Buscar

Resumo Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

Prévia do material em texto

Leticia Alves Queiroz 
 
SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA 
Histórico da AIDS 
1980: Primeiro caso no Brasil; 
1982: Adoção do nome: Doença dos 5H-homossexuais, hemofílicos, haitianos, heroinômanos, hookers 
(profissionais do sexo) / descoberta da transmissibilidade via sexual. 
1983: Primeiro caso no sexo feminino no Brasil; 
1984: Criação do primeiro programa de combate a AIDS no Brasil; 
1995- Lançamento dos inibidores de protease para o tratamento; 
1997- Criação da rede nacional de laboratórios para controle do HIV (contagem de linfócitos CD4 e 
quantificação de carga viral) 
1998- Primeira campanha nacional para uso de preservativo no carnaval; 
2008- Inauguração da primeira estatal de preservativos 
2012- Início da estratégia de tratamento como prevenção. 
Epidemiologia da AIDS 
• Em 2019: Aproximadamente 870 mil pessoas no Brasil vivendo com HIV/AIDS 
• Proporção casos H:M (2015): 3:1 e em ascensão 
• Casos novos HIV: 2016- Aproximadamente 48.000 novos casos ( 61% em homens) 
• Nos homens: 48,7% homossexuais, 9,4% bissexual, 38,3% heterossexual, 2.4% UDI, 1,2 % 
transmissão vertical. 
• Nas mulheres: 96,4% heterossexual, 1,5 % UDI e 2,1% transmissão vertical. 
• Em 2016 ocorreram aproximadamente 14.000 mortes por HIV/AIDS no Brasil. 
• Prevalência média na população brasileira: 0,5% 
 
Transmissão do HIV 
Via sexual 
• Ocorre através da relação sexual sem uso adequado do preservativo; 
• Riscos de transmissão 
- Penetração anal receptiva: 0,1-3 %/ evento 
- Penetração vaginal receptiva:0,1- 0,2 %/evento 
Leticia Alves Queiroz 
 
-Penetração anal insertiva: 0,06%/evento 
-Penetração vaginal insertiva: 0,03 a 0,09%/ evento 
- Sexo oral receptivo: 0-0,04%/evento 
Via não sexual 
• Usuários de drogas injetáveis com compartilhamento de seringas; 
• Transfusão sanguínea com sangue contaminado- Hoje zerada; 
• Acidente ocupacional com material com risco biológico- risco zero com a profilaxia pós-
exposição; 
• Transmissão vertical; 
• Amamentação. 
Fluídos que contém HIV 
• Secreção vaginal, sêmen, líquido pré-sêmen, leite materno, sangue. 
Fluidos que não contém HIV 
• Saliva, suor, urina, fezes, lágrimas, vômito e secreções nasais. 
Desde que não contenham sangue misturado! 
Vírus da Imunodeficiência Adquirida- VH (HIV) 
• RNA- vírus com duas fitas simples de RNA; 
• Família – Retroviridae; 
• Gênero-Lentivirus. 
• Ciclo replicativo: 
1ª Etapa- Entrada: Ligação das glicoproteínas do envelope (GP120) do vírus aos receptores 
CD4 células alvo e aos receptores de quimiocina presentes na membrana celular. Ocorre então 
a fusão das membranas e a entrada do capsídeo viral no citoplasma da célula alvo. 
 
2ºEtapa: Replicação e Transcrição 
• No citoplasma da célula hospedeira, a enzima transcriptase reversa liberta a cadeia de RNA 
viral das proteínas virais e transcreve essa cadeia para uma cadeia de DNA. 
• A transcriptase reversa também tem atividade DNA-polimerase, criando uma cadeia de DNA 
complemento, formando por fim uma cadeia dupla de DNA. 
• A cadeia de DNA é transportada para o núcleo da célula hospedeira e o DNA viral integrado ao 
genoma da célula hospedeira através da enzima viral integrase. 
 
3º Etapa: Montagem e lançamento 
• A poliproteína viral GP- 160 é clivada no complexo de Golgi em duas proteínas, a GP-41 e GP-
120 se dirigem à membrana plasmática da célula hospedeira. 
• Estas junto com outras poliproteínas iniciam o processo de lançamento do novo vírus, como se 
despontasse da célula. 
Leticia Alves Queiroz 
 
• As poliproteínas do gene GAG são clivadas pela enzima protease em proteínas menores, que 
darão origem ao capsídeo, núcleo capsídeo e da matriz. 
• Com todos os componentes montados, gera-se um vírus maduro, capaz de infectar novas 
células. 
 
Diagnóstico da infecção pelo HIV 
• Sorologia (ELISA)- Atualmente de 4 º geração 
- Detecção de anticorpos específicos anti-HIV e antígeno P-24 
- Janela diagnóstico- 15 a 30 dias dependendo do kit utilizado. 
• Testes rápidos- Testes de imunoensaio simples 
- Detecção de anticorpos em até 30 minutos- Permite resultados no mesmo dia. 
- Permitem sua realização fora de ambiente laboratorial por pessoal diagnóstico. 
- Testes disponíveis com uso de fluido oral. 
• Ensaios complementares- Western Blot, Imunoblot, imunoblot rápido, imunofluorescência 
indireta 
✓ Tiras de membrana com proteínas nativas do HIV- separadas por eletroforese (WB) ou 
por proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos (IB); 
✓ As tiras são incubadas com amostras de soro ou plasma; 
✓ Os anticorpos da amostra ligam-se às proteínas da membrana; 
✓ Os anticorpos específicos ligados aos antígenos são reconhecidos por anticorpos 
secundários; 
✓ Esses anticorpos secundários, conjugados com uma enzima, seguido por um 
substrato que gera produto colorido. 
 
• Detecção direta do HIV- detecção direta de componentes do vírus (antígeno P24, RNA ou DNA 
próviral) 
• Método PCR. 
Manifestações clínicas Síndrome Retroviral Aguda 
• Primeira manifestação da doença; 
• Ocorre entre 15 a 60 dias após a infecção; 
• Quadro clínico inespecífico: síndrome gripal/ síndrome da monocleose/dengue 
• Sintomas mais comuns: Febre persistente/cansaço e indisposição/diarreia/mialgia/cefaleia. 
Leticia Alves Queiroz 
 
• Sinal comum: Surgimento de linfadenopatia generalizada. 
• Manifestações clínicas- Fase de latência 
✓ Período de duração muito variável; 
✓ Em média, de 3 a 20 anos; 
✓ Fase assintomática da doença; 
✓ Período em que ocorre queda lenta e progressiva da contagem de linfócitos TCD4 (80 
a 100 células/ml/ano). 
• Surgimento de doenças oportunistas 
✓ Ocorre quando níveis de CD4 atingem contagem inferior a 250 células TCD4/ml de 
sangue 
✓ Doenças mais comuns: tuberculose pulmonar e extra-pulmonar; pneumocistose; 
neurotoxoplasmose; candidíase oral e esofagiana; infecções bacterianas e severas; 
sarcoma de Kaposi; reativação de infecções por citamegalovírus; infecções por 
parasitas oportunistas; linfomas e micobacteriose atípica. 
• Fase terminal ou Síndrome de emaciação ou Wasting síndrome 
✓ Perda involuntária de mais de 10% do peso; inapetência; diarréia crônica; má 
absorção de nutrientes; febre intermitente e fadiga intensa. 
• Prevenção da infecção 
• Preservativos- Método mais eficaz e disponível; 
✓ Versão masculina e feminina 
✓ Disponível 
• Profilaxia pós-exposição 
✓ Disponível no Brasil para exposições de risco 
✓ Uso de 3 drogas como no tratamento da doença, por período de 28 dias 
• Profilaxia Pré- exposição 
✓ Não disponível no Brasil 
✓ Indicada para populações de maior risco; 
✓ Uso de duas drogas usadas para o tratamento do HIV de modo contínuo ao invés de 3 
quando tratamento da doença; 
• Tratamento das DST 
✓ Presença de DST em atividade aumenta o risco de transmissão, especialmente se presença de 
lesões ulceradas. 
✓ Não compartilhamento de seringas para uso de drogas injetáveis; 
✓ Prevenção na gestação- controle de viremia durante a gestação, escolha adequada da via de 
parto; 
✓ Proibição da amamentação- Alta transmissão pelo leite materno; 
✓ Tratamento como prevenção 
- Ampliação da oferta de medicação para todos os portadores; 
- Redução da carga viral sérica acompanha redução de carga viral em fluidos sexuais- redução 
drástica da transmissibilidade 
- Importante medidas para casais sorodivergentes 
• Classes de medicações para tratamento 
✓ Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos e nucleotídeos; 
✓ Inibidores da transcriptase reversa não nucleosídicos; 
✓ Inibidores da protease; 
✓ Inibidores da integrase; 
✓ Inibidores do correceptor CR-5; 
✓ Inibidor de fusão. 
Leticia Alves Queiroz 
 
✓ Tratamento baseado no uso de duas classes de drogas com atividade plena contra o 
vírus; 
✓ Tratamento autorizado para todos os portadores; 
- Deve ser motivado a pacientes com contagem de linfócitos CD4 >500 
- Indicado para pacientes com contagem de linfócitosCD4<500 e a todos com 
manifestações da própria AIDS ou de doenças oportunistas. 
PREVENÇÃO COMBINADA DO HIV 
 
Introdução 
✓ O enfrentamento ao HIV/AIDS requer o reconhecimento de que nenhuma intervenção de 
prevenção isolada é suficiente para reduzir novas infecções. 
✓ Diferentes fatores de risco de exposição, transmissão e infecção operam de forma dinâmica, 
em diferentes condições sociais, econômicas, culturais e políticas. 
✓ Contexto: os serviços de saúde devem-se ofertar às pessoas que o procuram, estratégias 
abrangentes de prevenção, a fim de garantir uma maior diversidade de opções que orientem 
suas decisões. 
A pessoa deve escolher os métodos que se adequem às condições e circunstâncias de sua vida, 
tendo como princípios norteadores a garantia de direitos humanos e o respeito à autonomia 
do indivíduo. 
Definição 
✓ Como o próprio nome sugere, a “prevenção combinada” sugere o uso combinado de métodos 
preventivos, de acordo comas possibilidades e escolhas de cada indivíduo, sem excluir ou 
sobrepor um método a outro. 
✓ Mandala prevenção combinada: a prevenção combinada associa diferentes métodos de 
prevenção ao HIV, conforme as características e o momento de vida de cada pessoa. 
 
 
Leticia Alves Queiroz 
 
 
✓ Profilaxia pré-exposição (Prep) 
o Consiste em fazer uso de uma medicação (antirretrovirais -ARV) preventivamente antes da 
exposição à possibilidade de infecção pelo HIV. 
o A eficácia e a segurança da Prep. já foram demonstradas em diversos estudos clínicos e 
subpopulações, e sua efetividade foi evidenciada em estudos de demonstração. 
o A Prep é altamente eficaz quando utilizada corretamente. A correlação linear entre níveis de 
adesão e eficácia foi demonstrada em ensaios clínicos envolvendo diferentes segmentos 
populacionais. 
✓ Epidemiologia 
o No Brasil, a prevalência da infecção pelo HIV, na população geral, encontra-se em 
0,4%, enquanto alguns segmentos populacionais demonstram prevalências de HIV 
mais elevadas. 
o Os subgrupos populacionais são gays, homens que fazem sexo com homens (HSH), 
pessoas que usam drogas, profissionais do sexo e pessoas trans. 
o Estudos realizados no Brasil demonstraram taxas de prevalência de HIV de 4,9% entre 
mulheres profissionais de sexo; 5,9% entre pessoas que usam drogas (exceto álcool e 
maconha); 10,5 % entre gays e HSH e 31,2% entre pessoas trans. 
o Pessoas em parceria sorodiscordante para o HIV também são consideradas 
prioritárias para uso da Prep. 
o As evidências científicas já indicam a baixa transmissibilidade de HIV por via sexual 
quando uma pessoa com HIV positiva está sob terapia antirretroviral (TARV) há mais 
de seis meses, apresenta carga viral indetectável e não tem nenhuma outra IST. 
o Adicionalmente, entende-se que a PrEp pode ser utilizada pelo parceiro soronegativo 
como forma complementar de prevenção para casos de relato frequente de sexo sem 
uso de preservativo, múltiplas parcerias e /ou para o planejamento reprodutivo de 
casais sorodiscordantes. 
✓ Caracterização dos indivíduos 
o O simples pertencimento a um desses grupos não é suficiente para caracterizar 
indivíduos com exposição frequente ao HIV. 
o Para essa caracterização é necessário observar as práticas sexuais, e os contextos 
específicos associados a um maior risco de infecção. 
Leticia Alves Queiroz 
 
o Maior vulnerabilidade: repetição de práticas sexuais anais e/ou vaginais com 
penetração sem o uso de preservativo. Frequências das relações sexuais com 
parcerias eventuais. Quantidade e diversidade de parcerias sexuais. Histórico de 
episódios de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Busca repetida por profilaxia 
pós-exposição (PEP). Contextos de troca de sexo por dinheiro, objetos de valor, 
drogas, moradia etc. 
 
o Avaliação Clínica: Abordagem de gerenciamento de risco de vulnerabilidade, 
avaliação do entendimento e motivação para início da Prep, exclusão da possibilidade 
pelo HIV (por meio de teste e avaliação de sinais e sintomas de infecção aguda para 
HIV), identificação e tratamento de infecções sexualmente 
transmissíveis(IST),testagem para hepatites virais B e C, vacinação para hepatite B, 
avaliação das funções renal e hepática e avaliação do histórico de fraturas 
patológicas. 
o

Continue navegando