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TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADE

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LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 
 
1 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO 
PROBLEMA 6 
TRANSTORNO DO DEFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE 
Transtorno neurobiológico, com grande participação genética, que tem início na infância e que pode persistir na vida adulta, 
comprometendo o funcionamento da pessoa em vários setores da vida, e se caracteriza por 3 grupos de alterações: hiperatividade, 
impulsividade e desatenção. 
 FATOR DE RISCO 
Temperamentais – O TDAH está associado a níveis menores de inibição comportamental, de controle à base de esforço ou de 
contenção, a afetividade negativa e/ou maior busca por novidades. 
Ambientais – O TDAH esta correlacionado com tabagismo na gestação e parte dessa associação reflete um risco genético comum. 
Uma minoria de casos pode estar relacionada a reações a aspectos da dieta. Pode haver história de abuso infantil, negligência, 
múltiplos lares adotivos, exposição a neurotoxina (ex. chumbo), infecções (ex. encefalite) ou exposição ao álcool no útero. 
Modificadores do curso – Padrões de interação familiar no começo da infância provavelmente não causam TDAH, embora possam 
influenciar seu curso ou contribuir para o desenvolvimento secundário de problemas de conduta. 
 ETIOLOGIA 
Seus sintomas resultam de interações dos sistemas neuroanatômicos e neuroquímicos. A maior parte das crianças com TDAH não 
apresenta evidências de danos estruturais graves no SNC. O uso de substâncias como aditivos alimentares, corantes, preservativos 
e açúcar pode ser uma das causas dos comportamentos hiperativos, embora nenhum estudo tenha confirmado isso. 
Fatores genéticos – O TDAH é basicamente genético, com uma hereditariedade de 75%. Há um aumento na concordância em 
gêmeos monozigóticos, em comparação a gêmeos dizigóticos, como um risco de 2-8x maior para irmãos e pais de crianças com 
TDAH. Foi encontrada uma associação entre o gene transportador de dopamina (DAT1) e TDAH. Há uma ligação entre o gene do 
alelo com 7 repetições do receptor de dopamina D4 (DRD4) e o transtorno. 
Fatores relacionados ao desenvolvimento – As taxas de incidência são mais elevadas em crianças com nascimento prematuro e 
cujas mães tiveram infecções gestacionais. Acredita-se que a exposição pré-natal às infecções típicas de inverno durante o 1º 
trimestre de gestação possa contribuir para o surgimento de sintomas de TDAH em algumas crianças mais suscetíveis. Muito baixo 
peso ao nascer confere um risco 2-3x > para TDAH. 
Fatores neuroquímicos – A dopamina é o foco principal, e o córtex pré-frontal foi envolvido com base no papel que desempenha 
na atenção e na regulação do controle de impulsos. Estudos mostraram que outras regiões, como o locus ceruleus, que consiste 
predominantemente em neurônios noradrenérgicos, também têm uma função importante na atenção. O sistema noradrenérgico 
inclui o sistema central (origem no locus ceruleus) e o sistema simpático periférico. Qualquer disfunção na epinefrina periférica, 
que provoca o acúmulo periférico do hormônio, tem um grande potencial para realimentar o sistema central e “reajustar” o locus 
ceruleus para um nível mais baixo. Os estimulantes (mais eficazes no tratamento de TDAH), afetam a dopamina e a norepinefrina, 
levando à hipótese de que os neurotransmissores podem causar disfunções aos sistemas adrenérgico e dopaminérgico. Os 
estimulantes aumentam as concentrações das catecolaminas, promovendo sua liberação e bloqueando sua reabsorção. 
Fatores psicossociais – Abuso crônico grave, maus-tratos e negligência estão associados a determinados sintomas 
comportamentais que se sobrepõem ao TDAH, incluindo falta de atenção e controle precário dos impulsos. 
 FISIOPATOLOGIA 
A teoria científica atual defende que no TDAH existe uma disfunção da neurotransmissão dopaminérgica na área frontal (pré-
frontal, frontal motora, giro cíngulo); regiões subcorticais (estriado, tálamo médiodorsal) e a região límbica cerebral (núcleo 
acumbens, amígdala e hipocampo). Há uma alteração destas regiões cerebrais resultando na impulsividade do paciente. Além 
disso, pesquisas recentes apontam que também ocorre a participação de sistemas noradrenérgicos nos indivíduos com TDAH. 
Especificamente, as insuficiências nos circuitos do córtex pré-frontal e amígdala, a partir da neurotransmissão das catecolaminas, 
resultam nos sintomas de esquecimento, distratibilidade, impulsividade e desorganização. 
Nas imagens de RM, demonstrou-se a diminuição de atividade neural na região frontal, córtex cingular anterior e nos gânglios da 
base de pacientes com TDAH. 
 
 LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 
 
2 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO 
 QUADRO CLÍNICO 
Evolução clínica clássica: 
 
 
 
O TDAH pode iniciar na primeira infância, embora raras vezes seja reconhecido até a idade em que a criança começa a andar. Na 
escola, crianças com TDAH podem se engajar rapidamente em um teste, porém respondem apenas às 2 primeiras perguntas. 
Costumam não ter paciência para esperar a chamada e respondem antes de qualquer outra pessoa. Em casa, não conseguem 
esperar nem por um minuto. Impulsividade e incapacidade para esperar elogios são reações típicas. 
As características mais citadas de crianças com TDAH em ordem de frequência são hiperatividade, déficit de atenção (memória 
curta), distração, perseverança, incapacidade para concluir tarefas, desatenção, má concentração, impulsividade (agir antes de 
pensar, mudanças súbitas de atividade, falta de organização, dar pulos na sala de aula), déficits de memória e de raciocínio, 
incapacidade de aprendizagens específicas e deficiências na fala e na audição. As características associadas também incluem 
deficiência motora perceptiva, instabilidade emocional e transtorno da coordenação do desenvolvimento. Um percentual 
significativo de crianças com TDAH apresenta sintomas comportamentais de agressão e desafio. Geralmente, as dificuldades 
escolares, tanto de aprendizagem quanto comportamentais coexistem com o TDAH. Os transtornos comórbidos da comunicação 
ou da aprendizagem que dificultam a aquisição, retenção e a exibição de conhecimentos complicam o curso do transtorno. 
 DIAGNÓSTICO 
DSM V 
A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-
impulsividade que interfere no funcionamento e no 
desenvolvimento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2): 
1. Desatenção: 6 (ou +) dos seguintes sintomas persistem por pelo 
menos 6 meses em um grau que é inconsistente com o nível do 
desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas 
atividades sociais e acadêmicas/profissionais: 
Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de 
comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para 
compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos 
e adultos (17 anos ou +), pelo menos 5 sintomas são necessários. 
a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete 
erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante 
outras atividades (ex. negligencia ou deixa passar detalhes, o 
trabalho é impreciso). 
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em 
tarefas ou atividades lúdicas (ex. dificuldade de manter o foco 
durante aulas, conversas ou leituras prolongadas). 
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a 
palavra diretamente (ex. parece estar com a cabeça longe, mesmo 
na ausência de qualquer distração óbvia). 
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue 
terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de 
trabalho (ex. começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e 
facilmente perde o rumo). 
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e 
atividades (ex. dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; 
dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; 
trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do 
tempo; dificuldade em cumprir prazos). 
f. Frequentementeevita, não gosta ou reluta em se envolver em 
tarefas que exijam esforço mental prolongado (ex. trabalhos 
escolares ou lições de casa; para adolescentes mais velhos e 
adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, 
revisão de trabalhos longos). 
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou 
atividades (ex. materiais escolares, lápis, livros, etc). 
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos 
(para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir 
pensamentos não relacionados). 
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas 
(ex. realizar tarefas; para adolescentes mais velhos e adultos, 
retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados). 
2. Hiperatividade e impulsividade: 6 (ou +) dos seguintes sintomas 
persistem por pelo menos 6 meses em um grau que é inconsistente 
com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo 
diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: 
Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de 
comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para 
compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos 
e adultos (17 anos ou +), pelo menos 5 sintomas são necessários. 
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se 
contorce na cadeira. 
b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se 
espera que permaneça sentado (ex. sai do seu lugar em sala de 
aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou em outras 
situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar). 
 
 LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 
 
3 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO 
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que 
isso é inapropriado. (Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a 
sensações de inquietude.) 
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em 
atividades de lazer calmamente. 
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o 
motor ligado” (ex. não consegue ou se sente desconfortável em 
ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; 
outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de 
acompanhar). 
f. Frequentemente fala demais. 
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a 
pergunta tenha sido concluída (ex. termina frases dos outros, não 
consegue aguardar a vez de falar). 
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (ex. 
aguardar em uma fila). 
i. Frequentemente interrompe ou se intromete (ex. mete-se nas 
conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de 
outras pessoas sem pedir ou receber permissão; para adolescentes 
e adultos, pode intrometer-se ou assumir o controle sobre o que 
outros estão fazendo). 
B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade 
estavam presentes antes dos 12 anos. 
C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade 
estão presentes em 2 ou + ambientes (ex. casa, escola, trabalho; 
com amigos ou parentes; em outras atividades). 
D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no 
funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que 
reduzem sua qualidade. 
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de 
esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem 
explicados por outro transtorno mental (ex. transtorno do humor, 
de ansiedade, dissociativo, da personalidade, intoxicação ou 
abstinência de substância). 
Determinar o subtipo: 
• Apresentação combinada: Tanto o Critério A1 (desatenção) quanto o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) são preenchidos nos 
últimos 6 meses. 
• Apresentação predominantemente desatenta: Se o Critério A1 (desatenção) é preenchido, mas o Critério A2 (hiperatividade-
impulsividade) não é preenchido nos últimos 6 meses. 
• Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva: Se o Critério A2 (hiperatividade-impulsividade) é preenchido, e o Critério A1 
(desatenção) não é preenchido nos últimos 6 meses. 
Especificar se: 
• Em remissão parcial: Quando todos os critérios foram preenchidos no passado, nem todos os critérios foram preenchidos nos últimos 
6 meses, e os sintomas ainda resultam em prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou profissional. 
Especificar a gravidade atual: 
• Leve: Poucos sintomas, se algum, estão presentes além daqueles necessários para fazer o diagnóstico, e os sintomas resultam em não 
mais do que pequenos prejuízos no funcionamento social ou profissional. 
• Moderada: Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave” estão presentes. 
• Grave: Muitos sintomas além daqueles necessários para fazer o diagnóstico estão presentes, ou vários sintomas particularmente 
graves estão presentes, ou os sintomas podem resultar em prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional. 
A desatenção manifesta-se no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e 
desorganização – e não constitui consequência de desafio ou falta de compreensão. A hiperatividade refere-se a atividade motora 
excessiva quando não apropriado ou remexer, batucar ou conversar em excesso. Nos adultos, pode se manifestar como inquietude 
extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade. A impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento 
sem premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa (atravessar uma rua sem olhar). Ela pode ser reflexo de um desejo 
de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a gratificação. Comportamentos impulsivos podem se manifestar com 
intromissão social e/ou tomada de decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo prazo. 
O TDAH começa na infância. A exigência de que vários sintomas estejam presentes antes dos 12 anos manifesta a importância de 
uma apresentação clínica substancial durante a infância. Ao mesmo tempo, uma idade de início mais precoce não é especificada 
devido a dificuldades para se estabelecer retrospectivamente um início na infância. As lembranças dos adultos sobre sintomas na 
infância tendem a não ser confiáveis, sendo benéfico obter informações complementares. 
A confirmação de sintomas substanciais em vários ambientes não costuma ser feita com precisão sem uma consulta a informantes 
que tenham visto o indivíduo em tais ambientes. É comum os sintomas variarem conforme o ambiente. Sinais do transtorno 
podem ser mínimos ou ausentes quando o indivíduo está recebendo recompensas frequentes por comportamento apropriado, 
está sob supervisão, está em uma situação nova, está envolvido em atividades interessantes, recebe estímulos externos 
consistentes (ex. através de telas eletrônicas) ou está interagindo em situações individualizadas (ex. em um consultório). 
 
 LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 
 
4 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO 
Atrasos leves no desenvolvimento linguístico, motor ou social não são específicos do TDAH, embora costumem ser comórbidos. 
As características associadas podem incluir baixa tolerância a frustração, irritabilidade ou labilidade do humor. Mesmo na ausência 
de um transtorno específico da aprendizagem, o desempenho acadêmico ou profissional costuma estar prejudicado. 
Comportamento desatento está associado a vários processos cognitivos subjacentes, e indivíduos com TDAH podem exibir 
problemas cognitivos em testes de atenção, função executiva ou memória, embora esses testes não sejam suficientemente 
sensíveis ou específicos para servir como índices diagnósticos. No início da vida adulta, o TDAH está associado a risco aumentado 
de tentativa de suicídio, principalmente em caso de comorbidade com transtornos do humor, da conduta ou por uso de substância. 
Muitos pais observam pela primeira vez uma atividade motora excessiva quando a criança começa a andar, mas é difícil distinguir 
os sintomas do comportamento normal, que é altamente variável, antes dos 4 anos. O TDAH costumaser identificado com mais 
frequência durante os anos do ensino fundamental, com a desatenção ficando mais aparente e prejudicial. O transtorno fica 
relativamente estável nos anos iniciais da adolescência, mas alguns têm piora no curso, com o desenvolvimento de 
comportamentos antissociais. Na maioria das pessoas com TDAH, sintomas de hiperatividade motora ficam menos claros na 
adolescência e na vida adulta, embora persistam dificuldades com planejamento, inquietude, desatenção e impulsividade. Uma 
proporção substancial de crianças com TDAH permanece relativamente prejudicada até a vida adulta. 
EXAMES 
A avaliação de crianças deve incluir história médica e psiquiátrica detalhadas. As informações pré-natais, perinatais e da primeira 
infância devem estar inclusas. Informações sobre eventuais complicações maternas durante a gestação também são importantes. 
Os problemas médicos que podem produzir sintomas que se sobrepõem ao TDAH incluem epilepsia de petit mal, deficiências 
auditivas e visuais, anormalidades tireoidianas e hipoglicemia. Além disso, é imprescindível obter um história cardíaca completa, 
incluindo uma investigação sobre a incidência de síncope ao longo da vida, história familiar de morte súbita e exame cardíaco. 
Embora seja razoável obter um ECG antes do tratamento, é muito importante fazer uma consulta e um exame cardiológico na 
eventual presença de fatores de risco cardíaco. Nenhuma medida laboratorial específica é patognomônica do TDAH. 
Uma execução contínua de tarefas de desempenho, como as tarefas computadorizadas nas quais as crianças pressionam um botão 
toda vez que surgir na tela uma sequência determinada de letras ou números, não é especificamente útil como ferramenta 
diagnóstica para TDAH. Entretanto, pode ter alguma utilidade para fazer comparações no desempenho de uma criança antes e 
depois do tratamento com medicamentos, sobretudo em doses diferentes. Crianças com déficit de atenção tendem a cometer 
erros de omissão, isto é, não pressionam o botão no momento em que a sequência surge na tela. Com frequência, a impulsividade 
se manifesta por erros de omissão, nos quais uma criança impulsiva não resiste à tentação de pressionar o botão, mesmo que a 
sequência desejada ainda não tenha aparecido. 
 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Transtorno de oposição desafiante – Indivíduos com TOD podem resistir a tarefas profissionais ou escolares que exijam 
autodeterminação porque resistem a se conformar às exigências dos outros. Seu comportamento caracteriza-se por negatividade, 
hostilidade e desafio. Tais sintomas devem ser diferenciados de aversão à escola ou a tarefas de alta exigência mental causadas 
por dificuldade em manter um esforço mental prolongado, esquecimento de orientações e impulsividade que caracteriza o TDAH. 
Um complicador do diagnóstico diferencial é o fato de que alguns indivíduos com TDAH podem desenvolver atitudes de oposição 
secundárias em relação a tais tarefas e, assim, desvalorizar sua importância. 
Transtorno explosivo intermitente – Indivíduos com transtorno explosivo intermitente apresentam agressividade dirigida aos 
outros, o que não é característico do TDAH, e não têm problemas em manter a atenção como se vê no TDAH. Além disso, é raro 
na infância. O transtorno explosivo intermitente pode ser diagnosticado na presença de TDAH. 
Outros transtornos do neurodesenvolvimento – A atividade motora aumentada que pode ocorrer no TDAH deve ser diferenciada 
do comportamento motor repetitivo que caracteriza o transtorno do movimento estereotipado e alguns casos de TEA. No 
transtorno do movimento estereotipado, o comportamento motor costuma ser fixo e repetitivo (balançar o corpo, morder a si 
mesmo), enquanto a inquietude e a agitação no TDAH costumam ser generalizadas e não caracterizadas por movimentos 
estereotipados repetitivos. No transtorno de Tourette, tiques múltiplos e frequentes podem ser confundidos com a inquietude 
generalizada do TDAH. Pode haver necessidade de observação prolongada para que seja feita a distinção entre inquietude e 
ataques de múltiplos tiques. 
Transtorno específico da aprendizagem – Crianças com um transtorno específico da aprendizagem podem parecer desatentas 
devido a frustração, falta de interesse ou capacidade limitada. A desatenção em pessoas com um transtorno específico da 
aprendizagem, mas sem TDAH, não acarreta prejuízos fora dos trabalhos acadêmicos. 
 
 LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 
 
5 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO 
Deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) – Sintomas de TDAH são comuns entre crianças colocadas em 
ambientes acadêmicos inadequados à sua capacidade intelectual. Nesses casos, os sintomas não são evidentes durante tarefas 
não acadêmicas. Um diagnóstico de TDAH na deficiência intelectual exige que desatenção ou hiperatividade sejam excessivas 
para a idade mental. 
Transtorno do espectro autista – Indivíduos com TDAH e aqueles com TEA exibem desatenção, disfunção social e comportamento 
de difícil manejo. A disfunção social e a rejeição pelos pares encontradas em pessoas com TDAH devem ser diferenciadas da falta 
de envolvimento social, isolamento e indiferença a pistas de comunicação faciais e de tonalidade encontrados em indivíduos com 
TEA. Crianças com TEA podem ter ataques de raiva devido a incapacidade de tolerar mudanças no curso dos eventos esperado 
por elas. Em contraste, crianças com TDAH podem se comportar mal ou ter um ataque de raiva durante alguma transição 
importante devido a impulsividade ou autocontrole insatisfatório. 
Transtorno de apego reativo – Crianças com transtorno de apego reativo podem apresentar desinibição social, mas não o conjunto 
completo de sintomas de TDAH, exibindo outras características, como ausência de relações duradouras, que não são 
características do TDAH. 
Transtornos de ansiedade – O TDAH compartilha sintomas de desatenção com transtornos de ansiedade. Indivíduos com TDAH 
são desatentos por causa de sua atração por estímulos externos, atividades novas ou predileção por atividades agradáveis. Isso é 
diferente da desatenção por preocupação e ruminação encontrada nos transtornos de ansiedade. Agitação pode ser encontrada 
em transtornos de ansiedade. No TDAH, o sintoma não está associado a preocupação e ruminação. 
Transtornos depressivos – Indivíduos com transtornos depressivos podem se apresentar com incapacidade de se concentrar. 
Entretanto, a dificuldade de concentração nos transtornos do humor fica proeminente apenas durante um episódio depressivo. 
Transtorno bipolar – Indivíduos com TB podem ter aumento da atividade, dificuldade de concentração e aumento na 
impulsividade. Entretanto, essas características são episódicas, ocorrendo por vários dias de cada vez. No TB, aumento na 
impulsividade ou desatenção é acompanhado por humor elevado, grandiosidade e outras características bipolares específicas. 
Crianças com TDAH podem apresentar mudanças importantes de humor em um mesmo dia; essa labilidade é diferente de um 
episódio maníaco, que deve durar 7 dias para ser um indicador clínico de TB, mesmo em crianças. O TB é raro em pré-
adolescentes, mesmo quando irritabilidade grave e raiva são proeminentes, ao passo que o TDAH é comum entre crianças e 
adolescentes que apresentam raiva e irritabilidade excessivas. 
Transtorno disruptivo da desregulação do humor – O transtorno disruptivo da desregulação do humor é caracterizado por 
irritabilidade pervasiva e por intolerância a frustração, mas impulsividade e atenção desorganizada não são aspectos essenciais. 
A maioria das crianças e dos adolescentes com o transtorno, tem sintomas que também preenchem critérios para TDAH, que deve 
ser diagnosticado em separado. 
Transtorno por uso de substância – Diferenciar o TDAH dos transtornos por uso de substância pode ser um problema se a primeira 
apresentação dos sintomas do TDAH ocorrer após o início do abuso ou do uso frequente.Evidências claras de TDAH antes do uso 
problemático de substâncias, obtidas por meio de informantes ou registros prévios, podem ser essenciais para o diagnóstico 
diferencial. 
Transtornos da personalidade – Em adolescentes e adultos, pode ser difícil diferenciar TDAH dos transtornos da personalidade 
borderline, narcisista e outros. Todos tendem a compartilhar características de desorganização, intrusão social, desregulação 
emocional e desregulação cognitiva. O TDAH, porém, não é caracterizado por medo do abandono, autolesão, ambivalência 
extrema ou outras características de transtornos da personalidade. Pode haver necessidade de observação prolongada, entrevista 
com informantes ou história detalhada para distinguir comportamento impulsivo, socialmente intrusivo ou inadequado de 
comportamento narcisista, agressivo ou dominador para que seja feito esse diagnóstico diferencial. 
Transtornos psicóticos – O TDAH não é diagnosticado se os sintomas de desatenção e hiperatividade ocorrem exclusivamente 
durante o curso de um transtorno psicótico. 
Sintomas de TDAH induzidos por medicamentos – Sintomas de desatenção, hiperatividade ou impulsividade atribuíveis ao uso de 
medicamentos (ex. broncodilatadores, isoniazida, neurolépticos [resultando em acatisia], terapia de reposição para a tireoide) são 
diagnosticados como transtorno por uso de outra substância ou transtorno relacionado a outra substância. 
Transtornos neurocognitivos – Não se sabe se transtorno neurocognitivo maior precoce (demência) e/ou transtorno 
neurocognitivo leve estão associados ao TDAH, embora possam se apresentar com características clínicas semelhantes. Essas 
condições são diferenciadas do TDAH por seu início tardio. 
 
 LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 
 
6 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO 
 TRATAMENTO 
O tratamento deve ser focado no controle dos sintomas, na educação em classe, na melhoria do relacionamento interpessoal e 
na transição para a vida adulta, a fim de propiciar alívio do sofrimento causado pelos sintomas e não apenas melhora das notas 
escolares. 
Não se deve tratar o paciente sozinho. A primeira ação deve focar a educação do paciente, sua família ou cuidadores e professores. 
Deve-se oferecer informações sobre a condição, discutir as opções de tratamentos e os efeitos colaterais da medicação prescrita 
e monitorar o paciente, bem como aconselhar a família quanto às formas de atuação junto à criança, ajudá-la a estabelecer metas 
e acompanhamentos periódicos, estar disponível para eliminar dúvidas. 
Inicialmente, a medicação deve ser tomada 7 dias/semana. Uma vez estabelecida a dosagem, visitas em intervalos de 3 ou 4 meses 
são suficientes para monitorar a efetividade do tratamento e a ocorrência de efeitos colaterais. 
DROGAS ESTIMULANTES: Os mais utilizados são os sais de metilfenidato e anfetamina. As respostas são muito variáveis e as doses 
dependem da gravidade do comportamento e da tolerância ao fármaco. Ajusta-se a quantidade e frequência da dose até alcançar 
um equilíbrio entre a resposta e os efeitos adversos. Uma vez alcançada, uma dose equivalente do mesmo fármaco é substituída 
por uma forma de longa ação para evitar a necessidade de administrar o fármaco na escola. 
DROGAS NÃO ESTIMULANTES: Atomoxetina, um ISRN, também é utilizado. Ele é eficaz, mas os dados são ambíguos quanto à sua 
comparação aos fármacos estimulantes. Antidepressivos como a bupropiona, agonistas alfa-2 como a clonidina e guanfacina são 
às vezes utilizadas no caso de os estimulantes serem ineficazes ou apresentarem efeitos colaterais inaceitáveis, porém são menos 
eficientes e não são recomendados como fármacos de primeira linha. Podem ser utilizados em combinação a estimulantes para 
alcançar efeitos sinérgicos. 
Entre os resultados com o tratamento à base de estimulantes, pode-se esperar a melhora da hiperatividade, atenção, 
autocontrole e impulsividade, a redução de queixas, diminuição de agressões verbais e físicas, interação com professores e 
colegas, na produtividade acadêmica e sua acurácia. Não se espera, melhora na habilidade de leitura, habilidades de convívio 
social, aprendizagem ou notas acadêmicas. Isso porque 20-30% possuem também distúrbios de aprendizagem como dislexia, 
distúrbios de escrita, leitura e aritmética. A baixa inteligência está associada a piores respostas ao uso da medicação. 
As formulações de liberação lenta são consideradas, além de mais práticas, mais seguras porque diminuem o risco do efeito de 
reforço causado por súbitos aumentos do nível plasmático de metilfenidato, reduzindo o potencial de abuso, ao mesmo tempo 
em que mantêm a ação terapêutica. 
A indicação para a suspensão parece ocorrer quando o paciente encontra-se assintomático há 1 ano ou quando há melhora 
importante dos sintomas. Quando a medicação for interrompida, deve-se fazer acompanhamento cuidadoso e prudente, 
monitorar o comportamento na escola e o desempenho nas atividades acadêmicas. 
Medicações recomendadas: 
Metilfenidato (>6 anos) – ritalina, concerta, metadate ER, ritalina 
LA, focalin: 
→ Efeitos adversos: Perda de apetite, dor de estômago, 
cefaleia, irritabilidade, perda de peso, desaceleração do 
crescimento, exacerbação de psicoses, tiques, aumentos 
leves na PA e pulso. 
→ Contra-indicações: Ansiedade severa, tensão e agitação, 
glaucoma, uso de IMAO, convulsões, tiques. 
Dextroanfetaminas (>3 anos) – dexedrine, aderall, aderall XR (>6 
anos): 
→ Efeitos adversos: Perda de apetite e ponderal, dor de 
estômago, cefaleia, irritabilidade, possível inibição de 
crescimento, exacerbação de psicoses, tiques e leve 
aumento da PA e pulso. 
→ Contra-indicações: Doença cardiovascular, hipertensão, 
hipertireoidismo, glaucoma, dependência de drogas, uso 
de IMAO. 
Atomoxetine – strattera: 
→ Efeitos adversos: Perda de apetite, náuseas e vômitos, 
fatiga, perda de peso, desaceleração do crescimento, leve 
aumento da PA e pulso. 
→ Contra-indicações: Icterícia ou outras alterações 
laboratoriais de dano hepático, uso de IMAO, glaucoma 
de ângulo estreito. 
Bupropion – wellbutrin SR, wellbutrin XL: 
→ Efeitos adversos: Perda de peso, insônia, agitação, 
ansiedade, boca seca, convulsões... 
→ Contra-indicações: Convulsões, bulimia, anorexia 
nervosa, parada abrupta de álcool ou benzodiazepínicos, 
uso de IMAO e outros produtos com bupropion (Zyban). 
 
 LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 
 
7 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO 
As terapias comportamentais têm apenas reduzido efeito nos sintomas ou desempenho da criança com TDAH, mas, ao se 
combinar terapia comportamental e medicação, o seu desempenho melhora e a quantidade necessária de medicação estimulante 
diminui. 
As técnicas de modificação de comportamento incluem recados, relatórios diários e reforço positivo para crianças em idade 
escolar. Interações que afetem a autoestima da criança devem ser evitadas. Existe uma infinidade de intervenções na escola e 
acomodação para crianças com distúrbios de aprendizagem possíveis, desde a troca para assentos preferenciais na sala de aula e 
alterações na dinâmica das atividades pedagógicas, até acomodações especiais para crianças com distúrbios mais limitantes. 
Porém, a maioria dos pacientes com TDAH podem ser educados sem essas intervenções. 
O treinamento de habilidades sociais é direcionado para melhorar a interação com colegas. Apesar de não ter alcance nos sintomas 
de hiperatividade, desatenção e impulsividade, o aconselhamento individual pode aliviar os sintomas secundários de baixa 
autoestima, comportamento opositor desafiante e problemas de conduta. 
A falha no tratamento pode ser atribuída à não adesão ao uso correto da medicação, superestima dos efeitos adversos e à 
tentativa de tratar os sintomas, e não todo o espectro do TDAH. Sugere-se estabelecer rotinas (deixar o remédio no mesmo lugar 
onde o paciente pegará água de manhã ou algum objeto), uso de alarmes, avisosem geladeira ou espelho, lembretes nos celulares. 
Deve-se manter pequena porção de medicação de reserva em algum lugar (carro ou bolsa) para casos de esquecimento. Apenas 
baixo número de pacientes não tolera a medicação.

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