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PRINCÍPIOS DA ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA Dra. Lívia Chaparim 8º termo - 2021.2 A ultrassonografia é o melhor exame de imagem para avaliação do feto e dos órgãos maternos da gestação, é muito seguro por não ser invasivo e não emitir radiação. MODALIDADE DE ULTRASSOM As modalidades de ultrassonografia são determinadas de acordo com a resolução utilizada para a formação da imagem. ● 2D: é a ultrassonografia padrão, cuja imagem é bidimensional e em uma escala de preto, cinza e branco. Serve como base para as demais modalidades. ● 3D: é uma reconstrução tridimensional da imagem obtida na modalidade 2D, é uma foto/um momento. ● 4D: é utilizado um software para exibição da imagem tridimensional em tempo real, durante o exame. ● 5D: é uma tecnologia que melhora a visualização da imagem obtida no 4D, dá profundidade e um aspecto mais real. DIRETRIZES DA OMS !!! A OMS recomenda pelo menos 03 exames de ultrassonografia durante a gestação, sendo um a cada trimestre, isso para as gestações de baixo risco. Ideal: o ideal mínimo nem sempre são apenas os 3 exames recomendados pela OMS/SUS. O ideal mínimo considerado pelo médico de imagem é: ● US precoce (diagnóstico e viabilidade gestacional). ● US morfológica de 1º trimestre. ● US morfológica no 2º trimestre. ● US morfológica no 3º trimestre (avaliar o crescimento fetal e monitorar gestações de alto risco). OBJETIVOS GERAIS DA US OBSTÉTRICA ● Avaliar idade gestacional. ● Avaliação fetal e do crescimento fetal. ● Líquido amniótico. ● Placenta. ● Cordão umbilical. ● Órgãos maternos (útero e ovários). ● Documentação (importante prova jurídica nos casos de aborto terapêutico, por exemplo) US PRECOCE/INICIAL Realizado logo no início da gestação, entre as 6-7 semanas iniciais. Necessariamente por via endovaginal, pois tem maior sensibilidade e especificidade nas primeiras 12 semanas de gestação. Objetivos Específicos: diagnóstico e viabilidade da gestação ● O diagnóstico da gestação vem com o atraso menstrual e o bHCG positivo, porém, nem toda gestação evolui necessariamente com o nascimento de um bebê. ● Algumas gestações não são viáveis, e a gente consegue identificar isso já nas primeiras semanas através do US precoce. ● Ex: gestação anembrionada → o embrião não se desenvolve, então a gente tem o saco gestacional sem formação do embrião. ● Ex 2: doença trofoblástica gestacional → é a mola, um tipo de neoplasia associada à gestação, a paciente tem bHCG positivo, mas a gestação não evolui ao termo. Avaliar: saco gestacional, vesícula vitelínica, embrião (surge a partir da 5ª semanas mais ou menos) e atividade cardíaca Sequência Cronológica da Gestação: ● Saco gestacional → vesícula vitelínica → embrião → batimentos cardíacos do embrião ○ Antes da 4ª semana pode ser que nem tenha o saco gestacional ○ Na 5ª semana, via endovaginal, é possível visualizar a vesícula vitelínica e o embrião. ○ Com 6 semanas ou quando o embrião estiver com CCN (comprimento cabeça-nádega) a partir de 5 mm, obrigatoriamente devemos observar batimentos cardíacos para avaliar a viabilidade e o prognóstico da gestação. ● Existe também uma relação quantitativa importante com os níveis de bHCG: ○ Se acima de 10.800 mUI/mL de bHCG a gente não consegue detectar um embrião com batimentos cardíacos no exame de imagem, é porque esse embrião não está no útero (gravidez ectópica) ou porque já houve aborto e está havendo regressão do bHCG ou, ainda, porque é uma doença trofoblástica. Saco Gestacional: ● Sinal do Duplo Halo: é um sinal de bom prognóstico, caracterizado pela formação de um halo em volta do saco gestacional. Significa que há boa implantação trofoblástica no miométrio. ● Gemelaridade: a avaliação da amnionicidade e da corionicidade é melhor quanto mais precocemente é feito o primeiro US, pois à medida que os fetos crescem, as membranas vão ficando mais imperceptíveis. Vesícula Vitelínica: ● É responsável pela nutrição e vitalidade do embrião até que haja a formação da placenta em torno da 12-14ª semana. ● A vesícula normal parece um saquinho, é uma cavidade de contorno regular e interior preenchido por líquido ● Sinais de Anormalidade: ○ Vesícula aumentada, com formato mais ovalado ○ Vesícula densa, contraída e reduzida (típica de mau prognóstico) Avaliação do embrião: ● O CCN (comprimento cabeça-nádega) do embrião é a medida mais confiável para estabelecimento da idade gestacional. ○ É a medida do maior eixo embrionário, confiável porque nesse momento o embrião está crescendo em celularidade, então todos os embriões crescem igualmente, sendo possível estabelecer um padrão. ESTUDO MORFOLÓGICO DE PRIMEIRO TRIMESTRE Realizado entre 11 e 14 semanas incompletas, preferencialmente com 12 semanas e meia !!! Objetivos Específicos: ● Confirmação da vitalidade fetal. ● Datação da gravidez. ● Diagnóstico de gestações gemelares e determinação da sua corionicidade ● Rastreamento de malformações fetais. ● Risco de cromossomopatias (o principal objetivo é rastrear cromossomopatias) !!! ○ Principais: trissomia do 21 (Sd. de Down), do 13 (Patau) e do 18 (Edwards) Avaliação do Risco de Cromossomopatias: ● Aspectos Avaliados: ○ Translucência nucal ○ Osso nasal ○ Ducto venoso ● O cálculo de risco é feito pela “The Fetal Medicine Foundation” ● Essa avaliação ultrassonográfica de primeiro trimestre tem valor preditivo positivo de 85%, ou seja, sendo detectada uma alteração em qualquer um dos aspectos avaliados, há 85% de chance de o feto ter alguma alteração cromossômica e 15% de chance que ele seja normal. ● O exame definitivo é o cariótipo: amniocentese ou biópsia de vilo corial. Translucência Nucal (TN): é uma “prega” formada na nuca no feto pelo acúmulo de líquidos. ● Para o exame, o feto deve estar sempre em perfil absoluto, com o osso nasal aparecendo e ocupando 3/4 da tela ● É considerado TN normal o valor de até 2,5mm. ○ Atualmente, esse valor varia, porque é utilizado um software que vai considerar a idade materna e outros fatores para determinar o risco de cromossomopatia. Osso Nasal: ● A presença do osso nasal e o comprimento adequado é outro sinal de bom desenvolvimento do feto, por isso devemos visualizar e medir o osso nasal nessa idade gestacional. ● A medida é realizada de 11-14 semanas de forma oportuna junto com a medida da TN (translucência nucal) em perfil absoluto. ● Estudos apontam que em gestantes com idade gestacional entre 15 e 24 semanas, 65% dos fetos com Sd. de Down apresentam osso nasal ausente ou curto. Ducto Venoso: ● É uma comunicação normal entre a veia umbilical e a veia cava inferior no período fetal e seu fluxo reflete o que está acontecendo no compartimento cardíaco do feto. ● A onda A, em situações normais, é positiva. ● A ausência ou inversão da onda A indica que há alguma alteração fetal cardíaca ou cromossômica. *Obs: NIPT → teste pré-natal não invasivo, é um teste onde é coletado o sangue materno e é rastreado no sangue materno os riscos de cromossomopatias, isso a partir da 12ª semana. ESTUDO MORFOLÓGICO DE 2º TRIMESTRE Deve ser feito idealmente entre 20 e 24 semanas, idealmente na 22ª semana. Objetivos Específicos: avaliação e detalhamento da anatomia e órgãos fetais (cérebro, coração, órgãos abdominais, inserção do cordão umbilical, sexo, ossos, membros, etc) Cérebro: ● Ventrículos e plexos coróides ● Fossa posterior ● Cisterna magna ● Corpo caloso, etc. Coração: ● Átrios e ventrículos ● Válvulas ● Vasos Abdômen: ● Veia cava ● Aorta abdominal ● Estômago ● Fígado ● Inserção do cordão umbilical, etc. Membros e ossos longos: ● Coluna ● Membros ● Extremidades *Obs: se perder o morfológico de 1º trimestre, a medida da falange média do 5º dedo do feto pode dar indícios de cromossomopatias Face: ● Presença de fenda labial/lábio leporino ● Cartilagem nasal, etc. Sexo: ● É definido com maior segurança a partir da 16-19ª semana ● Feminino: são a princípio 03 linhas paralelas e, posteriormente, formam os dois lábios com uma fenda no meio, semelhante a um sanduíche. ● Masculino: aspecto de “tartaruga cabeçudinha”,fica mais claro a partir da 19ª semana, que é quando os testículos descem do abdome para o escroto. ● É uma informação importante não só porque é de interesse da gestante, mas também porque existe uma prevalência maior de determinadas malformações no sexo feminino ou no masculino ○ Por exemplo no sexo feminino a malformação do aparelho urinário mais comum é a estenose da junção ureteropiélica e no sexo masculino é a válvula de uretra posterior. Placenta: ● É toda a área espessa aderida à parede do útero em contato com a bolsa amniótica, onde se insere a extremidade placentária do cordão umbilical. ● É o órgão responsável pela passagem de todo o suprimento para o feto e remoção de todos os detritos. ● Deve ser avaliada quanto a espessura e aspecto de imagem, que quando alterados podem orientar o diagnóstico ○ Pré-eclâmpsia: diminuição da espessura placentária, inferindo que a placenta possa estar insuficiente, o que pode levar a alterações fetais. ○ Nefropatia materna: a placenta fica mais espessa quando a mãe está fazendo um edema generalizado, uma anasarca. ● Maturidade Placentária: aspecto histopatológico da placenta, de acordo com a presença e quantidade de calcificações. ○ Grau 0: placenta jovem e não tem calcificações. ○ Grau 1: placenta com calcificações aleatórias. ○ Grau 2: placenta com calcificação da placa basal e dentro dela. ○ Grau 3: placenta mais madura, com formação dos cotilédones. Cordão Umbilical: ● Aspecto de “cabeça do Mickey” → 2 artérias e 1 veia ● O achado de artéria umbilical única está relacionado ao risco de trissomias. Líquido Amniótico: ● É muito importante porque permite o crescimento simétrico do embrião, o desenvolvimento pulmonar e as movimentações fetais, funciona como barreira contra infecções, impede a aderência entre o âmnio e o embrião, protege de traumas e faz o controle da temperatura. ○ Síndrome da Banda Amniótica: é quando pela redução do líquido amniótico bandas do âmnio se aderem a partes fetais e geram um aprisionamento, o que resultam em defeitos corporais diversos, até a perda do membro. ○ Fetos oligoamnios são mais hipotônicos, porque se movimentam menos. ● Medida do Maior Bolsão: divide a barriga da mãe em 04 e determina em qual quadrante encontra-se o maior bolsão de líquido amniótico. Mede, com o transdutor em 90º, o diâmetro ântero-posterior do maior bolsão com pelo menos 1cm de largura. ○ Resultado: ■ Oligoâmnio: < 02 cm ■ Normal: 02 - 08 cm ■ Polidrâmnio: > 08 cm ● Cálculo do Índice de Líquido Amniótico (ILA): divide a barriga da mãe em 04 e soma o valor referente ao maior bolsão vertical de cada quadrante, onde não tenha cordão umbilical ou partes do feto. ○ Abaixo de 20 semanas, a medida deve ser somente dos dois bolsões inferiores ○ Resultado: é variável de acordo com a idade gestacional ■ 3º trimestre: 9-18 cm ESTUDO MORFOLÓGICO DE 3º TRIMESTRE A partir de 32 semanas de gestação. Objetivos Específicos: ● Reavaliar a morfologia do feto ● Checar a idade gestacional ● Crescimento e ganho de peso - é muito importante, porque ajuda no diagnóstico de macrossomia fetal ou de restrição de crescimento intraútero (PIG, AIG e GIG) ● Placenta e líquido amniótico ● Vitalidade fetal ● Monitorar gestações de alto risco - geralmente nesses casos a avaliação é em períodos mais curtos e sempre com auxílio de doppler. .
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