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INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIAS DA VIDA E DA NATUREZA (ILACVN) CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ECOLOGIA E BIODIVERSIDADE Trabalho de Sistemática Filogenética Manual: Análise Filogenética da Morfologia de Caminálculos: Gênero Unila Trindade, 2010 BRUNO TSUYOSHI MORISHITA DE POLI VALERIA BELEN ESPINOLA MACIEL FOZ DO IGUAÇU 2021 BRUNO TSUYOSHI MORISHITA DE POLI VALERIA BELEN ESPINOLA MACIEL ANÁLISE FILOGENÉTICA DA MORFOLIGIA DE CAMINALCULOS: Gênero Unila Trindade, 2010 Este trabalho compreende a Análise de Sistemática Filogenética da Morfologia dos Caminálculos para a Disciplina BIO0049 – Sistemática Filogenética do Curso de Ciências Biológicas. Período 2020.9. Prof. Fernando Cesar Vieira Zanella FOZ DO IGUAÇU 2021 Sumário I. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4 II. METODOLOGIA ........................................................................................................................... 4 III. RESULTADOS ........................................................................................................................... 6 IV. DISCUSSÃO ............................................................................................................................. 10 V. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 13 4 I. INTRODUÇÃO A Sistemática Filogenética foi apresentada pelo entomólogo Willi Hennig que permitiu a conexão entre a Escola Fenética e a Escola Evolutiva, onde o principal pressuposto estabelece que a estrutura das classificações deve refletir de maneira precisa e inequívoca o conhecimento disponível sobre as relações de parentesco entre táxons incluídos na classificação (AMORIM, 2002). Na escola Filogenética o sistema classificatório busca descrever a história evolutiva de um grupo utilizando caracteres apomórficos como novidades evolutivas, ou seja, características que não estavam presente no ancestral. Assim Hennig, definiu que somente os grupos monofiléticos constituiriam grupos naturais. Uma ferramenta para estabelecer uma melhor compreensão da análise filogenética em organismos reais, é aplicada com criaturas fictícias, “os Caminalculos” criados pelo Professor Joseph H. Caminque, representando uma simulação do processo evolutivo. (SOKAL, 1983) Estes organismos criados, consistem em 29 espécies vivas e 48 formas fósseis, que permitem a observação de caracteres morfológicos e assim poder determinar propriedades como caracteres homólogos, homoplásicos, fenômenos como convergências evolutivas, reversão e também pode ser observado como é aplicado o princípio de Parcimônia, através das hipóteses evolutivas ou arvores filogenéticas. A finalidade do uso destes organismos no presente trabalho reside na construção da hipótese evolutiva mais parcimoniosa, utilizando caminalculos agrupados no Gênero Unila Trindade, 2010, que foi divido em subgêneros que serão estudados e classificados pelo método de análise filogenética manual a partir da morfologia. II. METODOLOGIA O grupo analisado foi o Gênero: Unila Trindade, 2010 contendo 7 espécies de Caminalculos (Figura 1) divididos em Subgêneros, 4 do Subgênero Unila Trindade, 2010, tendo como Espécie-tipo: Unila (U.) beta Trindade, 2010 e 3 espécies do Subgênero Paraunila Subrinho, 2014, tendo como Espécie-tipo: Unila (Paraunila) capa (Nuñez, 2005). A espécie representante do grupo externo foi Unilab tau Mercado, 2009 (Figura 2). 5 Seleção dos caracteres. Foram selecionadas 15 características morfológicas a partir da morfologia geral dos caminalculos apresentada por Sokal, onde foi aplicado o princípio da exclusão e inclusão, englobando primariamente características exclusivas entre grupos morfologicamente mais aparentados e incluindo os outros grupos com caracteres mais gerais. A escolha dos caracteres foi baseada majoritariamente nas sinapomorfias morfológicas, dando preferência às Figura 1. Espécies Representantes do Subgênero Unila: A. U. alfa B. U. beta C. U. zeta D. U. gama. Espécies Representantes do Subgênero Paraunila: E. U. lota F. U. delta G. U. capa Figura 2. Representante do Grupo Externo Unilab tau 6 características binárias, onde na polarização dos caracteres escolhidos, os de estado plesiomórfico são pertencentes ao grupo externo. Método de análise. A utilização da parcimônia no método cladístico tem como finalidade oferecer uma explicação filogenética com a menor série de transformação dos caracteres, ou seja, com o menor número de mudanças dos estados dos caracteres, entretanto por mais que a explicação parcimoniosa tenha como pilar a simplicidade na descrição/explicação da evolução dos caracteres, a evolução do caráter em si, pode ter sido bem mais complexo que sua descrição/explicação, então o uso da parcimônia é justificada pela “simplicidade” que esse critério pode explicar a evolução de uma característica em um determinado grupo, ou comparando grupos. III. RESULTADOS Descrição dos Caracteres 1. Estruturas fotorreceptoras. 0. Ausente. 1. Presente. 2. Fusionamento do pescoço em relação ao corpo. 0. Não Fusionado. 1. Fusionado. 3. Membro Posterior. 0. Presente. 1. Ausente. 4. Pedúnculo nos olhos. 0. Ausente. 1. Presente. 5. Projeções na parte posterior do corpo. 0. Ausente. 1. Presente. 6. Formato do corpo em relação ao pescoço. 0. Amplo. 1. Estreito. 7. Adaptações dos membros anteriores. 7 0. Tentáculo. 1. Braço. 8. Divisões do corpo. 0. Unificado. 1. Separado em tórax e abdômen. 9. Projeções digitais nas extremidades. 0. Ausente. 1. Presente. 10. Disposição das manchas no corpo. 0. Laterais (majoritariamente). 1. Centrais (majoritariamente). 11. Formato posterior do corpo. 0. Cilíndrico. 1. Arredondado. 12. Cor das manchas no corpo. 0. Somente brancas. 1. Brancas e pretas 13. Manchas nas projeções do corpo. 0. Ausente. 1. Presente. 14. Membro posterior em formato de dois pés. 0. Ausente. 1. Presente. 15. Comprimento dos membros anteriores esticados em relação à caixa encefálica. 0. Curto. 1. Longo. 8 Matriz de distribuição de caracteres ordenados, polarizados para espécies do Gênero Unila e o representante do Grupo Externo (GE) C/T A B C D E F G GE 1 1 1 1 1 1 1 1 0 2 0 0 0 0 0 0 1 0 3 0 0 0 0 0 0 1 0 4 0 0 0 0 0 1 1 ? 5 0 0 0 0 0 1 1 0 6 0 0 0 0 0 1 1 0 7 1 0 0 1 0 0 0 0 8 0 1 1 0 0 0 0 0 9 1 0 0 1 0 0 0 0 10 1 1 1 1 0 0 0 0 11 0 1 1 0 0 0 0 0 12 1 1 1 1 0 0 0 0 13 0 0 0 1 1 0 0 0 14 1 1 1 1 0 0 0 0 15 1 1 1 1 1 0 0 0 A tabela mostra a distribuição dos caracteres sendo 0 o estado plesiomórfico, ou seja, as características presentes no representante do grupo externo, e o estado 1 que representa uma apomorfia ou novidade evolutiva. São 7 grupos analisados e comparados com o grupo, observando 15 caracteres entre as espécies. Matriz de Compartilhamento de estados apomórficos para espécies do Gênero Unila A B C D E F G A - B 5 - C 5 7 - D 7 5 5 - E 2 2 2 3 - F 1 1 1 1 1 - G 1 1 1 1 1 4 - A tabela mostra a análise de compartilhamento de caracteres apomórficos entre os 7 grupos, sendo que as espécies A e D têm 7 caracteres compartilhados, logo, se observa uma possível relação de parentesco, assim como também para B e C, ambos apresentammais caracteres compartilhados. 9 Análise Filogenética com hipótese mais parcimoniosa Figura 3. Mostra a hipótese filogenética e as relações de parentesco sendo (GE(F+G(E(B+C(A+D))))) 10 Avaliação da Árvore Filogenética por meio de índices de consistência e retenção Caracteres M S G CI RI RC 1 1 1 1 1 0/0 ou 0 0 2 1 1 1 1 0 0 3 1 1 1 1 0 0 4 1 1 2 1 1 1 5 1 1 2 1 1 1 6 1 1 2 1 1 1 7 1 1 2 1 1 1 8 1 1 2 1 1 1 9 1 1 2 1 1 1 10 1 1 3 1 1 1 11 1 1 2 1 1 1 12 1 1 3 1 1 1 13 1 2 2 0,5 0 0 14 1 1 3 1 1 1 15 1 1 2 1 1 1 Totais 15 16 30 0,94 0,93 0,87 A tabela mostra os cálculos para o índice de consistência (CI), índice de retenção (RI) e o índice reescalonado conjunto de consistência (RC), realizados para avaliar a hipótese filogenética dada. IV. DISCUSSÃO A árvore filogenética representa uma hipótese das relações evolutivas onde vemos que a hipótese mais parcimoniosa foi (GE(F+G(E(B+C(A+D))))), com 16 passos evolutivos sendo que foram analisados 15 caracteres. A característica 1.1 é uma sinapomorfia do gênero Unila que é uma evidência de ancestralidade comum, com o surgimento de estruturas fotorreceptoras. Assim, a análise mostra que o gênero poderia ser dividido em dois subgêneros como foram descritos anteriormente, mas desta vez U. (Paraunila) lota que corresponde ao caminalculo D deveria pertencer ao subgênero Unila para constituir um grupo natural ou monofilético. As caraterísticas 4.1, 5.1 e 6.1 são as que suportam as relações de parentesco entre os caminalculos F e G. Sendo a presença de olhos pedunculados, projeções na parte posterior do corpo e o seu formato enquanto ao tamanho comparado em relação ao pescoço apresentando um corpo estreito, são potenciais sinapomorfias que sustentam a monofilia do subgênero sem a espécie D. Já os caracteres 2.1 e 3.1 representam autapomorfias da espécie G, sendo elas pescoço fusionado no corpo e com o membro posterior ausente. 11 Apesar de tudo a característica 4.1 não está presente no grupo externo e constitui uma interrogante, já que o representante do grupo externo possui estruturas fotorreceptoras também não possui um pedúnculo especializado para essas estruturas, por tanto polarizar o carácter constitui um problema na hipótese evolutiva. Às vezes a condição de uma estrutura no momento de seu surgimento não pode ser inferida por comparação com o grupo externo, logo, uma possível solução seria alterando a codificação para um carácter linear ordenado considerando um caráter multiestado com ausência de estruturas fotorreceptoras como 0, surgimento de olhos como estado 1 e olhos pedunculados como estado 2. Já nas relações de parentesco entre os caminalculos A e D, os caracteres 7.1 e 9.1 (adaptações dos membros posteriores e projeções digitais nas extremidades) são potenciais sinapomorfias que sustentam esses dois grupos terminais de serem grupo-irmãos nesta hipótese filogenética. Os caminálculos B e C, são sustentados como sendo grupo-irmãos devido a sinapomorfia dos caracteres 8.1 e 11.1 (divisões do corpo e formato posterior do corpo). Contudo as características 10.1, 12.1 e 14.1 (posição das manchas no corpo, cor das manchas no corpo e membro posterior em formato de dois pés) evidenciam um potencial parentesco entre A + D e B + C, que é sustentada por suas sinapomorfias, tem-se então A + D sendo grupo irmão de B + C. Por fim tem-se o caminálculo E que é grupo-irmão de A + D e B + C, essa relação de parentesco é sustentada devido a sinapomorfia 15.1 (comprimento dos membros anteriores esticados em relação à caixa encefálica), evidenciando então a potencial existência de dois subgêneros (Unila e Paraunila) de origem monofilética. Já o caractere 13.1 que é compartilhado entre os caminálculos D e E é uma possível homoplasia autapomórfica que teve seu desenvolvimento de maneira independente em ambos os grupos citados, podendo ter sido desenvolvida devido às características ambientais em que estão inseridas. Os índices de consistência, retenção e de consistência reescalonado, não trazem informações contundentes de se a hipótese evolutiva observada é a melhor, já que eles se veem afetados pelos caracteres, por exemplo, o problema do índice de consistência é que ele se vê afetado pelo número de autapomorfias incluídas na análise, mas por outro lado, auxiliam para saber se os caracteres são informativos para relações de parentesco ou a existência de homoplasias. Sendo 1 valor do índice de consistência máxima quando não há homoplasia, para o gênero Unila foi observado um índice de consistência da topologia com valor de 0,94, que 12 significa um percentual baixo de homoplasia, tanto que a análise demonstra que só o carácter 13 apresenta uma homologia primária que não constitui uma homologia secundária se não, uma homoplasia ou surgimento independente. O índice de retenção com valor para 0 indica a presença de autapomorfias, elas não contribuem para a relação de parentesco, já o índice com valor 1 indica que todas as sinapomorfias estão sem homoplasias. O RI total foi 0,93, indicando que existem autapomorfias dentro da topologia que não são totalmente informativas para as relações de parentesco. Por outro lado, o índice de consistência reescalonado ajudou a verificar quais dessas características deveriam ser eliminadas porque não contribuem para que a árvore seja mais parcimoniosa, como são os caracteres 1, 2, 3 e 13. O caractere 1 é uma sinapomorfia, mas representa um problema que talvez seria solucionado se tivéssemos mais representantes do grupo externo, na análise RI dá 0/0 mas é considerado como 0 (Farris, 1989). V. CONSIDERAÇÕES FINAIS A hipótese filogenética observada no presente trabalho é sustentada pelas sinapomorfias do grupo, que através do índice de consistência obtido (0,94) é possível inferir que as escolhas dos caracteres para estudo do grupo foram bem estabelecidas para o grau de parentesco apresentado na árvore filogenética, tendo apenas um caractere com homoplasia autapomorfica, com o índice de retenção temos informações de quais caracteres são importantes para o estudo, obtendo 11 características que apresentam informações sobre o parentesco de um total de 15 caracteres, portanto conclui-se que a hipótese apresentada no decorrer do trabalho é a mais parcimoniosa e com boas escolhas de caracteres para a relação de parentesco desse grupo nesta análise. 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, D. S. Fundamentos de Sistemática e Filogenética. Ribeirão Preto: Holos, 2002. Rodarte, M. D. F. Potencialidades na formação continuada com o tema sistemática filogenética para professores de ciências e biologia: Potentialities in continuing education with the theme of phylogenetic systematics for teachers of science and biology. 2018 SOKAL, R. R. A phylogenetic analysis of the caminalcules. L. The data base. Systematic Zoology, v. 32, n. 2, p. 159–184, 1983.
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