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Fisiopatologia – Tatiana Morais 1 A doença falciforme é uma hemoglobinopatia hereditária comum causada por uma mutação pontual na β-globina que promove a polimerização de hemoglobina desoxigenada, levando a distorção de hemácias, anemia hemolítica, obstrução microvascular e lesão isquêmica tecidual. Com essas características, o sangue não consegue circular bem pelos vasos de menor calibre, o que reduz o suprimento de oxigênio para o organismo e aumenta o risco de lesões. Além do mais, o formato alterado das hemácias faz com que elas tenham uma duração de apenas um sexto do tempo de vida das células saudáveis, isso causa um quadro permanente de anemia. O padrão da herança genética da doença falciforme é autossômico recessivo. O indivíduo expressa a doença quando o gene da globina beta S está em homozigose (Hb SS), ou quando está em heterozigose, em associação do gene globina beta S com outras variantes, como Hb C, Hb D e Hb E, ou ainda na interação com a talassemia beta. Ao longo da vida, as manifestações clínicas decorrentes da doença falciforme variam entre as pessoas com a doença e na mesma pessoa. 1ª manifestação (até 3 anos de idade): Síndrome Mão-pé. Dor + isquemia periosteal + dactilite. Quando cresce: Crise óssea = isquemia intramedular em ossos longos. Sequestro esplênico e AUTOESPLENECTOMIA até os 5 anos. Crise abdominal (isquemia mesentérica) Acidente vascular encefálico (isquêmico em crianças e hemorrágicos em adultos). Priapismo (ereção prolongada do pênis, geralmente sem excitação sexual). Crises vasoclusivas crônicas renais = Necrose de papila. Anemia (acontece pela redução do numero dos eritrócitos, das alterações em seu formato e na sua função. É identificada por: cansaço, fraqueza, indisposição e palidez). Crises de dor ou crises álgicas (são causadas pelo processo de vaso-oclusão, ocorrem nos braços, nas pernas, nas articulações, no tórax, no abdômen e nas costas; alguns fatores são desencadeantes, como: diminuição dos níveis de oxigênio no sangue (hipóxia), infecções, febre, desidratação, entre outras). Infecções recorrentes (os episódios frequentes de vaso-oclusão lesionam o baço, levando à atrofia e à diminuição da sua funcionalidade, isso faz com que o organismo fique mais sujeito a infecções/ pneumonias, infecções renais e osteomielites também ocorrem com frequência). Icterícia (ocorre em função do aumento da hemólise e do consequente excesso de bilirrubina na circulação, aumentando a pigmentação amarelada na pele e da parte branca dos olhos - esclerótica). Sequestro esplênico (trata-se de um quadro decorrente do aumento da funcionalidade do baço, na tentativa de eliminar o excesso de células falcizadas, isso faz com que o baço aumente rapidamente o volume e ocorra queda súbita do nível de hemoglobina, além de diminuição do volume de sangue circulante, com risco de choque hipovolêmico e morte). Síndrome torácica aguda (é consequência de vaso- oclusão pulmonar, infecção, embolia ou sequestro pulmonar; caracteriza- se por dor torácica, tosse, dificuldade respiratória, hipóxia e infiltrado pulmonar recente – A STA é uma complicação grave na doença falciforme, sendo necessária a hospitalização para tratamento e acompanhamento). Acidente vascular cerebral – AVC (ocorre quando há obstrução de artérias cerebrais, provocando isquemia e Fisiopatologia – Tatiana Morais 2 infarto no encéfalo- as manifestações geralmente são focais). O diagnóstico é sugerido pelos achados clínicos e pela presença de hemácias irreversivelmente falciformes e é confirmado por vários testes para hemoglobina falciforme. Em geral, esses testes envolvem a mistura de amostras de sangue com um reagente que consuma oxigênio, como metabissulfito, o que induz a falcização de hemácias, se a HbS estiver presente. A eletroforese de hemoglobina também é usada para demonstrar a presença de HbS e excluir outras síndromes falciformes, como a doença HbSC. O diagnostico pré-natal é possível através da análise do DNA fetal obtido por amniocentese ou biópsia coriônica. Os exames laboratoriais são utilizados para: o Detecção de Hb nos eritrócitos; o Genotipagem de Hb; o Determinante de haplótipos; o Monitoração. Anemia hemolítica + drepanócitos + corpúsculo de Howell Jolly (asplenia) Eletroforese hemoglobina com > 85% HbS Teste do pezinho O tratamento não é especifico para a doença em si, apenas medidas que visam prevenir e minimizar as consequências. Os portadores precisam de acompanhamento médico constante, quando mais cedo começar, melhor será o prognostico. A doença pode ter cura através do transplante alogênico de medula óssea. O grande problema é que a maior parte dos pacientes não é candidata ao procedimento pelos critérios de elegibilidade ou por não ter doador compatível. Agudo – na crise: o Hidratação, mas sem exagerar (pode romper o baço) o Oxigênio só se SpO2 < 92%, mas sem exagerar (vasoconstrição coronária) o ATB se febre (crise aplásica = morte) o Só transfundir se Hb < 5g/d Crônico: o Hidroxiuréia – diminuição percentual da HbS a partir do aumento da HbF(para pacientes que já teve ≥ 2 crises álgicas no ano, 1 Sd Torácica ou disfunção crônica). Febre persistente acima de 38°C, dor torácica, e abdominal, falta de ar, náuseas e vômito, dores de cabeça persistente e aumento súbito do volume do baço. A presença de apenas um alelo da globina beta A, combinado com outro alelo da globina beta S, apresenta um padrão genético AS (heterozigose) que não produz manifestações da doença falciforme, sendo o indivíduo caracterizado como portador de traço falciforme (TF). A identificação da condição de portador de traço falciforme é importante para sua orientação genética e de sua família. A informação e a orientação genéticas devem estar inseridas na Atenção Básica, sendo responsabilidade da equipe multiprofissional. Por sua vez, o aconselhamento genético é de responsabilidade de um profissional de saúde habilitado e com treinamento adequado para essa atividade.
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