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MEDCURSO: Reumatologia 01/04/2020 Aula 2: Miosites, Doença mista do colágeno e Esclerodermia 1. Introdução As colagenoses são doenças autoimunes contra o tecido colágeno. Dentre elas, temos a esclerodermia, polimiosite/dermatomiose (miosites) e a doença mista do colágeno. O que justifica a diferença das manifestações clínicas entre as colagenoses é a característica do ataque imunológico. 2. Esclerodermia ou Esclerose sistêmica 2.1 Epidemiologia e Fisiopatologia · Maioria dos casos são mulheres de meia-idade entre 30-50 anos Na esclerodermia, quando os anticorpos atacam o tecido conjuntivo, eles simplesmente não soltam mais o tecido, ou seja, é um ataque permanente gerando destruição tecidual, e consequentemente fibrose/esclerose. A doença é mais frequente e marcada por lesão na pele e no esôfago, rim, pulmão Uma das teorias mais aceitas para tentar justificar a evolução para fibrose é que os anticorpos quando realizam o ataque, talvez levem a um processo intenso de vasoconstricção, sendo essa a teoria vascular. Algumas manifestações esclerodérmicas tem como plano de fundo a própria vasoconstrição, como Raynaud, crise renal esclerodérmica, entre outras. O que mais marca a esclerodermia é a lesão na pele e no esôfago, rim, pulmão. 2.2 Quadro clínico a) Esôfago · Acometimento da função de musculatura lisa · Refluxo e disfagia b) Rim · Crise renal da esclerodermia: evento de vasoconstrição difusa da vasculatura renal · Ativação cavalar do SRAA: pico hipertensivo muito severo que pode levar a óbito, oligúria, anemia hemolítica microangiopática · Os óbitos reduziram após a introdução de IECA (“pril”) c) Pulmão · Alveolite com fibrose: quando o paciente caminha para fibrose pulmonar, NÃO há como reverter e por isso é importante detectar quando o paciente ainda está na fase de alveolite – é tratável · Alveolite: aspecto em vidro fosco na TC e tratar com imunossupressão · Fibrose: aspecto em favos de mel · Hipertensão pulmonar d) Pele 1- Esclerodactilia Fibrose da pele dos dedos das mãos, levando ao espessamento da mesma. Há uma retração de tecido pelo processo cicatricial, dando o aspecto de mão em garra. 2- Fácies da esclerodermia Ocorre fibrose da pele do rosto do paciente. A pele ao redor da boca perde elasticidade e assim a pessoa não consegue abrir a boca, levando a microstomia. Como há retração tecidual, como consequência disso há um afinamento do nariz, pois sobre o osso nasal há pouca pele. 3- Calcinose É a calcificação subcutânea. 4- Telangiectasia São pequenas dilatações vasculares “compensatórias”. 5- Fenômeno de Raynaud É um evento de vasoconstricção transitória dos dedos das mãos, provocando uma clássica alteração trifásica da cor dos dedos – palidez, cianose e rubor. Pode acontecer espontaneamente ou com exposição às baixas temperaturas. 2.3 Formas clínicas É comum que o FAN esteja positivo em 90-95% dos casos. a) Forma cutânea difusa Pega a pele difusamente, além de envolver os órgãos internos. · Anticorpo antitopoisomerase I (anti-Scl 70) · Nessa forma surge crise renal, alveolite/fibrose b) Forma cutânea limitada Se limita à pele distal, além de também envolver os órgãos internos. É a forma “anticentro”. · Anticorpo anticentrômero · Pode causar hipertensão pulmonar · Síndrome CREST = calcinose, Raynaud, esofagopatia, sclerodactyly, telangiectasia 2.4 Diagnóstico e tratamento · Diagnóstico: clínica + anticorpos + capilaroscopia do leito ungueal · Tratamento: tratar as complicações que forem aparecendo 3. Miopatias inflamatórias idiopáticas ou Miosites 3.1 Polimiosite e Dermatomiosite Doenças que levam ao maior acometimento de mulheres entre 30-50 anos. a) Semelhanças · Fraqueza muscular · É simétrica e proximal dos membros (cintura escapular e cintura pélvica), poupando face e olhos · Disfagia e disfonia · Doença intersticial pulmonar · O anticorpo Anti-Jo1 (antissintetase) provoca o acometimento pulmonar · Outras · Artrite, fenômeno de Raynaud b) Diferenças · Histopatologia: achado de biópsia · Polimiosite: lesão muscular direta causada pela imunidade celular · Dermatomiosite: lesão vascular periférica dos vasos que irrigam a musculatura, causada pela imunidade humoral, ou seja, anticorpos · Cutâneas: presentes apenas na dermatomiosite · Pápulas de Gottron: pápula violácea sobre articulações dos dedos das mãos e são achados patognomônicos da dermatomiosite · Heliótropo: erupção violácea em pálpebra superior e também é patognomônico da dermatomiosite · Rash malar: acomete o sulco nasolabial · Rash em V ou sinal do manto · Mão do mecânico: fissura e descamação lateral dos dedos · Neoplasia · Dermatomiosite aumenta o risco em 3x · CA de mama, ovário, melanoma, cólon, pulmão c) Diagnóstico · Dosagem de enzimas musculares (CPK): para comprovar que houve lesão muscular · Eletroneuromiografia: avalia a condução neurológica para ver se existe neuropatia ou miopatia · Biópsia muscular: diferencia com clareza as duas patologias Na dermatomiose NÃO precisa de biópsia se houver alteração cutânea específica. d) Tratamento · Fotoproteção para dermatomiosite · Corticoide (imunossupressão) + azatioprina / metotrexato: poupam o uso permanente de corticoide ao adicionar esses imunomodulares/imunossupressores · Imunoglobulina: nos casos refratários 3.2 Outras · Dermatomiosite juvenil: é igual a dermatomiosite citada acima, no entanto o paciente tem < 16 anos e é comum o aparecimento de calcinose. · Miosite por corpúsculos de inclusão: suas características são antagônicas às citadas acima · Homem > 50 anos · Fraqueza distal e assimétrica · BAIXA resposta ao corticoide 4. Doença mista do tecido conjuntivo É uma doença que mistura as características das colagenoses, incluindo miosite, esclerose, AR, lúpus. · Anticorpo: Anti-RNP – é próprio da doença
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