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Fisiopatologia – Tatiana Morais O QUE É? A DP é uma doença neurodegenerativa marcada por um distúrbio de movimento hipocinético proeminente, que é causada pela perda de neurônios dopaminérgicos de substancia nigra. Manifesta-se com caráter predominantemente motor, é progressiva e ligeiramente mais comum no sexo masculino. Anormalidades não motoras como distúrbios cognitivos, psiquiátricos e autonômicos, hiposmia (baixa sensibilidade olfativa), fadiga e dor também podem ocorrer, e algumas delas podem preceder as alterações motoras. A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, acometendo entre 2% e 3% da população acima dos 65 anos. A DP é considerada uma doença idiopática, ou seja, sem causa definida. Fatores de risco Idade: A DP geralmente surge após os 50 anos, sendo considerada precoce quando se instala antes dos 40 anos e juvenil antes dos 20 anos. História familiar: familiares de pacientes com Parkinson têm maior risco de desenvolver a doença. Traumas no crânio: isolados ou repetitivos, como nos lutadores de boxe, podem lesar os neurônios dopaminérgicos. Contato com substâncias químicas: certas substâncias químicas, como agrotóxicos, podem causar lesões neurológicas que levam ao Parkinson. Fisiopatologia Na etiologia da DP interagem de forma complexa fatores genéticos, ambientais (exposição a pesticidas e metais pesados, desnutrição, obesidade) e o próprio envelhecimento. Do ponto de vista fisiopatológico, a expressão motora da DP é decorrente de uma deficiência na transmissão dopaminérgica na via nigroestriatal, consequência do processo degenerativo que acomete os neurônios mesencefálicos nigrais. A doença degenerativa principal, que envolve o sistema nigrostriatal, é a DP. B A DP é considerada uma proteinopatia da classe das sinucleinopatias, juntamente com demência por corpos de Lewy e a atrofia de múltiplos sistemas. As manifestações motoras da DP decorrem principalmente da perda progressiva de neurônios da parte compacta da substância negra. A degeneração nesses neurônios é irreversível e resulta na diminuição da produção de dopamina. Morfologia A palidez da substância nigra do locus ceruleus, que é devida à perda dos neurônios pigmentados e catecolaminérgicos nessas regiões. Corpúsculos de Lewy podem ser encontrados em alguns neurônios remanescentes. Esses corpúsculos são inclusões citoplasmáticas, eosinófilas, de forma arredondada ou alongada, simples ou múltiplas, que com frequência possuem um núcleo denso circundado por um halo pálido. Áreas de perda neuronal também mostram tipicamente gliose. A, Substância nigra normal. B, Substância nigra despigmentada na doença de Parkinson idiopática. C, Corpúsculo de Lewy. Fisiopatologia – Tatiana Morais Quadro Clínico A principal manifestação clínica é a síndrome parkinsoniana, decorrente do comprometimento da via dopaminérgica nigroestriatal. Alterações não motoras também estão presentes e decorrem em grande parte do envolvimento de estruturas fora do circuito dos núcleos da base. Diagnóstico O diagnóstico da DP é fundamentalmente clínico, na anamnese o médico pode pedir para que o paciente realize alguns movimentos (como agachar e levantar, caminhar, fazer movimento de pinça com os dedos) e repita palavras, de modo a verificar a coordenação motora, rigidez muscular, capacidade de fala, equilíbrio. Exames de imagem, como tomografia cerebral e ressonância magnética, são complementares. Ou seja, servem para avaliação e descarte de outras condições que possam causar os sintomas. Além de exames, o médico pode lhe receitar carbidopa-levodopa, a medicação típica da doença de Parkinson. Melhoras significativas nos sintomas após o início de uso deste remédio podem, muitas vezes, confirmar o diagnóstico de Parkinson. Às vezes é preciso tempo para diagnosticar a doença de Parkinson. Os médicos podem recomendar consultas de acompanhamento regulares com neurologistas especialistas em distúrbios do movimento para avaliar a condição do paciente e os sintomas ao longo do tempo. Tratamento Levodopa: segue sendo a principal forma de tratamento da DP. Atua diretamente sobre a deficiência dopaminérgica que é a base fisiopa- tológica dos sinais e sintomas motores associados à doença Medicamentos dopaminérgicos (incluindo levodopa, e os agonistas rotigotina e pramipexol) - uma classe de medicamentos com ação semelhante à dopamina. Inibidor de decarboxilase - um medicamento usado com levodopa (não tem efeito sozinho),reduz os efeitos adversos periféricos da levedopa. Anticolinérgicos – uma classe de medicamentos que relaxa músculos lisos e é usada primariamente para se tratar o tremor. Inibidores de MAO-B (selegilina e rasagilina) - uma classe de medicamentos usada para se tratar todos os sintomas da doença. Esses medicamentos bloqueiam uma enzima que quebra a dopamina, permitindo que ela permaneça no receptor por mais tempo. Inibidores de COMT (entacapona e tolcapona) - uma classe de medicamentos que se une aos receptores de dopamina e imita a sua ação. Tratamento cirúrgico - é indicado para os casos em que ocorrem as complicações motoras de longo prazo. Fisioterapia e a fonoterapia: podem ser indicadas em qualquer fase da doença. Síndromes de Parkinsonismo Atípico Além das formas de doença de Parkinson já discutidas, há uma variedade de distúrbios que incluem o parkinsonismo como um comportamento dos sintomas. Essas doenças, em geral, são minimamente sensíveis ao tratamento com L-DOPA; elas são também distinguidas a partir da doença de Parkinson mediante a presença de sinais e sintomas adicionais. Além de PSP e DCB, que são ambas tauopatias, outra sinucleinopatia (atrofia multissitemas) também esta nesse grupo. Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP): A PSP é uma tauopatia (doenças neurodegenerativas caracterizadas pela agregação patológica da proteína tau) em que os indivíduos afetados desenvolvem comumente rigidez progressiva do tronco, desequilíbrio com quedas frequentes e dificuldade de movimentos oculares voluntários. O inicio da doença é https://www.minhavida.com.br/saude/tudo-sobre/33570-tomografia https://www.minhavida.com.br/saude/tudo-sobre/33596-ressonancia-magnetica Fisiopatologia – Tatiana Morais em geral entre a 5ª e a 7ª década, sendo os homens afetados com frequência duas vezes maior do que nas mulheres. A doença é frequentemente fatal de 5 a 7 anos após o inicio. Embora a marca patológica da PSP seja a presença de inclusões contendo tau nos neurônios e nas glias, mutações causais no gene tau foram identificadas em apenas alguns casos. No entanto, o risco de PSP esporádica esta ligado a polimorfismos de nucleotídeo único que mapeiam perto do local do gene tau. Existe perda neuronal difusa no globo pálido, núcleo subtalâmico, substância nigra, colículos, substância cinzenta periaquedutal e núcleo denteado do cerebelo. Os emaranhados neurofibrilares globosos são encontrados nessas regiões afetadas, tanto em neurônios como em células da glia. Degeneração Corticobasal (DCB): A DCB é uma tauopatia progressiva que é mais frequentemente caracterizada por rigidez extrapiramidal, distúrbios motores assimétricos (movimentos involuntários dos membros), e comprometimento da função cortical superior. O declínio cognitivo pode ocorrer mais tarde na doença (tal como na PSP), a mesma variante de tau ligada a PSP também e associada à DCB. No geral, a DCB e a PSP compartilham muitas características clinicas e patologias. Nas regiões afetadas do córtex, há perda grave de neurônios, glioses, e neurônios “balonizados” (acromasia neuronal). Imunorreatividade para tau pode ser encontrada em astrócitos (“astrócitos com tufos”) e oligodendrócitos (“corpúsculosespiralados”), em neurônios dos núcleos da base e, em graus variáveis, em neurônios corticais.
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