Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Neurofisiologia Plasticidade Ao serem transmitidas, as mensagens podem ser modificadas no processo de passagem de uma célula à outra e é justamente nisso que reside a grande flexibilidade funcional do sistema nervoso. Capacidade do cérebro em desenvolver novas conexões sinápticas entre os neurônios (sinaptogênese) a partir da experiência e do comportamento do indivíduo. Sinapse Local de contato entre um terminal axonal e uma célula nervosa, muscular ou glandular. o Arranjos sinápticos: • 1 e 1’ = axodendrítica • 2 = axoaxônica • 3 = dendrodendrítica • 4 = axosomática Tanto umas como as outras, entretanto, podem estar localizadas em dendritos, no soma ou em axônios. Tipos de sinapse a) Sinapse elétrica: transmitem um sinal elétrico/corrente diretamente do citoplasma de uma célula para outra através das junções comunicantes. As junções comunicantes acoplam células elétrica e metabolicamente, através do alinhamento de canais iônicos (conéxons) que formam grandes poros. O acoplamento elétrico pode ser detectado registrando a passagem dos potenciais elétricos de uma célula a outra com mínimo retardo “sináptico”. • A condução é rápida e de alta fidelidade. • A condução é bidirecional. • Sem mediadores químicos. • Baixa capacidade de modulação (a informação passa inalterada). • Ocorrem em células musculares lisas, células miocárdicas, SNC, células da glia, células beta do pâncreas. b) Sinapse química: São verdadeiros chips biológicos, pois podem modificar as mensagens que transmitem (modulação). Apresenta uma estrutura especializada no armazenamento de substâncias neurotransmissoras e neuromoduladoras. Quando estas substâncias são liberadas na fenda sináptica, promovem alterações de potencial elétrico que poderão influenciar o disparo de potencial de ação do neurônio pós-sináptico. Substâncias químicas especiais denominadas neurotransmissores carregam as mensagens através das sinapses. *entre células neurais ➢ Junção neuromuscular: entre a célula neural (nervo) e muscular. ➢ Junção neuroefetora: sistema nervoso autônomo • São unidirecionais. • São lentas. 2 Neurofisiologia o Etapas da transmissão sináptica: A transmissão sináptica pode ser resumida em 5 etapas: 1. Síntese, transporte e armazenamento do neuromediador; 2. Deflagração e controle da liberação do neuromediador na fenda sináptica; 3. Difusão e reconhecimento do neuromediador pela célula pós-sináptica; 4. Deflagração do potencial pós-sináptico; 5. Desativação do neuromediador. 1) Chegada do impulso nervoso ao terminal. 2) Abertura de Canais de Ca+ Voltagem dependentes. 3) Influxo de Ca++ (2o mensageiro). 4) Exocitose dos NT. 5) Interação NT-receptor pós-sináptico causando abertura de canais iônicos NT dependentes. 6) Os NT são degradados por enzimas. o Potenciais Pós-Sinápticos (PPS): São alterações elétricas pós-sinápticas e podem ser excitatórias (PPSE) ou inibitórias (PPSI). Que dependem dos NT (NT excitatórios e NT inibitórios) e de outros fatores. a) PPSE: O NT é EXCITATÓRIO. Causa despolarização na membrana pós-sináptica (entrada de Na+). b) O NT é INIBITÓRIO. Causa hiperpolarização na membrana pós-sináptica (entrada de Cl- e/ou saída de K+). • Simetria sináptica: As sinapses podem apresentar diferentes tipos morfofuncionais. As sinapses assimétricas são excitatórias, e as simétricas são inibitórias. 3 Neurofisiologia Neuromediadores Neurotransmissores, neuropeptídios e neuromoduladores. ➢ Neuromoduladores: são substâncias que influenciam a atividade neuronal de forma diferente dos neurotransmissores. Ex: óxido nítrico, CO2, adenosina, prostaglandinas. Neurotransmissores O neurônio realiza suas funções metabólicas e sintetiza substâncias químicas especificas, os NT, que são armazenados em vesículas. As vesículas são transportadas e armazenadas nos terminais nervosos de onde são secretadas. • NT de baixo PM: sintetizados e armazenados nos terminais nervosos. • NT de alto PM: sintetizados no corpo celular, transportados para os terminais onde são armazenados. o Transporte de vesículas: o Critérios para NT clássico: • Possuir enzimas de síntese. • Ser armazenado em vesículas. • Ser liberado de maneira cálcio-dependente. • Ter enzimas de degradação. • Possuir receptores específicos nas membranas pós-sinápticas para se ligarem após a sua liberação. • Deve estar presente no neurônio pré- sináptico. o Vesícula sináptica: • Proteínas da vesícula sináptica: O Ca2+ liga-se a uma proteína ligada à vesícula, denominada sinaptotagmina, que por sua vez favorece a associação a uma segunda proteína ligada a vesícula, a sinaptobrevina, e uma proteína relacionada, a sintaxina, na superfície interna da membrana plasmática. Este processo gera o ancoramento da vesícula a membrana citoplasmática. • Proteínas envolvidas na Liberação do NT: → Sinapsinas e Rab3: controlam o tráfego e mobilização das vesículas. → Sinaptotagmina e Sinaptobrevina (VAMP): localizadas na membrana da vesícula. 4 Neurofisiologia → Neurexina e sintaxinas: localizadas na membrana plasmática do terminal pré- sináptico. Abertura das vesículas para liberação do NT. → Sinaptofisina: formação do poro. o Natureza química dos NT: • Neurotransmissores excitatórios: Acetilcolina, norepinefrina, epinefrina, dopamina, glutamato e serotonina. • Neurotransmissores inibitórios: Ácido gama aminobutírico (GABA) e glicina. o Muitas substâncias exógenas afetam a neurotransmissão: • Agonistas: mimetizam o efeito do NT. • Antagonistas: inibem a ação do NT. o Biossíntese de NT: • Catecolaminas: dopamina, noradrenalina (noraepinefrina) e adrenalina (epinefrina). • Indolamina: serotonina. • Derivado da Colina: Acetilcolina. Acetil-COA + Colina → Acetilcolina. Receptores Moléculas proteicas que recebem e traduzem a mensagem química recebida de acordo com o neurotransmissor. * O mesmo neurotransmissor pode ter diferentes ações pós sinápticas, dependendo de qual receptor ele irá ativar. o Tipos de receptores: 5 Neurofisiologia • Receptor ionotrópico: estão associados a canais iônicos, portanto, a ligação do NT no sítio ativo do receptor, resulta diretamente na abertura de canais iônicos na membrana. Potencial pós-sináptico rápido. Principais receptores ionotrópicos do SNC são glutamatérgicos e GABAérgicos. • Receptor metabotrópico: Receptores acoplados à proteína G. Quando o neurotransmissor se liga ao sítio ativo do receptor, ele ativa uma cadeia de eventos químicos na célula que resulta indiretamente na abertura de canais iônicos na membrana. (cascata de sinalização – segundos mensageiros – enzimas que modulam canais iônicos). Potencial pós-sináptico lento. A inervação colinérgica do coração apresenta um exemplo de receptor metabotrópico cuja proteína efetora é um canal iônico. Neste caso (A), o neurotransmissor é a acetilcolina (ACh), o receptor é do tipo muscarínico e a proteína efetora é um canal de K+. O canal é ativado (B) pela subunidade α da proteína G ligada ao receptor. ➢ Proteína G: é uma proteína complexa formada de três subunidades (α, β e γ) e que funciona como um transdutor de sinais. Em repouso, a subunidade α está ligada a uma molécula de GDP. Quando o NT se liga ao receptor o GDP é trocada pelo GTP e a proteína G se torna ativa. A proteína G ativa age sobre uma molécula efetora, neste caso, um canal 6 Neurofisiologia iônico, cuja condutância será indiretamente modificada. ➢ Qual é a vantagem da comunicação por meio de 2º Mensageiro? Amplificação do sinal inicial. Modulação da excitabilidade neuronal. Regulação da atividade intracelular. o Sistema adenilato ciclase e AMPc: • Coração: Receptor metabotrópico β noradrenérgico. MECANISMO: A Noradrenalina liga-se ao receptor do tipoβ ativando a adenilciclase que hidrolisa o ATP em cAMP produzindo o 2o mensageiro. O cAMP difunde- se até o citosol e ativa a enzima quinase A (PKA). A PKA age fosforilando canais de Ca modificando a sua condutância. RESULTADO: abertura de canais de Ca++ e aumento de excitabilidade da membrana pós-sináptica. Estimula a contração do coração. 7 Neurofisiologia • Vasos sanguíneos: Receptor metabotrópico α2 noradrenérgico. MECANISMO: O NT liga-se ao receptor e ativa uma proteína G que age inibindo a adenilciclase. A ↓ de cAMP ↓ atividade das PKAs. A fosforilação não ocorre nos canais iônicos de K. RESULTADO: o fechamento dos canais de K+ aumenta a excitabilidade da membrana pós-sináptica. o Sistema Fosfolipase C, IP3 e DAG. O NT estimula, através da proteína G, a Fosfolipase C (PLC) enzima que hidrolisa o inositol fosfolipídio em IP3 e DAG. O DAG ativa a proteína quinase C (PKC) e o IP3 abre canais de Ca++ do REL que então terá diversos efeitos metabólicos, inclusive a ativação de canais iônicos. o A frequência do determina a quantidade de NT liberado. A amplitude do PEPS é diretamente proporcional a intensidade do estimulo e à frequência dos PA. Fadiga sináptica: esgotamento de NT para serem liberados. Integração sináptica Muitas vezes um neurônio tem que decidir se produzirá ou não PA em sua zona de disparo. Ele faz isso com base nas informações que recebe de sinapses de axônios aferentes vindos de neurônios longínquos ou de interneurônios situados nas proximidades, algumas excitatórias, outras inibitórias. A integração sináptica é justamente a computação de toda essa massa de informação, para definir como será a informação de saída do neurônio. o Somação: O mecanismo de combinação (integração) dos sinais elétricos na membrana pós-sináptica. • Espacial: somam-se os PPSEs de sinapses próximas, produzindo um PPSE resultante de amplitude superior ao limiar da zona de disparo. • Temporal: como a frequência de PAs é mais alta, os PPSEs somam-se e já atingem o limiar: o PPSE final resulta da soma algébrica dos PPSEs subsequentes na mesma sinapse. A integração de sinapses excitatórias e inibitórias (A) produz na zona de disparo do neurônio um potencial pós-sináptico resultante (B) que 8 Neurofisiologia representa a soma algébrica dos PPSEs e PPSIs provocados pelas várias fibras aferentes. o Inibição pós-sináptica: • Neurônio excitatório: ativo. • Neurônio inibitório: inativo. • A excitação se propagou do dendrito até o cone de implantação. • Neurônio excitatório: ativo. • Neurônio inibitório: ativo. • A excitação causada pelo neurônio excitatório foi totalmente bloqueada pelo neurônio inibitório. o Inibição pré-sináptica: o Circuitos neurais: Redes de neurônios funcionalmente relacionados. • Tipos de circuitos neurais: Divergente: distribuição do sinal. Convergente: concentração do sinal. o Diferenças da sinapse nervosa e sinapse neuromusculares: Dopamina Associada a mecanismos de recompensa do sistema nervoso. Drogas como cocaína, heroína, nicotina e o álcool potenciam seus efeitos. • Todos os receptores são metabotrópicos. o Vias dopaminérgicas: Noradrenalina 9 Neurofisiologia • Receptor Alfa metabotrópicos: ➢ Excitatório (abre canais de Ca++). • Receptor Beta Metabotrópico: ➢ Excitatório (fecha canais de K+). o Vias noradrenérgicas: Serotonina A 5-HT participa na regulação da temperatura, percepção sensorial, indução do sono e na regulação dos níveis de humor. o Vias serotoninérgicas: Acetilcolina • Receptor Nicotínico Ionotrópico: ➢ Fibras musculares esqueléticas. ➢ Abertura de canais de Na+ (despolarização). • Receptor Muscarínico Metabotrópico: ➢ Fibras musculares cardíacas e lisas. ➢ Abertura de canais de K (hiperpolarização). o Vias colinérgicas: Glutamato o Ionotrópicos: • Receptores AMPA: ➢ Excitatório (rápido). ➢ Abrem canais de Na+ e K+. 10 Neurofisiologia • Receptores NMDA: ➢ Excitatório (lento). ➢ Abrem canais de Ca++, Na+ e K+. o Metabotrópico: • Receptores Cainato GABA Principal NT inibitório do SNC. • GABAa: ionotrópico ➢ Abrem canais de Cl- diretamente. ➢ Causam hiperpolarização. • GABAb: metabotrópico ➢ Abrem canais de K+ indiretamente. ➢ Causam hiperpolarização. Glicina NT inibitório dos neurônios motores. Óxido nítrico Os gases são sintetizados quando receptores do tipo NMDA são acionados. Quando sintetizados difunde-se em todas as direções e por isso não estão contidas em vesículas. Ação pré-sináptica: causa facilitação do NT que estimulou a sua síntese (feedback positivo) e endotélio de capilares cerebrais causando vasodilatação.
Compartilhar