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FISIOLOGIA DO PARTO E LACTAÇÃO - Se discute que a duração média normal de uma gestação de 38 a 42 semanas. - Então o que vai fazer com que essa gestação que dizemos que tem uma duração média de 38 a 42 semanas ela seja finalizada? O que vai levar ao início da parturição? - Essa parturição alguns autores dividem em três etapas. A primeira delas é o estágio um, que é só de dilatação, estágio dois em que a gente discute a expulsão do feto e um estágio 3 que seria a expulsão da placenta. - O que faz com que esse parto seja de fato iniciado? Quais fatores deflagram o início do parto? - Existem vários candidatos que a gente discute que ao longo de toda a gravidez contrações fracas podem estar ali presentes sem determinar o início do parto, que seriam as contrações de Braxton-Hicks, mas ao final da gestação vai correr um conjunto de modificações que vão combinar com o aumento da intensidade, com a mudança da frequência dessas contrações que vão levando a dilatação do colo uterino e que vai permitindo assim que ocorra a expulsão do feto e da placenta - Entre os fatores desencadeantes existem vários candidatos. Vou iniciar falando sobre o fator que é não hormonal, que é o tamanho do feto. Vários autores colocam que no último trimestre é que ocorre de fato o ganho de peso do feto. Primeiro ele vai tendo todo aquele processo depois da vida embrionária teve lá a formação do embrião, todo o processo de organogênese, vai crescendo, mas sem um ganho de peso considerável. No último trimestre é que iria ocorrer esse maior ganho de peso com o aumento do tamanho do feto e que esse aumento vai levando uma mudança na acomodação do feto dentro do útero e vai começando a exercer um efeito que leva ao estiramento de um conjunto de mecanorreceptores que estão ali na região da sepse uterina. O estiramento desses mecanorreceptores vai ativar uma resposta neuroendócrina que leva a liberação do hormônio ocitocina. Essa ocitocina estimula contração uterina, força ainda mais esse feto para baixo, o que leva a mais estiramento e feedback positivo, que seria penando nessa alça neuroendócrina. Isso é um dos fatores desencadeantes. - Uma das questões que é levantada e que falam a favor de que o tamanho do feto pode ser um dos fatores desencadeantes inclui, por exemplo, a observação, que no caso dos gêmeos a uma antecipação desse início do trabalho de parto. Então a gemelaridade com um aumento maior desse estiramento faz com que o parto ele aconteça antes, mas não explica tudo. - Então observando o comportamento das concentrações hormonais ao longo da gravidez algumas coisas chamam atenção. Entre esses aspectos a gente vê que a maioria dos hormônios tem concentrações crescentes do início ao fim da gravidez. Tem alguns hormônios que tem um padrão diferente, dentre eles a gente fala da gonadotrofina coriônica humana e a progesterona, em que se observa que no final da gestação os níveis de progesterona apresentam uma discreta queda e essa queda da progesterona é um fator que pode contribuir para aumentar a contratilidade do musculo liso uterino porque a progesterona inibe essas contrações. Além disso, se a concentração de estrógeno não cai e a de progesterona cai a relação progesterona estrógeno está favorecendo o aumento da contratilidade porque os estrógenos estimulam as contrações uterinas. Outro fato que chama atenção e que pode contribuir para o desencadeamento do parto é o aumento da produção das prostaglandinas F2alfa. As prostaglandinas elas estimulam a contratilidade, então é mais um fator que pode aumentar essas contrações. PERGUNTA: A prostaglandina F2alfa é a mesma que é liberada para descer a menstruação? - Ela também pode estar envolvida nisso, ela causa essa contração. Agora o que se discute no caso da menstruarão é que quando eu tenho aquele processo de isquemia vai ocorrer ruptura de vasos, descamação e a própria presença desse conteúdo dentro do útero também estimula a contração e como a contração a descamação e a própria presença desse conteúdo dentro do útero também estimula a contração, como a contração do musculo liso é uma contração da ação que a gente diz espasmódica, ela pode causar desconforto, dor, e ai a cólica ela pode estar relacionada com isso, mas de qualquer maneira existe uma produção de prostaglandina F2alfa essa produção aumenta no final da gravidez, são substancias que atuam especialmente agora pensando de forma parácrina, não são hormônios. E ao longo da gravidez o feto produz cortisol e o aumento do cortisol fetal ele tem sido colocado como um fator desencadeante e a gente vê que na verdade é um sinal de que o feto já está maduro, porque o cortisol entre outros efeitos estimula a maturação do pulmão, estimula a produção de surfactante pelas células pneumócitos tipo 2. - Mas dentro da via que a gente discute a expulsão típica, que mais se fala é a ação da ocitocina, que a gente discute por exemplo a indução do parto a gente pode pensar na própria ocitocina e em termos gerais em unidades obstétricas se pode lançar mão de análogos não da prostaglandina E, mas da prostaglandina E2, vocês já devem ter ouvido falar em cytotec, já ouviram? O cytotec é um dos nomes comerciais para uma forma farmacêutica que tem como principal ativo o misoprostol, o misoprostol é um análogo da prostaglandina E, da prostaglandina E2. Esse fármaco foi originalmente desenvolvido para o uso primário no tratamento de gastrite e ulcera, então pensando no agente gástrico protetor, mas como efeito que apareceu do uso desse fármaco, foi aumentar as contrações uterinas, ai ele passou a ser utilizado como agente abortivo e por conta desse efeito abortivo a sua comercialização foi proibida em farmácias, hoje o uso é feito em unidades obstétricas pra indução de parto ou para aborto terapêutico e ai se tem esse efeito de estimular vigorosamente contração uterina, mas no caso da alça fisiológica basicamente é encima do que eu falei, uma alça neuroendócrina em que o estiramento do colo do útero, a medida em que o feto ele cresce, ele tende a adotar uma posição geralmente com uma apresentação cefálica, com a cabeça voltada pra baixo e a medida que ele vai concluindo o seu processo de crescimento e desenvolvimento ele vai descendo, então a cabeça vai sendo empurrada contra o colo uterino, vai estirando esses receptores e isso leva a um om aumento da frequência de potenciais de ação que vão sendo transmitidas, e que a nível do hipotálamo vão estimular a secreção de ocitocina, a produção de ocitocina e a secreção da ocitocina que ta armazenada la nos terminais axônicos na neuro hipófise. - Esse hormônio ele vai atuar no útero, estimulando as contrações que empurra ainda mais o feto pra baixo, estirando mais o colo uterino, reforçando com feedback positivo essa alça. E se discute que localmente ocorre a produção de prostaglandina, especialmente a prostaglandina f2alfa que atua de forma parácrina, estimulando a contração uterina o que vai permitir primeiro a expulsão do feto e depois a expulsão da placenta. - Ai se discute que também há uma participação da ocitocina, na ejeção do leite, na verdade para a síntese do leite a gente discute a ação da prolactina, esse hormônio ele estimula a produção do leite, mas em mamas que foram previamente preparadas, e essa preparação para lactação depende de hormônios como o estrógeno e progesterona, que a gente falou que durante a gravidez inteira, essa produção está aumentando, só no finalzinho da gravidez que a progesterona cai e o estrógeno continua alto, mas cai a progesterona e não é demais não, é uma pequena queda. Estrutura da mama lactante. Os alvéolos mamários se reúnem em grupos que formam os lóbulos. Cada alvéolo secreta o leite do lúmen para pequenos ductos que se reúnem em ductos maiores até as ampolas,que desembocam no mamilo, de onde é expulso o leite durante a sucção. O destaque mostra a estrutura de um alvéolo; observe que este se compõe de uma camada única de células alveolares produtoras de leite e é envolto por uma rede de células mioepiteliais com capacidade contrátil, que o comprimem expulsando o leite para o ducto alveolar. - À medida que a gente tem níveis alto de prolactina que já estavam presentes mesmo durante a gestação, essa prolactina vai trabalhar atuando pra estimular a lactogênese. Durante a gravidez porque não tem a ação significativa para secreção de leite? Porque tem os outros hormônios que estão atuando ali e que antagoniza um pouco esse efeito da prolactina, mas logo após o parto aí a gente vai ter: queda em estrógeno, progesterona e níveis altos de prolactina que vão ser ainda mais altos na medida em que a gente tem o estímulo da mama pela sucção, então a sucção do mamilo ela tanto vai estimular por uma alça neuroendócrina a liberação de prolactina, como a liberação de ocitocina. - A prolactina atua nas células epiteliais dos alvéolos mamários, que cresceram pelo estímulo da progesterona, e essas células vão sintetizar o leite, que será liberado na luz dos alvéolos. Aluno: O choro do bebê também pode ajudar esse processo? Professora: Discute-se, na verdade, que existe uma interação entre a mãe e o bebê. Dependendo das condições, se esse choro for “persistente”, que às vezes pode indicar sofrimento da criança, a mãe pode ter um quadro, que pode ser até de ansiedade, e pode até atrapalhar esse reflexo de liberação hormonal para estimular a secreção do leite. Mas, de maneira geral, a sinalização do bebê ajuda nesse processo. Às vezes é uma condição que está relacionada com alguma alteração da mãe, que pode se estressar, ficar ansiosa, então isso vai influenciar negativamente. A ocitocina atua nas células mioepiteliais, que são essas células que estão ao redor do alvéolo (mostra no slide). Então, quando essas células contraem, comprimem o alvéolo, forçando o leite (dentro do lúmen do alvéolo) através do sistema de ductos. E quem estimula o crescimento do sistema de ductos? Os estrógenos. Então, para ter uma boa síntese e saída do leite, precisa tanto de um desenvolvimento do sistema alveolar, quanto do sistema ductal. Portanto, o leite é drenado e chega a nível da ampola e depois é ejetado tipicamente. - Para a lactação é necessário o preparo prévio, que é feito pelos estrógenos, os quais atuam no sistema de ductos (na rede de canalículos), que liga os alvéolos às ampolas, e também acabam interferindo com os efeitos da prolactina durante a gestação, impedindo, assim, que ocorra um estímulo importante para a síntese de leite. - A progesterona atua mais no sistema lóbulo-alveolar, que é o sistema produtor. - Mas, além disso, essa preparação envolve os glicocorticoides, a insulina (hormônio anabólico), os hormônios tireoidianos (hormônios que estimulam o metabolismo celular) e a própria prolactina. - Aqui percebe-se como funciona essa estimulação para a liberação de prolactina, em que tem-se a sucção, a qual leva ao aumento e a síntese da liberação da prolactina, então, boa parte da produção do leite ocorre durante o ato de amamentar. Logo, se tiver um intervalo longo entre uma amamentação e outra, os níveis de prolactina caem e, quanto mais longo o intervalo, essa queda vai ser maior e isso pode permitir que haja algum início de liberação de FSH, começando a ter crescimento folicular, produção de estrógeno, o que pode permitir o desenvolvimento de folículos e uma ovulação, que pode culminar em uma gestação não planejada, porque “a mulher achava que, por estar amamentando, não ia correr o risco de uma nova gravidez” e na verdade ela não estava menstruando e, mesmo antes de ter uma primeira menstruação, na primeira ovulação engravida. - Então, discute-se que a amamentação pode até diminuir a chance de ter início desse crescimento folicular e ovulação, mas que, para isso, é necessário que exista uma frequência de amamentação durante o dia com intervalos pequenos, menores ou iguais a 3 horas, pois, à medida que esse intervalo aumenta, isso pode possibilitar quedas maiores de prolactina e o início de uma onda de secreção de FSH, que vai estimular o desenvolvimento dos folículos, mesmo sem menstruação, e a mulher pode chegar a engravidar. - Na parte A da figura, as concentrações de estrógeno e progesterona vão cair bruscamente após o parto, já as concentrações de prolactina tendem a aumentar. Se a mulher está amamentando, vai mantendo níveis elevados de prolactina, mas esses níveis vão depender do intervalo entre as amamentações, e à medida em que o tempo vai passando e que esse intervalo for aumentando, pode levar a quedas ainda maiores. Se a mulher não amamenta, percebe-se que logo esses níveis caem e permanecem baixos. - A parte B é para mostrar que a sucção ela estimula a secreção de prolactina e que esse pico de prolactina ele é atingido aí cerca de minutos do início da sucção e ele se mantem enquanto a sucção perdurar e vai cair depois de cerca de 60 minutos de interrupção do estímulo. - Aqui é para mostrar uma representação esquemática de vias usadas na produção de leite pelas células alveolares porque a gente sabe que nesse leite existem outros componentes, componentes orgânicos e componentes inorgânicos. Dentre os componentes inorgânicos, encontramos a água e um conjunto de eletrólitos, sódio, potássio, cloreto e entre os elementos orgânicos encontramos carboidratos, como é o caso da lactose, encontra-se proteínas, lipídios, imunoglobulinas. Essas imunoglobulinas vão estar relacionadas com imunidade passiva, garantida pelo aleitamento materno porque as globulinas maternas vão ser secretadas o que vai ajudar a garantir uma modulação na resposta imune do bebê e para a produção das substâncias orgânicas, é visto o envolvimento de organelas diferentes como o reticulo endoplasmático liso, no caso dos lipídios, o rugoso, no caso das proteínas e o envolvimento com complexo de golgi. Então, essas vias vão ser importantes para garantir a síntese dos componentes lipídicos, componentes proteicos, dos componentes glicídicos de carboidratos que vão ser secretados no leite. - E em relação ao reflexo neuroendócrino, chama-se a atenção de que a sucção é um estimulo importante e que a estimulação desses mecanoreceptores, que estão na aureola, vai determinar que ocorra uma deflagração de potenciais de acao, esses potenciais de ação vao se propagar até o hipotálamo e é ativado os núcleos paraventricular, o supraóptico, núcleo arqueado e que isso vai levar a liberação do fator liberador de prolactina e a diminuição da liberação de dopamina, que exerce controle inibitório permitindo assim de um lado o estímulo à síntese e liberação de ocitocina que ocorre no núcleo supraóptico paraventricular e uma estimulação dos lactotrófos, que estão na adeno-hipófise, que liberam a prolactina, a prolactina vai induzir a secreção de leite da luz dos alvéolos e a ocitocina vai liberar a contração das células mioepteliais favorecendo a ejeção do leite. Alem disso, discute-se que essa ocitocina que ta sendo liberada durante a lactação ela também promove a contração do mio metrio uterino e isso vai ajudar a diminuir sangramentos pós parto e vai permitir que o útero retorne mais rapidamente as dimensões pré-gestacionais porque durante a gravidez o útero aumenta cerca de 10 vezes de tamanho. O útero de uma mulher não grávida ele pesa cerca de 100g e o útero no final da gestação ele tem mais ou menos 1kg, então aumenta-se 10 vezes. - Aqui é para mostrar essa alça neuroendócrina que chama-se atenção que nesse caso a ocitocina vai estimular especialmente os neurônios do núcleo supraóptico paraventricular que são neurôniosmagnocelulares que sintetizam o hormônio que fica armazenado na neuro-hipófise para garantir que ele seja liberado e estimule a liberação do leite, enquanto que esse mesmo estimulo de sucção deflagrando os potenciais de ação ativando neurônios parvicelulares, aumente o fator liberador de prolactina, uma substância candidata seria o PFH que estimula os lactotrofos, sintetizando a prolactina e que vai atuar estimulando a síntese e secreção do leite. Além disso, discute-se que a prolactina ela exerce um efeito inibitório sobre os hormônios que sintetizam os hormônios liberador de gonadotrofina. Então, diminuindo o hormônio liberador de gonadotrofina, teremos menor liberação de LH e FSH o que deixa aqueles folículos sem estímulo para iniciar o crescimento, como foi falado, se tem intervalos longos, os níveis de prolactina caem e aqueles neurônios kiss peptídico eles vão aumentar a liberação de GnRH e teremos a liberação de FSH que pode estimular o crescimento dos folículos. ALUNO: Professora, qual a relação da ocitocina com a felicidade? PROFESSORA: O que se discute é a ocitocina como se fosse o hormônio da paixão, alguns autores colocam. Muitos desses hormônios são capazes de modular a liberação de neurotransmissores no sistema nervoso e a ocitocina é um desses hormônios e se discute que pode influenciar a liberação de neurotransmissores e com isso modular o humor e o estado emocional. ALUNO: Isso no sistema límbico né? PROFESSORA: Isso.