Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Curso: Engenharia de Produção Disciplina: Introdução à Engenharia de Produção Autor: Eliane da Silva Christo Aula 5 – Engenharia de Produção Meta Apresentar como foi o surgimento da Engenharia de Produção principalmente no Brasil e acompanhar sua evolução histórica. Mostrar qual o perfil do Engenheiro de Produção o mercado de trabalho está exigindo atualmente. E, levar ao seu conhecimento qual a associação brasileira da classe. Objetivos Após esta aula você será capaz de: 1. Falar com clareza sobre o surgimento, e o que constitui o curso de Engenharia de Produção; 2. Reconhecer qual perfil do Engenheiro de Produção é exigido hoje pelo mercado; 3. Apresentar a ABEPRO. 1- Introdução O Engenheiro de Produção, em geral, adquiri em sua graduação competências em diversos setores de atividade. Isso indica que um curso de Engenharia de Produção forma profissionais com habilidades na área tecnológica que conseguem atuar com tranquilidade tanto na parte de administração como na parte de gestão. Este fator é o que difere um Engenheiro de Produção de um Administrador propriamente dito. Este não adquiri competências para tratar de questões tecnológicas especificas. Muitas escolas de Engenharia de Produção definem ênfases para seus programas como: Engenharia de Produção Mecânica, Engenharia de Produção Agroindustrial, Engenharia de Produção Civil, entre outras. 2 O American Institute of Industrial Engineering Association (A.I.I.E.) formulou, em meados do século XX, uma definição para Engenharia de Produção que é uma das mais usadas nos dias de hoje. “A Engenharia de Produção trata do projeto, aperfeiçoamento e implantação de sistemas integrados de pessoas, materiais, informações, equipamentos e energia, para a produção de bens e serviços, de maneira econômica, respeitando os preceitos éticos e culturais. Tem como base os conhecimentos específicos e as habilidades associadas às ciências físicas, matemáticas e sociais, bem como aos princípios e métodos de análise da engenharia de projeto para especificar, predizer e avaliar os resultados obtidos por tais sistemas.” Fonte: definição do American Institute of Industrial Engineering Association traduzida por Fleury, In: Batalha, 2008. A definição aborda, ponto a ponto, como a Engenharia de Produção trabalha. Por exemplo, quando se trata sistemas integrados de pessoas, materiais, informações, equipamentos e energia, em uma indústria podem-se relacionar com funcionários ou gestores, materiais para embalagem, informações de mercado financeiro, equipamentos de produção e energia elétrica respectivamente. Ela destaca a multidisciplinaridade da Engenharia de Produção dando ênfase à ciência aplicada, onde a junção entre ciências “pura”, ciências sociais e as tecnologias da Engenharia é usada para a solução de problemas. O Engenheiro de Produção tem o objetivo de colocar ordem nos sistemas para que sua função ocorra conforme a produção econômica de bens e serviços e de acordo com os preceitos éticos e culturais. Enfim, ele tem de entender como estruturar um sistema como um todo, tudo conjuntamente. Isso leva esta especialidade de Engenheiro a conhecer o essencial em cada área da Engenharia, sabendo analisar as interdependências e relações entre esses diferentes elementos. 1.1. História da Engenharia de Produção 3 O avanço da industrialização e o crescimento econômico nas passagens dos séculos XVIII, XIX e XX nos Estados Unidos da América, deu origem a Engenharia de Produção. Neste período, surgiram as primeiras grandes corporações norte americanas que foram impulsionadas pela expansão da rede ferroviária de transportes e pelo desenvolvimento tecnológico. Surgem, assim, a produção em larga escala acarretando um mercado interno de consumo expressivo. A Figura 1 apresenta um resumo da evolução histórica do sistema de produção industrial, o quadro foi adaptado de Slack et al (2002). Fonte: http://www.abepro.org.br/imagens/websites/1/raizeshistoricas.jpg Nesta época, dois estudiosos anunciaram a passagem dos conhecimentos, antes baseados somente na experiência, sobre a produção em conhecimentos formalmente estabelecidos. Estas figuras ilustres foram Frederick Winslow Taylor e Henry Ford. Taylor nasceu em 1856 e foi considerado o precursor da Engenharia de Produção. Mesmo não sendo Engenheiro, ele trabalhou em uma empresa siderúrgica americana conhecida 4 como Bethlem Steel. Nesta época, as indústrias siderúrgicas estavam em destaque. No período de 1880 a 1920, várias pesquisas voltadas para eficiência na produção surgiram. Mas, foi em 1911, que Taylor publicou o livro que seria o marco no surgimento da área denominada Engenharia Industrial (Industrial Engineering para os americanos) ou Engenharia de Produção (Production Engineering para os ingleses), - Princípios da Administração Cientifica -. A preocupação de Taylor era identificar maneiras de otimizar a eficiência do trabalho humano e da própria organização da produção. Ou seja, reduzir os desperdícios, principalmente, do tempo e dos esforços das pessoas, analisando detalhadamente o trabalho dos operários nas fábricas. O método de Taylor - considerado simples para os dias de hoje, mas genial para época -, consistia em com um cronometro identificar o início e o fim de cada atividade de produção e suas atividades constituintes. Estratificava, em seguida, as atividades elementares e seus tempos necessários para execução. Por fim, estruturava toda a atividade de produção inicial novamente minimizando seu tempo total de implementação. Em 1913, Henry Ford decidiu colocar em prática a proposta de Taylor introduzindo o conceito da linha de montagem na fábrica de veículos Ford. Organizou, por 15 anos, a produção do Modelo T na Ford Motors em Detroit. Vale ressaltar que, já existiam fabricantes de automóveis naquela época, porém o Ford iniciou a produção em larga escala e baixos preços revolucionando a produção existente e atingindo as expectativas e os recursos dos consumidores. Ford usou conceitos básicos de Engenharia da época, além da linha de montagem (inspirado pelos movimentos dos abatedouros de bois), usou também a produção padronizada e a intercambialidade que tinha sido inicializada na empresa de máquinas de costura Singer em 1820. A Figura 2 apresenta um resumo dos principais personagens que se destacaram na história da evolução do sistema de produção industrial incluindo suas contribuições mais relevantes. O quadro foi adaptado de Slack et al (2002). 5 Fonte: http://www.abepro.org.br/imagens/websites/1/raizeshistoricas2.jpg Inicio de Box Multimídia Se você quer conhecer como foi o impacto da produção em série inicializado por Ford na sociedade da época, Charles Chaplin fez uma paródia Tempos Modernos (Modern Times), https://www.youtube.com/watch?v=1_tiScux_hg, em 1936, nos EUA, onde mostra um personagem “O Vagabundo” (The Tramp) tentando sobreviver com as novidades e desafios da industrialização. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/36/Modern_Times_poster.jpg/300 px-Modern_Times_poster.jpg 6 Fim do Box Multimídia Consequentemente ao avanço industrial, ainda no início do século XX, e ainda nos EUA, surgiam os primeiros cursos de Administração e Engenharia Industrial. Ambos com objetivo de auxiliar na gestão da produção com a formação de profissionais para a gestão de negócios e para a gestão tecnológica respectivamente.Já na segunda metade do século XX, nasce a Pesquisa Operacional (Operations Research), que influenciou de forma marcante a Engenharia Industrial. A Pesquisa Operacional é uma área de conhecimento voltada para aplicação do método científico na tomada de decisões de problemas. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela foi muito utilizada para modelagem e otimização em setores logísticos. Logo após o término da Segunda Guerra, esta área foi incorporada aos currículos dos cursos de Engenharia de Transporte e Industrial provocando o crescimento da Informática nas universidades e nas empresas. Na década de 70, a área de Pesquisa Operacional, juntamente com outras modalidades de conhecimentos, como Organização da Produção, Economia e Administração de Empresas, Planejamento e Controle da Produção, Processamento de Dados e Controle de Qualidade formaram o núcleo básico da Engenharia Industrial. Na década de 80, o Japão, que acabava de ser arrasado na Segunda Guerra, começa um processo de recuperação e desenvolvimento econômico. Foi na indústria automobilística e de produtos eletroeletrônicos onde os japoneses estavam superando, em qualidade e custo, seus concorrentes norte-americanos. Eles utilizaram padrões ocidentais de gestão da produção, como (Figura 1): i) Gestão da Qualidade Total (Total Quality Management – TQM) – Consiste em uma abordagem de administração direcionada a melhoria na eficiência, na competitividade e na qualidade através da organização, do planejamento e entendimento de cada atividade, contando com a participação de todos os níveis de empregados e em todos os processos organizacionais. 7 ii) Produção Just-in-Time (JIT) – Consiste em um sistema onde determina que tudo na produção deve ser feito na hora exata. Ou seja, a matéria prima tem que chegar ao local de uso no tempo certo de sua utilização. Nenhum produto será fabricado, montado, transportado ou comprado fora do momento exato. Este sistema, comum em qualquer organização, tem como objetivo principal a redução de estoques e consequentemente de custos gerados. Figura 1 - Padrões ocidentais de gestão da produção Fonte: http://www.lon-capa.org/images/lcjitt.jpg Na década de 90, surge a filosofia denominada Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management) que até hoje permite às empresas alcançarem padrões mais elevados de competitividade. Esta ferramenta, que depende diretamente do avanço da Tecnologia da Informação (TI), permite a empresa interagir diferentes vertentes de uma cadeia produtiva com mais eficiência. Ela procura um planejamento cooperativo entre fornecedores, empresas e clientes para alcançarem maior qualidade, menores custos e inovação dos produtos. 8 A chegada das multinacionais no Brasil, na década de 50, fez com que os cursos de Engenharia de Produção começassem a surgir para atender a demanda de profissionais da área que até então era importada. Desde de 1931, durante o governo de Getúlio Vargas, nasceu o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), ele visava melhorar o padrão de vida dos trabalhadores e introduzir processos de organização cientifica do trabalho da produção. Até hoje, ainda há diferença na denominação Engenharia de Produção da denominação clássica Engenharia Industrial usada nos EUA e na Europa. O motivo disso é a necessidade de distinguir o curso de Engenharia de nível superior dos cursos técnicos industriais de nível médio e por já ter sido definido, pelo CONFEA/CREAs, como Engenheiro Industrial a mistura de Engenheiro Químico, Mecânico e Metalúrgico. A ideia em Engenharia de Produção, no Brasil, nasceu mesmo no ano de 1955, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) com a criação de duas disciplinas complementares oferecidas a Engenheiros já atuantes no mercado de trabalho, são elas: Engenharia de Produção e Complemento de Organização Industrial. Na década de 60, chega ao Brasil, a grande fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, levando ao nascimento da Faculdade de Engenharia Industrial de São Bernardo do Campo (FEI) em 1967. A seguir é apresentada uma cronologia de cursos de Engenharia de Produção no Brasil desde 1950 a 1990. Estes dados foram adaptados do Projeto “TRAJETÓRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA” publicado em 2010, com apoio de vários órgãos públicos voltados para área de educação (CONFEA, 2010). 1955 – Poli/USP – Criação das disciplinas: Engenharia de Produção e Complemento de Organização Industrial. 1957 – UFRJ – Conteúdos de Engenharia de Produção foram inseridos no curso de Pós-graduação em Engenharia Econômica. 9 1958 – Poli/USP – Desdobramento da Engenharia Mecânica em duas opções: Projeto e Produção (1º curso de Engenharia de Produção do país); E criação do Departamento de Engenharia de Produção. 1959 – ITA – Criou habilidade em Engenharia de Produção (não teve continuidade). 1960 – Poli/USP – Formatura da 1ª turma de Engenharia de Produção como opção da Engenharia Mecânica. Foram 12 formandos. 1962 – PUC-Rio – Acrescentou 6 disciplinas opcionais na graduação em Engenharia Mecânica voltadas para Produção. 1967 – FEI – Implantou habilitação em Engenharia de Produção. o PUC-Rio – Criação do primeiro curso de Mestrado em Engenharia de Produção. o COPPE/UFRJ - Criação do segundo curso de Mestrado em Engenharia de Produção. 1968 – Poli/USP - Criação do terceiro curso de Mestrado em Engenharia de Produção. o EESC/USP – Criação do curso de Engenharia de Produção. 1969 – UFSC - Criação do quarto curso de Mestrado em Engenharia de Produção 1970 – Poli/USP – Criação do primeiro curso de Engenharia de Produção “pleno”. Desvinculado da Engenharia Mecânica. 1971 – UFRJ – Criação do curso de Engenharia Industrial que mudou a denominação para Engenharia de Produção em 1973. 1972 – Poli/USP – Primeiro Doutorado em Engenharia de Produção. 1974 – UFSM - Criação do quinto curso de Mestrado em Engenharia de Produção. 1975 – UFPB - Criação do sexto curso de Mestrado em Engenharia de Produção. o UNIMEP – Criação do curso de Engenharia de Produção que em 1980 foi reconhecido como Engenharia de Produção Mecânica. 1976 – UFSCar - Criação do curso de Engenharia de Produção Química e Engenharia de Produção de Materiais. 1977 – UNIP - Criação do curso de Engenharia de Produção Mecânica. o UFMG - Criação do sétimo curso de Mestrado em Engenharia de Produção. 1978 – PUC-Rio - Criação de 6 habilitações em Engenharia de Produção: Plena, Civil, Elétrica, Mecânica, Metalúrgica e Química. 10 1979 – UFSC - Criação do curso de Engenharia de Produção em 3 áreas: Civil, Elétrica e Mecânica. o UFRJ – Segundo Doutorado em Engenharia de Produção. 1984 – UNISINOS - Criação do curso de Engenharia de Produção Mecânica. 1987 – UBC - Criação do curso de Engenharia de Produção Mecânica. Vale ressaltar, que em 1981, foi realizado o primeiro Encontro Nacional de Ensino de Graduação em Engenharia de Produção (ENEGEP) em São Carlos/SP. Evento que ainda é realizado todos os anos com variados temas relacionados a evolução do curso e ao mercado de trabalho. Assim como em outros países, existem no Brasil, diversos tipos de cursos de Engenharia de Produção. Uns são ditos Engenharia de Produção “plena” onde incluem todas as áreas industriais, também conhecida como graduação autônoma em Engenharia de Produção, e outros possuem ênfases específicas. A Figura 2 mostra o crescimento do número de cursos de Engenharia de Produção tanto plenosquanto com ênfases de 1970 a 2011. Figura 2 - Crescimento do número de cursos de Engenharia de Produção plenos e com ênfases de 1970 a 2011 Fonte: Adaptado de http://www.abepro.org.br/arquivos/websites/1/CresceEP.PDF Atividade 1 (Atende ao objetivo 1) 11 1) Leia o capítulo VII do documento “TRAJETÓRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA” (http://www.publicacoes.inep.gov.br/portal/download/713) e verifique a tendência da relação entre os alunos que ingressam no curso de Engenharia de Produção e os alunos que se formam e responda. 1º) Estes dados são considerados animadores ou não? 2º) Na instituição em que você estuda, faça uma pesquisa e verifique qual a relação? Reposta 1º) “A relação concluintes/ingressantes, cujo índice ficou mantido entre, aproximadamente, 60% e 70% no período considerado, mostra uma tendência de crescimento no número de profissionais de Engenharia de Produção que se formam anualmente, dado o crescimento do número de ingressantes observado entre 2004 e 2007.” 2) Quantos cursos de Engenharia de Produção existiam até o ano de 2007, discriminando os de instituições públicas e privadas. Resposta Até 2007 havia 270 cursos de Engenharia de Produção, sendo 69 pertencentes a instituições públicas e 201 a instituições privadas. Fim da Atividade 1 1.2. Perfil do Profissional de Engenharia de Produção Como o objetivo principal do curso de Engenharia de Produção é formar Engenheiros capazes de atuarem, em uma empresa, tanto na área de projetos, quanto na de operações, quanto no gerenciamento de sistemas de produção, a demanda por este profissional é cada vez maior. O mercado de trabalho, sustentado por grandes e pequenas empresas em diversas áreas, necessita dos conhecimentos científicos e tecnológicos do Engenheiro de uma maneira geral. Já o Engenheiro de Produção tem uma importância significativa neste ramo da economia. 12 O currículo multidisciplinar que o curso de Engenharia de Produção oferece, facilita o ingresso do profissional em qualquer área de empresas. Por exemplo: Setores fabricantes de algum produto (automóveis, eletrodomésticos, equipamentos, etc.); Setores de serviços (empresas de transporte aéreo, transporte marítimo, construção, consultoria em qualidade, hospitais, etc.); Instituições públicas (correios, Petrobras, Agencia Nacional de Energia, etc.); Instituições privadas (usinas de açúcar, empresas de telefonia, agroindustriais, etc.); Bancos de investimento (BNDES, Banco do Brasil, etc.). O alicerce forte em ciências e tecnologia é a arma principal do Engenheiro de Produção. Os sistemas de produção vêm sofrendo grandes mudanças organizacionais e estruturais. Para acompanhar esta evolução, os cursos de Engenharia de Produção também vêm constantemente passando por atualizações para formarem profissionais cada vez mais capazes de atuar nas várias organizações da sociedade. O mercado de trabalho, por sua vez, procura um Engenheiro de Produção com formação cientifica e profissional consolidada que possa identificar, estruturar e resolver problemas relacionados ao projeto, a operação e gerenciamento de sistemas produtivo seja de bens ou de serviços. Este trabalho deve ser desenvolvido levando em consideração os aspectos humanos, sociais, ambientais e econômicos da sociedade. Devemos considerar também, que hoje em dia, a interdependência entre os diversos segmentos empresariais, causada pela criação de novos maquinários, novos processos de produção e de manutenção, está muito presente em todos os segmentos empresariais. Este aspecto exige uma capacidade de adaptação rápida em variadas funções, ou seja, versatilidade profissional. Eles devem estar prontos para enfrentar ambientes altamente competitivos. Diante de toda modernidade e avanços dos sistemas de produção, seguem algumas aptidões necessárias de um profissional da Engenharia de Produção: 13 Saber, através de uma sólida formação em ciências básicas, usar de seus ferramentais para modelar e tomar decisões de sistemas produtivos; Trabalhar em equipes estratégicas de forma versátil, com liderança e respeito às ideias do grupo; Saber implementar os conceitos e ferramentas da qualidade total no sistema de produção, trabalhando na incorporação das normas e controle estatístico do processo; Desenvolver projetos se preocupando com melhoria continua, com o menor custo, e com os recursos humanos, físicos e financeiros; Saber avaliar e otimizar processos; Estudar cenários produtivos, analisando aspectos como competitividade, e crescimento econômico; Realizar previsões de demandas e preços, se preocupando com controle de estoques, custo e satisfação do cliente; Capacidade de analisar com comprometimento os impactos que um sistema produtivo tem sobre o meio ambiente, se preocupando com a sustentabilidade; Gerenciar o fluxo de informação nas empresas através de tecnologias apropriadas. Além das aptidões como profissional, o Engenheiro de Produção tem deveres a cumprir com a sociedade, ou seja, habilidades ou competências pessoais. Ética profissional; Iniciativa arrojada; Boa comunicação tanto escrita quanto oral; Para uma boa comunicação, são necessárias leituras de livros, jornais, revistas técnicas e sociais; Visão crítica dos dados e dos fatos; Análise gráfica e representativa dos dados; Conhecimentos avançados de técnicas computacionais; Conhecimentos avançados de, pelo menos, uma língua estrangeira; Responsabilidade ambiental, social e econômica; Conhecimento das leis relacionadas a profissão e a sociedade. 14 De maneira geral, o profissional de qualquer Engenharia, e principalmente de Engenharia de Produção não pode se esquecer que sua área de atuação é feita por pessoas e para pessoas, ou seja, os conhecimentos tecnológicos e científicos servem como fator de imersão à sociedade. Inicio de Box Multimídia O vídeo a seguir irá te apresentar um exemplo de um profissional de Engenharia de Produção no seu dia-a-dia. https://www.youtube.com/watch?v=Ix8x0Z3Irn0 Fim de Box Multimídia Início da Atividade 2 (Atende ao objetivo 2) 1) Assista o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=5QjdPVHC1m0, onde mostra quatro Engenheiros de Produção atuando em áreas diferentes em uma empresa. Descreva a área de atuação e as atividades que exerce cada um dos Engenheiros de Produção entrevistado. 2) Procure saber de, pelo menos, quatro Engenheiros de Produção formados na sua instituição em qual área de atuação eles estão alocados. Fim da Atividade 2 1.3. O Curso de Engenharia de Produção – Diretrizes Curriculares “Compete à Engenharia de Produção o projeto, a modelagem, a implantação, a operação, a manutenção e a melhoria de sistemas produtivos integrados de 15 bens e serviços, envolvendo homens, recursos financeiros e materiais, tecnologia, informação e energia. Compete ainda especificar, prever e avaliar os resultados obtidos destes sistemas para a sociedade e o meio ambiente, recorrendo a conhecimentos especializados da matemática, física, ciências humanas e sociais, conjuntamente com os princípios e métodos de análise e projeto da engenharia.” Fonte: (elaborado a partir de definições do International Institute of Industrial Engineering - IIIE - e Associação Brasileira de Engenharia de Produção - ABEPRO). A Associação Brasileira de Engenharia de Produção promove reuniões do grupo de trabalhode graduação em Engenharia de Produção com o objetivo de discutir sobre as relevâncias da profissão no cenário atual, as competência e habilidades que um Engenheiro de Produção deve adquirir durante sua formação e sobre as diretrizes curriculares recomendadas para o curso. Os documentos elaborados são aprovados pelo Ministério da Educação (MEC) e seguidos por todos os cursos de Engenharia de Produção no Brasil. Este processo é continuo, ou seja, há atualizações periódicas dos assuntos abordados nos documentos. O grupo de trabalho, ao elaborar as diretrizes curriculares, direciona os resultados às responsabilidades da Engenharia de Produção nos critérios de qualidade, produtividade, custos e sociais na produção de bens e serviços. O importante é integrar ao curso conceitos e valores que melhoram a qualidade de vida da sociedade e a competitividade do país. Em 2007, o Conselho Nacional de Educação (CNE), o Ministério da Educação (MEC) e a Câmara de Educação Superior (CES) divulgaram no Diário Oficial da União as cargas horárias mínimas para os cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presencial. Segundo o documento, os cursos superiores de Engenharia devem ter carga mínima entre 3600 horas e 4000 horas, e limite mínimo para integralização de 5 (cinco) anos (CNE et al, 2007). É apontado na publicação também que as atividades complementares e os estágios não devem exceder 20% da carga horária total do curso. Os núcleos de conteúdos básicos e profissionalizantes do curso de Engenharia de Produção devem compor no mínimo 35% da 16 carga horária total mínima respectivamente. O curso tem ainda em seu currículo, como disciplina obrigatória, o trabalho final, que consiste na elaboração de uma monografia sobre um assunto da área da Engenharia de produção que mais lhe interesse. Este representa, no mínimo, 10% da carga horária total do curso. O avanço cientifico e tecnológico ao longo dos tempos, levaram ao Grupo de Trabalho de graduação em Engenharia de Produção, no Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP) em 1997 e no Encontro de Coordenadores de Curso de Engenharia de Produção (ENCEP) em 1998, a fazerem uma análise mais detalhada da formação oferecida pelos cursos até então. Verificaram que a Engenharia de Produção, com formação e diretrizes curriculares adequadas, possui base e conteúdo o bastante para ser considerada uma “Grande Área de Engenharia”. Pois, ela engloba um conjunto de habilidades e conhecimentos de maneira integrada. Estes conhecimentos, que compõem a estrutura modular do curso e são fundamentais para a coordenação e eficácia de qualquer sistema produtivo, representam as subáreas da Engenharia de Produção. As subáreas foram inicialmente consolidadas no ENEGEP 1997 e no ENCEP 1998, como (ABEPRO, 1998): 1. Gerência de Produção 2. Qualidade 3. Gestão Econômica 4. Ergonomia e Segurança do Trabalho 5. Engenharia do Produto 6. Pesquisa Operacional 7. Estratégia e Organizações 8. Gestão da Tecnologia 9. Sistemas de Informação 10. Gestão Ambiental Em 2001, houve a primeira atualização onde se acrescentou o Ensino de Engenharia de Produção como uma subárea da Engenharia de Produção (ABEPRO, 2001). Em 2003, uma nova atualização aconteceu na estrutura curricular e nas subáreas do curso de Engenharia de Produção. A carga horária mínima do curso passou de 3000 horas para 3600 horas de 17 atividades direcionadas para o processo de ensino e de aprendizagem. Sendo recomendável realizar o curso em 5 anos para adquirir adequadamente o conhecimento e atender demandas atuais e futuras do mercado (ABEPRO, 2003). Já nas novas subáreas foi destacado o termo “Gestão”, e ficou da seguinte forma: 1. Gestão da Produção 2. Gestão da Qualidade 3. Gestão Econômica 4. Ergonomia e Segurança do Trabalho 5. Gestão do Produto 6. Pesquisa Operacional 7. Gestão Estratégia e Organizacional 8. Gestão do Conhecimento Organizacional 9. Gestão Ambiental 10. Educação em Engenharia de Produção Uma atualização que gerou uma atualização mais significativa, ocorreu no ENEGEP e no ENCEP em 2008. (ABEPRO, 2008). Onde o Grupo de Trabalho de Graduação em Engenharia de Produção agrupou e desdobrou algumas áreas no intuito de se adequar às alterações no sistema acadêmico e profissional. É interessante ressaltar que o termo “Gestão”, incorporado com bastante frequência na versão anterior, foi substituído por “Engenharia”. A atual versão das subáreas de conhecimento tipicamente afetas à Engenharia de Produção são: 1. Engenharia de Operações e Processos da Produção 2. Logística 3. Pesquisa Operacional 4. Engenharia da Qualidade 5. Engenharia do Produto 6. Engenharia Organizacional 7. Engenharia Econômica 8. Engenharia do Trabalho 9. Engenharia da Sustentabilidade 10. Educação em Engenharia de Produção 18 Cada uma dessas subáreas abrange vários pontos específicos que serão estudados mais detalhadamente nos próximos capítulos. Início da Atividade 3 (Atende ao objetivo 3) 1) Pesquise, no seu curso de Engenharia de Produção, como funcionam as regras para os estágios, tais como: a. Carga horária mínima; b. Em qual período do curso deve ser realizado. 2) E, verifique também, se há um equilíbrio entre oferta e demanda de vagas de estágios na sua área e na sua região. Fim da Atividade 3 1.4. Associação Brasileira de Engenharia de Produção - ABEPRO A instituição que é responsável em representar a Engenharia de Produção, no que tange docentes, discentes e profissionais, é a denominada Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO). Ela foi instituída em 1985 e desde então tem as funções de: Fonte: http://www.abepro.org.br/images/engrenagem.jpg Deixar clara a função do Engenheiro de Produção na sociedade; Explicar o papel do Engenheiro de Produção no mercado de trabalho; Exercer a função de ligação entre a Engenharia de Produção e os órgãos governamentais e não governamentais tais como: MEC, INEP, CAPES, CNPq, FINEP, CREA, CONFEA, ABENGE, etc.). 19 Dentre as iniciativas realizadas pela ABEPRO, incluem promoções de eventos e encontros para barganhar informações de ideias, atividades e problemas comuns na comunidade da Engenharia de Produção; promoções para arrecadar financiamentos para pesquisas, extensões e aperfeiçoamento de docente e profissionais. Dentro da ABEPRO há a parte voltada especificamente para os discentes que é a ABEPRO Jovem. Ela é formada por estudantes de Engenharia de Produção e foi fundada em 2001 durante o Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP). As suas funções principais são: levar à comunidade associada informações e conhecimentos; divulgar boas práticas; e incentivar crescimentos de Núcleos Estaduais de Estudantes. Atividade Final (Atende ao objetivo 3) 1) Procure no site da ABEPRO (http://www.abepro.org.br/index.asp) os eventos que são divulgados e/ou promovidos pela associação. Destaque, pelo menos, dois que possa ser do seu interesse e por que? Fim da Atividade Final Conclusão A Engenharia de Produção sofreu um crescimento marcante desde de suas origens na Revolução Industrial - século XVIII - e principalmente desde do denominado “Scientific Management”. Desde então, vários cursos foram surgindo, tanto no exterior como no Brasil, onde o pioneiro foi em 1958. Além de cursos de graduação plenos ou não, a Engenharia de Produção cresceu também em cursos de pós-graduação lato sensu (especializações) e stricto sensu (mestradoe doutorado). O mercado de trabalho vem se tornando cada vez mais exigente ao que se refere a habilidades e competências de um Engenheiro de Produção. Para atender esta demanda, o perfil deste profissional deve ser multidisciplinar, criativo, de empreendedor e de liderança, além, naturalmente, dos conhecimentos científicos e técnicos da área. Para acompanhar toda a evolução que a sociedade vem passando, as diretrizes curriculares do curso de Engenharia de Produção sofrem atualizações periódicas. Os 20 conselhos de Engenharia e a ABEPRO atuam constantemente neste sentido. O objetivo é proporcionar a melhoria continua do Engenheiro de Produção para que este esteja sempre adequado ao mercado e a sociedade em geral. Resumo Neste capítulo você pôde conhecer toda a história da Engenharia de Produção, sua criação e evolução até os dias de hoje. Constatou que, se trata de uma profissão promissora e cada vez mais em destaque na sociedade. No entanto, foi visto também que são necessárias habilidades e conhecimentos específicos para se ter um bom desempenho no mercado de trabalho. O perfil de um bom Engenheiro de Produção é desenvolvido e aperfeiçoado durante o curso e, principalmente durante sua vida profissional. Informações sobre a próxima aula Na próxima aula, iniciaremos o conhecimento sobre as subáreas da grande área que é Engenharia de Produção. Veremos inicialmente duas delas: Engenharia de Operações e Processos da Produção; e Logística. Referências Bibliográficas ABEPRO (Associação Brasileira de Engenharia de Produção). Engenharia de Produção: grande área e diretrizes curriculares. Porto Alegre, 1998. ______. Engenharia de Produção: grande área e diretrizes curriculares. Rio de Janeiro, 2001. ______. Referências curriculares da Engenharia de Produção. Santa Bárbara D’Oeste, 2003. ______. Áreas da Engenharia de Produção. Rio de Janeiro, 2008. Conselho Nacional de Educação (CNE), Ministério da Educação (MEC), Câmara de Educação Superior (CES). Diário Oficial da União; Edição Número 116 de 19/06/2007; RESOLUÇÃO Nº 2, DE 18 DE JUNHO DE 2007. Disponível em: 21 http://www.abepro.org.br/arquivos/websites/1/Resolu%C3%A7%C3%A3o2-2007-CH.pdf Acesso em: 20 de Outubro 2014. Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA). Trajetória e estado da arte da formação em engenharia, arquitetura e agronomia, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2010. Disponível em: http://www.publicacoes.inep.gov.br/portal/download/713. Acesso em: 20 de Outubro 2014. BITTENCOURT, H. R.; VIALI, L.; BELTRAME, E. A Engenharia de Produção no Brasil: Um Panorama dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação. Revista de Ensino de Engenharia, v. 29, n. 1, p. 11-19. 2010. BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. T. do V. Introdução à Engenharia. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006. BATALHA, M. O. Introdução à Engenharia de Produção. Rio de Janeiro: Campus, 2008. BOIKO, T. J. P. Introdução à Engenharia de Produção – Apostila. Disciplina de Introdução à Engenharia de Produção. Curso de Engenharia de Produção Agroindustrial. Departamento de Engenharia de Produção. Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão. Campo Mourão. 2011. MÁSCULO, F. S. Um Panorama Da Engenharia De Produção. Disponível em: http://www.abepro.org.br/interna.asp?ss=1&c=924 . Acesso em: 15 de Outubro 2014. ROCHA, A.J.F; da SILVA, G.T.; MARMO, A.M.C.B.; DURO, M.A.S.; de MIRANDA, L.F.; de OLIVEIRA, Y.M.B.M. Engenharia, Origens E Evolução. XXXV Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE), 2007. UFRJ. História. Disponível em: < http://www.poli.ufrj.br/politecnica_historia.php>. Acesso em 20 de Outubro 2014. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Compartilhar