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TUBERCULOSE PULMONAR

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TUBERCULOSE PULMONAR 
A tuberculose é uma doença mundial e um problema de 
saúde pública do mundo, principalmente em decorrência 
do número elevado de casos, acometendo populações de 
maior vulnerabilidade social e classes mais baixas. Em 2015 
a Organização Mundial da Saúde propôs acabar com casos 
de tuberculose no mundo, caracterizando um marco bem 
grande no combate dessa doença. 
Muito dessa nova visão de combate à doença se deu por 
conta do aumento ou intensificação dos casos ao longo do 
tempo, principalmente após a epidemia da aids que levou 
as pessoas a se tornarem mais susceptíveis a bactéria e um 
aumento da letalidade dessa doença. Além disso, ocorreu 
a formação de bactérias resistentes por conta do uso ou do 
tratamento incorreto, principalmente por ser tratamento 
longo e com baixa adesão da população acometida o que 
contribui para aumento da resistência. 
 
A tuberculose é uma doença causada por uma bactéria em 
forma de bacilo, denominada Bacilo de Koch ou também é 
chamada de Mycobacterium tuberculosis que apresenta o 
elevado índice de transmissão mas não apresenta elevado 
índice de patogenicidade ou seja, da capacidade de causar 
doenças naquele indivíduo. Sendo que muitas das vezes as 
pessoas podem apresentar contato com a bactéria e ter o 
anticorpo contra essa bactéria mas não desenvolver essa 
doença, estima-se que cerca de 1/3 da população mundial 
já teve contato com a bactéria. 
É por esse motivo que tuberculose associado ao quadro de 
HIV e tuberculose causada por multidrogas resistentes são 
preocupantes: em ambos os casos, tanto no portador HIV 
pela deficiência imunológica como aqueles que possuem a 
contaminação por super bactérias tem chances maiores de 
desenvolver a doença, assim como apresentarem formas 
mais graves e que não respondem bem ao tratamento da 
doença. 
No Brasil como já comentado é o foco da doença dentro da 
América do Sul sendo acometido principalmente aquelas 
pessoas em situações mais vulneráveis como populações 
indígenas, pessoas privadas de liberdade, portadores HIV 
e pessoas em situações de rua. Esse acometimento dessas 
classes sociais se dá pelo aparecimento sintomático dessa 
doença por uma série de fatores que acabam causando os 
maiores danos ao ter contato com a bactéria já que grande 
maioria não apresenta sintomas ao contato. 
No entanto, incidência dos casos vem diminuindo ao longo 
dos anos no Brasil principalmente em virtude de medidas 
de atendimento tratando a doença como caso de saúde e 
problema público no país. Estima-se que a queda ocorre de 
cerca de 4% a 5% ao ano. 
 
 
 
Devido a sua semelhança com a Hanseníase é chamada de 
Peste Branca quando apareceu no século XIX no mundo e 
matando boa parcela da população mundial. A partir dos 
séculos XX até os anos 80 teve uma diminuição dos casos 
de tuberculose no mundo, mas a partir dos anos 80 com o 
início do surto da Aids aumentou crescentemente os casos 
e mortalidade da doença, associado a urbanização além do 
aumento das desigualdades e sobrecarga publica saúde. 
É uma doença causada pela Mycobacterium tuberculosis é 
uma bactéria bacilo aeróbica que apresenta uma elevada 
taxa de transmissão e infectividade mas com crescimento 
bem lento, o que caracteriza a grande maioria das pessoas 
não desenvolverem a doença. No entanto, apresenta uma 
alta capacidade de apresentar mutantes resistentes muito 
em decorrência da sua estrutura bacteriana com camada 
rica em lipídeos na parede celular o que dificulta ação dos 
antibióticos e dos macrófagos ao fagocitarem já que são as 
bactérias extremamente impermeáveis e dificilmente são 
destruídas, podendo permanecer por elevados períodos 
de tempo com multiplicação extremamente lenta. 
A transmissão se dá pela inalação das partículas aerossóis 
que se encontram dispersas no ar. São partículas bastante 
pequenas, com cerca de 5 mm ou menos o que faz serem 
extremamente leves e permaneçam em suspensão no ar 
por um período maior de tempo. É por esse motivo que a 
transmissão de tuberculose é extremamente elevada que 
além de serem partículas pequenas e exigirem mascaras 
do tipo N95 e afastamento da população, as partículas são 
mais leves e ficam mais tempo dispersas no ar. 
A transmissão vertical é rara, assim como transmissão por 
roupas e outros objetos que não o ar, sendo necessário o 
isolamento do paciente já que uma pessoa contaminada é 
possível de contaminar cerca de 10 a 15 pessoas durante o 
ano em a mesma comunidade. As precauções devem ser 
adotadas e seguidas à risca, lembrando que tuberculose é 
uma doença comum no país. 
FISIOPATOGENIA DA TUBERCULOSE 
Os bacilos entram por meio do sistema respiratório após a 
inalação dos aerossóis, chegando ao trato respiratório em 
que muitos desses bacilos permanecem no trato superior 
como boca e garganta onde a infecção não progride. Aos 
que conseguem chegar ao trato respiratório inferior e vão 
acometer pulmões e alvéolos podem iniciar uma infecção. 
Esses bacilos então a partir dos alvéolos entram corrente 
sanguínea e se disseminam hematogênica para todos os 
locais do corpo. Com cerca de 2 a 10 semanas que esses 
bacilos estão no organismo o sistema imune começa agir 
contra eles e lembrando para combater bactérias nada é 
melhor do que células. É nesse momento que entram em 
ação os macrófagos, fagocitando as bactérias. 
Esses macrófagos após fagocitarem as bactérias formam 
os granulomas que são uma espécie de barreira a fim de se 
isolar as bactérias do restante do organismo. Se a pessoa 
tiver um sistema imune atuante e competente, a bactéria 
tende a permanecer envolvida pelos granulomas e não se 
desenvolve infecção, apesar do vírus se encontrar dentro 
do organismo ainda. Quando a pessoa possui uma queda 
na ação do sistema imune, como HIV, o organismo perde a 
capacidade de controlar bacilo e desenvolve então doença. 
É importante lembrar que pessoas que estão infectadas e 
não estão doentes ou não desenvolvem a doença também 
não transmitem elas. Nesses casos, apenas quando ocorrer 
um quadro em que a doença foge do controle imune e tem 
o aparecimento de sintomas que o indivíduo passa então a 
transmitir essa doença para os outros da comunidade. 
Assim sendo, o desenvolvimento ou não da tuberculose é 
determinada principalmente por três fatores importantes: 
o sistema imunológico do paciente, competente ou não, a 
carga viral dos bacilos que se forem cargas extremamente 
grandes fica difícil o sistema imune controlar e o ambiente 
que é propicio ou não para o desenvolvimento dos quadros 
de tuberculose, principalmente aqueles presídios em que 
as pessoas convivem fechadas em um único local úmido e 
escuro que facilita também a transmissão. 
 
Lembrando que em alguns casos podem apresentar outros 
locais de manifestação como laringe, meninges, ossos, os 
rins, pleura e coluna vertebral, são as manifestações extra 
pulmonares. No entanto, o mais comum é o acometimento 
pulmonar. 
APRESENTAÇÕES CLÍNICAS 
TUBERCULOSE PRIMÁRIA: é aquele quadro de tuberculose 
que o indivíduo adquiriu a tuberculose mas que essa não 
teve nada manifestações clínicas, ou seja, o sistema imune 
controlou e bloqueou a ação dos bacilos pelos macrófagos 
e isolou esses bacilo por meio de granulomas. É uma forma 
assintomática e que não transmite a doença. 
TUBERCULOSE PÓS-PRIMÁRIA: é um quadro em que teve 
uma recidiva ou reinfecção da tuberculose ou por uma 
queda no sistema imune ou pelo aumento de bacilos. 
Nessa fase o indivíduo começa a apresentar sintomas 
pulmonares já que esse é o local de maior acometimento: 
tosse crônica por mais de 3 semanas, além perda de peso, 
sudorese noturna e febre vespertina. A partir dessa fase é 
possível observar cavitações pulmonares, principalmente 
em ápice pulmão por serem regiões mais aeradas. 
Lembrando que o aparecimento de sintomas clássicos da 
doença como acometimentopulmonar com tosse crônica 
febre, sudorese noturna são clássicos em pessoas normais 
já em portadores de HIV ocorrem mudanças como maiores 
manifestações sistêmicas, acometimento extra pulmonar 
maior disseminação hematogênica e falha imune. 
 
DIAGNÓSTICO DE TUBERCULOSE 
O diagnóstico de um quadro de tuberculose se inicia com 
uma suspeita clínica de tuberculose em decorrência tanto 
dos sintomas como tosse crônica a mais de 3 semanas e 
outros sintomas mais inespecíficos como febre, sudorese 
noturna e perda de peso. 
A partir desse momento existem três testes que pode ser 
feitos para detectar a presença do bacilo: a baciloscopia 
do escarro, cultura e o Teste Rápido Molecular sendo o 
teste padrão ouro devido alta especificidade e também a 
alta sensibilidade em detectar o bacilo além de se ter um 
resultado extremamente rápido. 
A baciloscopia do escarro como o próprio nome já diz é o 
exame que vai buscar diretamente a presença de bacilos 
no escarro do paciente. É um exame seguro e prático de 
se fazer, coloração por método de Ziehl-Nielsen e que se 
identifica a presença do bacilos em até 90% dos casos. É 
um exame recomendado em casos de pacientes sintomas 
respiratórios, em caso de suspeita de TB pela clínica ou a 
pelos exames de imagem e em casos de controle durante 
o tratamento, mostrando melhora ou piora do quadro. 
 
Lembrando que a baciloscopia deve ser realizada ao menos 
DUAS VEZES para confirmação do diagnóstico. Em casos de 
a baciloscopia vier duas vezes negativa pode-se pedir mais 
amostras para realmente confirmar o diagnóstico. 
TESTE MOLECULAR RÁPIDO DE TUBERCULOSE 
 
 
 
EXAME DE CULTURA 
Outro exame que pode ser utilizado é a cultura a fim de se 
confirmar definitivamente a presença do bacilo na amostra 
do escarro do paciente. A cultura apresenta uma vantagem 
que é justamente uma alta especificidade e também alta 
sensibilidade para tuberculose. 
O maior problema da cultura é que demora muito para ter 
o resultado. No entanto, em todos os casos, seja qual for o 
resultado da baciloscopia ou do teste molecular rápido é 
pedido a cultura para confirmação total do diagnóstico de 
um quadro suspeito de tuberculose. Observa que esquema 
acima, independentemente do resultado dos exames são 
pedidos sempre a cultura para confirmar, lembrando que 
diferentemente da baciloscopia é usado apenas um tipo ou 
uma amostra, sem necessidade de duas. 
PROVA TUBERCULÍNICA – PT 
A prova tuberculínica é um exame que testa se aquela tipo 
de pessoa já teve contato alguma fez com a doença sendo 
útil para casos de infecções latentes ou tuberculose primer 
ou primária. É injetado uma injeção de tuberculina e deve 
esperar a reação intradérmica do sistema imune contra a 
tuberculina, formando uma pápula após cerca de 48 a 72 
horas de inoculação indicando que a pessoa já teve algum 
contato com esse tipo doença, mas não necessariamente 
desenvolveu a mesma de maneira sintomática. 
Lembrando que pessoas que tomaram a BCG podem vir a 
apresentar uma PT positiva em decorrência da produção 
de anticorpos. Após cerca de 10 anos da BCG é comum de 
não aparecer mais a prova tuberculínica positiva. Tendo na 
mente sempre que PT positiva não fecha diagnóstico dessa 
doença, indicando apenas a presença de infecção antiga 
ou recente. 
IGRA –INTERFERON GAMMA RELEASE ASSAYS 
É um exame essencialmente perfeito por detectar cepas e 
material genético do bacilo, especificamente da BK, e não 
necessita de comprometimento biológico e do paciente já 
que colhe dados diretamente do sangue. Esse exame ainda 
não é influenciado pela vacina da BCG já que detecta um 
material genético que está ausente nas cepas da BCG, mas 
o único contra dele é justamente o custo, não sendo esse 
exame liberado pelo sistema público, apenas nas redes de 
atendimento privado. 
OUTROS EXAMES SOLICITADOS 
- Radiografia de Tórax; 
- Tomografia de Tórax; 
- Broncoscopia; 
- Sorologia para HIV; 
 
TRATAMENTO DA TUBERCULOSE 
 
TUBERCULOSE X MULTIRRESISTÊNCIA 
Um dos grandes desafios do tratamento da tuberculose é 
justamente quando se tem o aparecimento de cepas que 
tem uma resistência elevada as medicações chamados de 
multidrogas resistentes. Esse aspecto dificulta muito todo 
o tratamento, principalmente quando se tem resistência a 
Rifampicina que consiste na principal droga de combate ao 
bacilo por inibição da síntese de RNA. 
Nesses casos, deve-se utilizar drogas de segunda linha e o 
aumento do tempo de tratamento: a fase inicial de ataque 
pode durar de 6 a 8 meses, em prol dos 2 meses durante o 
tratamento de cepas normais, e a fase de manutenção tem 
um aumento de 18 a 24 meses em comparação aos 6 dos 
tratamentos anteriores. 
Essa resistência pode ser adquirida ou secundaria em que 
o bacilo é sensível a medicação ou geralmente quando o 
paciente não realiza o tratamento de maneira correta ou o 
profissional de saúde não faz o tratamento certo. Em casos 
de resistência primaria ocorre quando aquele paciente já 
adquire a cepa resistência de outro paciente assim como 
em casos de pessoas nunca antes tratadas tuberculose na 
vida. 
O tratamento deve ser individualizado e com total cuidado 
e acompanhamento do paciente semanalmente a fim de 
garantir o tratamento correto, assim como garantir que se 
tenha adesão já que é durante longos períodos. Deve-se 
no tratamento sempre conter Pirazinamida entre todos os 
medicamentos utilizados. 
A vacina BCG é fundamental para prevenir o desenvolver 
de formas mais graves de tuberculose nas crianças, e é a 
medida complementar no controle da tuberculose além de 
atuar na profilaxia. No entanto, ela não protege aqueles 
que já tiveram a doença, assim como não protege contra a 
possibilidade de recidiva ou reinfecção. 
E o acompanhamento deve ser multiprofissional, abordar 
diferentes classes de profissionais, fornece toda um tipo de 
estrutura para aquele paciente a fim de garantir apoio e a 
adesão ao tratamento. Lembrando que a tuberculose é um 
problema de saúde pública, altamente transmissível casos 
de manifestações, pode evoluir para formas graves e afeta 
a grande maioria da população vulnerável que necessita de 
apoio e acompanhamento para conseguir aderir a todo o 
tratamento principalmente, de cepas multirresistentes. E 
TUBERCULOSE TEM CURA!!!!!!!

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