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São doenças sistêmicas inflamatórias auto-imunes idiopáticas. 1. LES 2. Sd. De Sjogren 3. Dermatopolimiosite (DPM) 4. Esclerodermia (ED) 5. Doença Mista do Tecido Conjuntivo LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO - Protótipo das doenças idiopáticas auto- imunes; - Mais comum em mulheres jovens, de raça negra; - Produção de auto-anticorpos -> deflagração da cascata inflamatória; - Doença das ‘’ites’’ e ‘’penias’’ – pele (dermatite); serosas (serosite); rins (nefrite); articulações (artrite); hematológico (penias); SNC (encefalite).. PATOGENIA Vários fatores podem gerar autoanticorpos: Fatores genéticos de hereditariedade; Deficiência de complemento: por meio da exposição duradoura de células apoptóticas; HLA DR2 e DR3 (mutações genéticas); Agentes microbiológicos: os vírus podem promover modificações antigênicas e simular autoantígenos (mimetismo molecular), desencadeando atividade de doença autoimune; Estrogênio (hormônio que estimula a autoimunidade); Luz ultravioleta (radiação altera a configuração de DNA celular); Tabagismo; Exposição à sílica. A característica mais marcante do LES, clínica e patologicamente, é o desenvolvimento de focos inflamatórios nos tecidos, que sofrem a agressão autoimune. Autoanticorpos do LES: ANTI-NUCLEARES (FAN) - Anti-DNA dh (nativo): nefrite; 2° + específico; indica atividade da doença (se doença em remissão, pode desaparecer). - Anti-histona: está + relacionado ao LES fármaco induzido. - Anti-Sm: + específico. - Anti-RNP: doença mista do tecido conjuntivo. - Anti-La (SS-B): Sjogren; geralmente quem apresenta, não apresenta anti-DNA (s/ nefrite). - Anti-Ro (SS-A): Sjogren; responsável pelo lúpus neonatal – cça com BAVT congênito (natal RoRoRo); FAN (-) ; Ac + relacionado à fotossensibilidade, principalmente em áreas expostas ao sol, e ao lúpus cutâneo subagudo. REUMATOLOGIA – APOSTILA 2 ANTI-CITOPLASMÁTICOS - Anti-P: psicose lúpica (FAN+). ANTI-MEMBRANA - Antilifócito, antineurônio, antiplaqueta, anti-hemácia; *LES é a causa mais comum de sd. de Evans: anemia imuno-hemolítica + trombocitopenia autoimune! - Antifosfolipídio: Anticoagulante lúpico (inibe função anticoagulante, alarga o PTT), Anti-Beta2 glicoproteína 1, Anticardiolipina. SÃO OS ACPs DA TROMBOSE. OBS: o pcte pode apresentar quadro de alargamento de PTT + plaquetopenia! OBS: O FAN (Fator Anti-Nuclear – e contra antígenos celulares) serve para indicar se há doença autoimune. Independente da forma clínica de apresentação, a maioria dos doentes tem períodos de exacerbação intercalados por períodos de relativa melhora ou mesmo de inatividade.. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (EULAR/ACR 2019) Critério de Entrada FAN + (> ou = 1:8) Critério Aditivo > ou = 10 pontos 1 ) Constitucional: febre > 38,3°C (principal), mal-estar, fadiga (costuma ser o primeiro sinal de uma recaída iminente), perda ponderal. 2 ) Pele/Mucosa: alopecia sem cicatriz; úlcera oral – tipicamente, não doem; lúpus cutâneo subagudo (lesões que lembram psoríase, + em MMSS e parte superior do corpo, poupando face // ou lesões eritematoanulares) ou discoide (principal tipo de lesão cutânea crônica - lesões profundas, que têm centro atrófico e deixam cicatriz fibrótica, predominam em face, couro cabeludo – alopecia discoide, irreversível – e pavilhão auricular); lúpus cutâneo agudo (clássico: rash malar/eritema em asa de borboleta). 3 ) Articulação: artrite ou dor com rigidez matinal > ou = a 2 articulações (mãos, punhos, joelhos, cotovelos, tornozelos, ombros, quadris). *pode haver artropatia de Jaccoud. 4 ) Serosa: pleurite lúpica; derrame pleural (+ comum bilateral) ou pericárdico; pericardite aguda. 5 ) Hematológico: leucopenia (<4.000); plaquetopenia (<100.000); anemia hemolítica coombs + 6 ) Renal: proteinúria > 0,5g/dia ou > ou = 3 + e/ou identificação de cilindros celulares no sedimento urinário; nefrite lúpica à biópsia. 7 ) Neuropsiquiátrico: delirium; psicose; convulsão (focal ou generalizada). 8 ) Anticorpo Antifosfolipídio 9 ) Complemento: C3 e/ou C4 baixo. 10 ) Anticorpo específico: anti-DNAdh ou anti-Sm. Observação: FAN + nefrite lúpica IV ou FAN + 3 critérios: certeza de diagnóstico. LES FÁRMACO INDUZIDO - Homem = mulher; - Anti-histona (+); - Anti-DNAdh (-); - Não consome complemento; - Geralmente poupa rim e SNC; - Drogas: P – Procainamida (maior risco) H – Hidralazina (+ comum) D – d-Penicilamina - O tto se baseia em suspensão do fármaco, e, eventualmente, AINEs, antimaláricos ou CTC em dose baixa. MANIFESTAÇÕES RENAIS DO LES (ANTI-DNADH / BAIXO COMPLEMENTO) I) Mesangial Mínima II) Mesangial Proliferativa III) Proliferativa Focal (< 50% dos glomérulos) IV) Proliferativa Difusa (> 50%) + comum e + grave / é uma glomerulite – Sd. Nefrítica ou GNRP; V) Membranosa pode ser um sinal inicial do LES / quadro clínico de proteinúria, sem hematúria; VI) Esclerosante Avançada TRATAMENTO O tto visa (1) controle dos sintomas, (2) prevenção/redução de complicações, (3) aumento da sobrevida do paciente. TODOS: protetor solar / cessação tabagismo / monitorização e controle de PA, glicemia e perfil lipídico / hidroxicloroquina ou cloroquina. (ajudam a reduzir o risco de reicidivas e permitem ‘’poupar corticoides’’, além do efeito antitrombótico e hipolipemiante); FORMAS LEVES (pele, mucosa, articulação): AINEs =/- corticoide em dose baixa; *Ao menor sinal de nefrite lúpica, AINEs devem ser interrompidos! FORMAS MODERADAS (constitucional, hematológica): = forma leve + avaliar imunossupressor (azatioprina, metotrexato); FORMAS GRAVES (rim e SNC): corticoide em altas doses +/- imunossupressor (ciclofosfamida, micofenolato, rituximab). *formas IV e V não admitem monoterapia! SD. DE SJOGREN - Doença autoimune cujo alvo primordial é a glândula exócrina – preferência para glândulas exócrinas da cabeça: salivares e lacrimais. - Mulheres (9:1) entre 30 – 40 anos. PATOGÊNESE (1) Infiltração linfocitária (glândulas exócrinas com sd. seca); (2) Deposição de imunocomplexos (vasculite/glomerulonefrite). CLÍNICA xeroftalmia + xerostomia Pcte relata sensação de areia nos olhos, dentes ficam apodrecidos, inúmeras cáries; Outros: artralgia, mialgia, vasculite cutânea.; Aumento de risco de linfoma de parótidas. Pcte pode apresentar hipertrofia de parótidas. DIAGNÓSTICO: Anti-Ro (SSA) ou Anti-La (SSB) ou bx de lábio inferior Clínica com sinais objetivos - Teste de Schirmer (<10 ou 10-15mm) ou Rosa-bengala + para xeroftalmia; - Cintilografia salivar (+) para xerostomia TRATAMENTO Medidas Gerais: Lágrima artificial Saliva artificial Uso de óculos de natação à noite Manifestações Sistêmicas Corticoide Imunossupressores SD. DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDIO Também conhecida como Sd. de Hughes, e caracterizada por eventos tromboembólicos arteriais e venosos, abortamento espontâneo de repetição e a presença de anticorpos anticardiolipina, anticoagulante lúpico e antibeta-2-glicoproteína 1. DIAGNÓSTICO: 1 clínico + 1 laboratorial Clínico: Trombose (arterial ou venosa); Morbidade gestacional: (1) 3 ou + abortos < 10 sem de gestação; (2) aborto > 10 sem; (3) prematuridade < ou = 34 sem. Laboratorial: Anticardiolipina IgM/IgG Anti-beta2glicoproteína I IgM/IgG Anticoagulante l TRATAMENTO: Medidas Gerais: Cessação do tabagismo / Interrupção do uso de estrógenoscomo contraceptivos orais ou terapia de reposição hormonal / controle de outros fatores de risco cardiovascular, como DM, obesidade, hiperlipidemia e HAS; Tratamento agudo: Tromboembolismo agudo: heparinização inicial (heparina de baixo peso molecular) + posterior indução de cumarínicos, sobrepondo as duas medicações até que se obtenham 2 INR dentro da faixa terapêutica (em dois dias consecutivos). Tratamento crônico: Anticoagulação por tempo indeterminado por meio de cumarínicos (ex: warfarin), cujo efeito anticoagulante deve ser monitorado pelo INR. Dosar em 2 ocasiões, com intervalo de pelo menos 12 semanas entre elas! ESCLERODERMIA - Mulher de meia-idade (30-50a); - Mais comum em negros (+ grave e + precoce); - Índicos Choctaw (Oklahoma): prevalência 20x maior; - FAN (+) em 90-95% dos casos; - Os Acs atacam e se fixam ao tecido, levando à destruição tecidual -> processo cicatricial, fibrose. ETIOLOGIA Há predisposição genética: 1,6% parentes de 1° grau 4,7% gêmeos monozigóticos Provavelmente poligênica Fatores de risco: Exposição à sílica PVC, epóxi, hidrocarb aromáticos CMV? Parvovírus B19? FISIOPATOLOGIA - Teoria da vasoconstrição: a destruição tecidual se deve à uma vasoconstrição devido a fixação dos Acs ao tecido.; - O marco da esclerodermia são os acometimentos de esôfago, rim, pulmão e pele. QUADRO CLÍNICO ESÔFAGO Refluxo/Disfagia; ESTÔMAGO Gastroparesia, ectasia vascular antral (estômago em ‘’melancia”) DELGADO Supercrescimento bacteriano, má absorção, pseudo-obstrução. RIM Crise renal: a vasoconstrição difusa leva à ativação exacerbada do sistema R-A- A, hiperaldosteronismo secundário progressivo, gerando crise hipertensiva; PA, oligúria, anemia hemolítica microangiopática; Desencadeante: uso de glicocorticoides!!! TTO: IECA (‘’pril’’); PULMÃO Alveolite com Fibrose: - Tratar na fase da alveolite (TC: vidro fosco): TTO imunossupressão; Hipertensão Pulmonar - PAP média > 25 mmHg, com PCAP < 15 mmHg - Fatores de risco: idade avançada, Raynaud grave, forma cutânea limitada, Anti-centrômero + - Dispneia progressiva, angina, cor pulmonale - Dx: ECO (PSAP > 40mmHg) + confirmar com cateterismo, provas de função respiratória (diminuição de monóxido de carbono) *BNP útil para screening e acompannhamento Doença Intersticial Pulmonar - Principal causa de morte - Fatores de risco: homem, negros, forma cutânea difusa, DRGE grave, Anti- Scl 70 + - Dispneia progressiva, tosse seca, estertores em velcro - Dx: provas de função respiratória (padrão restritivo), TC com infiltrado reticulonodular subpleural, lavado broncoalveolar, Bx (padrão + comum = PNM intersticial inespecífica), níveis séricos de KL-6 (acompanhamento). * Principal sintoma: dispneia progressiva aos esforços PELE Fibrose bilateral e simétrica, sempre inicia distal e progride proximal - há queda de pelos, anidrose e perda de óleos protetores - fases avançadas: fixação ao subcutâneo, com perda de rugas/expressão e contraturas nas extremidades Esclerodactilia - Espessamento; mão em garra. Fácies de esclerodermia - Microstomia; afinamento do nariz. Calcinose - Cálcio no tecido subcutâneo Telangiectasia - Dilatação vascular Fenômeno de Raynaud (alt. trifásica transitória da cor dos dedos), pode afetar pés, ponta do nariz e lóbulo da orelha. - Capilaroscopia do Raynaud 2° = rarefação de capilares, com dilatação e distorção dos capilares remanescentes. MUSCULOESQUELÉTICO Atrito tendíneo e sd do túnel do carpo - Forma cutânea difusa, mau prognóstico Bloqueio articular - Pela fibrose cutânea extensa, raro artrite Fraqueza muscular - Desuso, desnutrição, fibrose estágio avançado Acro-osteólise - Acompanha Raynaud grave, pode afetar mandíbula, costela e clavícula. OUTRAS MANIFESTAÇÕES Sd, seca (fibrose glandular) Hipotireoidismo (fibrose glandular) Neuropatia do trigêmeo (vasculopatia + fibrose) Disfunção erétil (vasculopatia + fibrose) Gravidez de risco (há aumento de descompensação cardiopulmonar) FORMAS CLÍNICAS CUTÂNEA DIFUSA Antitopoisomerase I (anti-Scl 70) Lesão cutânea rápida – distal para proximal, atinge tórax Fase edematosa e fase fibrótica (em semanas ou meses) Raynaud com início próximo à lesão cutânea + queixas osteoarticulares (ex: sd túnel do carpo, atrito tendíneo) Envolvimento precoce e intenso de órgãos internos: crise renal; alveolite/fibrose pulmonar Os primeiros 4 anos são críticos! É a forma de pior prognóstico. CUTÂNEA LIMITADA Anticentrômero (poupa centro do corpo); Lesão cutânea insidiosa – distal: cotovelos e joelhos, e acima das clavículas, não atinge tórax; Raynaud antecede lesão cutânea em anos (+ grave, faz isquemia crítica e gangrena); Envolvimento tardio de órgãos internos; Sd. CREST (calcinose, raynaud, esôfago; sclerodactyly, telangiectasias) e hipertensão pulmonar! VISCERAL (<5%) DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DX: clínica + Acs (Anti-Scl-70 ou Anti- centrômero) + capilaroscopia do leito ungueal TTO: Tratar complicações (Raynaud, rim, esôfago, alveolite...) *Critérios ACR-EULAR 2013 1) Avaliar critérios de exclusão: espessamento cutâneo que poupa os dedos; outra doença que explique melhor os sintomas; 2) Verificar critério patognomônico: espessamento cutâneo nos dedos com extensão proximal às MCPF 3) Aplicação do escore a partir das principais manifestações. ESCLERODERMIA LOCALIZADA - As crianças são o grupo predominante; - Não há fenômeno de Raynaud; - Não há lesão de órgãos internos; - Os dedos costumam ser poupados; - Morfeia circunscrita, Morfeia pan- esclerótica ou Esclerodermia linear (lesão em golpe de sabre ou não). Miopatias Inflamatórias Idiopáticas POLIMIOSITE E DERMATOMIOSITE - Mulher; 30-50 a; (1) Fraqueza muscular - Simétrica e proximal (*poupa face/olhos) - Disfagia e Disfonia (2) Doença Pulmonar Intersticial - Anti-Jo1 (antissintetase) (3) Outras... - Artrite - Raynaud DIFERENÇAS (1) HISTOPATOLOGIA Polimiosite: lesão muscular direta (imunidade celular); Dermatomiosite: lesão vascular direta (imunidade humoral). (2) CUTÂNEAS (Apenas em Dermatomiosite) - Pápulas de Gottron (pápula violácea sobre articulações) PATOGNOMÔNICO - Heliótropo (erupção violácea em pálpebra superior) PATOGNOMÔNICO - Rash malar (pega sulco nasolabial) - Rash em V (sinal do manto) - Mão do mecânico (fissura e descamação na região lateral dos dedos) (3) NEOPLASIA (Dermatomiosite: risco 3x maior) - Mama / ovário / melanoma / cólon / pulmão. DIAGNÓSTICO Enzimas musculares (CPK) Eletroneuromiografia (miopatia) Biópsia muscular * Dermatomiosite: não há necessidade de biópsia caso haja alteração cutânea específica (Gottron, heliótropo). TRATAMENTO (1) Fotoproteção (dermatomiosite) (2) Corticoide em dose alta (imunossupressão) + Azatioprina ou Metotrexate (poupadores de uso permanente de corticoide) (3) Imunoglobulina (refratários) DERMATOMIOSITE JUVENIL - < 16 anos + Calcinose!MIOSITE POR CORPÚSCULOS DE INCLUSÃO - Homem > 50 anos; - Fraqueza distal, de modo assimétrico; - Baixa resposta ao corticoide. DOENÇA MISTA DO TECIDO CONJUNTIVO - Características dos vários tipos de colagenoses; - Anti-RNP (Ac específico) - FAN padrão salpicado; - Mulheres 16:1, início entre 2ª e 3ª décadas. QUADRO CLÍNICO Início geralmente inespecífico: Febre, mal-estar, mialgia, artralgia.... (depois surgem manifestações sugestivas de uma colagenose específica. As alterações são sequenciais e cumulativas – leva anos até a expressão clínica completa! Ex: esclerose sistêmica progressiva (CREST) LES e/ou dermatomiosite. Sd. clássica inicial da doença mista do teciso conjuntivo = Raynaud + Puffy Fingers + Mialgia Algumas peculiaridades: - Ausência de lesões graves em rim e SNC; - Artrite mais intensa que no LES (deformante); - Ausência dos autoanticorpos específicos de esclerose sistêmica progressiva; - reagentes de fase aguda + ‘’hipergama’’ policlonal; - Lesão renal + comum: GN membranosa; - Lesão neurológica + comum: neuropatia do trigêmeo; - Principal causa de morte: hipertensão pulmonar. DIAGNÓSTICO Critério sorológico: Anti RNP em título >1:1.600 na hemaglutinação Critérios clínicos (pelo menos 3): Edema de mãos, sinovite, miosite, Raynaud, acroesclerose (esclerodermia distal). com ou sem esclerose proximal *sinovite ou miosite devem estar presentes! TTO E PROGNÓSTICO Droga de escolha = glicocorticoide; Doença grave: Altas doses (glicocort.) + citotóxicos. Em geral, responde bem à corticoterapia, o que torna o prognóstico melhor que o das demais colagenoses.
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