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1 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Pneumonias de repetição • Pneumonia adquirida na comunidade é a maior causa de morbidade e mortalidade em países em desenvolvimento. • Cerca de 6% das crianças experimentam pelo menos um episódio de pneumonia durante os dois primeiros anos de vida. A recorrência de pneumonias ocorre em 7,7% a 9% de todas as crianças. Um fato relevante é classificar quando que é pneumonia de repetição ou pneumonia recorrente. Pneumonia recorrente (PR) é definida como pelo menos dois episódios de pneumonia em um ano ou três episódios em algum momento da vida, com radiografia de tórax normal entre os episódios infecciosos. - Exemplo: tem um episódio de pneumonia e cura. Tem mais outro episódio e cura novamente. Ou seja, é preciso definir também a cura. Porque se essa imagem se manter no raio x o tempo inteiro, pode nem ser pneumonia, pode ser um tumor, tuberculose. Por isso, tem que verificar se está tendo uma pneumonia, curou e depois teve uma segunda, terceira ou quarta pneumonia. Pneumonias comprovadas radiologicamente, observando-se uma variabilidade na interpretação da radiografia do tórax. No consultório, quando chega um caso de pneumonia de repetição a primeira pergunta a ser feita ao paciente é: Cadê as radiografias? Isso porque, muitas vezes, as radiografias são ditas como tendo pneumonia por um colega, mas quando a gente olha, realmente não houve. O hilo pulmonar é muito confundido como se fosse pneumonia. Se pede o raio X inclusive quando a criança está bem, caso ela tenha o raio X do momento em que ela curou. Deve ser diferenciado da pneumonia persistente, definida como persistência de sintomas e alterações radiológicas por 6 semanas ou mais, apesar do tratamento. Ou seja, deu o diagnóstico de pneumonia, iniciou o tratamento, foi conduzido de forma adequada e a criança não obteve melhora. Então, nessa situação faz-se o diagnóstico de pneumonia persistente. Pois, para haver pneumonia de repetição precisa haver cura entre um episódio e outro da pneumonia. Questões que devem ser avaliadas Necessário checar as imagens radiográficas ditas como pneumonias. Muitas crianças sequer apresentam pneumonia: imagens vasculares normais localizadas na região paracardíaca direita que são confundidas com pneumonia. ➢ Asma confundida com pneumonia com achados radiológicos observados em agudização da asma. ➢ Tratamento inadequado ou incompleto é considerado como uma razão de pneumonia recorrente ou persistente. - Exemplo: Tratou uma pneumonia por 7 dias com antibiótico, achou que estava melhor, suspendeu, e uma semana depois a criança está com pneumonia novamente. - A pergunta é: será que é outra pneumonia ou a mesma pneumonia que não foi tratada como deveria? Por isso a importância de checar o período em que foi tratada a pneumonia e quanto tempo depois de um episódio de pneumonia apareceu outro? ➢ As crianças saudáveis, particularmente em idade pré-escolar, estão em risco de pneumonia durante o outono e inverno por vírus respiratórios. - Ultimamente estão ocorrendo menos casos de pneumonia por vírus respiratório por causa do coronavírus, com isolamento social, suspensão das aulas, diminui a circulação dos outros vírus também (rinovírus, VSR, etc). ➢ É necessário identificar dentro desta população acometida, as crianças que necessitam de ampla investigação. - Por isso, o primeiro passo é classificar se é pneumonia de repetição ou não. Se for pneumonia de repetição precisa ser dois em um ano ou três em qualquer momento da vida. Tem que ter uma pneumonia, um momento de cura e uma outra pneumonia. É importante cobrar esses raios X para verificar se houve, de fato, uma pneumonia. Uma vez tendo pneumonia, vai encaminhar o paciente para investigação dependendo das suspeitas. Fatores de risco para pneumonias de repetição em crianças sem doença de base São FATORES DE RISCO, e não das causas! - Exemplo: Frequentar creche é um fator de risco, não é uma causa. Pois, nem toda criança que frequenta creche tem pneumonia de repetição. • Prematuridade • Atopia • Tabagismo • Desmame Precoce • Frequentar creches • Baixo nível sócio econômico • Ausência de aleitamento materno nos primeiros 6 meses de vida • Desnutrição - Nos casos em que não tem como ter acesso ao Raio X do paciente que afirma ter tido pneumonia, a primeira coisa a se fazer é verificar se a história do paciente é compatível com a pneumonia; a segunda coisa é solicitar um novo raio X para avaliar se há algum indício de uma Investigação e condução das pneumonias de repetição na infância 2 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova pneumonia pregressa, ou não. Pode ser que esse raio x venha completamente normal, e essa percepção ficará complicada. - Nos casos cuja a história de pneumonia é duvidosa, deve-se acompanhar o paciente, e não faz uma investigação específica de já pedir exame não. Características clínicas a serem avaliadas em crianças com pneumonias recorrentes O que se precisa definir para dizer que essa criança tem grandes chances de ter pneumonia de repetição? – Se as pneumonias começaram com menos de um ano de vida; houve comprometimento de crescimento; houve hospitalização; os patógenos foram vírus ou bactérias mais agressivas; entre um episódio e outro ela fica bem; se tem baqueteamento digital; tem envolvimento de outros órgãos; história familiar de alguém que morreu precocemente ou imunodeficiência na família. Criança saudável Crianças com doenças que necessitam de investigação mais adequada Idade de risco > 1 ano Primeiros meses de vida Crescimento Normal Lento Baixo peso Não Sim Curso de infecções Não grave Grave (hospitalização) Patógenos Principalmente vírus Incomuns Bem entre episódios Prolongado (>3 meses) Períodos curtos ou ausentes Baqueteamento digital Não Sim Envolvimento de outros órgãos e sistemas Não Sim História familiar Negativa para IMDP ou morte precoce Positivo para IMDP ou morte precoce O QUE SE DEVE PROCU RAR NA HISTÓRIA PARA A PROVÁVEL CAU SA: PROVA As causas de pneumonia de repetição são inúmeras, mas a gente não vai investigar tudo. Até porque essa investigação é ampla e, não necessariamente, vai ter acesso aos exames. Então, tem que ter clareza para se começar de forma racional, começando pela história: Histórico detalhado de tosse; padrão da tosse; cor do escarro; se tá relacionado com a comida → pensar distúrbio de deglutição? DRGE? Levando a uma pneumonia de repetição. Tosse no final da tarde; início da manhã → pensar em asma descompensada como causa da pneumonia recorrente. Tosse paroxística, sem melhora, marcada por um tempo X → pensar em aspiração de corpo estranho Prematuridade, intubação, atraso da eliminação do mecônio → fibrose cística, displasia broncopulmonar. Idade em que as infecções começaram; quanto mais precoce, mais se pensa em imunodeficiência. - Qual o padrão da infecção; outras condições associadas; Exposição à tosse crônica; História de rinorréia contínua, história de múltiplas infecções de vias aéreas → discinesia ciliar primária. Uso de imunossupressores e corticoides; seria uma imunodeficiência adquirida? Se teve contato com alguém com tuberculose, história de morte na família com menos de um ano, tabagismo. Ou seja, os fatores de risco que já foram citados devem ser investigados na história. (Imagem abaixo em maior tamanho na última página) Indicadores que deve levar a uma investigação mais aprofundada em uma criança com pneumonia recorrente INDICADORES DA HISTÓRIA ▪ Morte inexplicada, infecções graves ou doença multissistêmica na família. ▪ Infecções por microrganismosincomuns ou qualquer característica de uma imunodeficiência sistêmica. ▪ Infecções respiratórias associada a infecções extrapulmonares ou outra doença sistêmica. ▪ Rinossinusite crônica e/ou otite média nos primeiros meses de vida. ▪ Início muito súbito dos sintomas. ▪ Tosse produtiva/expectoração crônica. ▪ Sintomas mais graves ou irritabilidade após alimentação ou quando está deitado. INDICADORES NO EXAME FÍSICO ▪ Infecção grave. ▪ Infecção persistente ou recuperação inferior à esperada. ▪ Pneumonia intersticial prolongada com nenhuma causa infecciosa detectável. 3 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova ▪ Baqueteamento digital. ▪ Sinais de perda de peso. ▪ Déficit de crescimento. ▪ Deformidade torácica grave. ▪ Sibilos fixos ou sibilos assimétricos. ▪ Sinais de doença cardíaca ou sistêmica. ▪ Persistência de crepitações pulmonares à auscultação por mais de oito semanas. -Tudo isso citado até agora são coisas que precisam ser pesquisadas na história e no exame físico. Pensando nas possibilidades: quando se pensa em pneumonia de repetição, vai investigar e pode ser que não ache nada. 50% é normal, 10% vai ser por doença não imune; 10% são por imunodeficiência primária; 30% por uma alergia respiratória mal conduzida. Esse dado é até questional, é de 2015. Hoje se discute se o paciente era asmático e estava com pneumonia, ou será que foi dado um diagnóstico equivocado? Mecanismos fisiopatológicos das pneumonias de repetição Doenças por mecanismos aspirativos: DRGE; distúrbio de deglutição; fístula traqueoesofágica. Obstrução: Asma; DBP; Tumor endobrôquico, corpo estranho. Compressão extrínseca: Linfadenomegalia sec a TB; Tumor; Anel vascular. Malformações: Malformações Adenomatóide Cística; Cisto broncogênico; sequestro pulmonar, cardiopatia congênita. Alteração de depuração mucociliar: Fibrose cística; Discinesia ciliar; poluentes; bonquiectasias. Imunodeficiência: Primária; adquirida (HIV); Outros: Def. alfa 1 antitripsina; Anemia falciforme Infecções que afetam o mesmo lobo ou área pulmonar Na história do paciente, além das perguntas mencionadas anteriormente, é importante questionar também se a pneumnia afeta sempre um lobo, se é no mesmo lugar, ou lugares diferentes. Isso será um divisor de águas! Se for uma pneumonia sempre no mesmo local, temos: • Obstrução Intraluminal ➢ Aspiração de corpo estranho ➢ Tumor endobrônquico • Compressão extraluminal ➢ Aumento de linfonodos (infecção, tumores, sarcoidose) ➢ Compressão por vasos ( anel vascular) • Anormalidades estruturais de vias aéreas ou parênquima pulmonar ( ou seja, uma malformações brôquica, pulmonar) • Síndrome do lobo médio • Bronquiectasias ( podem ser localizadas ou bilaterais, por isso estarão inseridas nos dois grupos). Investigação de acordo com a localização das pneumonias Pneumonia no mesmo lugar ou com ausculta localizada → faz-se como primeiro exame a Broncoscopia. Isso porque é um exame ótimo, principalmente quando se pensa em aspiração de corpo estranho. ➢ Se vier normal, faz uma Tomografia. ➢ Se der alterado, já resolve! Exemplo: se for corpo estranho, já tira. Se for tumor, faz biópsia. Obs.: No caso de pneumonia sempre no mesmo lobo, se for numa prova de residência, responde broncoscopia. Porém, se no dia a dia não tiver acessibilidade à broncoscopia, faz a tomografia! Aspiração de corpo estranho ➢ Deve ser considerado em criança pequena que desenvolve uma tosse seca súbita que evoluiu para produtiva persistente, ➢ Início agudo após um episódio de asfixia (quando a asfixia está presente e a criança vai ficando cianótica, fica mais fácil de se diagnosticar, mas nem sempre ela está presente). ➢ Exame físico: Estridor, sibilância unilateral, redução do MV unilateral ➢ Radiografia do tórax tem indicação? ➢ Diagnóstico e tratamento é a broncoscopia. - Na imagem abaixo tem o raio X do paciente. Pela imagem, dá pra ver algum corpo estranho? Não! O corpo estranho só é visto se for um objeto rádio opaco. Se não for, não dá pra visualizar. 4 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Mas se faz o raio X porque ele pode dar indícios indiretos da presença de um corpo estranho. A presença de um corpo estranho pode obstruir completamente um brônquio e fazer atelectasia (fechamento) ou fazer um mecanismo de válvula e hiperinsuflar. Na imagem, o pulmão direito da criança está com rebaixamento de fúrcula diafragmática e está mais escuro que o lado esquerdo, mostrando que tem uma retenção de ar. Por que isso acontece? Porque o ar consegue entrar bem, pois a pressão do lado de fora é maior que do lado de dentro do pulmão. Mas na expiração, o corpo estranho vai fazer um mecanismo de válvula, obstruindo o brônquio e assim não fará uma expiração satisfatória. A cada ciclo respiratório vai reter mais ar. Isso chega a ser tão importante que no segundo raio X observa-se o desvio do mediastino para o outro lado. O corpo estranho está presente no lado esquerdo, obstruindo parcialmente a passagem de ar, fazendo uma retenção aérea. Na aspiração de corpo estranho, as manifestações que poderiam aparecer seria a hiperinsuflação ou com uma atelectasia. O tratamento e o diagnóstico para corpo estranho é apenas um: Broncoscopia. Compressão brônquica extrínseca • Menino, sete meses , quadro de pneumonias repetidas. • Radiografia de tórax com contraste esofágico: opacidade no lobo superior direito, compatível com pneumonia. Redução concêntrica da luz do terço proximal do esôfago, com dilatação a montante. • Sugestivos de compressão extrínseca por duplo arco aórtico (o tratamento cirúrgico para isso seria a correção dessa artéria aórtica que teve duplo arco). - O que seria anel vascular? É quando um vaso vai apertar por fora um brônquio fonte, ou a traquéia. Pode ser um vaso que se bifurca, podendo ser na curvatura da aorta e depois se uniu, fazendo uma compressão extrínseca nesse brônquio. Outro motivo poderia ser o anel vascular que teve o trajeto de subclávia anômala. ( professora sujere pesquisar na internet o que seria um anel vascular) Houve desaparecimento do quadro respiratório após correção cirúrgica. Porque na imagem houve a compressão do esôfago? Porque o esôfago e a traquéia estão juntos no mediastino. Então, quando o vaso se bifurcou, acabou enlaçando os dois (traquéia e esôfago). Importante realizar Angiotomografia do tórax Infecções que afetam o mesmo lobo ou área pulmonar ▪ Malformações pulmonares (inúmeras). Essas malformações podem predispor ao acúmulo de secreção, levando a uma retenção de muco que vai fazer infecção secundária. ▪ Estenose brônquica: vai acumular secreção naquele pulmão que está sendo aerado por aquele brônquio. ▪ Malformação Adenoidiana Cística: são várias bolhinhas que podem acumular secreção e causar pneumonia. ▪ Sequestro pulmonar que é o tecido pulmonar que não tem a função de pulmão, ou seja, não faz trocas gasosas. É um tecido pulmonar que acaba sendo uma fonte de infecção por não fazer a troca gasosa efetiva. ▪ Cisto broncogênico: é uma dilatação brônquica importante, que chega a formar um cisto. Todas essas situações o tratamento é cirúrgico. E a pneumonia vai se concentrar onde tem a obstrução, a dilatação do brônquio, ou os cistos pulmonares. 5 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Síndrome do lobo médio A Síndrome do Lobo Médio (SLM) caracteriza-se por alterações da ventilação do lobo médio (LM) com componente atelectásico e acúmulo de secreções, favorecendo infecções. É propiciada pela anatomia do brônquio lobar associada ao estreitamento da suaentrada por compressão extrínseca de tumores/adenopatias ou inflamação da mucosa. Causas: Atelectasias, bronquiectasias, compressão brônquica por anel vascular, linfonodos, broncomalácea. - É quando a pneumonia se concentra no lobo médio. Infecções que afetam diferentes lobos ou áreas pulmonares • Fibrose cística • Discinesia ciliar primária • Imunodeficiência primária ou secundária • Doença do refluxo gastroesofágico Pneumonias em diferentes áreas → iniciar a investigação com uma tomografia de tórax. Por quê? Para avaliar o grau de comprometimento desse pulmão; o parênquima; se tem bronquiectasia bilateral, etc. ➢ TC for normal → pode-se rever o diagnóstico. ➢ TC alterada → Investigar IMDP, IMDAdquirida, Nasofibroscopia, Cloro no suor, pHmetria, motilidade ciliar (escovado nasal); Avaliação cardiológica; Tuberculose, a depender da cínica do paciente. E talvez vá precisar fazer uma broncoscopia + Lavado Bronco-alveolar. Fibrose cística • É uma doença genética de caráter autossômico recessivo, crônica e progressiva, que atinge vários órgãos e sistemas do organismo. • Secreções mucosas espessas e viscosas, obstruindo os ductos das glândulas exócrinas. • Características básicas: doença pulmonar obstrutiva crônica, níveis elevados de eletrólitos no suor, insuficiência pancreática com má digestão/má absorção e consequente desnutrição secundária. Quando pensar: • Tosse crônica persistente • Bronquiolite, síndrome do lactente sibilante, infecções recorrentes, pneumonias recidivantes • Diminuição tolerância ao exercício • Excesso de escarro mucoso e espesso • Passado de íleo meconial • Bronquiectasias • Hipóxia: shunt pulmonar • Dificuldade em ganhar peso • Diarreia crônica com fezes volumosas, gordurosas, pálidas, de odor característico • Doença hepática Investigação fibrose cística ❖ Para investigação da fibrose cística deve-se fazer a dosagem de cloro no suor. Precisa-se de duas dosagens para confirmar a suspeita e iniciar o tratamento. ❖ A triagem neonatal, ou seja, o teste do pezinho alterado não confirma que o paciente tem FC. Então, o teste do pezinho deve ser colhido no 5º ou 7º dia de vida, no máximo. Se vier alterado tem que repetir o segundo exame. E, se tiver dois exames alterados dentro dos primeiros 30 dias de vida, tem que pedir o teste de cloro no suor. ❖ Para diagnóstico, esse teste de cloro no suor precisa estar alterado duas vezes (resultado < 60) também. E a partir daí o paciente será conduzido para tratamento num centro de referência. ❖ Se ele tem um diagnóstico duvidoso irá buscar duas mutações. ➢ Se achar as duas mutações, fecha o diagnostico e encaminha para tratamento no centro de referência. ➢ Se não tem nenhuma mutação e esse teste é duvidoso, é possível que seja fibrose cística, pode-se ampliar a investigação e manter o acompanhamento desse paciente. ❖ Se o teste do pezinho der normal é improvável que seja FC. (Imagem abaixo em maior tamanho na última página) 6 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Discinesia ciliar primária • Doença autossômica recessiva • Alteração da ultraestrutura do cílio comprometendo seu batimento • Inflamação crônica -> excesso de muco (Deficiência na depuração mucociliar) • DCP – 50% tem situs inversus; 23 % apenas dos situs inversus têm DCP • Síndrome Kartagener - É uma das manifestações de apresentações clínicas da discinesia ciliar. Possui o quadro de: ➢ Situs Inversus; ➢ Rinossinusite; ➢ Bronquiectasias • A discinesia ciliar não tem cura. Precisa-se fazer a profilaxia com o uso do antibiótico, fisioterapia respiratória, mucolítico, etc. Diagnóstico Características fenotípicas Teste triagem Óxido nítrico nasal (FeNO) Teste sacarina Teste motilidade ciliar Escovado nasal Análise de frequência de batimentos e ondas e microscopia eletrônica Estudo genético Imunodeficiências • Primária A imunodeficiência é mais importante do que se imagina. DEZ SINAIS DE ALERTA PARA A IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA Duas ou mais pneumonias durante o ano; Quatro ou mais otites no último ano; Estomatite de repetição ou monilíase por mais de dois meses; Abcessos de repetição ou ectima; Episódio de infecção grave ou sistêmica (sepse, osteoartrite ou meningite); Asma grave, doença do colágeno ou doença autoimune; Infecções intestinais de repetição/diarreia crônica; Efeito adverso a BCG e/ou infecção por microbactéria; Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada a imunodeficiência; História de imunodeficiência na família ou se tem histórico de morte com menos de um ano de idade por causa de um quadro de pneumonia ou infecção respiratória sem o diagnóstico definido de doença de base. Tendo um desses sinais já tem que acender um alerta e tem a obrigação de investigar. • Secundária: ➢ Desnutrição ➢ HIV ➢ Diabetes ➢ Linfoma, Leucemia ➢ Drogas Imunossupressoras SINAIS PROPOSTOS POR CARNEIRO - SAMPAIO ET AL PEDIATR ALLERGY IMMUNOL 201 1 12 sinais de alerta para imunodeficiências primárias no primeiro ano de vida: Infecções fúngicas, virais e/ou bacteriana persistentes ou graves; Reação adversa a vacina de germe vivo, em especial BCG; Diabetes mellitus persistente ou outra doença autoimune e/ou inflamatória; Quadro sepse-símile, febril, sem identificação do agente infeccioso; Lesões cutâneas extensas; Diarreia persistente; Cardiopatia congênita (em especial, anomalias dos vasos de base); Atraso na queda do coto umbilical (> 30 dias); História familiar de imunodeficiência ou de óbitos precoces por infecção; Linfocitopenia (<2.500 células/mm²), ou outra citopenia, ou leucocitose sem infecção, persistentes; Hipocalcemia com ou sem convulsão; Ausência de imagem tímica ao raio X de tórax. Indicadores específicos Neonatais Desconforto respiratório neonatal Rinorreia persistente Cardiopatia congênita complexa (desordem de lateralidade) Hidrocefalia (ventriculomegalia) Infância Tosse crônica produtiva Rinossinusites, OMA com otorreia prolongada Bronquiectasias, atelectasias Pneumonia de repetição Adultos Infertilidade masculina 7 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova SINAIS DE ALERTA PARA DIAGNÓSTICO DE IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA COM POSSÍVEIS DIAGNÓSTICOS E TESTES LAB ORATORIAIS A SEREM REALIZADOS A deficiência de anticorpos são uma das principais causas de imunodeficiência. Deve-se dosar: IgG, igA, IgM e os anticorpos contra antígenos vacinais. Ou seja, se o paciente já tomou vacina contra o pneumococo, vai fazer a sorologia para o pneumococo. E aí vai fazer a investigação que vai ser mais específica. (Imagem abaixo em maior tamanho na última página) Investigação das imunodeficiências Defeitos Humorais: ➢ Hemograma (Contagem leucócitos e neutrófilos) ➢ Dosagem de Imunoglobulinas (IgA, IgM, e IgG com subclasses) ➢ Dosagem de IgG em resposta a antígenos vacinais Defeitos Celulares: ➢ Subpopulações de linfócitos CD3, CD4, CD8, CD19/20 e Células NK Deficiência de Complemento: ➢ CH50 (Complemento hemolítico total), C3, C4 Defeitos de Fagócitos: ➢ Teste de redução do Nitroblue tetrazolium (NBT) e Dihidrorodamina (DHR) ➢ Imunoglobulinas (IgE) TRECS: Triagem Neonatal das Imunodeficiências Primárias que cursam com linf. T reduzido. Como eu vou saber se a criança tem risco de receber a BCG e fazer uma tuberculose miliar? Toda criança deve ser investigada antes? Claro que não! Quem for fazer G.O ou Pediatria, na hora em que estiver colhendo a história do paciente, ou está recebendo a gestante pra ter bebê, tem que perguntarse são primos, se tem consanguinidade na família, se tem histórico de morte em criança por infecção respiratória sem diagnóstico prévio ou tem algum irmão com doença do tipo. ➢ Se a resposta for não, segue para aplicar a vacina. ➢ Se a resposta for sim, tem que fazer dois exames simples, porém, importantes. Raio X de tórax para ver se tem imagem tímica, e hemograma para ver se tem linfocitopenia. • Se o resultado dos exames der normais pode liberar para tomar a vacina. • Se der alterado o raio X e o Hemograma deve-se pedir o TREC, que é a triagem das imunodeficiências primárias que cursam com linf. T reduzido que é disponibilizado no SUS. Doenças que causam supuração crônica pulmonar - Afastar IMD • Doença Pulmonar Supurativa Crônica • Bronquiectasias • Bronquite Bacteriana Persistente (BBP) - É quando a criança está fazendo uma infecção crônica por uma bactéria que não está sendo tratada e ela está evoluindo com pneumonia de repetição. A bactéria que mais acontece isso é o próprio Mycoplasma. BBP: o Tosse mais que 4 semanas o Resolução da tosse após uso de antibiótico, mas volta o Ausência de outras causas o Muitas vezes diagnosticada e tratada como asma o Diagnóstico: História e exame físico; Broncoscopia com LBA o Recorrente: mais que 2 episódios por ano Nesse caso, pode-se orientar o uso do antibiótico por um período, utilizando a própria Azitromicina, pensando na possibilidade de uma colonização crônica/ infecção por Mycoplasma. Usa por um período e esse paciente fica bem. Doença do refluxo gastroesofágico Menina, 1 ano e 8 meses com febre e tosse recorrente. A: Radiografia de tórax: opacidades difusas, bilaterais, coalescentes no lobo médio. B: TC: consolidações bilaterais, predominantemente centrais, com broncogramas aéreos. C: EREED demonstrando refluxo. Sem melhora clínica e radiológica com antibióticos, foi indicada biópsia pulmonar: granulomas de corpo estranho e fibras vegetais, provenientes do RGE. Após tratamento adequado, cura clínica e radiológica. • pHmetria de 24 horas (pH < 4,0 e pH> 7,0) • Cintilografia com pesquisa de aspiração pulmonar DRGE pode ser responsável por pneumonia recorrente. - Observa-se o comprometimento bilateral na TC. Tem infiltrado dos dois lados. - Na investigação vai fazer a PHmetria e a cintilografia. - Muitos casos resolvem só com tratamento medicamentoso, mas em algumas situações é preciso fazer a cirurgia. E com isso, o paciente melhora. PROVA 8 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Infecções que podem afetar o mesmo lobo ou área pulmonar ou ambos os pulmões Bronquiectasias: Podem acontecer só de um lado como está nessa primeira imagem da esquerda pra direita, podem afetar o pulmão bilateralmente como na segunda imagem, ou ser tão grave como mostra na terceira imagem. As bronquiectasias vão se estabelecer por quê? Às vezes é um problema base, pode ser congênita também, mas a grande maioria se estabelece pós infecção. Ocorrendo: Inflamação neutrofílica; destruição da parede; perda da dilatação, dilatação cilíndrica (na segunda imagem mostra o “trilho de trem” que é a dilatação do brônquio, mas ele ainda tem um formato que se assemelha a um brônquio normal, só que dilatado), tem também a dilatação varicosa e cística que é quando tem deformação total. Quando a bronquiectasia é bilateral e avançada, como na terceira imagem, é porque é secundária a alguma doença de base. Bronquiectasias NÃO - FC Causas: • Infecções Virais: Adenovirus, Sarampo, Influenza. • Infecções bacterianas: Bordetella Pertussis, Pseudomonas, Staphylococcus Aureus • Complexo Mycobacterium Avium, Tuberculose, Micoplasma Pneumoniae • Corpo estranho • Imunodeficiências (primárias ou secundárias) • Discinesia Ciliar Primária • Def. alfa 1 Antitripsina • Doenças reumáticas Achados comuns em bronquiectasias não fibrocítica em crianças Manejo das bronquiectasias Padrão ouro para diagnóstico: TCAR do tórax A espirometria contribui para avaliação da gravidade da doença em crianças mais velhas: padrão obstrutivo ou misto obstrutivo/ restritivo do fluxo aéreo. Broncoscopia: Identifica anomalias estruturais subjacentes e importante para obter secreções das vias respiratórias inferiores em crianças incapazes de expectorar. Detecção de metalloproteases (MMP-9) em condensado do ar exalado: as bronquiectasias podem ser consideradas como o resultado de uma alteração do equilíbrio entre a degradação e a deposição da matriz extracelular que resulta de uma alteração da relação entre metaloproteases e seus inibidores teciduais. (imagem abaixo em maior tamanho na última página) Paciente com quadro sugestivo de bronquiectasia → pedir uma TC do tórax. 9 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Se a tomografia confirmou a bronquiectasia → ver se está ligado a alguma causa tratável. Ex: corpo estranho; imunodeficiência de IgG; DRGE; malformação. Porém, se as bronquiectasias não forem por causas estruturais, nem por imunodeficiência, e sim por uma doença sem cura como a discinesia e a FC, então terá que melhorar o clearance mucociliar; controlar as infecções; controlar a função pulmonar e controlar as complicações. Usando: nebulização com solução hipertônica; mucolíticos, ATB, vacinas, broncodilatadores e CI. U SO DE MU COLÍTICOS ➢ As diretrizes atuais da BTS concluem que, devido a um possível agravamento da função pulmonar, a RhDNase não deve ser usada no tratamento de bronquiectasias em pacientes pediátricos. ➢ O papel da solução salina hipertônica é controverso. ➢ Um provável mecanismo de ação consiste na redução da viscosidade do escarro induzindo o fluxo líquido do epitélio para o muco, de modo que o muco seja eliminado mais facilmente pelos cílios. ➢ Kellet e col demonstrou que a solução salina hipertônica nebulizada reduziu significativamente a viscosidade do escarro e pode ser utilizada com segurança e eficácia como adjuvante à fisioterapia em pacientes com bronquiectasia estável. TRATAMENTO B RONQUIECTASIAS – ANTIB IOTICOTERAPIA ➢ H. Influenzae não tipável é o principal patógeno detectado em crianças de todas as idades afetadas por BNFC. Este microrganismo é capaz de formar um biofilme no epitélio das vias aéreas que danifica cílios e prejudica o mecanismo de depuração brônquica. ➢ Ciclos prolongados de antibióticos (muitas vezes mais do que 4 semanas), são muitas vezes necessários para erradicar alguns agentes patogênicos respiratórios responsáveis pela exacerbação. -Normalmente usa-se Azitromicina profilática as segundas, quartas e sextas. ➢ Uma revisão recente envolvendo 15 estudos (925 participantes), mostraram uma redução significativa na taxa de exacerbação e hospitalização em crianças e adultos com BNFC que tinham sido tratados com antibióticos prolongados (quatro ou mais semanas). ➢ Há risco de resistência a drogas, por isto cultura de escarro ou aspirado nasofaríngeo (em crianças que são incapazes de expectorar) deve ser obtido antes de iniciar antibióticos. ➢ Gentamicina nebulizada em crianças com NCFB é bem tolerada e produz nível de droga satisfatória no escarro. ➢ Tobramicina nebulizada é usado principalmente em crianças com FC e demonstrou boa eficácia na redução da concentração de Pseudomonas no escarro com melhora o VEF1. ➢ A escolha do antibiótico nebulizado deve ser orientada pelo resultado de cultura. ➢ A utilização de macrolídeos para o tratamento de NCFB: Efeitos antinflamatórios, efeito antimicrobiano direto bem estabelecido em atípicos e cocos Gram-positivos, redução na produção de muco. U SO DE AZ IT ROM ICIN A NO T RATA MENTO B RONQU IEC TA SIAS NF C ➢ Duas meta-análises, que incluiu sete estudos que avaliaramvários macrolídeos (azitromicina, eritromicina, roxitromicina) reportaram uma redução significativa na frequência de exacerbações comparado. ➢ EMBRACE (Eficácia de Macrolídeos em pacientes com bronquiectasia usando Azitromicina para exacerbações de Controle), envolvendo três centros na Nova Zelândia, mostrou que o uso de Azitromicina três vezes por semana durante 6 meses em pacientes adultos com NCFB resultou em uma redução significativa das exacerbações em comparação com o placebo. ➢ Apesar dessas evidências encorajadoras, tem risco de resistência. OU TRAS TERAPIAS NAS B RONQU IECTASIAS • Hiperresponsividade brônquica e obstrução brônquica crônica ao fluxo de ar ocorre em indivíduos com bronquiectasia. • O uso de terapia combinada com beta2agonista de longa duração (LABA) e ICS administrados juntos em um único dispositivo mostrou um efeito sinérgico na diminuição da inflamação brônquica, com consequente melhoria dos sintomas. • Ensaios clínicos randomizados sobre o uso de ICS e LABA combinados em comparação com um controle (placebo, sem tratamento, como monoterapia ICS) em crianças e adultos com bronquiectasias, concluiu que a terapia combinada foi mais eficaz do que altas doses de ICS. Mensagens finais ➢ Pneumonia recorrente ainda é um desafio diagnóstico em pediatria. Muitas crianças com pneumonias recorrentes não precisam de uma ampla investigação e os episódios não são frequentes e / ou graves, ou se eles param recorrentes ao longo do tempo. ➢ Determinar quais casos devem ser investigados se baseia no julgamento clínico. ➢ Tratamento precoce da doença subjacente da criança é essencial, a fim de estabilizar a doença do pulmão e, assim, evitar progressiva deterioração da função pulmonar. ➢ Idealmente, o diagnóstico deve ser confirmado ou excluído com o número mínimo de testes e os menos invasivos. ➢ Atentar para o ônus econômico de uma extensa avaliação diagnóstica. 10 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova 11 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova 12 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova • A tuberculose é um problema sério no mundo, não só no Brasil. • A tuberculose em 2017, em todas as idades, teve 10 milhões de caso, destes, 7,5 milhões em crianças de 0 a 14 anos, sendo 52% em menores de 5 anos. 727.000 adolescentes desenvolveram TB em 2012. • É considerada um problema grave de saúde pública. No mundo: Crianças (<15 anos) representam 10% do total de casos novos de TB estimados (2016). Em meninas: 490.000 (intervalo 300 000 – 680 000) Em meninos: 550 000 (intervalo 340 000 – 760 000) Total: 1 040 000 Gap de detecção Percentual de casos de TB não diagnosticados nas diferentes faixas etárias Como mostra na tabela, uma parte SIGNIFICATIVA da tuberculose não é notificada e não é diagnosticada. Quanto menor a criança maior essa proporção de não diagnosticados e que tem tuberculose. Isso se deve a n motivos... a apresentação da tuberculose na criança não tão clara como é no adulto, além de que a criança é paucibacilífera, onde a detecção do bacilo é mais difícil. Então existe um grupo grande de crianças que tem a doença e não são diagnosticadas. Ou seja, esses números das estatísticas estão aquém da realidade, pois 55% dos casos da tuberculose na infância e adolescência não são notificados aos programas nacionais! À medida que a criança vai crescendo melhora o número de diagnósticos, principalmente na adolescência, mas em todos as idades existe um percentual significativo que não é identificado nem diagnosticado. Coeficiente de tuberculose por faixa etária por região, 2014 a 2017 Distribuição Distribuição do percentual de casos de TB na infância e adolescência de acordo com a forma clínica, 2017. A grande maioria dos casos é na forma pulmonar. Distribuição dos casos de TB na infância e adolescência de acordo com desfecho de tratamento, 2016. Em relação ao tratamento, normalmente a criança responde muito bem, onde 75,3% conseguem obter a cura. O abandono está mais relacionado a fase da adolescência (5,6%). 2,9% é óbito. 6,1% se relaciona a transferência de diagnóstico. diagnosticado a princípio com tuberculose e depois não foi confirmado. Tuberculose na infância e na adolescência 13 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova História natural da TB A TB é uma doença infecciosa, transmissível, causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Microrganismo com forma bacilar, aeróbio estrito, com multiplicação muito lenta (14-24 horas), leva a quadro clínico pouco específico na infância e de lenta instalação. Muito resistente ao frio, sensível ao calor, à luz solar e à luz ultravioleta, de maneira que os doentes são orientados a permanecerem em locais ventilados e ensolarados. Capacidade de entrar em estado latente ou dormência podendo permanecer neste estado por vários dias até muitos anos. Isso fica muito evidente na infância. Patogenia da TB A inalação dos microorganismos e sua instalação nos pulmões causa reação inflamatória com atração de linfócitos/macrófagos. Os bacilos se multiplicam e disseminam-se por via linfática/linfohematogênica, causando linfadenopatia e focos extrapulmonares em diversos órgãos. O Rx pode demonstrar lesão parenquimatosa pulmonar, aumento dos linfonodos ou ser normal. COMPLEXO DE GHON: Compreende lesão pulmonar com gânglio na região mediastinal. Os bacilos podem permanecer dormentes por um período longo (ILTB – Tuberculose latente). Doença ativa após infecção primária é mais identificada em crianças pequenas (<1 ano). Ou seja, aquela criança que entrou em contato e logo depois desenvolveu a infecção (fazendo a infecção primária). Então precisa buscar a fonte, quando pensa que a criança pode ter adquirido tuberculose, investigar o contato intradomiciliar é extremamente importante. Quando for colocar a história, precisa saber como aconteceu esse contato. Sempre tem que perguntar se foi um contato esporádico, a frequência em que esteve com o indivíduo que estava com tuberculose? Essa criança vive na mesma casa, dorme no mesmo quarto? É só um vizinho? Foi um contato ocasional? Fatores que facilitam a transmissão (CONTATO) CRIANÇA INFECTADA → CRIANÇA DOENTE. Existe uma diferença entre criança infectada e criança doente. ❖ Criança infectada: O bacilo entrou no organismo e ficou na condição de latente, podendo permanecer assim durante longos períodos. ❖ Criança doente: Tem a manifestação clínica da doença. Estar infectada não quer dizer que necessariamente está doente. ❖ Características do foco: TB pulmonar/Baar+/Tosse ❖ Intimidade do contato (ambiente): Casa/quarto/cama ❖ Parentesco: mãe/ Pai/ Irmão adulto/ Tio que visita / Outros. Quanto mais próximo o contato com o indivíduo que está doente, mais chance a criança tem de se infectar e vir a adoecer. ❖ Tempo de exposição: + - 200 horas DEFINIÇÃO DE ROSE Diz que os contatos no mesmo espaço físico têm que ter contato com o caso índice de pelo menos 200hs a 400hs pra ter de fato a possibilidade de desenvolvimento de tuberculose. Esse contato depende da maneira de diagnóstico do caso índice. CONTATOS NO MESMO ESPAÇO FÍSICO ❖ CASO ÍNDICE BAAR → 200 HS: É quando o diagnóstico é dado pela baciloscopia. ❖ CASO ÍNDICE CULTURA → 400 HS: É quando o paciente tem uma baciloscopia negativa e a cultura positiva. Precisa de 400hs de contato para que uma pessoa passe essa doença para outra. Quanto mais difícil for isolar esse bacilo precisa de mais tempo de contato para que a pessoa fique doente. NÃO É QUALQUER CONTATO! A chance de adquirir a doença émaior se a criança mora na mesa casa ou dorme no mesmo quarto ou compartilha a mesma cama. Isso aumenta a chance porque o número de horas com aquele indivíduo doente vai ficando cada vez maior. EXEMPLO: Se o tio da criança tiver diagnóstico de tuberculose dado pela baciloscopia significa que ele estava expelindo muito bacilo. Então, basta 200hs de contato para que tenha a chance de ele ter passado para mais pessoas. Isso DENTRO DO MESMO ESPAÇO FÍSICO. Porém, se o indivíduo doente com tuberculose tiver a baciloscopia negativa e apenas a cultura positiva significa que ele não tá expelindo tanto bacilo assim, necessitando e mais horas de contato para que outra pessoa pegue. Isso é o que foi observado na chance de adoecimento dos contactantes, mas isso não é tão preso assim! É pra ter uma ideia de que quanto mais próximo (quanto mais horas) de contato mais chance de adoecimento. Se a pessoa teve a primeira baciloscopia positiva significa que ele estava expelindo bastante bacilo, o que significa que ele tem a chance de contagiar outras pessoas maior. Isso foi um ESTUDO feito que investigou as pessoas que estavam doentes e o tempo de contato com aqueles contactantes. Foi verificado as pessoas com baciloscopia positiva e as com cultura positiva, estabelecendo o tempo médio de contato pra se definir a possibilidade de adoecimento ou não. 14 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova TRANSMISSÃO DA TB A TB é uma doença de transmissão aérea que ocorre a partir da inalação de aerossóis oriundos das vias aéreas, expelidos pela tosse, espirro, fala ou respiração de doentes com tuberculose pulmonar ou laríngea. Somente pessoas com TB ATIVA (com manifestação clínica) transmite a doença, ou seja, se eu tiver tuberculose latente eu não transmito a outra pessoa. CASO DE UMA CRIANÇA DO AMBULATÓRIO: Criança suspeita porque uma mulher da igreja dela foi diagnosticada com tuberculose. Pode acontecer? Pode. Porém, deveria ter um contato muito próximo e muito frequente. OL HAR O RISCO DE DOENÇA PUL MONAR E O RISCO DE DOENÇA DISSEMINADA: Observe que esse risco é maior na criança menor que 1 ano, sendo que até 2 anos esse risco ainda é significativo. Depois de 2 anos dá uma queda e depois volta a subir na adolescência. Os 2 grupos (Início da vida e fase da adolescência – 10-15 anos) são os grupos de maior chance de doença pulmonar e de desenvolver a doença disseminada. Só que a doença sistêmica disseminada vai acontecer mais frequentemente no menor que 1 ano, e no adolescente já cai bastante. TB infecção primária TB latente → Reativação em geral nos ápices pulmonares ou extrapulmonar. Teve a infecção, mas o organismo consegui deter e deixar em condição de latente. TB doença primária progressiva → 1 – Pulmonar; 2 – Extrapulmonar; 3 – disseminada. Uma vez a pessoa tendo tido contato com alguém com tuberculose, ela pode adquirir a infecção primária, podendo evoluir para a TB latente, ou seja, não está desenvolvendo a doença (teve a infecção mas o organismo conseguiu conter), ou pode evoluir para uma doença primária progressiva (pode ser pulmonar, extrapulmonar ou disseminada). A TB latente pode permanecer latente durante anos, mas pode ser reativada, e quando reativada, normalmente faz a tuberculose nos ápices pulmonares, ou extrapulmonar. Diagnóstico de TB nas crianças O diagnóstico de TB na criança é difícil, pois na maioria das vezes as crianças são paucibaciliferas, e para isolar o bacilo (álcool-ácido resistente) é difícil. Ele pode ser isolado no tecido pulmonar, ou através de biópsia de outros tecidos, ou através do escarro (a obtenção do escarro na criança é muito difícil, pois a criança não sabe escarrar direito e, caso seja obtido o escarro, pode não ser visualizado o bacilo). Diferença da doença adulto x criança A criança faz normalmente um quadro paucibacilar, porque as lesões, na sua grande maioria são nodulares. As crianças não cavitam tanto, fazem mais as lesões nodulares, reticulonodulares. No entanto, a quantidade de bacilo é bem menor, de 100 a 10.000 bacilos. Nas lesões cavitárias a quantidade de bacilos é muito grande, de 10 milhões a 1 trilhão de bacilos. A chance de detecção nas crianças é menor porque elas fazem lesões nodulares. Além disso, as crianças não conseguem expectorar, então a obtenção do material é a partir do lavado gástrico, e a acidez gástrica acaba inativando os bacilos, e, por isso, o processamento da amostra deve ser imediato. Fazemos o lavado gástrico. O lavado brônquico precisa de broncoscopia (necessário sedar a criança), portanto ele não é feito de forma rotineira, ele é feito mais em pacientes com investigação de uma doença pulmonar de evolução complicada. Na criança em geral o quadro é paucibacilar: • Lesões nodulares: 100 a 10.000 bacilos (102 a 104) • Lesões cavitárias: 10 milhões a 1 trilhão de bacilos (107 a 109) Positividade da baciloscopia do escorro Na primeira baciloscopia a positividade é 81% no adulto e 10% na criança. Na terceira é 100% no adulto e 50% na criança. 15 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Diagnóstico de TB na criança • História clínica • Exame físico • Exame radiológico de tórax • Exames bacteriológicos, moleculares e histológicos (pesquisa de BAAR, cultura do BK, PCR) • Reação ao teste de Mantoux / IGRAs • Outros exames (ELISA, ADA) • Líquor cefalorraquidiano • Contato com bacilífero e com a criança que tomou vacina BCG e tem imunodeficiência. SINAIS E SINTOMAS CARACTERÍSTICOS DA TUBERCUL OSE PUL MONAR NA INFÂNCIA Na maioria das vezes são achados inespecíficos • Febre moderada, persistente (15 dias ou mais), frequentemente vespertina. • Tosse persistente com piora progressiva. • Irritabilidade ou hipoatividade, inapetência, perda de peso. • Raramente, sudorese noturna (na criança não é um dado significativo). Muitas vezes, a suspeita de TB em criança surge com o diagnóstico de pneumonia, sem melhora com o uso de antimicrobiano e com dissociação clínico-radiológica. Nos exames para investigação sempre é importante lembrar de solicitar teste para diagnóstico de HIV, pois a criança com tuberculose pode ser uma portadora de HIV. As crianças podem estar assintomáticas, sendo diagnosticadas apenas na avaliação de contatos. Tipos de tosse crônica na infância Nem toda tosse prolongada é característica de tuberculose. Importante saber se a tosse do paciente piorou ou melhorou ao longo do tempo. Paciente que tosse, melhora, tosse, melhora... é uma tosse recorrente e não persistente. Se o paciente tem uma tosse que já foi pior, arrastada, é uma tosse aguda de recuperação lenta. Uma tosse persistente de piora progressiva ao longo de 4 semanas (cada dia pior), é possível que seja BK, mas não significa que só pela tosse já irá diagnosticar tuberculose. Prova tuberculínica (PT) Como na criança paucibacilifera há dificuldade de fazer o diagnóstico pelo isolamento do bacilo, deve-se basear nos critérios de pontuação, e dentro desses critérios a prova tuberculínica é importante. A PT consiste na inoculação intradérmica de um derivado proteico purificado (PPD) do M. tuberculosis, com a finalidade de medir a hipersensibilidade a este antígeno. Ler essa reação com 48 a 96 horas, em média 72 horas. Para fazer a leitura correta, é importante medir a enduração e não a vermelhidão. É pra medir o carocinho que fica no meio e não o halo vermelho. A partir da leitura irá definir se é reatora ou não reatora. Interpretação da prova tuberculínica A PT é sugestiva de infecção pelo mycobacterium, isso não quer dizer que a criança está doente. No entanto a PT é interpretada como sugestivo de infecção, independentemente do tempo de vacinação pelo BCG.Considerar: • REATORA: enduração maior igual que 5mm • NÃO REATORA: enduração entre 0 a 4 mm Antes era fraco reator, forte reator (acima de 10). Antes era considerado o tempo de vacinação do BCG. Hoje as coisas mudaram! → A influência da BCG na PT depende muito mais da idade que a BCG foi aplicada, do que o intervalo entre a BCG e a PT. Como no Brasil, todas as crianças recebem ao nascer, não há muitas interferências, então não é necessário levar em consideração quando que tomou a BCG. → E esse efeito reduz com o passar do tempo, principalmente se a BCG foi realizada antes de um ano de idade (realidade da população brasileira) Radiografia de tórax Imagem: Linfadenomegalia mediastinal com infiltração pulmonar à esquerda e nódulo de Ghon calcificado à direita → sugestivo. É necessário se basear na história clínica, fazer a prova tuberculínica e pedir um raio x de tórax para ver se ele é sugestivo de tuberculose ou não. 16 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova No lado direito do raio X, o pontinho branco é um nódulo calcificado (doença que calcificou). Do outro lado, há uma linfadenomegalia com infiltrado pulmonar (reativação-doença). O raio X de tórax na tuberculose é sempre variável, não tem um padrão único. Pode aparecer com uma adenopatia hilar direita (parecendo pneumonia, com atelectasia a direita. Pode aparecer nódulo calcificado com gânglio mediastinal (complexo de Ghon – não necessariamente está doente). Pode se apresentar como uma pneumonia com derrame pleural, o que faz o médico tratar como pneumonia com derrame pleural. Ocorre que esse paciente não evolui bem, evolui de forma lenta, e surge a dúvida se realmente trata-se de uma pneumonia bacteriana ou uma tuberculose. Então, quando a evolução é muito “arrastada” como na imagem: onde em outubro de 2013 havia um infiltrado pulmonar à esquerda, apresentando também gânglios no mediastino; e em novembro de 2013 houve um aumento. Caracterizando uma evolução lenta da pneumonia, uma dissociação clínico radiológica. Ou seja, a tuberculose na infância pode parecer uma pneumonia, pode parecer uma pneumonia com derrame pleural, ou ainda parecer um tumor. Existem, portanto, várias formas de apresentação dessa tuberculose, não havendo um padrão radiológico único para afirmar que “este raio-x é típico de tuberculose”. Desta forma, o diagnóstico de tuberculose na infância não pode ser dado só pelo raio-x. Deve haver um somatório de informações que faça com que se chegue a um diagnóstico. Aqui temos outra imagem de raio-x, o padrão miliar, que é o padrão de retículo nodular bilateral, apresentando bolinhas pequenas brancas “salpicando” o pulmão de ambos os lados. E na outra imagem a cavitação com disseminação brônquica. O cuidado necessário é que na radiografia de crianças é comum haver esse “desenho de vela de barco” que pode ser confundido com pneumonia ou com tumores, mas que é apenas o timo (conhecido por ser aumentado em crianças pequenas). Para a professora o raio-x mais característico para indicar uma tuberculose seria a imagem com cavitação, mas reitera que para o diagnóstico de tuberculose em crianças não deve ser diagnosticada só com raio-x. Pode-se dizer que é o raio-x com cavitação é muito sugestivo, mas não diagnosticar apenas com base nele. Porque também poderia ser, por exemplo, uma pneumonia estafilocócica fazendo abscesso pulmonar. Por fim, não existe um raio-x de tórax que indique tuberculose em crianças sem dúvidas. A maioria irá parecer uma pneumonia que não evolui bem com o tratamento de antibiótico. Entretanto, os padrões mais sugestivos seriam o padrão miliar (retículo nodular bilateral), e a cavitação. No caso especificamente do derrame pleural, só se pode afirmar que é um derrame pleural, não há como afirmar se é um derrame pleural por outras bactérias ou se é um derrame pleural causado por tuberculose. 17 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Cuidado com as crianças menores de 4 anos, para que não se confunda a imagem do timo com uma imagem sugestiva de tuberculose. A imagem do timo é normal nas crianças menores que 4 anos, principalmente nas menores que 1 ano. Critérios de pontuação ISSO AQUI CAI NA PROVA COM CERTEZA ABSOLUTA! Diante da dificuldade de isolar o bacilo, seja através do escarro, baciloscopia ou até da cultura, a gente vai precisar usar na grande maioria das vezes esses critérios de pontuação. Critérios de pontuação: baseados no quadro clínico- radiológico, na história de contato com tuberculose, na prova tuberculínica e no estado nutricional. A pontuação dá uma probabilidade dessa criança está com tuberculose. Como a criança é paucibacilífera, o diagnóstico inicial é dado através desses critérios. Quadro clínico-radiológico: Clínico: • Sintomas (febre, desconforto respiratório) e melhora espontânea ou com uso de antibiótico comum → pontua -10 pontos (ou seja, você vai tirar ponto). • Assintomático em menos de 2 semanas → pontua 0 pontos. • Sintomas mesmo após antibiótico comum para tratar pneumonia → pontua 15 pontos. Radiológico: • Se o raio X não melhora com 2 semanas de tratamento → 15 pontos. • Se a alteração radiológica melhora em menos de 2 semanas → 5 pontos. • Se o raio X estiver normal → -5 pontos. Contato com adultos com tuberculose: • Contato próximo → 10 pontos. • Contato ocasional ou sem contato → 0 pontos. Prova tuberculínica: Essa tabela não mudou do ano passado pra cá, mas ser reator ou não reator mudou. • Se a prova tuberculínica for maior do que 10mm → Soma 10 pontos. • Se for entre 5-9 mm → Soma 5 pontos • Se for menor que 5 mm → Soma 0 pontos. Estado nutricional: • Se ele for desnutrido grave (peso abaixo do percentil 10) → 5 pontos • Peso igual ou maior do que o percentil 10 → 0 pontos. A partir dos critérios de pontuação, eu vou ver a probabilidade e já estarei autorizada ou não a iniciar o tratamento. Interpretação do escore para diagnóstico da TB pulmonar em crianças ➢ Se o paciente somou mais de 40 pontos → Iniciar o tratamento. ➢ Entre 30-35 pontos → O paciente é um indicativo de tuberculose. Pode iniciar o tratamento a partir do critério médico. ➢ Se for menos que 35 pontos → Pensar em outra coisa (tumor, pneumonia fúngica). Você só está autorizado a iniciar o tratamento acima de 40 pontos. De 30 a 35, pode-se considerar o tratamento a partir da clínica do paciente. 18 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Interferon-gamma release assays (IGRA) O IGRA é um teste imunológico, capaz de identificar a infecção latente da TB, por meio da presença de Interferon Gamma, produzido pelas células mononucleares periféricas, em resposta a antígenos específicos do M.tuberculosis. SE DER POSITIVO: Essa criança teve contato com o bacilo, ou seja, ela tem infecção. Não necessariamente ela está doente. O método que pode ser utilizado é o QUANTIFERON que usa o ELISA ou o ELISPOT que mede o número de células mononucleares periféricas que produzem esse interferon gama. A interpretação • Se ele for positivo, dá-se o diagnóstico de TB latente (não é TB doença). • Se for negativo, não afasta em crianças menores de 5 anos e nem em imunocomprometidos. Porque nessa faixa etária e nos imunocomprometidos, têm-se um alto índice de falso negativo. • Se ele for indeterminado, repete-se o teste. *Então, como é um teste imunológico e não é barato e ele tem a chance de dar falso negativo, alguns serviços só utilizam em crianças acima de 5 anos. E ele não é recomendado em crianças abaixo de 2 anos, porque a chance de positividade é muito baixa. *Eles apresentam uma taxa de 10% de resultados indeterminados emcrianças menores de 5 anos e não quer dizer que não tenha tuberculose latente. Então, se um paciente com HIV ou em tratamento para pré transplante com imunossupressor, é preciso fazer a prova tuberculínica – Não dá para confiar só no IGRA por conta, abaixo dos 5 anos de idade, do alto índice de indeterminados e falsos negativos. Observações: Já citadas anteriormente! ▪ IGRAs não são recomendadas para crianças <2anos de idade. ▪ Apresentam >= 10% de resultados indeterminados em menores de 5 anos de idade, principalmente sob condições imunossupressorar. ▪ Crianças com comorbidades com infecção pelo HIV, pré-transplante de órgãos ou que iniciarão terapia imunossupressora deverão também se avaliadas com PT, mesmo sem história de contato com tuberculose. ▪ Quando a PT for >5mm, serão consideradas infectadas pelo MTB e deverão fazer o tratamento da ILTB. Vantagens e desvantagens Prova tuberculínica e IGRA Prova *Reforçando que eles não identificam, necessariamente, a doença tuberculose e sim o contato com o bacilo. Efeito booster: Quando você faz um PPD e repete ele com menos de 2 meses... ele pode ter uma conversão (se tornar reator) não porque o paciente desenvolveu a doença ou adquiriu a tuberculose, mas como efeito secundário a inoculação do PPD anterior. Ex: A primeira leitura deu não reator → eu não posso repetir esse exame com menos de 2 meses. Se eu fizer isso, pode dar uma conversão por conta do PPD feito anteriormente. Diagnóstico bacteriológico • Diagnóstico do isolamento bacteriológico na criança: doença paucibacilar e dificuldade na coleta de espécimes respiratórios de forma adequada, havendo dificuldade em obter o escarro dessa criança. • Existem outras alternativas como o lavado gástrico, lavado boncoalveolar e o swab de laringe escarro induzido, aspirado de nasofaringe e o próprio escarro. Então, esses são os materiais que se pode obter para dar o diagnóstico de tuberculose pulmonar. • Essa confirmação bacteriológica deve sempre ser tentada, mesmo se já estiver fazendo o teste de pontuação e acredite que é tuberculose. Tem que tentar isolar esse bacilo! • O lavado gástrico continua sendo a forma mais comum de se obter amostras respiratórias em crianças pequenas, sendo geralmente preconizadas 2 coletas em dias subsequentes, devendo ser efetuado apenas onde a cultura para M.tuberculosis esteja disponível, pelo risco de falsos positivos com a baciloscopia, pela possível presença de outras micobactérias no conteúdo gástrico. A gente só consegue fazer o teste rápido molecular em crianças que escarram adequadamente. • Para realizar o lavado gástrico, interna a criança, passa a sonda nasogástrica na noite anterior e de manhã, antes que a criança acorde, aspira o conteúdo do estômago. Esse conteúdo do estômago deve ter o escarro engolido na noite anterior, então a 19 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova chance de isolar o bacilo é maior. Então, a criança tem um quadro suspeito de tuberculose, já foi feito o quadro de pontuações, mas se quer isolar o bacilo e essa criança não escarra: Pode-se fazer o lavado gástrico. • O TRM-TB também pode ser utilizado desde que associado à cultura, pois apresenta sensibilidade menor do que a cultura em crianças. Baciloscopia e TRM-TB A baciloscopia é importantíssima! Pode ser feita no octávio mangabeira e pode ser feita pelo SUS?. Então, o teste rápido molecular é maravilhoso, se conseguir obter vai ser ótimo! Os dois vão dar diagnóstico de casos novos e a baciloscopia é também para retratamento. A baciloscopia serve de controle do tratamento da TB, ou seja, faz pra ver se não ficou o bacilo depois do tratamento. É simples e existe há muitos anos. O TRM-TB também tem outro benefício bom que é dar o diagnóstico da possibilidade daquele bacilo ser resistente à rifampicina. Ele vai detectar o DNA do complexo M. tuberculosis e em 2 horas sai o resultado. Ele é excelente, porém é de um custo maior e não tem em todos os locais. Protocolo de solicitação na criança NA SUSPEITA DE TUBERCULOSE GANGLIONAR: Biopsia o gânglio. NA SUSPEITA É DE TUBERCULOSE PULMONAR: Obter o escarro. Se a criança não escarra... fazer o escarro induzido. * Lembrando que o indivíduo que está coletando esse escarro deve estar paramentado (N-95, óculos, luva, capa...) para não ser contaminado na hora da coleta desse escarro induzido. Quando não consegue coletar o escarro, vai fazer o lavado gástrico com a passagem da sonda. O lavado broncoaveolar só é feito em pacientes que estam internados e graves e que a gente está na dúvida se é tuberculose ou não (faz a broncoscopia e colhe o lavado broncoalveolar para analisar a presença do bacilo ou pesquisa de outros agentes etiológicos). Investigação de TB em casos novos adultos e adolescentes Algoritmo TRM-TB Investigação (algoritmo para adulto e adolescente) O TRM-TB: Faz o escarro, coloca no aparelho e em 2 horas têm-se o resultado. Se deu Mycobacterium tuberculosis detectado, o paciente tem tuberculose. Aí ele vai informar se tem resistência à rifampicina ou não. Se tiver resistência, realiza-se outro TRM + a cultura + teste sensibilizado automatizado (TS) e encaminhar o paciente para a referência terciária para introdução de esquema alternativo. Se não teve resistência, mesmo assim, sempre vai ter que pedir a cultura e o teste de sensibilidade e vai iniciar o tratamento para a TB com o esquema básico: RIPI. Não é só fazer o teste rápido molecular. Tem que sempre coletar cultura a fazer o teste de sensibilidade! Se o TRM-TB não foi detectado, mas o paciente mantém os sintomas – não vai dizer que não tem tuberculose não – vai realizar cultura e solicitar o teste de sensibilidade, continuar investigando o meu paciente. Mas se ele melhorou, se em duas semanas o paciente já está ótimo, então não é tuberculose. O acompanhamento é feito na unidade básica. Só é encaminhado para unidade de referência os pacientes com padrão de resistência, mas a tuberculose tem que tratar a nível de assistência básica. Isso cai em prova de residência com certeza! Tratamento O esquema básico para crianças (< 10 anos de idade): 2RHZ/4RHZ Usa 2 meses de rifampicina (15mg/Kg/dia), isoniazida (10mg/Kg/dia) e pirazinamida (35mg/Kg/dia) e depois mais 4 meses com rifampicina e isoniazida (tira a pirazinamida). Indicações: Vão para esse esquema os casos novos e também os de retratamento (recidiva ou reingresso após o abandono) que apresentem sintomas de doença ativa em criança menores que 10 anos com todas as formas de tuberculose (pulmonar ou extrapulmonar), exceto a 20 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova meningoencefálica e osteoarticular, pois o esquema é mais ampliado/mais tempo. * Em crianças com peso maior, a dosagem dessas drogas passa a ser padrão e não mais pelo peso, já vem comprimidos prontos com a associação das 3 drogas. Inicia-se esse tratamento quando, lá nos critérios a pontuação for acima de 40 pontos – sugestivo de tuberculose e já está autorizado a tratar. Então se, por exemplo, pela tabela de pontos foi visto que o paciente sintomático e ao uso de antibiótico regular ele não melhorou → 15 PONTOS; O raioX também não melhorou → + 15 PONTOS; Tem um contato próximo → + 10 PONTOS = 40 PONTOS. Só por esses dados já foi! Ele não tem contato, mas deu 15 aqui e 15 aqui, o PPD deu 10 PONTOS, então eu também TRATO! Então isso na criança que tem dificuldade de escarrar e fazer o teste rápido molecular, vai ser realizado este tratamento que é: RIFAMPICINA, ISONIAZIDA E PIRAZINAMIDA (Tratamento RIPI) por dois meses, e depois por 4 meses será retirado a PIRAZINAMIDA e vai manter a RIFAMPICINA com ISONIAZIDA. Esquema de tratamento para crianças >=10anos e adulto • Etambutol entra no esquema de tratamento para crianças maiores de 10 anos. • Será utilizado o esquema RIPE: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol. • Como as drogas vem juntas, será definido pelo peso se a criança vai tomar 2, 3, 4 ou 5 comprimidos, dependendo do peso. • Os 4 meses seguintes tira a Pirazinamida e o Etambutol e fica a Rifampicina e a Isoniazida. • A diferença dos tratamentos é que no esquema para maiores de 10 anos entrou o Etambutol na primeira fase. Efeitos adversos dos medicamentos em crianças Importante para a PROVA! ▪ A tolerância aos esquemas de tratamento é boa, porem alguns efeitos podem acontecer como diarreia, vômito e que vai ser necessário retirar temporariamente o esquema de medicamentos por 2 ou 3 dias e depois vai sendo reiniciado. Em geral, quando o esquema é iniciado, os efeitos não reaparecem. ▪ Esses efeitos adversos graves como icterícia, elevação acentuada das transaminases obrigam a SUSPENSÃO dos medicamentos por alguns dias ou até a melhora e depois retorna. ▪ A seguir, os medicamentos devem ser reiniciados um a um, começando-se pela Rifampicina (e Etambutol), seguida pela Isoniazida e, por último, a Pirazinamida. Então, quando se tem um efeito colateral grave(icterícia, elevação de transaminases-hepatite medicamentosa) será suspensa a medicação, faz o controle do paciente repetindo os exames e quando for reintroduzir, ao invés de colocar o esquema completo, vai ser reintroduzido droga uma a uma; primeiro será a Rifampicina e, se tiver, Etambutol; depois a Isoniazida e depois a Pirazinamida. Reações adversas aos fármacos do esquema básico Efeitos colaterais, drogas responsáveis e o que se deve fazer – PROVA! • Observem que dor de cabeça, mudança do comportamento e insônia: vai orientar, observar e o responsável por isso é a Isoniazida. • Febre: isoniazida e Rifampicina. Vai orientar e medicar com antitérmico. • Para o paciente um dos critérios de melhora é ceder a febre, e o paciente está mantendo a febre pela Isoniazida e a Rifampicina, mas tem que ter outros sinais de melhora. Vai orientar o paciente, utilizar o antitérmico e vai hidratar. • Nos efeitos da pirazinamida vai ser orientado a fazer uma dieta hipopurínica. • Se for um prurido, um exantema leve: fazer um anti- histamínico. • Se for dor articular: fazer analgésico. 21 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova • Se for uma neuropatia: medicar com piridoxina (vitamina B6) na dosagem de 60mg/dia e avaliar a evolução. • Se for só um vômito, dor epigástrica, náusea: reformular, porque essas medicações são dadas em jejum, mas nesse caso pode rever o horário e pode dar duas horas após o café da manhã. Seguimento do tratamento em crianças e adolescentes O tratamento foi iniciado. • O acompanhamento clínico deverá ser mensal. • Há uma resposta clínica com cerca de uma semana com melhora da febre. Se ele mantiver febre por causa do efeito colateral da Isoniazida, tem que ter outras melhoras como melhora da tosse, melhora do apetite, melhora do ganho de peso. • Na consulta do primeiro mês: o paciente tem que ter sempre como objetivo a melhora do ganho de peso, melhora da tosse. • As doses do esquema terapêutico deverão ser ajustadas toda vez que o paciente vier E AUMENTAR DE PESO, precisa estar recalculando a dose. • Como raramente as crianças apresentam efeitos adversos, os exames bioquímicos não são recomendados de rotina, a não ser a partir de avaliação individual, a critério clínico. Normalmente é feito uma vez, iniciou o tratamento, repete o exame com um mês. Se depois disso o paciente ficou bem não precisa ficar fazendo o exame todo mês. • Os sinais precoces de toxicidade ao Etambutol podem ser investigados em adolescentes testando-se discriminação de cores, quando pertinente, porque o Etambutol pode fazer com que o paciente confunda cores. • A família deve ser informada sobre os efeitos colaterais e orientada a procurar o ambulatório caso aconteça algum efeito colateral. • No controle bacteriológico, ressalta-se que raramente a baciloscopia é o exame que confirma o diagnóstico de tuberculose, portanto a melhora clínica e radiológica passa a ser o principal critério que corrobora para avaliação de cura. • Nas crianças com escarro e que apresentem facilidade de coleta, o acompanhamento bacteriológico deve ser mensal, semelhante ao dos estudos. • Quando se identificar o adulto bacilífero no ambiente domiciliar, o adulto também deverá ser acompanhado, no sentido de monitorar a fonte de infecção. • O controle radiológico de tórax deve ser realizado no segundo mês de tratamento, quando a evolução estiver sendo favorável, para confirmar a melhora com diminuição dos achados anteriores; ou com um mês de tratamento para afastar outras doenças, caso a evolução não seja favorável. • A radiografia de controle deverá ser feita ao término do tratamento ou, quando da solicitação do médico assistente, a qualquer tempo. • É importante conversar como cuidador ou responsável sobre a testagem do HIV na criança. Recomenda-se que pelo menos um exame diagnóstico para o HIV seja realizado durante o tratamento da TB. Seguimento do tratamento de crianças • As consultas devem ser mensais para avaliar a condução do tratamento, a presença de eventos adversos e a melhora clínica (peso, apetite). • Lembrar de falar as mães dos efeitos adversos. • Checar sinais de melhora clínica. • Radiografia de tórax será de acordo com a NECESSIDADE e EVOLUÇÃO do quadro e CONTROLE de doença. • Não há necessidade de realizar exames laboratoriais de rotina • A baciloscopia de controle só vai ser feita naqueles que deu uma baciloscopia anterior positiva, ou seja, se a criança, o diagnóstico foi por critério de pontuação eu vou basear pela melhora dos sintomas e pela melhora radiológica; mas se a criança teve também uma baciloscopia positiva eu vou ter que repetir essa baciloscopia para verificar se o paciente não é mais bacilífero. Mas se o diagnóstico não teve como BASE a baciloscopia, não precisa ficar colhendo a baciloscopia o tempo todo. • Durante o tratamento avaliar sempre os efeitos adversos. • Retornar a consulta a cada 30 dias. • Manter a casa arejada permitindo a entrada de luz. • Não é necessário separar copos, talheres, pratos, ou outros objetos de uso coletivo, porque a criança é paucibacilífero – diferente do adulto. • Se a criança apresentar qualquer reação como vômito, dor abdominal deve retornar à unidade de saúde antes mesmo da data programada. • Se a urina ficar alaranjada deve explicar a mãe que isso é normal, que é por conta do esquema do tratamento. Controle de contatos Caso índice: é o paciente com TB ativa e um ambiente em que outras pessoas possam ter sido expostas. É aquele primeiro em torno do qual a investigação de contato é direcionada, embora nem sempre corresponda ao caso fonte (caso infectante). É aquele primeiro que foi diagnosticado, e a partir dele ir atrás do caso FONTE, que pode ser ele mesmo se ele for a única pessoa da casa. Caso fonte: é o caso infectante, não necessariamente o primeiro caso identificado. Contato: toda pessoa que convive no mesmo ambiente que o caso índice ou, ainda, com o caso fonte, no momento do diagnóstico da TB. Esse convívio pode ser em casa, em ambientes de trabalho, em instituições de longa permanência ou na escola. 22 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Objetivos na investigação de contatos Identificar e tratar precocemente novos casos de TB ativa, para interromper a cadeia de transmissão. Identificar e tratar os casos com ILTB, para prevenir o desenvolvimento de TB ativa. Em casos de crianças com TB, identificaro caso fonte, para interromper a cadeia de transmissão. Toda vez que uma criança for diagnosticada com tuberculose, deve ir atrás da família para saber quem transmitiu para a criança. Resumo: a TB primeiro tem que orientar pra família quais são os sinais de gravidade, orientar voltar ao posto de saúde logo que tiver qualquer efeito colateral, explicar que a urina alaranjada pode acontecer por causa dos medicamentos utilizados no tratamento, mas que não para suspender. Uma vez diagnosticado que a criança está com tb, tem que procurar saber de quem ela pegou e pra saber isso vai atrás do caso fonte, que é quem passou para criança. Agora está entrando na parte de investigação de contactantes, rastrear todo mundo daquela família pra identificar quem tem tb ativa, quem tem tb latente – pra iniciar o tratamento para evitar evoluir para tb ativa. Casos de crianças é necessário ter atenção pra justamente evitar que o adulto que transmitiu para essa criança também transmita para outras pessoas, ou seja, o objetivo é interromper a cadeia de transmissão. Infecção latente da tuberculose (ILTB) • A ILTB ocorre quando uma pessoa se encontra infectada pelo bacilo, que permanece viável sem causar doença no organismo. • As pessoas infectadas, em geral, permanecem saudáveis por muitos anos ou por toda vida. Quando um indivíduo tem TB latente significa que ele está infectado, mas NÃO apresenta manifestação clínica da doença. Uma vez exposto, o indivíduo pode não ter nem infecção, ou pode ter infecção. Uma vez INFECTADO ele pode evoluir logo para TB primária, ou seja, logo em seguida desenvolver doença; ou pode entrar.. 1:14:55s) e fazer uma TB pós primária; ou ficar em um período de latência por um tempo e que pode ser pro resto da vida, permanecendo infectado. E então, existe uma diferença entre está infectado e está doente. Tb pós-primaria é quando passa algum tempo daquele contato pra pessoa poder desenvolver a doença. Ex: hoje entrei em contato com meu tio que tem TB, que mora comigo. Eu não desenvolvi doença nenhuma, mas fui infectada. Daqui 2 ou 3 anos minha imunidade pode baixar e eu posso fica doente. É aquela que acontece um tempo depois do contato com a pessoa doente. A TB primária é quando o indivíduo se infectou e logo em seguida adoece. História natural da tuberculose PROVA: É importante (existe um movimento mundial de identificação) saber quem tem TB latente (infectado) pra definir quem vai pra profilaxia ou não. Quem é que vai pra profilaxia? Quem é que tem indicação de tratamento da TB latente? Quem tem o risco de adoecimento. Ter uma evidência de TB latente é ter uma evidência de infecção! Pacientes que apresentam risco de adoecimento irá para tratamento/ profilaxia isso depende da idade e presença de comorbidade. Além disso, deve existir uma evidência de infecção que pode ser comprovada por meio do PPD ou do INGRA. É necessário separar o paciente que tem infecção e não está doente do paciente que tem infecção e está doente. IDADE Crianças menores de 5 anos apresentam um risco maior após o contato. Entre 5 a 10 anos o risco diminui um pouco e depois volta a elevar na adolescência. Porém toda a faixa etária pediátrica é considerada maior risco de adoecimento, logo se identifficar tb latente na criança deve ser iniciado tratamento 23 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova Essa linha também serve para pessoas com comorbidades como: diabetes, insuficiência renal, desnutrido grave, tabagista, neoplasia, ou pessoas que trabalham em sistema prisional, instituições de longa permanência apresentam risco de adoecimento elevado. Nessa situação é importante investigar se o indivíduo apresenta tuberculose latente. Investigação PARA INVESTIG AÇÃO DOS CONTATOS MENORES DE 10 ANOS Se menor que 10 anos, na consulta diz que apresentou contato com familiar com tuberculose. O paciente apresenta sintoma? Se sim, inicia a investigação de tuberculose. Comprovando tuberculose realizar tratamento, não comprovada a tuberculose prosseguir investigação para saber se a tosse crônica apresenta outros motivos. Se menor que 10 anos, na consulta diz que apresentou contato com familiar com tuberculose. O paciente apresenta sintoma? Se não (assintomático) → Será necessário pedir RX e PPD. Se Rx normal e o PPD normal, teremos que repetir o teste após 8 semanas e verificar se o paciente converteu. Se o paciente não converteu podemos dá alta (a chance de adoecimento é pequena já que ele não converteu), mas se o Rx for normal, paciente assintomático e PPD > 5 temos que tratar TB LATENTE ou se houve conversão do PPD na segunda realização. Conversão é o incremento de 10 mm ou mais em relação a primeira prova tuberculínica. Ou seja, foi realizado um PPD = 2 mm, após 8 semanas é a realizado o exame novamente e o próximo deu PPD= 12 o resultado foi que houve conversão. Se converteu → tratar TB LATENTE. INVESTIG AÇÃO DE CONTATOS ADOLESCENTES E ADULTOS Na investigação dos contatos para adultos e adolescentes a diferença é que pede somente PPD, ao invés de pedir RX e PPD. Se o PPD for reator pedimos o Rx, se o Rx for normal e o PPD reator tratar TB LATENTE. Se o PPD for reator e o Rx suspeito, prosseguir, já que o paciente pode estar com TB. Se o PPD for não reator repetir com 8 semanas, se não converteu = alta, se houve conversão = Rx. Se o Rx for normal tratar TB LATENTE, se o Rx for suspeito prosseguir investigação para tuberculose. Se contato e com sintomas, investigar TB. Se concluiu TB realizar o tratamento. Se não concluir TB → prosseguir investigação. Tratamento e acompanhamento da ILTB em crianças <10 anos ISONIAZ IDA Dose:10 mg/ kg/dia Tempo de tratamento: 6 ou 9 meses (180 doses: em 6 a 9 meses ou 270 doses: em 9 a 12 meses) Na maioria das vezes o tratamento é por 6 meses. RIFAMPICINA É preferível em indivíduos com mais de 50 anos e CRIANÇAS MENORES QUE 10 ANOS. Essa foi uma nova atualização, antes era usado isoniazida para todos. Hepatopatas, pacientes com história de resistência a isoniazida também entram no regime de rifampicina. Dose: 15mg/kg/dia (máximo 600mg/dia) Tempo de tratamento: 4 meses (120 doses:4 meses, podendo se prolongar até 6 meses) 24 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pediátrica – Resumo da prova TRATAMENTO DE TB LATENTE: ISONIAZIDA (durante 6 meses) OU RIFAMPICINA (durante 4 meses. Em algumas situações pode prolongar pra 6 meses). Tratamento e acompanhamento da ILTB em crianças ▪ A medicação deve ser administrada em uma única tomada, preferencialmente em jejum 1 hora antes ou 2 horas após a alimentação. ▪ A criança deve retornar todo mês para avaliação. ▪ Orientar a mãe sobre o acompanhamento clínico do caso e possíveis efeitos adversos e que, mesmo após o término do tratamento, caso apareçam sintomas sugestivos de TB, deverá procurar a unidade de saúde. No caso identificação de abandono do tratamento (R- dois meses sem a medicação consecutivos ou não; H – 3 meses sem medicação, consecutivos ou não), como prosseguir? Proceder com a avaliação clínica e, afastada a possibilidade de TB ativa. De maneira geral, após dois/três meses de interrupção, caso avaliação positiva para reinício do tratamento da ILTB, realizar radiografia de tórax, e reiniciar o tratamento sem contar os meses anteriores realizados. Não se recomenda repetir o tratamento da ILTB em pessoas que já fizeram o curso completo de tratamento da ILTB, a não ser quando for identificada nova exposição de risco, como no caso das PVHIV em contato com caso fonte bacilífero. Quando ele suspendeu a medicação é possível que a TB latente evoluiu para TB ativa. Caso o paciente doente, não iremos mais realizar a profilaxia, mas sim o
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