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FGV Matriz Mediação e Arbitragem

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Matriz de atividade individual
	Disciplina: Mediação e Arbitragem
	Módulo: 6
	Aluno: Giulia Massad Ruiz Arena
	Turma: PGO 0421-1_2
	Introdução
	A arbitragem é um o método de solução de conflitos no qual as partes definem que uma terceira pessoa, ou uma entidade privada, solucionará a controvérsia apresentada pelas partes sem que seja necessária a participação do Poder Judiciário. Caracterizada pela informalidade, a arbitragem tende a oferecer decisões especializadas e mais céleres do que as judiciais, tendo sua sentença o mesmo efeito que uma judicial. 
Sendo assim, buscaremos esclarecer, no presente parecer, o conteúdo da cláusula de solução de conflitos constante na Minuta de Contrato de Concessão para Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, a ser celebrado com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, e apontar as vantagens e desvantagens presentes na mesma, servindo de auxílio à empresa que vislumbra assinar tal contrato.
	Desenvolvimento 
	Em primeira análise, é possível verificar que a cláusula 34.5. do contrato, que trata do procedimento de arbitragem, não faz referências expressas às regras que conduzirão tal processo. 
Fica claro, assim, que trata-se de uma cláusula vazia, pois: as partes são submetidas ao processo de arbitragem; constar no item 34.5. acima que as partes poderão “submeter tal questão a arbitragem ad hoc”; o item 34.6. faculta as partes que submetam a arbitragem institucional a Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional; e na cláusula 34.6.2. diz que “Caso a disputa ou controvérsia envolva exclusivamente entes integrantes da Administração Pública Federal, a questão poderá ser submetida à Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF, da Advocacia-Geral da União”.
Portanto, não se trata de uma cláusula cheia, pois apesar de trazer algumas regras, não trazem segurança ao procedimento. As cláusulas cheias devem fazem referência, de forma expressa, às regras que irão conduzir o procedimento arbitral que é tratado no contrato, sendo essa o padrão ideal de convenção arbitral sem que haja necessidade de recorrência ao Judiciário. 
Já as cláusulas vazias, apenas determinam que eventuais disputas que possam surgir em razão do contrato em questão, serão elas solucionadas por meio de arbitragem, não havendo regras expressas, limitando-se a informar acerca da vontade das partes perante a renúncia à jurisdição estatal na solução do conflito. Ademais, há que se destacar a não vinculação do contrato de convenção de arbitragem:
34.5. Após o procedimento previsto no parágrafo 34.2, caso uma das Partes considere que inexistem condições para uma solução amigável de disputa ou controvérsia a que se refere tal parágrafo, poderá submeter tal questão a arbitragem ad hoc, utilizando como parâmetro as regras estabelecidas no Regulamento de Arbitragem (Arbitration Rules) da United Nations Comission on International Trade Law – UNCITRAL e em consonância com os seguintes preceitos.
Quanto á possibilidade de que ocorra mais de um modo de solução de conflito, é perfeitamente possível, visto que a cláusula arbitral escalonada permite que haja diferentes etapas antes da arbitragem, ou seja, pode-se haver mediação, conciliação, e apenas no final do processo aplicar a arbitragem. Porém, a cláusula 34.2., que prevê a conciliação prévia, não é adequada nessa questão, visto que desacelera a solução do conflito, a tornando mais burocrática, uma vez que há o estabelecimento de prazos e perícia.
Portanto, entende-se que a aplicação da medição seja mais viável nesse caso, podendo ser realizada pela mesma instituição escolhida para a arbitragem, deixando o processo mais célere. 
Da forma como foi proposta na referida convenção arbitral, é provável que as partes tenham que recorrer ao Poder Judiciário eventualmente para resolução da cláusula vazia, da ambiguidade nas interpretações de alguns itens, além de a cláusula 34.5. alínea “i”, já estabelecer que “havendo necessidade de medidas cautelar ou de urgência antes de instituída a arbitragem, a Parte interessada poderá requerê-las diretamente ao Poder Judiciário, com fundamento na Legislação Aplicável, cessando sua eficácia se a arbitragem não for requerida no prazo de 30 (trinta) dias da data de efetivação da decisão”.
Há, ainda, na cláusula 34.5. alínea “f”, a previsão de que “toda e qualquer despesa necessária à instalação e desenvolvimento da arbitragem, tais como custas e adiantamento de honorários arbitrais e periciais, serão suportados exclusivamente pelo Concessionário”, impondo custos à ANP somente em casos de condenação da mesma. 
Essa previsão pode interferir na imparcialidade da câmara arbitral, além de trazer o ônus da arbitragem à apenas uma das partes. O ideal é que as despesas sejam partilhadas no início do procedimento, restituindo a parte vencida no final.
Caso venha a ser necessária a execução da sentença arbitral, esta deve ser realizada judicialmente, visto que, conforme artigo 515, inciso VII do Código de Processo Civil, a mesma é considerada título executivo extrajudicial. 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
[…]
VII - a sentença arbitral;
[…]
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I – os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II – o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
O legislador definiu, ainda, que o cumprimento da sentença arbitral será objeto de processo autônomo, e deverá ser proposto pela parte interessada no juízo competente. Porém, de acordo com o Professor Fredie Didier:
Mas pode acontecer que, mesmo nesses casos, o cumprimento da sentença se dê como fase do processo. Isso ocorrerá quando a execução dessas decisões for precedida de liquidação; a liquidação será o processo autônomo, encerrada por sentença cujo cumprimento se dará por fase. Ou seja: o cumprimento de sentença somente ocorrerá em processo autônomo se um desses títulos executivos judiciais (art. 515, VI a IX, CPC) prescindir de liquidação para poder ser executado. É por isso que o§ 1º do art. 515 do CPC determina que, nos casos dos seus incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de quinze dias. (grifo nosso)
Do mesmo modo, é possível, excepcionalmente, que o cumprimento de sentença fundado num dos títulos judiciais indicados no art. 515, I a V, do CPC se faça por processo autônomo, e não por fase. É o caso, por exemplo, da sentença que, em ação coletiva, reconhece direito individual homogêneo. O indivíduo beneficiado por ela precisará deflagrar processo autônomo (distinto do processo coletivo no qual a decisão se formou) para, primeiramente, liquidar o próprio crédito e, na sequência, como fase desse processo autônomo, buscar o cumprimento. 
Pode-se dizer, então, que a sentença arbitral que precisa de liquidação a sua execução, ocorrerá no âmbito do processo de liquidação. Já a sentença arbitral que dispensa liquidação, será executada por processo autônomo. Contudo, outra corrente doutrinária defende que o dever de liquidação cabe ao árbitro, e não ao juízo, a não ser que a convenção arbitral afaste o dever.
Entende-se que a sentença judicial que dará cumprimento a sentença arbitral será de natureza mista, a depender da tutela perseguida pelas partes. No entanto, constituir-se-á como executória através do cumprimento da sentença.
	Considerações finaisO processo de arbitragem economiza o tempo e o dinheiro das partes, já que o artigo 23 da Lei de Arbitragem prevê o prazo máximo de seis meses contados da instituição da arbitragem para que seja proferida a sentença, bem como preserva o bom relacionamento contratual entre as mesmas antes, durante e após a solução do conflito. Isso se dá, pois, as partes elegem diretamente uma terceira pessoa, imparcial, para a solução do conflito, por tal motivo, tendem a confiar mais no procedimento.
Considerando a posição da concessionária no contrato analisado, sugere-se a necessidade de alteração dos seguintes pontos para o sucesso da convenção arbitral: 
a) cláusula escalonada com início em mediação, e não em conciliação, como previsto no contrato atualmente; 
b) previsão de uma única câmara arbitral para realização das soluções de conflito, excluindo-se a arbitragem ad hoc, trazendo assim mais segurança jurídica as partes; 
c) custas partilhadas entres as partes no início da solução do conflito, com ressarcimento a parte vencedora ao final, a não ser que haja decisão que conceda provimento parcial, mantendo-se a partilha; 
d) recomenda-se a exclusão da alínea “i” da cláusula 34.5., visto que as partes devem optar pela via judicial ou pelo processo arbitral. Ter ambas as opções gera insegurança jurídica ao contrato;
e) recomenda-se a exclusão do item 34.6.2., visto que a escolha de referida câmara pode trazer parcialidade na solução do conflito.
Ao menos que sejam feitas as alterações as alterações sugeridas acimas, não é recomendada a assinatura do contrato.
	Referências bibliográficas
	ALMEIDA, Rafael Alves de, et al. Apostila de Mediação e arbitragem. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2021
BRASÍLIA. Lei Nº 9.307, de 23 de Setembro de 1996. Lei de Arbitragem. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9307.htm> Acesso em: 15/05/2021
BRASÍLIA. Lei Nº 13.105, de 16 de Março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm> Acesso em: 15/05/2021
JUSBRASIL. As cláusulas escalonadas no ordenamento jurídico brasileiro -Breves considerações sobre as cláusulas med-arb e seus efeitos. Disponível em: <https://processualistas.jusbrasil.com.br/artigos/645157118/as-clausulas-escalonadas-no-ordenamento-juridico-brasileiro> Acesso em: 15/05/2021
MARTINS, Jomar. Contrato com Cláusula Compromissória não pode ser revisto pelo Judiciário. Consultor Jurídico, 31/12/2014. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2014-dez-31/clausula-compromissoria-nao-revista-judiciario> Acesso em: 15/05/2021
NANNI, Giovanni Ettore. Os cuidados na elaboração da cláusula arbitral. Consultor Jurídico, 31/12/2014. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2011-jun-17/arbitragem-nao-fundada-equidade-sim-lei> Acesso em: 15/05/2021
OLIVEIRA, Amom da Silva. O processo de execução da sentença arbitral e suas principais peculiaridades. Jus Navigandi, 09/2018. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/68945/o-processo-de-execucao-da-sentenca-arbitral-e-suas-principais-peculiaridades> Acesso em: 15/05/2021
	
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