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BACTÉRIAS POTENCIALMENTE PATOGÊNICAS AO TRATO REPRODUTOR II

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BACTÉRIAS POTENCIALMENTE PATOGÊNICAS AO TRATO REPRODUTOR II
CHLAMYDIA TRACHOMATIS
É uma doença sexualmente transmissível que pode causar infecção cervical em torno de 15% dos pacientes, tendo uma afinidade por epitélio colunar, localizado nas porções mais internas do trato reprodutor. 
Possui uma elevada frequência na população feminina, sendo muitas vezes assintomática ou oligossintomática, ou seja, apresenta alguns poucos sintomas específicos nas mulheres. É uma bactéria extremamente pequena, em forma de cocos minúsculos gram negativos, e devido a esse tamanho é um parasita intracelular obrigatório com mais de 15 sorotipos que podem provocar inúmeras patologias. Em recém-nascidos, podem provocar uma conjuntivite de inclusão adquirida durante a passagem no canal vaginal durante o parto. 
 
Uma das doenças provocadas por um sorotipo da bactéria mais especificamente pelo sorotipo A é tracoma endêmico que consiste em uma conjuntivite granulomatosa em que as cicatrizes produzem deformidades que evoluem para a retração da pálpebra e dos cílios. Tem esse nome de conjuntivite granulomatosa por possuir como se fossem grânulos esbranquiçados no interior da conjuntiva. 
Outra doença provocada pelos sorotipos da bactéria é a conjuntivite de inclusão que não se caracteriza apenas como uma oftalmia já que apresenta a formação de um tecido granulomatoso no interior da conjuntiva, fato esse que diferencia essa conjuntivite da oftalmia neonatal que é causada pela Neisseria gonorrhoeae causadora também da gonorreia. Outra diferença é que o período incubação da clamídia é maior que da gonorreia, sendo de cerca de 5 a 19 dias. Ambos são tratados com uma gotinha de nitrato de prata a 1%. 
E a principal manifestação da clamídia no trato reprodutor é causar o Linfogranuloma venéreo, sendo causado pelo subtipo L1, L2 ou L3. Assim como a sífilis, o Linfogranuloma apresenta três fases de desenvolvimento da doença, e uma piora conforme ocorre os avanços das fases.
A primeira fase é marcada pelo aparecimento de pápula ou uma ferida muito pequena, espécie de ulcera muito semelhante a feridas da herpes. Nessa fase praticamente não apresenta sintomas e a cura é espontânea, sendo que a ferida não deixa cicatriz. A cura espontânea se dá ainda devido ao tropismo da bactéria para outros tecidos. 
É exatamente esse problema relacionado a cura que leva muitos pacientes, assim como na sífilis, a não procurar um médico. A doença segue para as próximas fases sem uma resolução. 
A fase secundária é caracterizada pela migração dessas bactérias do local da formação da pápula para outras regiões como os linfonodos próximos do trato reprodutor ou próximos do local. Provoca uma linfadenopatias com o inchaço dos gânglios linfáticos próximos aos órgãos genital do paciente. Esses gânglios são separados, muito inchados e não dolorosos a palpação, além de serem cobertos por uma pele eritematosa (avermelhada). Esse sinal inchaço e separação dos gânglios linfáticos é denominado de Sinal de Groove, sulco formado pela divisão entre os gânglios linfáticos femoral e inguinal. 
 
Em casos mais graves pode ocorrer uma intensa resposta inflamatoria no local dos gânglios linfáticos, aumentando muito o tamanho, formando abscessos e até fistulas, ou seja, começa a extravasar secreções do local. Pode ocorrer manifestações sistêmicas nesse momento como febre, cefaleia e mialgia. 
A fase terciaria e mais grave ocorre uma hipertrofia das ulceras tanto nas regiões dos gânglios linfáticos quanto nas regiões do próprio órgão genital externo, tendo um desenvolvimento de feridas extremamente grandes e um tanto quanto dolorosas. Pode ocorrer ainda obstrução de vasos linfáticos próximos aos gânglios pelo excesso de células presentes no local, como bactérias, proteínas e as células de defesa levando a um edema no local. 
 
Por ser uma bactéria extremamente pequena, a clamydia trachomatis é um parasita intracelular, ou seja, quando está na sua forma ativa, ela não possui parede celular, e é intracelular, já quando está na sua forma inativa, essa bactéria é extracelular e possui parede celular. Em outras palavras, a Clamydia Trachomatis possui duas fases de vida uma quando está ativa e outra quando está inativa. 
É importante observar que isso explica o aparecimento dos sintomas relacionados as fases da clamídia: na fase ativa aparecem os sintomas propriamente dito, já na fase inativa ocorre o tropismo da bactéria para outras regiões evidenciando a cura espontânea e posterior aparecimento em outros locais promovendo ataque aos vasos linfáticos e gânglios e promovendo ulceras hipertróficas próximas a esses gânglios afetados. 
A fisiopatologia ocorre a partir da infecção das células pela forma elementar ou inativa da bactéria, que se conecta aos receptores específicos do epitélio colunar e sofre um processo de fagocitose, formando o fagossomos. Dentro da células, perde sua parede celular por conta da atuação dos lisossomos sobre ela, e libera as toxinas para provocar a morte celular. Na forma ativa, começa a se multiplicar por divisão binaria com consumo de ATP e aminoácidos celulares, esses corpúsculos reticular vão se condensando e formam novamente o corpúsculo elementar com parede celular que vai ser eliminado para o meio externo para continuar sua infecção de outras células, mas agora com muito mais células presentes. 
 
O período de incubação varia de 6 a 14 dias, sendo esses portadores em cerca de 60% a 70% assintomáticos, mas um indivíduo com grande risco de infecção. Em casos de outras infecções no trato reprodutor, os portadores podem ter o desenvolvimento do Linfogranuloma que pode se desenvolver para uma Doença Inflamatoria Pelve ou Doença inflamatoria Pélvica (DIP) e gerar sequelas de até 30% dos casos, com gestação ectópica e dor pélvica crônica. 
Em caso de pacientes gestantes podem ocorrer algumas manifestações ou ascensão da bactéria no período pós-parto, também denominado de puerpério. Essa ascensão pode levar a uma endometrite puerperal que é inflamação do endométrio causado por essas bactérias que subiram do trato reprodutor feminino. 
Em recém-nascido além da conjuntivite de inclusão pode ocorrer das bactérias chegarem aos alvéolos e provocarem pneumonia. Pode ocorrer uma transmissão vertical sem ser na hora do parto, gerando aborto, baixo peso, etc. 
Em mulheres férteis pode ocorrer Síndrome Uretral Aguda com disúria, poliaciúria, com micção frequente e anormal e piúria com a presença de leucócitos na urina. Casos de salpingite também podem ocorrer, levando a esterilidade e a gestação ectópica (quando ocorre a gestação fora do útero, geralmente nas trompas uterinas). 
Em casos mais graves, pode ocorrer cervicite, inflamação da porção do cérvix localizada entre o canal vaginal e o útero. Pode encontrar a presença de um muco amarelo e esverdeado, com ectopia cervical com edema acentuado no local, pode achar leucócitos no esfregaço do endocervix e atipias relacionadas à reparação do processo infeccioso e ausência de vaginite por conta do tropismo da bactéria. 
 
A prevenção pode ser realizada a partir de exames em laboratórios, principalmente em pacientes durante período de gestação, realizando uma cuidadosa coleta do endocervix, da uretra e urina. Pode-se fazer também a sorologia da paciente. 
Um dos principais exames que pode ser realizado também é a citologia esfoliativa, que apesar de baixa sensibilidade ou seja, é mais difícil de detectar a presença, apresenta uma elevada especificidade, ou seja, caso detectado é muito simples de perceber a presença da bactéria. 
HAEMOPHYLUS DUCREYI
São bacilos gram negativos, com uma transmissão sexual exclusiva, sendo seu período de incubação de 3 até 10 dias relativamente curto. É a bactéria causadora da conhecida DST chamada de cancro mole. 
A patogênese se inicia com uma pápula (pequenas feridas) na região dos órgãos genitais que começa a progredir para ulceras, formando lesões únicas ou múltiplas marcadas por intensa dor, bordas irregulares, um fundo necrótico com exsudato amarelado e fétido. Essas característicasdas lesões diferenciam o cancro mole da primeira fase da sífilis chamada de cancro duro em que as lesões não doem e não apresenta nenhum tipo de fundo necrótico com exsudato amarelado ou fétido. Abaixo a primeira imagem é de uma infecção por sífilis e a segunda por cancro mole. 
 
Podem aparecer sintomas como febre, cefaleia, além de fraqueza e um mal estar generalizado. Importante sempre se atentar as características das lesões e ao odor, além da composição, borda e o caráter do exsudato. 
O diagnóstico é efeito a partir de uma coleta dos locais que estão infectados, submetidos a uma coloração de gram que irá se apresentar negativa (mais avermelhada) e logo detectar a presença dos bacilos por meio de uma cultura que ainda que de difícil cultivo, é possível utilizando-se os meios enriquecidos e compostos com pigmentos de ferro. 
 
MYCOPLASMA GENITALIUM/MYCOPLASMA HOMINS/UREAPLASMA UREALYTICUM 
Essas bactérias são seres minúsculos e geralmente não são passiveis de muita atenção por profissionais, ainda que muito importantes e causadoras de patologias conhecidas e perigosas. Tanto a Mycoplasma quanto a Ureaplasma não possuem distinção de parede celular, e são altamente pleomorficos, ou seja, podem mudar de forma de maneira constante. 
 
Essas bactérias não são invasivas, simplesmente colonizam a superfície de células por ligação a receptores específicos produzindo produtos tóxicos. A principal doença causada por esses gêneros (Mycoplasma pneumoniae) é um tipo de pneumonia denominada de pneumonia atípica ou pneumonia do viajante afetando o sistema respiratório inferior, com um período de incubação de 2 a 3 semanas. 
No trato genital podem causar uretrites não gonocócica além de DIP, febre pós-parto, infertilidade, esterilidade, aborto espontâneo e Síndrome Uretral Aguda. 
KLEBSIELA GRANULOMATIS
É uma bactéria gram negativa em formato de bacilos que é a causadora do granuloma venéreo ou inguinal, também conhecido como Donovanose, nome muito cobrado em provas de residência. É uma doença granulomatosa, ou seja, que forma granulomas (massa composta de células de defesa, bactérias, exsudato) nas regiões genitais dos pacientes acometidos, tendo um período de incubação de 30 dias até 6 meses. Pouco frequente, mas ocorre. 
Em casos extremamente grave, pode ocorrer expansão do tecido granulomatoso, e em anos com a evolução da doença pode desenvolver lesões extensas, com ulceras muito grande, e chegando até a desenvolver casos de câncer de pênis em homens. Apresenta um caráter crônico que pode levar a casos complexos e graves se não tratado corretamente. 
 
O diagnóstico é realizado a partir de uma biópsia do tecido infectado para verificar a presença ou não de corpúsculos intracitoplasmáticos em mononucleares denominados de corpúsculos de Donovan. 
GARDNERELLA VAGINAILIS
É uma bactéria de morfologia bacilar com gram variável e pleomorfismo. É a causadora da vaginose bacteriana, já é mais preferível utilizar vaginose do que vaginite por conta de não haver inflamação no local. 
É a principal causadora da ardência ao urinar em mulheres e provocar ainda a presença de um corrimento fétido, por ter o nome “vaginalis” já se imagina que ocorre apenas em indivíduos do sexo feminino. Normalmente essas bactérias substituem os lactobacilos presentes na microbiota local da região vaginal e pode ainda conviver sinergicamente com outras bactérias, provocando exatamente corrimento fétido. 
Os principais fatores de risco são múltiplos setores sexuais além de relação sexual com um novo parceiro sem algum tipo de proteção, tabagismo, ducha vaginal e o uso de DIU que provoca alterações na composição do local. Durante a gestação essa bactéria está associada partos prematuros, ruptura prematura da placenta e infecções uterinas no pós-parto.
Forma “Clue cells” aglomerados de bactérias aderias às células, ou a superfície celular, como se fossem cupins em uma estrutura normal. 
 
BACILOS DE DODERLEIN
Esses bacilos são bacilos gram positivos denominados de Lactobacillus acidophilus responsáveis por manter um PH vaginal ácido a partir da conversão de glicogênio em ácido láctico. 
Essa manutenção do PH ácido é fundamental para manter a proteção do trato reprodutor feminino contra bactérias e microrganismos na microbiota. Além de todas as defesas já citadas derivadas da mucosa genital feminina, esse PH ácido contribui para manutenção, tornando essa bactéria fundamental para a mulher.

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