante de seu processo de aprendizado e que ele é membro de uma comunidade de aprendizado onde, através da interação, obtém informações para sua própria construção de conhecimento e por sua vez, fornece informações para a construção de conhecimento por outros (GUTIERREZ, 2006). A UNESCO (2006) mostra a importância da Educação a distância na sociedade atual, como uma força que pode contribuir para o desenvolvimento social e econômico, através das novas formas de organizar as práticas pedagógicas para maior envolvimento, dialogicidade, motivação e prazer. São situações propulsoras de transformações, que tem efeito sobre o desempenho do educador, a produtividade e acompanhamento do educando (FERREIRA, 2016). A necessidade de construção e representação social, com múltiplas perspectivas, e a consciência de que o conhecimento é socialmente validado, demanda a habilidade da educação à distância como atividade social, bem como o desenvolvimento de uma coorte, ao contrário do estudo individual, nos modelos de organização do ensino (PEREIRA et al., 2017). O ensino a distância adquire cada vez mais relevância à medida que modifica os paradigmas educacionais e promove que as instituições de ensino superior se tornem centros geradores de conhecimento, pois, além de superar as barreiras de tempo e espaço, acolhem todos os estudantes e permite que todos continuem seu treinamento sem ter que mudar seu trabalho, vida social e familiar (PEREIRA et al., 2017). Nesta perspectiva, é notória a importância e a validade das modalidades virtuais e a distância são agora reconhecidas como possibilidades concretas diante dos desafios e limitações relacionados à inclusão, cobertura, qualidade e relevância da educação. A educação a distância tem que desempenhar um papel fundamental para poder coletar todas as oportunidades que surgem, colocá-las à prova, avaliá-las e oferecê-las à comunidade como um todo para o máximo aproveitamento promovendo acessibilidade à todos de forma igualitária. A educação a distância tem o desafio de desenvolver sistemas tecnológicos que permitam o desenvolvimento de 13 materiais e recursos com altos níveis de interatividade para os alunos. Recursos com os quais é realmente possível converter uma comunidade científica de classe mundial (GUTIERREZ, 2006). Se esforços para a melhoria do sistema educativo devem centrar-se na ampliação das oportunidades de aprendizagem, a EaD é um possível instrumento para concretizar políticas de equidade que aumentem as oportunidades educativas de grupo tradicionalmente marginalizados e permitam a construção de uma sociedade em que todos os cidadãos compartilhem um patamar comum de conhecimento e códigos culturais aumentando a injusta exclusão social (BACHA FILHO, 2013 p. 32). A educação a distância, dada a ampla cobertura social que pode ser alcançada, torna a igualdade de oportunidades e o acesso ao estudo uma realidade, para que se torne uma resposta às demandas da educação superior da população. A percepção social é que a educação à distância promove o desenvolvimento, bem- estar, integração e democracia, e que esta oportunidade conduziu à convergência de aspirações individuais e políticas governamentais (MATOS, 2016). 2.2. ENSINO DE MATEMÁTICA EM CONFIGURAÇÕES DE APRENDIZAGEM VIRTUAL Desde o início da humanidade, o homem criou diferentes ferramentas que lhe permitiram sobreviver às mudanças sociais, culturais, ambientais, entre outras. A matemática como ciência foi criada gradativamente de acordo com as necessidades do ser humano, por exemplo, para contar usavam partes de seu corpo e representava com símbolos a atribuição de alguma quantidade, operações aritméticas foram desenvolvidas para simplificar processos na hora de fazer contas, estabelecendo ganhos ou perdas, entre outras atividades de cada cultura, chegando assim à construção de máquinas especializadas de cálculo, sendo uma de suas finalidades a minimização do tempo em questões quantitativas, (MELO, 2019). Assim como a matemática foi desenvolvida a partir das necessidades da sociedade, na educação há uma demanda imediata no uso das ferramentas tecnológicas existentes como meio de treinamento, (TEODORO, 2015) As novas tecnologias alargam o campo de investigação sobre o qual atuam as estruturas cognitivas existentes, enriquecem o currículo com a nova pragmática associada e conduzem-no a evoluir, isto significa que as novas tecnologias permitem dinamizar os currículos existentes por meio de elementos metodológicos inovadores que apoiam o trabalho do professor e permitem uma interação entre o conhecimento 14 matemático e os alunos, tudo isso no sentido de aproximá-los da aplicabilidade do mesmo em seus contextos diários, (QUEIROZ, 2012) A diversidade de softwares educacionais permite trabalhar com diferentes conteúdos matemáticos como: operações matemáticas, exercícios lógicos, análise de dados e também interação com as propriedades espaciais de objetos geométricos, entre os quais estão: Geogebra, Derive, Descartes, Cabri Geometre, Rule and Compass, entre outros, estes programas permitem a simulação da realidade, estimulando-a e consolidando o seu desenvolvimento cognitivo, (MELO, 2019). O computador e o uso da tecnologia favorecem a flexibilidade de pensamento dos alunos, pois estimula a busca de soluções diferentes para o mesmo problema, permitindo a interação dos alunos com conteúdos matemáticos em um contexto específico. De acordo com o exposto, o ensino da matemática tem sido vinculado a ambientes virtuais, onde materiais interativos, AVA's e orientação do professor permitem enriquecer o processo de aprendizagem, (FELCHER; FOLMER, 2019). A construção, exploração, manipulação direta e dinâmica dos objetos na tela, conduzem à elaboração de conjecturas, argumentação e realização de demonstrações, por sua vez as representações quantitativas geométricas, tabulares, algébricas e gráficas, de forma dinâmica, possibilitando análises. , a generalização de conceitos, realizações de transformações e a associação de figuras com objetos físicos para ir a um nível superior de conceituação, (MALTEMPI, 2012). É importante ter em mente que o ensino da matemática em ambientes virtuais não deve privilegiar os livros digitais, a visualização de conteúdos multimídia e o exercício mecânico de procedimentos, mas deve permitir a interação entre as diferentes entidades do conhecimento, (MALTEMPI, 2012). Recursos tecnológicos como computadores, Internet e softwares especializados para o ensino de matemática, por exemplo, os de geometria dinâmica, podem favorecer a aprendizagem da matemática na modalidade de educação a distância e na perspectiva de resolução de problemas, (FELCHER; FOLMER, 2019). Neste sentido, é desejável que os professores de matemática se envolvam mais na promoção e utilização das tecnologias digitais, para que os alunos possam ter acesso à resolução de tarefas de aprendizagem que lhes permitam interagir em modo virtual com outras pessoas. alunos para compartilhar suas ideias, (FELCHER; FOLMER, 2019). 15 A aplicação de tecnologias aumenta efetivamente o acesso do aluno às informações e melhora a interação aluno-aluno e aluno-professor para apoiar e enriquecer a construção de significado, (BORBA, 2007). O uso estratégico de ferramentas tecnológicas pode apoiar a aprendizagem de procedimentos e habilidades matemáticas, bem como o desenvolvimento de competências matemáticas avançadas, como resolução de problemas, raciocínio e justificação de resultados, (FELCHER; FOLMER, 2019). Por outro lado, Borba e Penteado (2010) acrescentam que muitos psicólogos sociais têm discutido a ideia de que o conhecimento individual, ou seja, sem a presença de um professor, é problemático e mantêm uma postura vygotskyana,no sentido de observar o papel das ferramentas que podem mediar sua aquisição, nesse sentido os ambientes virtuais que podem ser gerados na educação a distância por meio da internet e das ferramentas digitais, são compatíveis com a ideia de que deve haver algo que consiga mediar a aprendizagem entre o sujeito e o objeto de conhecimento. A interatividade é caracterizada, entre outras coisas, pela ação recíproca entre dois agentes, um material ou virtual, o material de autoaprendizagem ou um computador, por exemplo, e o aluno. O referido requer a elaboração de recursos didáticos que possibilitem o processo de mediação, (QUEIROZ, 2012). Um ambiente que facilitaria a mediação de conhecimentos matemáticos (objetos de conhecimento, declarados no currículo) com alunos ou aprendizes (disciplinas cognitivas), pode ser proporcionado por cenários virtuais na Internet, cujas características poderiam transformá-los em fóruns de discussão e debate de ideias, em que a imagem de autoridade do professor, não presente fisicamente, pode promover uma troca de opiniões mais fluida entre os usuários, ao contrário do modo presencial, em que geralmente há uma tendência de não participar por medo à retaliação do professor se a resposta for incorreta, ou por medo de provocações dos colegas, (MELO, 2019). A esse respeito, Borba e Penteado (2010) mencionam que, nos últimos tempos, devido à disponibilidade e popularidade da internet, as formas de discurso mudaram, pois podem incorporar imagens, vídeo e música; Isso representa um novo desafio que o professor de matemática deve enfrentar para estar em constante atualização no uso desses recursos. 16 Nesse sentido, o desafio para os professores de matemática da educação a distância consistiria na criação de novos ambientes de aprendizagem, o que requer situações educacionais nas quais o contato, a troca e a participação dos membros de um grupo sejam promovidos independentemente da distância, (SILVA, 2010). Com o exposto, percebe-se, o trabalho do professor deve estar focado no desenho das tarefas e deve se encarregar de dirigir os processos de resolução das atividades por meio de cenários virtuais e com o uso de ferramentas digitais. Um aspeto muito importante do uso da tecnologia para apoiar a aprendizagem da matemática é que ela fornece um feedback imediato, que permite ao aluno descobrir seus erros, analisá-los e corrigi-los. Nestes ambientes, o erro deixa de ser algo a ser escondido, passa a ser um meio de aprofundar a aprendizagem, (SILVA, 2010). 2.2.1. O papel do professor de matemática na modalidade à distância Teoricamente, a educação a distância é uma modalidade educacional que permite o alcance dos objetivos de aprendizagem por meio de uma relação não presencial, qualitativa, diferente da do sistema convencional e com combinação de diversos meios que facilitam o desenvolvimento da aprendizagem, (ALONSO, 2010). Essa modalidade de ensino possibilita atingir diferentes regiões remotas e aumentar a cobertura de matrículas, reduzir o custo da educação para pessoas com poucos recursos, que trabalham com frequência e abandonam os estudos por falta de tempo, (MALTEMPI, 2012). Nessa modalidade de ensino, a aprendizagem autônoma é um elemento indispensável. Nesse sentido, Queiroz (2012) indica a necessidade desse potencial de aprendizagem no aluno para que seja gerada uma mudança cultural, passando de ambientes caracterizados por um professor dominante para outros mais focados no aluno. Da mesma forma, analisa os benefícios cognitivos que ocorrem nos alunos ao adquirirem competências matemáticas a partir da aplicação de uma metodologia construtivista, do desenvolvimento de uma aprendizagem significativa ou de um ambiente de aprendizagem interativo relacionado com ambientes mediados pelas TIC e com o apoio do tutor. Outro elemento distintivo da atuação do professor-tutor é o seu conhecimento didático e de estratégias que visam apoiar a aprendizagem dos alunos. O conhecimento didático está relacionado à didática da matemática, que deve ser entendida como a ciência do desenvolvimento de planos factíveis no ensino da 17 matemática, (MALTEMPI, 2012). Adicionalmente, Amarilla Filho (2011) sustenta que: didática é a parte das ciências da educação que visa os processos de ensino e aprendizagem como um todo independente da disciplina no objeto, mas levando em consideração a relação institucional. Portanto, didática é a ciência voltada para a seleção de programas, situações didáticas, seleção de estratégias didáticas, utilização de manuais e materiais de apoio associados aos métodos de ensino. As diversas situações didáticas podem ser abordadas a partir da Teoria das Situações Didáticas. Essa teoria corresponde a um modelo de interação de um sujeito com um determinado ambiente que determina um conhecimento com o recurso de que dispõe o sujeito para atingir ou manter um estado favorável nesse ambiente, (BROUSSEAU, 1988). Algumas dessas situações requerem a aquisição prévia de todos os conhecimentos e esquemas necessários, mas há outras que oferecem ao sujeito a possibilidade de construir um novo conhecimento para si mesmo em um processo genético, do qual o tutor deve estar atento, (TEODORO, 2015). Por sua vez, Brousseau (1989) define a Didática da Matemática como uma ciência que se interessa pela produção e comunicação do conhecimento matemático, no qual essa produção e comunicação são específicas a eles. O exposto indica que o tutor deve levar em consideração os conteúdos matemáticos particulares a serem aprendidos, a construção dos conceitos e as transformações que ocorrem no conhecimento que o aluno deve assimilar em relação ao conhecimento matemático e as atividades a ele associadas com o meio no qual eles interagem na forma de um sistema, (TEODORO, 2015). Os vários tipos de conhecimento são construídos na mente do aluno. Nesse sentido, o construtivismo como posição epistemológica também contribui para a didática da matemática; o conhecimento matemático é construído, pelo menos em parte, por meio de um processo de abstração reflexiva; existem estruturas cognitivas que são ativadas nos processos de construção do conhecimento matemático, (GARCÍA; PIAGET, 1982). O professor tutor desempenha um papel importante na construção de conceitos matemáticos e deve possuir conhecimentos diversos. Adicionalmente, o professor-tutor deve contar com as fontes de conhecimento preconizadas por Shulman (1986), a saber, formação acadêmica na disciplina a ser ministrada; materiais e contexto do processo educacional, pesquisas sobre escolarização; organizações sociais; aprendizagem humana, ensino e 18 desenvolvimento, e outros fenômenos socioculturais que influenciam o trabalho dos professores, a sabedoria que a própria prática dá, relacionada aos professores competentes. Com base no exposto até aqui, pode-se afirmar que a formação acadêmica na disciplina, os materiais e o contexto do processo educacional são elementos essenciais para a realização de um bom trabalho tutorial. Nos últimos cinco anos, os debates giraram em torno da definição dos tipos de conhecimentos e experiências que os professores de matemática deveriam possuir e se concentraram principalmente em determinar a quantidade de conteúdo matemático ou pedagógico a ser ensinado (Shulman, 1986); hoje é necessário que o papel das estratégias de ensino e das mediações do tutor não seja ignorado. Mas, acima de tudo, a teoria relacionada ao papel do professor-tutor na área da matemática deve ser acompanhada de uma boa prática pedagógica. Nesse sentido, o professor deve ser uma referência, um líder que deve ser claro em suas orientações didáticas. Deste ponto de vista, o conhecimento matemático deve incorporar, além de elementos explícitos como demonstrações, procedimentos, gráficos, entre outros, elementos que por sua naturezadevem ser estritamente incluídos, mas construídos na experiência por meio de ações e não apenas descritos com regras ou palavras, (PRADO; ALMEIDA, 2007) Enquanto isso, o conhecimento da linguagem matemática e sua simbologia, a metamatemática das provas e definições, o conhecimento do escopo e da estrutura da matemática como um todo, são estruturas formais. Portanto, o conhecimento matemático que o professor deve possuir corresponde a uma combinação do conhecimento comum do conteúdo matemático e do conhecimento especializado, (MILL; PIMENTEL, 2010). Além disso, as TIC são consideradas cada vez mais amigáveis, acessíveis e adaptáveis à ação do tutor. Assim, tanto o professor quanto a instituição de ensino podem incorporá-los para gerar melhorias na ação didática e, assim, passar do ensino tradicional para uma aprendizagem mais colaborativa, pois os ambientes virtuais também podem fornecer informações sobre conteúdos matemáticos e promover o desenvolvimento de habilidades e competências, (FRANÇA NETO, 2016). As TICs são ferramentas úteis na aprendizagem da matemática, com o advento da chamada Web 2.0, os Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA – 19 surgem como tecnologias emergentes para apoiar o trabalho do tutor, superando a aula tradicional e gerando mais espaços de aprendizagem além dos limites da sala de aula, (FRANÇA NETO, 2016). Novas competências e habilidades são propostas ao tutor, como estar preparado para gerar um diálogo efetivo com os participantes e entre os participantes, de modo que se favoreça a aprendizagem ativa e a construção de conhecimentos cooperativos e colaborativos, por isso o monitoramento é necessário e moderação dos grupos de trabalho, (FELCHER; FOLMER, 2019). Neste contexto, são exigidos professores-tutores com conhecimentos disciplinares e experiência didática mediada pelas TIC, que assumem um papel diferente do professor tradicional, através da interação direta com o aluno através da Internet e colocam a ênfase no processo intelectual do aluno aprender por meio de estratégias de trabalho colaborativo. Nos modelos de aprendizagem centrados no aluno, em que a aprendizagem deve ser autônoma, a capacidade do tutor de iniciar e manter um diálogo com quem aprende é essencial, de forma constante para que ocorra a aprendizagem e a construção do novo conhecimento por meio de ambientes virtuais, (FELCHER; FOLMER, 2019). Nesse sentido, Silva (2010) defende a ideia de que em ambientes virtuais de aprendizagem, o professor-tutor virtual deve aliar o papel de especialista em conteúdo com o de facilitador, ambos os papéis são decisivos para o sucesso de um processo formativo em uma modalidade à distância e virtual; em outras palavras, ele deixa de ser só um transmissor de conhecimento e passa a ser um guia e facilitador da aprendizagem. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação a distância é uma modalidade que difere da educação convencional em vários aspectos, mas essas diferenças não a tornam melhor ou pior, simplesmente diferentes. Utiliza diferentes estratégias para atingir os alunos e promover a aprendizagem, diferentes mídias, diferentes modelos de aprendizagem e é orientado para um setor da sociedade que a educação presencial não pode atender. A EAD é um sistema que depende muito da tecnologia disponível para atingir os seus fins são nada menos que tornar o acesso à educação para todas as pessoas, independentemente do lugar possível de residência e suas ocupações. É 20 um modelo flexível que permite aos alunos para decidir suas estratégias de estudo, seus horários e ritmo de aprendizagem, de modo que configurado em tomar suas circunstâncias e não o aluno que deve acomodar as condições de instituições e programas educativos. O desenvolvimento da tecnologia de informação transformou a educação sendo mais um componente da vida cotidiana de milhões de pessoas, especialmente do amplo uso da internet. A educação a distância tem uma enorme progressão na educação dos trabalhadores para melhorar suas habilidades profissionais de maneira sensível. Antes o aluno ia pessoalmente para a escola, faculdade ou universidade. Atualmente, existem várias possibilidades de estudo em casa, no local de trabalho e até pela internet. A pessoa pode estudar uma carreira profissional, artesanato, cursos de pós-graduação, seminários, etc. O estudante bem-sucedido de Educação a Distância é um estudante independente, com claro autoconhecimento em seus recursos, como habilidades, competências e talentos. Tem uma boa gestão do tempo, uma grande motivação para estudar e uma predisposição para aprender novas ferramentas. O ensino à distância é tão importante quanto qualquer outro ensino. Talvez pudesse ser mais importante à medida que alcança um grupo maior de pessoas. O ensino à distância tem muitos benefícios, conforme afirmado acima. E no Brasil, onde a educação precisa evoluir muito, se torna uma ferramenta educativa fundamental, pois ampliam o alcance da educação possibilitando com que a mesma chegue a áreas e pessoas que não conseguem ter acesso à um ensino tradicional. A atuação do professor-tutor na educação a distância e virtual tem como alicerce principal a utilização das tecnologias de informação e comunicação TIC, como ferramenta mediadora no processo ensino-aprendizagem, permitindo a formalização, coleta e processamento informação e ao mesmo tempo ser capaz de eliminar barreiras espaço-temporais, facilitando a interação entre aqueles que intervêm nos processos de apreensão do conhecimento. A aprendizagem colaborativa pode se tornar uma das estratégias pedagógicas que o professor deve aplicar para alcançar um ensino eficaz. Além disso, o tutor deve ter a capacidade de personalizar seu grupo de alunos no modo virtual; Da mesma forma, o professor deve ser um quociente do ritmo, tempo, estilo e 21 espaço a partir do qual o aluno avança seus estudos, também deve ser capaz de gerar autodisciplina para a aprendizagem do aluno. O professor-tutor na modalidade virtual pratica e aplica a autonomia como abordagem pedagógica, uma vez que a aprendizagem não se concentra apenas no professor, como pode ocorrer na educação presencial, mas a partir da virtualidade o assume por outra perspectiva, partindo do pressuposto de que o aluno assume a sua própria aprendizagem, mas ao mesmo tempo através dos seus saberes disciplinares e dos seus saberes didáticos, promove a assimilação de novos conhecimentos através de estratégias mediadas pelas TIC. Os resultados permitem afirmar que os tutores nos seus processos de avaliação utilizam o trabalho independente primeiro seguido das estratégias de trabalho em grupo e por último a utilização da avaliação escrita, que está relacionada com a metodologia a distância e virtual e contrastes em grande medida com a metodologia tradicional. Por fim, conclui-se que os meios e mediações utilizados pelos professores de matemática facilitam a aprendizagem dos alunos de ciências tecnológicas; Da mesma forma, o conhecimento didático do professor de matemática afeta a aprendizagem desses alunos e o papel do professor-tutor torna visíveis várias formas de avaliação destinadas a avaliar a aprendizagem dos alunos, com predomínio daquelas associadas ao trabalho independente e em grupo. Os AVA’s permitem a construção conjunta do conhecimento matemático e da linguagem por meio das interações entre o facilitador, os participantes e o próprio conhecimento matemático programado na sala de aula virtual. A virtualidade tem enorme potencial para ser considerada um cenário possível para a construção do conhecimento matemático, desde que haja uma disposição por parte de alunos e professores para o fortalecimento das relações de interação no sistema didático virtual. Somente a frequência e fluidez da comunicação facilitador-conhecimento- participante podem garantir o alcancedos objetivos propostos na sala de aula virtual. 22 REFERÊNCIAS ALONSO, K. M. A Expansão do Ensino Superior no Brasil e a EAD: dinâmicas e lugares. Educação e. Sociedade, Campinas, vol. 31, no. 113, 2010, pp.13-19. AMARILLA FILHO, P. Educação a distância: uma abordagem metodológica e didática a partir dos ambientes virtuais. Educação em revista, Belo Horizonte, vol. 27, no. 2, 2011. BACHA FILHO, T. Educação a distância, sistemas de ensino e territorialidade. In: FRAGALE FILHO, R. Educação a distância: análise dos parâmetros legais e normativos. Rio de Janeiro: DP&A, 2013, p.27-42. BORBA, M. C. et al. 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