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Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação

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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E
FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
Prof. Me. Flávio Donizete Batista
Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
Douglas Crivelli
Revisão Textual
Leandro Vieira
Web Designer
Thiago Azenha
FATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
FATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro 
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
FATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
FATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Fundamentos Históricos e 
Filosóficos da Educação. 
Flávio Donizete Batista
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2018. 185 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária 
Zineide Pereira da Silva.
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock e 
Freepik.com
PALAVRA DA DIREÇÃO
Prezado Acadêmico(a),
É com muita satisfação que inauguramos um novo mundo de oportunidades e 
expansão de nossa instituição que estrapolam os limites físicos e permite por 
meio da tecnolgias digitais que o processo ensino educação ocorra de formas 
ainda mais dinâmicas e em consonância com o estilo de vida da sociedade 
contemporânea. 
Empregamos agora no Ensino a Distância toda a dedicação e recursos para 
oferecer a você a mesma qualidade e excelência que virou a marca de nosso 
grupo educanional ao longo de nossa história. 
Queremos lembrar a você querido aluno, que a Faculdade Fatecie nasceu do 
sonho de um grupo de professores em contribuir com a sociedade por meio da 
educação. Motivados pelo desafio de empreender, tornaram o sonho realidade 
com a autorização da faculdade fatecie no ano de 2007. Desde o princípio a 
fatecie parte da crença no sonho coletivo de construção de uma sociedade 
mais democrática e com oportunidades para todos, onde a educação prepara 
para a cidadania de qualidade. 
Toda dedicação que a comunidade acadêmica teve ao longo de nossa história 
foi reconhecido ao conquistarmos por duas vezes consecutivas o título de 
Faculdade Número 1 do Paraná. Um feito inédito para paranavaí e toda 
região noroeste. No ranking, divulgado pelo mec em 2014 e 2015, a Fatecie 
foi destaque como a faculdade melhor avaliada em todo o estado. Posição 
veiculada em nível nacional pela Revista Exame e Folha de São paulo, 
apontando a Fatecie como a 1ª colocada no Paraná.
Essas e outras conquistas que obtivemos ao longo dos nossos 10 anos de 
história tem como base a proposta global da faculdade fatecie, que consiste 
em criar um ambiente voltado para uma abordagem multidisciplinar, crítica e 
reflexiva, onde se desenvolvem as atividades ensino, pesquisa e extensão. 
Para isso, a Fatecie conta com um corpo docente composto, em sua maioria, 
por professores com mestrado e doutorado e com ampla experiência 
profissional nas mais diversas áreas do mercado e da educação. 
Seja bem-vindo!
Direção 
Faculdade Fatecie
A
U
T
O
R
Prof. Me. Flávio Donizete Batista
O Professor Flávio Donizete Batista possui graduação em 
Filosofia pela Universidade do Sagrado Coração (1999), 
graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário 
Internacional UNINTER (2017), e mestrado em Educação pela 
Universidade Estadual de Londrina (2003). 
Atualmente é Coordenador Auxiliar do Curso de Pedagogia 
da FATECIE - Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte 
do Paraná e professor na área de Filosofia nos cursos de 
Pedagogia, Psicologia, Administração e Ciências Contábeis. 
Professor efetivo da Secretaria de Estado da Educação do 
Estado do Paraná, tendo aprovação em dois concursos 
públicos. 
Tem experiência na área de Educação, com ênfase em 
Educação e Filosofia, atuando principalmente nos seguintes 
temas: educação, ética, docência, ensino-aprendizagem e 
relação pedagógica.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4266799322940706
APRESENTAÇÃO
Seja bem vindo prezado aluno, prezada aluna!
Iniciamos o estudo da disciplina de Fundamentos Históricos e Filosóficos 
da Educação, envolvendo as relações entre as áreas da História, Filosofia e 
Educação. 
O estudo desses fundamentos nos ajudará a perceber que a 
educação não é um fenômeno neutro, mas sim o contrário, possuindo uma 
intencionalidade. Poderemos identificar diferentes conceitos de educação 
e ainda, compreender que a educação não é uma prerrogativa da escola, 
e que ela ocorre em diferentes espaços sociais. Trata-se de um estudo com 
necessária atitude crítica, filosófica.
Queremos, ao final do estudo, compreender a educação como uma 
atividade humana implicada em concepções teóricas e compreendida como 
uma prática social, totalmente integrada àquilo que a sociedade deseja e 
espera de seu presente e de seu futuro.
Mãos à obra. Um excelente estudo para todos!
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
07 | Fundamentos da Educação
CAPÍTULO 2
16 | Educação e Sociedade
CAPÍTULO 3
24 | Breve Apresentação da Educação na Antiguidade Grega e na
 Iade Média
CAPÍTULO 4
33 | Breve Apresentação da Educação a Partir da Modernidade
PÁGINA 7
CAPÍTULO
1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Objetivos da aprendizagem:
• Estabelecer conceitos de história, filosofia e educação.
• Apresentar a relação entre educação, história e filosofia.
• Compreender a importância da reflexão sobre os fundamentos da 
educação.
Plano de Estudo:
• Na busca de conceitos.
• Educação e processo histórico. 
• Relação entre educação e filosofia.
PÁGINA 8
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Estudar os Fundamentos da Educação é fazer uma análise dos 
pressupostos que nos ajudarão a compreender o campo educacional, tendo 
por referência os conhecimentos históricos e filosóficos produzidos em 
diferentes contextos. 
A relação entre Educação, História e Filosofia precisa ser significada, 
atitude essa que deve ser crítica, filosófica. Ou seja, que nos perguntemos 
sobre as maneiras pelas quais nos relacionamos com coisas, pessoas 
e situações em nossa vida, assumindo uma postura indagadora e 
problematizadora, que não se limite ao senso comum, ultrapassando aquela 
aceitação tácita de evidências sobre as quais nunca perguntamos porque nos 
parecem naturais, óbvias (CHAUÍ, 2000, p. 8).
1. Na busca dos conceitos
Os fundamentos filosóficos e históricos da educação nos ajudam 
a compreender o fenômeno da educação na sociedade moderna em que 
vivemos, encontrando relações entre os diferentes períodos históricos e 
concepções de pensamento e a realidade em que estamos inseridos. 
No estudo dos fundamentos, precisamos inicialmente discutir os 
conceitos de educação, história e filosofia da educação. E para isso, podemos 
começar a pensar a respeito fazendo uma análise etimológica dessas palavras.
Educação é uma palavra que apresenta diferentes significados. 
Etimologicamente, de origem latina, vem dos termos educare, que significa 
amamentar, criar, alimentar, e educere, que significa conduzir para fora, 
direcionar para fora, fazer sair, modificar, tirar de. Temos assim duas 
possibilidades de entender a educação: de um lado, a ideia de conduzir, 
encaminhar, direcionar, preparar; por outro lado, a ideia de ofertar, 
disponibilizar a, alimentar, ajudar crescer.
Em todo caso, a educação não pode ser pensada como um 
simples processo de transmissão das heranças dos antepassados, pois 
os processos humanos são dinâmicos e variáveis, através dos quais são 
criadas possibilidades de gestar o novo, romper com o velho, de acordo 
com a organização e funcionamento das sociedades. Não se limitando a 
mera transmissão de conhecimentos, a educação precisa ser compreendida 
como um instrumento de crítica de valores, crenças e concepções existentes 
(ARANHA, 1996).
Para entender a noção de história e sua relação coma educação, 
é importante trazer a origem do termo história, que tem relação com o 
grego historie, que significa conhecer pela investigação. História pode ser 
compreendida então como a ciência que investiga os fatos e processos 
ocorridos no passado da humanidade, em vistas à compreensão do presente. 
E quando falamos de história da educação, entendemos o estudo de como os 
PÁGINA 9
indivíduos e sociedades organizaram a ação de educar, nas diferentes épocas 
e lugares.
Procuramos conceituar educação e história. Cabe-nos agora apresentar 
uma definição de filosofia que nos ajude a relacioná-la com os fundamentos 
da educação. Diz Luckesi que, sendo a educação uma prática humana 
direcionada por uma determinada concepção teórica, esta prática está 
articulada com uma pedagogia, que nada mais é do que uma concepção 
filosófica da educação. “Tal concepção ordena os elementos que direcionam 
a prática educacional” (LUCKESI, 2001, p. 21). Temos aqui um indicativo de 
uma definição de filosofia que, mesmo partindo dele, vai além de seu sentido 
etimológico (filo: amizade, amor a; sofia: sabedoria). Ou seja, o amigo da 
sabedoria, o filósofo, é aquele que busca o sentido da própria existência. E em 
nossa reflexão, busca o sentido da própria educação.
2. Educação e processo histórico
 O senso comum permeia nossa forma de compreender o mundo em que 
estamos inseridos. Num primeiro momento não buscamos fazer uma reflexão 
mais aprofundada sobre os porquês de pensarmos e agirmos de determinadas 
maneiras. Temos a crença de que as coisas acontecem ou por si mesmas, ou 
porque seguem um plano superior pré-estabelecido. Assim, não estabelecemos 
conexões que podem explicar quem somos e como somos.
 Precisamos superar essa forma acrítica de compreender a realidade, 
indo além de uma atitude de mera absorção das ideias dominantes e 
alicerçadas pelo senso comum. Buscando através da reflexão filosófica 
a apreensão de sua realidade, participando inclusive da construção do 
conhecimento que alicerce esta reflexão seremos sujeitos de nossa própria 
existência. 
 Isso somente será possível se entendermos que o ser humano se 
constrói a partir de sua própria existência no decorrer da história. A própria 
concepção de história não pode ser a de um amontoado de fatos de um 
passado distante, mas precisa configurar-se como um processo em constante 
transformação, no qual o passado, o presente e o futuro estão intimamente 
imbricados e referenciados. 
 O ser humano é um ser social que não vive e sobrevive sozinho no 
mundo e isolado em sua individualidade. Pelo contrário, é somente através 
das diferentes interações, abrangentes ou nem tanto, com os outros seres que 
ele consegue sobreviver. Desde o início dos primeiros agrupamentos simples 
até as comunidades atuais complexas, os homens constroem relações entre 
si que possam garantir a sua existência material. São estabelecidas relações 
econômicas, sociais e culturais, no qual o trabalho é a fonte produtora dos 
recursos materiais necessários para a sobrevivência humana.
PÁGINA 10
3. Relação entre educação e filosofia
A filosofia, segundo Luckesi (2001, p. 22), é um corpo de conhecimento 
constituído a partir do esforço humano de compreender seu mundo e dar-
lhe um sentido, um significado compreensivo. O homem tem um conjunto de 
coerente e organizado de entendimentos sobre a realidade, que expressam o 
entendimento de se tem do mundo, a partir de desejos, anseios e aspirações.
A educação é uma atividade humana caracterizada fundamentalmente 
por uma preocupação, por uma finalidade a ser atingida. Segundo Luckesi, 
temos:
A educação dentro de uma sociedade não se manifesta 
como um fim em si mesma, mas sim como um instrumento 
de manutenção ou transformação social. Assim sendo, ela 
necessita de pressupostos, de conceitos que fundamentem e 
orientem os seus caminhos. A sociedade dentro da qual ela 
está deve possuir alguns valores norteadores de sua prática.
Não é nem pode ser a prática educacional que estabelece os 
seus fins. Quem o faz é a reflexão filosófica sobre a educação 
dentro de uma dada sociedade (2001, p. 30).
As relações entre Educação e Filosofia são indissociáveis: a educação 
trabalha com o desenvolvimento das crianças e das novas gerações de 
uma sociedade, e a filosofia é a reflexão sobre o que e como devem ser ou 
desenvolver estas crianças e esta sociedade. Filosofia e educação são dois 
fenômenos que estão presentes nas sociedades. Uma como interpretação 
teórica das aspirações, desejos e anseios de um grupo humano, a outra como 
instrumento de veiculação dessa interpretação (LUCKESI, 2001, p. 31-32).
A filosofia fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual 
está situada, sobre o educando, o educador e para onde esses elementos 
podem caminhar. Não há como se processar uma ação pedagógica sem uma 
correspondente reflexão filosófica. Quando não se reflete sobre a educação, 
ela se processa dentro de uma cultura cristalizada e perenizada, como se nada 
mais pudesse ser descoberto em termos de interpretação do mundo. E essa 
interpretação passa a ser a única possível, que vamos aceitar sem questionar, 
sem buscar novos sentidos e novas interpretações de acordo com os novos 
anseios que possam ser detectados no seio da vida humana (LUCKESI, 2001, 
p. 32-33).
A reflexão filosófica sobre a educação é que dá o tom à pedagogia, 
garantindo-lhe a compreensão dos valores que, hoje, direcionam a prática 
educacional e dos valores que deverão orientá-las para o futuro. Assim, não 
há como se ter uma proposta pedagógica sem pressuposições (no sentido de 
fundamentos) e proposições filosóficas, desde que tudo o mais depende desse 
direcionamento.
PÁGINA 11
#SaibaMais
Pequeno vocabulário etimológico (quase todas as referências são latinas):
- Aluno – alumnus: criança nutrida no peito. Daí pupilo, discípulo.
- Aprender – apprehendere: agarrar, apanhar, segurar, apoderar-se. Daí tomar 
conhecimento de, prender na memória.
- Educar – a) educare: criar, amamentar; b) educere: levar para fora, fazer sair, 
tirar de; dar à luz, produzir. Daí conduzir de um estado a outro, modificar.
- Ensinar – insignire: assinalar, distinguir, colocar um sinal, mostra, indicar. Daí 
indicar o caminho para aprender.
- Instrução – instructio: construção, edificação.
- Mestre – magister: o que comanda, dirige, conduz.
- Pedagogo – do grego paidagogós (pai, paidos: criança e agogós: guia, 
condutor): escravo que acompanhava as crianças à escola; depois, mestre, 
preceptor.
- Saber – sapere: ter sabor, agradar a paladar; saber, conhecer, aprender.
- Texto – textum: tecido, pano; obra formada por várias partes reunidas.
(ARANHA, 1996).
REFLITA
Discutimos sobre a importância da história e da filosofia na compreensão 
da educação. Pense em que o estudo lhe ajudou a mudar o modo como você 
vê a história e a filosofia. Como você encarava a história e a filosofia e qual 
sua visão agora? Analise como você e as pessoas de sua convivência falam da 
filosofia e da história.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentadas as primeiras considerações sobre os Fundamentos da 
Educação, e discutindo a importância da história e da filosofia na compreensão 
da educação, pudemos perceber que a educação poderá ser melhor entendida 
se buscarmos identificar seus pressupostos e encontrarmos aqueles que são 
seus fundamentos, uma vez que a educação está vinculada no tempo e no 
espaço. 
Vamos agora prosseguir nosso estudo, abordando a educação como 
uma prática fundamental da existência histórico-cultural dos homens. Este será 
o tema de nossa próxima unidade. Vamos lá.
PÁGINA 12
LEITURA COMPLEMENTAR
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Dermeval Saviani
 No que diz respeito à História da Educação, verifica-se fenômeno 
semelhante: a História, por obra da hipertrofia da primeira palavra da locução, 
acaba por não ser compreendida, o seu significado acaba por não ser 
explicitado claramente; assim, a História acaba sendo absorvida no sentido 
tradicional de sequência de fatos ou sequênciade ideias, resumindo-se a uma 
mera cronologia. 
 Ao se reduzir a História a uma sequência de fatos ou de ideias, ocorre 
aí um agravante maior: tais fatos (ou ideias) acabam por se resumir naquilo 
que eu chamaria de “fatos de supra-estrutura”, isto é, aqueles fatos que se 
evidenciam mas que não explicam o processo histórico concreto, sendo, ao 
contrário, explicados pelo processo histórico concreto. Em consequência, 
o ensino da História, em lugar de explicitar o mencionado processo, apenas 
expõe os fatos de supra-estrutura, resultando, daí, o caráter insípido de que 
se reveste esse tipo de ensino. E a História, à semelhança da Filosofia, acaba 
por se tornar, também ela, uma disciplina “chata”, uma vez que será necessário 
reter uma série grande de fatos (ou de ideias) geralmente desprovidos de 
sentido; assim, a memorização acaba sendo o recurso de que o aluno (e por 
vezes o professor) lança mão para se situar em face do problema da História. 
 Usando de uma imagem, poderíamos descrever o processo histórico por 
analogia como teatro. 
 No cenário da História temos os atores e os autores da História, do 
mesmo modo que numa peça teatral temos os atores e o autor da peça. O 
autor não aparece; no entanto, a obra é sua e os atores representam aquele 
papel que lhes foi designado na trama da peça, trama essa que é obra do autor 
da peça. Para os espectadores, os atores estão em evidência e são por vezes 
cultuados, surgindo como ídolos. Em contrapartida, os autores estão ocultos 
nos bastidores, ficando, geralmente, na penumbra, quando não são totalmente 
esquecidos. 
 Na Historiografia temos, pois, o seguinte fenômeno: os fatos de 
bastidores que são os fundamentais, dado que nos permitiriam compreender 
o que está acontecendo, tais fatos não são explorados suficientemente, 
enquanto que os fatos de supra-estrutura (ligados à imagem dos atores) são 
mencionados numa sequência cronológica sem que se entenda bem porque 
em determinado momento quem esteve em evidência foi este ator e não 
outro e que papel representava este ator; quer dizer, que forças ele estava 
representando, forças essas que nos permitiriam compreender qual a matriz 
básica daquele momento histórico. Dessa forma, a Historiografia tende a se 
resumir na apresentação de uma série de nomes, fatos e datas e o recurso 
para se reter esses dados terá que ser a memorização mecânica, uma vez que 
a compreensão da trama da História se perde. 
PÁGINA 13
 Ora, a compreensão da trama da História só será garantida se 
forem levados em conta os “dados de bastidores”, vale dizer, se se examina 
a base material da sociedade cuja história está sendo reconstituída. Tal 
procedimento supõe um processo de investigação que não se limita àquilo 
que convencionalmente é chamado de História da Educação, mas implica 
investigações de ordem econômica, política e social do país em cujo seio se 
desenvolve o fenômeno educativo que se quer compreender, uma vez que é 
esse processo de investigação que fará emergir a problemática educacional 
concreta. 
 Na medida em que nós, professores de História da Educação, 
assumimos essa atitude de investigação; na medida em que nós, em face dos 
alunos, estimulamos esta mesma atitude, eis como estaremos contribuindo 
efetivamente para o avanço do campo do conhecimento que constitui a História 
da Educação e, no nosso caso específico, para o desenvolvimento da História 
da Educação Brasileira.
SAVIANI, Dermeval. 
Educação: do senso comum à consciência filosófica. 
São Paulo: Cortez, 1980, p. 37-38.
PÁGINA 14
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Introdução ao Pensar
Autor: Arcângelo R. Buzzi.
Editora: Vozes.
Sinopse: Este livro é um convite e 
estímulo ao pensamento, partindo de 
temas comuns da filosofia. Ilustrado 
com citações de muitos pensadores, 
leva o leitor a pensar os fenômenos 
do dia-a-dia.
FILME
Título: 
O Show de Truman – O Show da Vida
Ano: 1998.
Sinopse:
No filme, o personagem Truman 
participa de um reality show e não 
sabe. Ele nem imagina que está sendo 
televisionado e que tudo na sua vida é 
ilusório.
Temas: Ideologia e alienação.
Ajuda na reflexão sobre o sentido da 
vida e da realidade em que estamos 
inseridos.
PÁGINA 15
WEB
Portal Brasileiro de Filosofia: http://filosofia.pro.br
Há muitas produções acadêmicas com foco na temática Filosofia e História 
da Educação que podem ser encontradas no repositório das reuniões da 
Associação nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED). 
Acesse endereço e descubra: htpp://www.anped.org.br
REFERÊNCIAS
ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2.ed. São Paulo: 
Moderna, 1996.
ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. História da Educação. 2.ed. São Paulo: 
Moderna, 1996.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 3.ed. São Paulo: Ática, 2000. 
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. 16.Reimp. São Paulo: 
Cortez, 2001.
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 
São Paulo: Cortez, 1980.
PÁGINA 16
CAPÍTULO
EDUCAÇÃO E
SOCIEDADE2
Objetivos de Aprendizagem:
• Discutir a relação entre educação e sociedade, mostrando sua 
indissociabilidade.
• Discutir o papel da educação como redentora, reprodutora e transformadora.
Plano de Estudo:
• Cultura, trabalho e educação.
• Educação e sociedade.
PÁGINA 17
NTRODUÇÃO DA UNIDADE
Olá, prezado aluno. Olá, prezada aluna.
Na unidade anterior estudamos alguns conceitos e apresentamos a 
relação entre história, filosofia e educação, mostrando o quanto estas áreas 
são indissociáveis. Vamos agora avançar um pouco mais, nos perguntando: 
qual o sentido da educação como um todo, dentro de nossa sociedade? Sendo 
a educação marcada por conceitos, valores e finalidades que a norteiam, 
precisamos saber sobre seu sentido e valor na e para a sociedade.
Perguntar sobre o sentido e valor da educação nos ajudará a perceber 
que ela é uma prática fundamental da existência histórico-cultural da 
humanidade, e é nesse contexto que ela precisa ser abordada. Sentido e valor 
estão intimamente relacionados com os elementos históricos e culturais do 
ambiente em que a educação se realiza. 
Entender o que é cultura apresenta-se como uma necessidade 
importante nesse momento.
1. Cultura, trabalho e educação 
Podemos definir cultura como o resultado de tudo o que o homem 
produz para construir sua existência. Antropologicamente, cultura é tudo o que 
o homem faz, seja material ou espiritual, seja pensamento ou ação. A cultura 
exprime as variadas formas pelas quais os homens e mulheres estabelecem 
relações entre si e com a natureza: construções, atividades, técnicas, leis, 
costumes, punições e crenças. 
A ação do homem sobre a natureza e sobre si mesmo é totalmente 
diversa, por exemplo, daquilo que o animal faz: sua atividade está totalmente 
determinada pelo seu biológico, que lhe permite adaptar-se ao meio em que 
vive, não sendo livre para agir diferente daquilo que está em sua própria 
natureza. O homem, por sua vez, mesmo reproduzindo técnicas usadas 
por outros homens e inventando outras, é capaz de realizar uma verdadeira 
experiência humana, pela qual sua vivência do aqui e do agora pode ser 
superada, passando a existir no tempo.
A transformação que o homem faz na natureza chama-se trabalho, que 
tem por características ser uma atividade transformadora, intencional e dirigida 
por finalidades conscientes. A cultura, por sua vez, é o que resulta do trabalho 
humano. A transformação realizada pelos instrumentos, as ideias que tornam 
possível essa transformação e os produtos que dela são resultantes: tudo isso 
é cultura.
Vale lembrar que essa ação humana transformadora não é solitária. Mas 
social, uma vez que os homens e mulheres, ao se relacionarem para produzir 
sua própria existência, desenvolvem condutas sociais, a fim de atender às 
necessidades do grupo (ARANHA, 1996, p.16).
 A natureza modificada pelo trabalho humano não é apenas a do mundo 
PÁGINA 18
exterior, mas também a da individualidade humana, pois nesse processo ohomem se autoproduz, isto é, faz a si mesmo homem.
O humano se faz, por um lado, com a sociedade exercendo sobre ele 
um efeito modelador, a partir do qual é construída uma determinada visão de 
mundo; e por outro, cada um elaborando e interpretando a herança recebida na 
sua perspectiva individual, modificando-a. Nenhuma sociedade é imutável: em 
maior ou menor grau, a mudança acontece, numa dinâmica entre a tradição, a 
ruptura, a herança e a renovação.
Toda essa dinâmica só é possível através da transmissão dos 
conhecimentos adquiridos de uma geração para outra, permitindo a 
assimilação dos modelos de comportamentos valorizados por uma determinada 
sociedade. É a educação que mantém viva a memória de um povo e dá as 
condições para sua sobrevivência material e espiritual.
A educação é, portanto, fundamental para a socialização do homem 
e sua humanização. Trata-se de um processo que dura a vida toda e não se 
restringe à mera continuidade da tradição, pois supõe a possibilidade de 
rupturas pelas quais a cultura se renova e o homem faz história.
2. Educação e sociedade
Retomemos as duas questões apresentadas na introdução desta 
unidade: qual o sentido da educação como um todo, dentro de nossa 
sociedade? Sendo a educação marcada por conceitos, valores e finalidades 
que a norteiam, precisamos saber sobre seu sentido e valor na e para a 
sociedade. As respostas a essas perguntas nos ajudarão a compreender a 
educação e seu direcionamento.
Uma resposta possível é que a educação é responsável pela direção da 
sociedade, uma vez que ela é capaz de conduzir a vida social, salvando-a da 
situação em que se encontra. Outra resposta aponta para a educação como 
reprodutora da sociedade como ela está. Há ainda uma terceira resposta que 
afirma a educação ser uma instância mediadora de uma forma de entender 
e viver a sociedade: a educação nem salva nem reproduz a sociedade, mas 
pode servir de meio para alcançar uma nova concepção de sociedade. 
Tais respostas podem ser expressas nos seguintes conceitos: educação 
como redenção; educação como reprodução; e educação como meio para 
transformar a sociedade (LUCKESI, 2001, p. 37). Saviani (1994) nomeia esses 
conceitos de outra forma, na mesma ordem: teorias não-críticas da educação; 
teorias crítico-reprodutivistas da educação; e teorias críticas da educação.
A educação como redenção da sociedade ou teorias não-críticas da 
educação trata-se de uma concepção que vê a sociedade como um conjunto 
de seres humanos que forma um todo orgânico e harmonioso, em que os 
desvios apresentados por grupos ou indivíduos são posicionados à margem 
desse todo. A educação está fora da sociedade, com a função de manter a 
ordem e o equilíbrio, promovendo a coesão social (LUCKESI, 2001, p. 38).
PÁGINA 19
A segunda tendência de interpretação, a da educação como reprodução 
da sociedade, ou teorias crítico-reprodutivistas, afirma que a educação faz, 
integralmente, parte da sociedade e a reproduz. A educação está a serviço 
da sociedade, não corrigindo suas falhas, mas reproduzindo-a no seu modo 
vigente, perpetuando-a, se for possível. A diferença entre essas tendências é 
que, enquanto a primeira atua sobre a sociedade como uma instância corretora 
dos seus desvios, tornando-a melhor e mais próxima do modelo de perfeição 
e harmonia idealizado, a segunda entende a educação como um elemento da 
própria sociedade, determinada por seus condicionantes econômicos, sociais e 
políticos, ou seja, a serviço dessa mesma sociedade e de seus condicionantes 
(LUCKESI, 2001, p. 41).
A terceira tendência apresenta a educação como um meio de 
transformar a sociedade, ou teoria crítica. A educação seria como mediação de 
um projeto social. Ela nem redime nem reproduz a sociedade, mas serve de 
meio, ao lado de outros meios, para realizar um projeto de sociedade; projeto 
que pode ser conservador ou transformador. Essa tendência não coloca a 
educação a serviço da conservação, mas pretende demonstrar que é possível 
compreender a educação dentro da sociedade, com os seus condicionantes, 
mas com a possibilidade de trabalhar pela sua democratização (LUCKESI, 
2001, p. 48).
Podemos perceber que cada tendência tem sua disposição diante da 
educação. Luckesi escreve:
A tendência redentora é otimista em relação ao poder da 
educação sobre a sociedade, a tendência reprodutivista é 
pessimista, no sentido de que sempre será uma instância 
a serviço do modelo dominante da sociedade. [...] Uma 
reconhece que a educação é a instância que corrige os desvios 
do modelo social; outra reconhece que a educação reproduz o 
modelo social. [...] Assim sendo, esta terceira tendência poderá 
ser denominada de “crítica” tanto na medida em que não cede 
ao ilusório otimismo, quando na medida em que interpreta a 
educação dimensionada dentro dos determinantes sociais, com 
possibilidades de agir estrategicamente (2001, p. 49).
As três tendências filosóficas de interpretação da educação redundam 
em formas de agir, politicamente, no contexto da prática pedagógica. A 
tendência redentora propõe uma ação pedagógica otimista, do ponto de vista 
político, acreditando que a educação tem poderes quase que absolutos sobre 
a sociedade. A tendência reprodutivista é crítica em relação à compreensão 
da educação na sociedade, porém pessimista, não vendo qualquer saída 
para ela, a não ser submeter-se aos seus condicionantes. Por último, a 
tendência transformadora, que é crítica, recusa-se tanto ao otimismo ilusório, 
quanto ao pessimismo imobilizador. Por isso, propõe-se compreender a 
educação dentro de seus condicionantes e agir estrategicamente para sua 
transformação. Propõe-se desvendar e utilizar-se das próprias contradições da 
PÁGINA 20
sociedade, para trabalhar realisticamente (criticamente) pela sua transformação 
(LUCKESI, 2001, p. 51).
#SaibaMais
Um exemplo de entendimento da educação como redentora da 
sociedade encontra-se na obra Didática Magna: tratado da Arte Universal de 
Ensinar Tudo a Todos, de Comênio, publicada em 1657.
Diversos pensadores desenvolveram a perspectiva pessimista da 
educação, tendo destaque as ideias de Louis Althusser, no livro Ideologia 
e aparelhos ideológicos do Estado. Nessa obra, a partir de pressupostos 
marxistas, o autor empreende um estudo sobre o papel da escola como um dos 
aparelhos do Estado, como uma das instâncias da sociedade que veicula a sua 
ideologia dominante, para reproduzi-la.
O pedagogo francês Georges Snyders (1916) foi o primeiro a usar 
a expressão pedagogia progressista, título de um livro no qual se propôs 
a pensar uma teoria que superasse a escola tradicional e a escola nova. 
Dentro de uma perspectiva dialética, são negados os aspectos conservadores 
da escola tradicional, bem como os excessos da escola nova, sendo depois 
recuperados em nível superior (ARANHA, 1996, p. 214). 
 
REFLITA
Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses 
sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la 
e o seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu Eu e as suas circunstâncias.
Paulo Freire, no livro Educação e Mudança, publicado pela Paz e Terra, 
em 1983, no Rio de Janeiro.
PÁGINA 21
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos nesta unidade a relação existente entre educação e sociedade, 
ficando muito claro que a educação está contextualizada dentro de uma 
determinada realidade histórica e cultural, sendo profundamente influenciada 
por ela.
E diante dessa compreensão de que a educação está na sociedade, 
precisamos ter sempre clara qual sua finalidade e direcionamento. Daí nossa 
discussão sobre as tendências que buscam interpretar o papel da educação na 
sociedade, com uma perspectiva otimista, pessimista e transformadora desse 
seu papel.
A nós, tendo compreendido essas tendências, cabe, filosoficamente 
(criticamente), descobrir qual a tendência que orientará nosso trabalho na 
educação. O que não podemos é ficar sem nenhuma delas, pois quando não 
pensamos, outros pensam por nós e nos dirigem.PÁGINA 22
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Pedagogia do Oprimido
• Autor: Paulo Freire
• Editora: Paz e Terra
• Sinopse:
Pedagogia do Oprimido é um dos mais 
conhecidos trabalhos do educador e filósofo 
brasileiro Paulo Freire. O livro propõe 
uma pedagogia com uma nova forma de 
relacionamento entre professor, estudante, e 
sociedade.
FILME
• Título: O Sorriso de Mona Lisa
• Ano: 2003.
• Sinopse:
Katherine Watson é uma recém-formanda 
da UCLA que foi contratada, em 1953, para 
lecionar História da Arte na prestigiosa 
Wellesley College, uma escola só para 
mulheres. Determinada a confrontar valores 
ultrapassados da sociedade e da instituição, 
Katherine inspira suas alunas tradicionais, 
incluindo Betty e Joan, a mudarem a vida 
das pessoas como futuras líderes que serão
WEB
Revista Educação & Sociedade: um dos mais importantes periódicos 
editados hoje na área da Educação no país. Publicada desde 1978, a revista 
tem periodicidade trimestral. Além disso, um número especial temático tem 
sido organizado a cada ano, desde 1995, transformando a revista em uma 
publicação trimestral.
Link: http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_0101-7330/lng_pt/
nrm_iso
PÁGINA 23
REFERÊNCIAS
ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2.ed. São Paulo: 
Moderna, 1996.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. 16.Reimp. São Paulo: 
Cortez, 2001.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 30. ed. Campinas: Autores 
Associados, 1994.
PÁGINA 24
CAPÍTULO
BREVE APRESENTAÇÃO
DA EDUCAÇÃO NA 
ANTIGUIDADE GREGA 
E NA IDADE MÉDIA
3
Objetivos de Aprendizagem:
• Apresentar a educação nos contextos históricos da antiguidade (grega) e 
medievalidade.
• Destacar as principais características pedagógicas da educação no período 
delimitado.
• Contribuir com a compreensão da educação como um fenômeno enraizado 
na história humana.
Plano de Estudo:
• Antiguidade grega e a paidéia.
• A educação na idade média.
PÁGINA 25
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 
 Daquilo que estudamos até o momento, fica cada vez mais evidente 
que não podemos pretender analisar a educação de forma abstrata, 
descontextualizada de suas contradições e antagonismos de classes. Isso 
não nos permitirá uma real compreensão de seu significado, e poderemos 
atribuir-lhe um caráter incompleto, seja redentor, seja pessimista, como vimos 
anteriormente. 
 Há diferentes formas de educação historicamente enraizadas; não é 
possível falar de educação abstratamente, nem desconsiderar seu ambiente e 
sua época histórica. Isso porque as finalidades com que se educa não são as 
mesmas em todas as épocas, lugares e sociedades. 
 A educação não é um fenômeno que se entenda fora de uma 
determinada sociedade. A compreensão daquela passa necessariamente 
pela compreensão desta. Cada sociedade tem seus espaços próprios para a 
socialização, que não se reduzem ao espaço escolar. Por isso, para entender 
o papel da educação na socialização, precisamos discutir a transmissão da 
cultura dentro e fora da escola.
 O que queremos nesse estudo dos fundamentos históricos não é 
apresentar uma relação de fatos e acontecimentos de cada período, mas sim 
perceber como se deu e continua acontecendo esse processo educacional, 
dentro das diferentes realidades históricas das sociedades. 
 Um excelente estudo a todos, caros alunos e alunas.
PÁGINA 26
1. Antiguidade grega e a paidéia 
 
 Os povos da antiguidade oriental não dispunham de uma reflexão 
especialmente voltada para a educação, uma vez que essa prática encontra-
se vinculada às tradições religiosas recebidas dos antepassados. O saber do 
passado é transmitido de forma rígida às novas gerações, em um contexto 
teocrático onde a educação não se separa da religião, onde escriba e 
sacerdote são os responsáveis pelos valores da sociedade (ARANHA, 1996, 
p.41).
 Mas na Grécia clássica há a substituição das explicações religiosas pela 
utilização da razão autônoma. Segundo Aranha:
Surge a necessidade de elaborar teoricamente o ideal 
de formação, não do herói, submetido ao destino, mas 
do cidadão. Este deixa de ser depositário do saber da 
comunidade, para se tornar o que elabora a cultura da cidade. 
A ênfase no passado é deslocada para o futuro: o homem não 
está preso a um destino traçado, mas é capaz de projeto, de 
utopia (1996, p.41).
 Nesse contexto surge a palavra paidéia, significando inicialmente 
criação dos meninos (pais, paidós, “criança”), mas que assumirá nuanças que 
a tornarão um termo complexo. Pode significar expressões modernas como 
civilização, cultura, tradição, literatura ou educação; mas na verdade, seu 
significado entre os gregos é o de um projeto de formação do homem em todas 
as suas dimensões.
 O ideal grego de educação vai passar por muitas mudanças. Ora 
associado ao corpo, ora à ênfase na habilidade militar do guerreiro, passando 
ainda pela formação do cidadão que nas praças (ágoras) vai utilizar a palavra 
no exercício da vida política, mas sempre vinculado ao uso da razão crítica 
da condição humana. Segundo Platão, a educação é o instrumento para 
desenvolver no homem tudo o que implica sua participação na realidade ideal, 
tudo o que define sua essência verdadeira, embora asfixiada por sua existência 
material. Também segundo Aristóteles, a educação é um processo que auxilia 
na transformação do homem naquilo que é sua finalidade como realização 
enquanto pessoa.
2. A educação na idade média
 A educação na idade média esteve sob a responsabilidade da Igreja, 
devido à sua hegemonia diante da sociedade como um todo. Existiam no 
período escolas que funcionavam junto às catedrais ou escolas monásticas 
que funcionavam nos mosteiros. Dessa forma, a Igreja assumiu o papel de 
disseminar a educação e a cultura no medievo, o que foi preponderante para o 
legado educacional do Ocidente.
PÁGINA 27
 Historicamente, a idade média iniciou no século V com a queda 
do império romano do ocidente, que foi tomado pelos povos chamados 
bárbaros que viviam além das fronteiras e não falavam latim. Com a invasão 
dos bárbaros, houve grande alteração no mapa político da Europa. Há o 
desenvolvimento do feudalismo, com a distribuição de terras para os nobres, 
para toda a vida, com todos direitos de uso sobre a área por toda vida. 
O cristianismo estava se desenvolvendo e muitos reinos bárbaros foram 
convertidos. O poder dos nobres foi aumentando e a figura do rei torna-
se fraca. O clero da Igreja Católica dava o apoio necessário à estabilidade 
do sistema. A nobreza era hereditária, o filho mais velho herdava o título de 
nobreza do pai e irmão não herdeiros ingressavam para os quadros da Igreja, 
tornando-se bispos, papas etc., chamados de alto clero. Os servos da gleba 
pertenciam ao feudo e, se o feudo passasse para outras pessoas, a eles o 
acompanharia.
 A nobreza não tinha qualquer interesse pelo conhecimento, que ficava 
sob a tutela da Igreja, enquanto os servos não tinham qualquer acesso.
 Com a invasão dos bárbaros e a destruição das instituições romanas, 
a Igreja foi-se afirmando e passou a desempenhar funções de destaque, 
inclusive cristianizando os bárbaros. Os mosteiros tornaram-se centros 
únicos de educação e cultura. Entre as ordens religiosas, os beneditinos se 
espalharam por quase toda a Europa.
 A sociedade medieval é organizada por estamentos, ou estados: a 
nobreza, o clero e os servos. Cada estamento recebia um tipo de educação 
diferenciada. O clero era preparado principalmente com ensinamentos 
filosóficos e teológicos, disciplinados e enquadrados nos parâmetros das 
ordens religiosas. A nobreza recebia outro tipo de educação, sendo preparada 
para a guerra, principalmente na arma de cavalaria, para as boas maneiras, 
lealdade ao seu senhor, moral e cívica, lançamento de dardos, flechas, 
corridas, natação etc. A educação de um nobre começava com uma fase de 
escudeiro, quando recebia os ensinamentos de um cavaleiro, acompanhando-
os nos campos de batalha. Os servos da gleba eram instruídos pelos familiares 
e por iguais, dentro doslimites do feudo. Esses ensinamentos não abarcavam 
ler, escrever e contar, apenas sobre a prática agrícola levada a efeito.
 A partir do século X a marca principal na idade Média quando se fala 
em educação é a criação das universidades. Eram locais onde ser formavam 
grupos de estudos, com uma cultura superior, de acordo com as condições 
locais. A primeira universidade da Europa ocidental de que se tem notícias é 
a Escola de Medicina de Salermo, na Itália, com algumas influências árabes. 
Depois ocorreu a fundação da Universidade de Bolonha, considerada, por 
muitos estudiosos, como a primeira direcionada aos estudos do Direito. No 
século XIII, surgiu a Universidade de paris, originária da Escola Catedral de 
Notre Dame e serviu de modelo às universidade europeias por no mínimo dois 
séculos. Surgiram no século XIV, Oxford e Salamanca, depois muitas outras.
 No final da Idade Média, os habitantes dos burgos ou cidades firmaram-
se como uma classe social. Foram os burgueses, organizados em corporações 
PÁGINA 28
e grêmios, fundando escolas de diferentes profissões. Com o crescimento 
das cidades, criaram-se escolas municipais, independentes das catedrais. A 
maioria tinha o caráter prático, mas algumas se dedicaram a ensinar literatura, 
geografia, história e outras disciplinas consideradas humanísticas. O ensino era 
promovido em língua local e já existiam diretores e até supervisores da própria 
organização. Havia mestres ambulantes que circulavam por muitos lugares ou 
até países, contratados temporariamente e que tinham de passar por exames 
criteriosos. Foi o embrião da escola pública, durante a ascensão do capitalismo 
comercial.
 Por fim, vale ressaltar que durante a Idade Média, devido ao 
protagonismo da Igreja Católica, muitos religiosos dedicaram-se à educação. 
Os primeiros representavam a Patrística, filosofia e pedagogia exercidas 
pelos padres, seguindo os ensinamentos principalmente de Santo Agostinho 
(354-430). Na segunda metade da idade Média, os filósofos e educadores 
pertenciam à Escolástica, seguindo, principalmente, as orientações de Santo 
Tomás de Aquino (1225-1274). 
#SaibaMais
Para muitos autores, além da importância da Patrística e da Escolástica para 
a educação cristã, houve um primeiro período, de igual importância, chamada 
Apostólico, correspondendo à atuação de Jesus de Nazaré e seus apóstolos, 
durante os primeiros anos do Cristianismo, chegando até o quarto século, 
com outros seguidores. Esses ensinamentos foram anteriores à invasão 
dos bárbaros e tiveram continuidade com a Patrística. Alguns educadores se 
destacaram nessa época como, por exemplo, Clemente de Alexandria (160-
220), que foi diretor da escola de Alexandria, divulgador dos ideais cristãos e 
grande pedagogo.
REFLITA
“A Filosofia surge, portanto, quando alguns gregos, admirados e espantados 
com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, 
começaram a fazer perguntas para elas, demonstrando que o mundo 
e os seres humanos, os acontecimentos e as coisas da natureza, os 
acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidos pela razão 
humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma” (CHAUÍ, 
2000, p. 24).
De que maneira a admiração e o espanto podem ser hoje, o início de um 
processo de reflexão filosófica acerca da realidade, como foi com os gregos?
PÁGINA 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao apresentarmos algumas informações sobre a educação na 
antiguidade grega e na Idade Média, não tivemos a pretensão de fazer uma 
abordagem exaustiva com descrição minuciosa dos elementos próprios dos 
períodos. Nosso objetivo foi mostrar as principais características, evidenciado 
que a educação sempre está enraizada com um projeto de sociedade, seja 
ele qual for. Na Grécia, a formação de um homem integral, com habilidades 
para a política. Na idade Média, um homem que fosse obediente a Deus e que 
pautasse sua vida pela religião cristã.
Na continuação de nosso estudo, veremos que nos períodos seguintes 
– Moderno e Contemporâneo – a educação também estará enraizada em seu 
contexto histórico e cultural, evidenciando seu caráter intencional de prática 
social.
Um abraço e até lá.
PÁGINA 30
LEITURA COMPLEMENTAR
RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE AO LONGO DA HISTÓRIA
Fabíola Langaro
Em todos os períodos da história da humanidade, o processo 
educacional esteve relacionado à necessidade social, instrumentalizado 
pelo sistema econômico. Nas sociedades primitivas, o sistema econômico 
estava baseado na agricultura, assim como na Roma Arcaica a necessidade 
econômica estava relacionada à expansão agrícola. Nesses sistemas, a 
identidade do sujeito passava pela ideia de que ele deveria ser preparado para 
ser um guerreiro. Neles, a instituição responsável pelo processo de educação 
era a família e o papel valorizado pela sociedade e pela cultura era o papel 
social do guerreiro. Dessa forma, a preparação dos meninos para a guerra 
passava pela utilização dos jogos que simulavam as situações vividas na 
realidade.
Na Idade Média, os filhos passaram a sair de suas casas para serem 
educados nas casas de outras famílias. Naquela época, acreditava-se que 
o afeto poderia interferir de modo negativo no processo educacional e a 
educação passou a ser feita à distância para que o aspecto emocional não 
comprometesse a preparação dos guerreiros. Os jovens aprendiam, assim, 
tanto a realizarem os afazeres domésticos quanto sobre as próprias relações 
de produção da sociedade. A religião, na figura da Igreja, era a instituição que 
controlava as normais sociais, ditava as regras da moral e da educação.
Na Idade Moderna, com o advento da Revolução Industrial, houve um 
processo de ruptura do processo artesanal com a chegada das máquinas. 
Ocorreu uma crise social e a consequente ida de muitas famílias para as ruas. 
Criaram-se, as workhouses para recolher essas pessoas e formar membros 
úteis ao Estado. A necessidade pedagógica era a de homens que trabalhassem 
sem pensar. A busca pela moral do indivíduo foi substituída pelo ideal da 
disciplina. Era preciso domar o caráter dos indivíduos, através da educação 
de seu corpo, com a finalidade de fornecer ao sistema econômico indivíduos 
disciplinados e, portanto, produtivos. Da mesma forma, as crianças eram 
cobiçadas como mão-de-obra barata e necessitavam ser disciplinadas para 
que suportassem longas horas de jornadas de trabalho. O instrumento idôneo 
que estava à disposição desse sistema era a escola, que assumiu essa função 
social de disciplina. Passou-se, assim, de um sistema social de auto-instrução 
através da família para a escolarização, com o controle do Estado.
Quanto ainda carregamos desta história, considerando que somos frutos 
dela?
Quais são os desafios que hoje enfrentamos considerando que não 
é possível alterar o passado, mas, ao mesmo tempo, necessário construir o 
futuro?
Fonte: https://apeoc.org.br/relacao-entre-educacao-e-sociedade-ao-
longo-da-historia/
PÁGINA 31
MATERIAL COMPLEMENTAR 
LIVRO (OBRIGATÓRIO)
• Título: Paidéia.
• Autor. Werner Jaeger
• Editora: Martins Fontes
• Sinopse: Esta obra famosa de Werner 
Jaeger, um dos marcos da cultura do 
nosso tempo, é o estudo mais profundo 
e completo sobre os ideais de educação 
da Grécia antiga. Jaeger estudou a 
interação entre o processo histórico 
da formação do homem grego e o 
processo espiritual através do qual os 
gregos chegaram a elaborar seu ideal de 
humanidade. A partir da solução desta 
profunda questão histórica e espiritual, 
foi possível chegar ao entendimento 
da criação educativa sem par de onde 
se irradia a imorredoura influência dos 
gregos sobre todos os séculos.
FILME (OBRIGATÓRIO)
• Título: O nome da Rosa.
• Ano: 1986.
• Sinopse:
Na última semana de 
novembro de 1327, 
num mosteiro na Itália medieval, 
a morte, em circunstâncias insólitas, 
de sete monges em sete dias e 
noites é o motor responsável pelo 
desenvolvimento da ação. 
Um monge franciscano é chamado 
para solucionar o mistério e cai nas 
malhas deuma trama diabólica.
Na forma de uma crítica, as violências 
sexuais, os conflitos no seio 
dos movimentos heréticos do século 
XIV, a luta contra a mistificação, o 
poder, o esvaziamento dos valores 
pela demagogia, constroem uma 
reconstituição livre dos fatos históricos 
da época aos olhos do espectador.
PÁGINA 32
WEB (OBRIGATÓRIO)
A Revista Brasileira de História da Educação (RBHE) é a publicação oficial 
da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE). Sediada atualmente 
na Universidade Estadual de Maringá e publicada trimestralmente, a RBHE 
tem o objetivo de divulgar a produção científica nacional e internacional 
sobre História e Historiografia da Educação, que se revele de interesse para 
as grandes áreas de pesquisa em Educação e em História, abrindo novos 
horizontes de discussão e estimulando debates interdisciplinares.
• Link do site: http://rbhe.sbhe.org.br/index.php/rbhe
REFERÊNCIAS
ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2.ed. São Paulo: 
Moderna, 1996.
ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. História da Educação. 2.ed. São Paulo: 
Moderna, 1996.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 3.ed. São Paulo: Ática, 2000. 
PÁGINA 33
CAPÍTULO
BREVE APRESENTAÇÃO DA 
EDUCAÇÃO A PARTIR DA 
MODERNIDADE
4
Objetivos de Aprendizagem:
• Apresentar a educação nos contextos históricos da modernidade e 
contemporaneidade.
• Destacar as principais características pedagógicas da educação no período 
delimitado.
• Contribuir com a compreensão da educação como um fenômeno enraizado 
na história humana.
Plano de Estudo:
• A modernidade, a razão e o sujeito.
• A modernidade e o nascimento da noção de infância.
• Desafios da educação na pós-modernidade.
PÁGINA 34
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, apresentaremos a educação e suas grandes 
transformações a partir da Modernidade, quando são construídas as principais 
noções que dispomos de sociedade, sujeito, escola e infância. 
Na Modernidade, um período de amplas e profundas transformações, a 
razão e o capitalismo são os referenciais que nos ajudam a compreender com 
a vida se organiza na sociedade dita moderna. Além disso, a noção de sujeito 
construída no mundo moderno nos apontará para a centralidade que o homem 
passa a ter, bem como o lugar da educação na formação desse sujeito racional 
ativo, responsável pela transformação social.
Um excelente estudo para todos.
1. A modernidade, a razão e o sujeito.
Algumas mudanças de ordem social, científica, filosófica e religiosa 
permitem considerar o desenvolvimento de uma nova mentalidade a partir dos 
séculos XV e XVI, com características bem peculiares. As guerras de religião, 
a era dos descobrimentos, o surgimento de novos modelos de conhecimento, 
além de outros fatores, levarão a buscar outras visões de mundo.
Uma forte característica desses novos tempos foi a maior facilidade 
com que circulavam as informações de todo tipo. A invenção da imprensa, 
por João Gutemberg (1398-1468), compõe um quadro novo na disseminação 
do conhecimento. Obviamente não foi algo rápido e imediato, sendo 
necessários muitos séculos até que o hábito de ter livros em casa se tornasse 
amplamente difundido. No entanto, comparando a fabricação dos livros pela 
máquina inventada por Gutemberg (a prensa) com as técnicas anteriores 
(os manuscritos ou cópias à mão em pergaminhos de pele de animal ou em 
papel caseiro), temos uma noção clara desse grande volume de circulação de 
informações nos séculos XV e XVI.
Esses fatores permitiram considerar os séculos XV e XVI como um 
período de ampliação de horizontes para os europeus, bem como do aumento 
de informações sobre os autores antigos, intensificando seu estudo não só na 
filosofia e na teologia, mas também na literatura, ciências e artes. Podemos 
falar de um “Renascimento”, que está ligado à maior divulgação do patrimônio 
cultural antigo.
Com o Renascimento é idealizado o humanismo, que consiste em uma 
visão de mundo centrada no ser humano e com medidas humanas. Há uma 
ênfase num modelo de ser humano universal, que não se limita às diferenças 
culturais e ao mesmo tempo, que defende o valor de cada indivíduo.
Os pensadores modernos viviam um misto de admiração pelas 
novidades, principalmente as ciências, concebidas segundo o modelo 
renascentista, e o descontentamento com as explicações tradicionais. 
Acontecia a busca de formas mais seguras de conhecimento e de ação, para 
PÁGINA 35
o que contribuía enormemente a herança dos filósofos renascentistas e a nova 
concepção de conhecimento científico baseada em modelos matemáticos. Uma 
refundação da filosofia estava em curso.
Com todas as inovações que os tempos modernos traziam, os filósofos 
apostaram em um “projeto” que se ocupasse primeiramente daquilo que, acima 
de qualquer dúvida, caracterizava a experiência humana: o uso da razão. E a 
principal atividade da razão passa a ser também, a principal preocupação: o 
conhecimento. Era necessário “conhecer o conhecimento”, investigar quais as 
reais possibilidades de conhecer e os reais métodos para pôr essa atividade 
em prática. O conhecimento é a principal marca da filosofia moderna, e isso 
trará implicações em todas as áreas humanas.
A ênfase na luz da razão fez com que as filosofias produzidas no século 
XVIII recebessem o nome de Iluminismo. Trata-se de uma confiança irrestrita 
no poder da razão para explicar a experiência humana. Chegou-se mesmo a 
crer que o ser humano pode se aperfeiçoar pela razão a ponto de progredir 
sempre e encontrar a felicidade ética e política. A crença num progresso sem 
fim ou na perfectibilidade do ser humano levou também à distinção entre 
Natureza e Cultura: a Natureza ou o mundo físico-químico-biológico seria o 
campo da necessidade, das leis fixas; a Cultura ou a civilização seria o campo 
propriamente humano, lugar da auto-construção e da liberdade.
Podemos afirmar que é Moderna uma forma muito particular de se 
conceber o sujeito humano, apresentado de forma unificada e com uma 
identidade racional. É na sociedade moderna que o sujeito se liberta de 
estruturas e tradições teocêntricas que não podiam ser mudadas, passando 
a ter uma condição de soberano, algo antes impensável. Isso agora torna-
se possível, diante de mudanças no pensamento e na cultura do ocidente, 
trazendo a emergência do sujeito, próprias da modernidade:
a) A libertação da consciência individual dos dogmas religiosos com a Reforma 
e o Protestantismo; 
b) O posicionamento do homem no centro do mundo a partir do pensamento 
humanista renascentista; 
c) O maior domínio sobre a natureza possibilitado pelas revoluções científicas; 
d) A racionalização, o caráter científico, a libertação de dogmas e a intolerância 
da imagem do homem a partir do Iluminismo.
Essas mudanças estão em uma dinâmica de transformações que 
também implicarão na educação, trazendo novas abordagens. Uma delas é 
sobre a concepção de infância que passa a se desenvolver nesse contexto da 
modernidade. Vejamos a seguir.
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2. A modernidade e o nascimento da noção de infância 
Criança sempre existiu, mas a infância não. O mundo pré-moderno 
não conheceu propriamente, a noção de infância da forma como a temos 
hoje. Não havia uma construção da criança a partir de uma literatura infantil, a 
partir da definição de um lugar próprio onde para as crianças viverem e serem 
educadas etc. Podemos perceber isso nas obras de arte que representavam 
a criança não como criança, mas como um adulto em miniatura. Todo esse 
cenário, no entanto, aproximadamente a partir do século XV, começou a mudar 
radicalmente.
A partir do contexto dos novos tempos da modernidade, os intelectuais 
começaram a dizer que as crianças deveriam ser tratadas diferente dos 
adultos, por serem diferentes dos adultos. Um novo sentimento em relação às 
crianças passa ser construído, um sentimento de cuidado, de cultivo da vida 
da criança. A infância passa a ser vista como uma fase natural e necessária à 
vida do ser humano; uma fase que, para o bem do ser humano, deveocorrer. 
A infância surge como uma época especial da vida dos homens e mulheres 
– uma fase natural à existência humana, mas que precisa de um ambiente 
histórico-social para se realizar. Para que a infância acontecesse, as crianças 
deveriam ser postas em um lugar especial: a escola. Uma ligação especial 
passou a ser criada: entre a criança e um determinado adulto: o professor. Este 
deveria, na escola e pela escola, garantir a infância às crianças.
Na sua gênese, a noção de infância se apresentou oscilando entre duas 
configurações básicas. Essas configurações determinaram as características 
dos professores e do ambiente escolar e, de certo modo, com a ajuda da 
filosofia, impuseram ou pelos menos regraram as finalidades da educação.
Em uma primeira configuração, a infância é vista como uma fase 
negativa. Que deve ocorrer sim, mas que deve passar, dando espaço ao 
aparecimento do adulto enquanto a antítese da criança. A infância é a 
época da rebeldia e por isso a criança deve ser conduzida da heteronomia à 
autonomia por meio de regras exteriores, postas pelo adulto. A autonomia 
e a individualidade nascem “de fora para dentro”. Nesse caso, o professor é 
um disciplinador no sentido tradicional da palavra. A escola, um ambiente de 
formação e conformação. A finalidade da educação é fazer com que a fase 
negativa da infância passe brevemente e possibilite ao homem surgir a partir 
das regras do homem (adulto) sobre o homem (criança) – ou seja, que o 
homem possa vir a surgir da criança, negando-a.
Em uma segunda configuração, a infância é vista como uma fase 
positiva, que deve não só ocorrer mas também ser prolongada, de modo a 
poder contaminar o homem que dela deve surgir. A infância é criatividade e 
pureza, e se a disciplina deve aparecer, deve vir como autonomia tirada “de 
dentro para fora”. O professor, nesse caso, é companheiro de viagem. A escola, 
um ambiente natural propiciador das melhores experiências. A finalidade da 
educação é fazer com que a fase positiva da infância permaneça ao longo da 
vida adulta, no que ela tem de bom, ou seja, que o homem (adulto) venha a 
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materializar-se a partir do interior do homem (criança), mantendo em seu íntimo 
o verdadeiro humano que existia na criança.
3. Desafios da educação na pós-modernidade
Não pretendemos realizar uma discussão exaustiva sobre o conceito de 
pós-modernidade, uma vez que ainda se trata de algo em grande discussão e 
que integra fortes polêmicas, não havendo consenso sobre seu significado.
Em nosso estudo, queremos pontuar a pós-modernidade como o 
momento seguinte ao das grandes transformações e organização da vida 
Moderna, quando novas configurações ocorrem. Por exemplo, o capitalismo, 
com sua marca mercantilista e imperialista, que atinge seu auge no século XIX, 
continua existindo, mas em uma configuração de globalização ou capitalismo 
multinacional, com grande flexibilidade na produção e no mercado. Esta 
acumulação flexível implica na flexibilização dos processos de trabalho, de 
produção e de padrões de consumo, com novos setores de produção sendo 
criados para atender às exigências do mercado, como novas formas de 
organização e de relações de trabalho.
Ao mesmo tempo, a pós-modernidade também é caracterizada por toda 
uma contestação a esse modelo instaurado, com reivindicação por liberdade, 
consciência e pluralidade cultural. 
A escola, e sua prática pedagógica, é influenciada por toda essa 
discussão, sendo cobrada dela, de modo velado ou nem tanto, que ofereça 
uma formação que atenda aos interesses dos grupos hegemônicos. Mas 
nessa mesma escola, podemos ver que o questionamento dessas bases 
hegemônicas capitalistas encontra seu espaço para se espalhar e se 
desenvolver. 
Relembrando a discussão que fizemos sobre o papel da escola na 
sociedade e as concepções da educação como redentora, reprodutora e 
transformadora da sociedade, podemos afirmar que a partir da colocação da 
educação como direito de todos, direito nem sempre garantido, diga-se de 
passagem, muitas foram as teorias pedagógicas que emergiram, em sua 
maioria para a legitimação e perpetuação do status quo do grupo hegemônico. 
Os educadores sendo apresentados como missionários, neutros, defensores 
de um conhecimento sistematizado que deve ser transmitido mecanicamente, 
sem nenhuma reflexão crítica.
Um dos grandes desafios postos no atual momento histórico é a 
necessidade dos educadores e educadoras reverem sua prática pela via da 
concepção política, buscando atender aos interesses das classes que sofrem 
diferentes formas de opressão: econômica, cultural, social. Não adianta 
estar rodeado de modernas tecnologias se não houver também uma prática 
educacional que desperte a criticidade, na busca de melhores condições de 
vida para professores e alunos.
A escola, portanto, precisa cada vez mais se aproximar das discussões 
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atuais sobre o ponto de vista da consciência e da clareza da própria prática 
educacional. A escola não pode ficar desinformada das discussões teóricas, 
para que não haja um afastamento daquilo que está acontecendo na sociedade 
contemporânea e as relações travadas no interior da escola.
Isso seria muito grave, uma vez que é fundamental que a escola 
participe do debate realizado na sociedade contemporânea, pois destas 
discussões é que sairá a escolha do projeto pedagógico escolar e qual a 
formação oferecida aos educandos e educandas mais adequada para realizar 
esse mesmo projeto.
#SaibaMais
Sobre a relação Família e Escola, na Modernidade:
Duas instituições educativas, em particular, sofrem uma profunda redefinição 
e reorganização na Modernidade: a família e a escola, que se tornam cada 
vez mais centrais na experiência formativa dos indivíduos e na própria 
reprodução (cultural, ideológica e profissional) da sociedade. A ambas é 
delegado um papel cada vez mais definido e mais incisivo, de tal modo que 
elas se carregam cada vez mais de uma identidade educativa, de uma função 
não só ligada ao cuidado e ao crescimento do sujeito em idade evolutiva ou à 
instrução formal, mas também à formação pessoal e social ao mesmo tempo. 
As duas instituições chegam a cobrir todo o arco da infância-adolescência, 
como “locais” destinados à formação das jovens gerações, segundo um modelo 
socialmente aprovado e definido (CAMBI, 1999, p. 203-204). 
REFLITA
“É nesse momento que começa haver certa demarcação da infância como 
uma fase do desenvolvimento do homem que vai do nascimento a certa idade, 
caracterizada por um conjunto de disposições naturais e de faculdades que 
diferem das do adulto, secundarizando o sentido etimológico dessa expressão 
como sendo o da ausência de fala ou de linguagem articulada”. (PAGNI, 2010, 
p. 102).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade apresentamos a educação a partir da modernidade, com 
as grandes transformações ocorridas e ainda em plena realização. Vimos que o 
sujeito gestado na modernidade é aquele capaz de conhecer por conta própria 
com o uso da razão e que precisa se desenvolver cada vez mais com liberdade 
e consciência.
A modernidade trata-se de uma tarefa que não terminou, mas que deve 
nos desafiar constantemente na construção de uma sociedade melhor para 
todos. E a educação é fundamental nesse processo.
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LEITURA COMPLEMENTAR
Uma Visão Filosófica da Pós-Modernidade: a Escola de Frankurf
Júlia Eugênia Gonçalves
O pós-modernismo chega à filosofia como uma tentativa de desconstruir 
o discurso filosófico ocidental a partir do próprio discurso, tal qual foi elaborado 
desde a antiguidade clássica.
O prefixo “pós” indica o que vem depois, o que sucede à modernidade, 
significando um corte, uma ruptura não apenas no âmbito da política e 
da economia mas, sobretudo, no pensamento das pessoas, as quais 
compreendem que estão vivendo uma fase de grandes transformações que 
afetam a todos direta ou indiretamente e que é necessário compreender seu 
significado no contexto da sociedade como um todo.
Há então um afastamentoem relação ao “moderno” no sentido de 
que a filosofia pós-moderna vai reivindicar uma posição amadurecida frente 
ao modelo positivista, característico do que se convencionou chamar de 
“modernidade”.
A chamada Escola Filosófica de Frankfurt representada por Horkheimer, 
Adorno e Habermas, dentre outros, vai ser a pioneira na reflexão sobre as 
mudanças sofridas na sociedade ocidental do pós-guerra. Tendo sido fundada 
com o objetivo de realizar estudos aprofundados sobre o marxismo, sua 
orientação de estudos e pesquisas inicialmente teve ênfase econômica, mas 
ganha impulso filosófico a partir do momento em que Horkheimer assume 
a direção do Instituto de Investigação Social, vinculado à Universidade de 
Frankfurt. 
A Escola de Frankfurt passa então a refletir sobre o destino do homem 
que é membro de uma comunidade, que vive em uma sociedade. Isso 
leva necessariamente a uma articulação entre conhecimentos filosóficos, 
sociológicos, econômicos e antropológicos, estreitando, desta forma, os laços 
entre a Filosofia e a Ciência, na medida em que esta se baseia em dados 
empíricos, diminuindo a dicotomia entre estes dois campos do conhecimento 
humano.
Estas propostas ensejam trabalhos de natureza interdisciplinar, pois a 
compreensão da vida humana no contexto social exigia a conexão entre vários 
campos científicos e entre estes e a Filosofia, que não podia mais partir de uma 
compreensão abstrata dos indivíduos, fora de seu contexto.
(Trecho do artigo “A Pós-Modernidade e os Desafios da Educação 
na Atualidade”, publicado pela autora no endereço: http://revista.
fundacaoaprender.org.br/?p=35
 
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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Modernidade Líquida
• Autor: Zygmunt Bauman
• Editora: Zahar
• Sinopse:
A modernidade imediata é ‘leve’, 
‘líquida’, ‘fluida’ e mais dinâmica que 
a modernidade ‘sólida’ que suplantou. 
A passagem de uma a outra acarretou 
mudanças em todos os aspectos da 
vida humana. Nesta obra, o autor 
procura esclarecer como se deu essa 
transição e auxiliar o leitor a repensar 
os conceitos e esquemas cognitivos 
usados para descrever a experiência 
individual humana e sua história 
conjunta, fazendo uma análise das 
condições cambiantes da vida social 
e política.
FILME
• Título: Tempos Modernos.
• Ano: 1936.
• Sinopse:
O icónico Vagabundo está 
empregado em uma fábrica, 
onde as máquinas inevitável e 
completamente o dominam e 
vários percalços o levam para 
a prisão. Entre suas passagens 
pela prisão, ele conhece e faz 
amizade com uma garota órfã. 
Ambos, juntos e separados, 
tentam lidar com as dificuldades 
da vida moderna, o Vagabundo 
trabalhando como garçom e, 
eventualmente, um artista.
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WEB:
Produções acadêmicas com foco na temática Educação de crianças podem 
ser encontradas no repositório das reuniões da Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) – GT07 – Educação de Crianças 
de 0 a 6 anos.
Link: http://www.anped.org.br/
REFERÊNCIAS
ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2.ed. São Paulo: 
Moderna, 1996.
ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. História da Educação. 2.ed. São Paulo: 
Moderna, 1996.
CAMBI, Franco. História da pedagogia. Tradução de Álvaro Lorencini. São 
Paulo: FEU, 1999.
PAGNI, Pedro Angelo. Infância, Arte de Governo Pedagógica e Cuidado de Si. 
Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 35, n. 3, p. 99-123, set./dez., 2010.
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CONCLUSÃO
Estamos concluindo nossa disciplina de Fundamentos Históricos e 
Filosóficos da Educação, onde procuramos apresentar a relação indissociável 
existente entre a educação, história e filosofia. Esperamos que a busca por 
compreender os fundamentos da educação tenha nos ajudado a tornar mais 
consciente nossa concepção de educação, bem como avaliar melhor os 
objetivos com nossa prática pedagógica.
Vimos que a educação não acontece de forma abstrata e separada da 
sociedade. Ela influencia e é influenciada pelas relações históricas e culturais, 
fazendo parte da grande correlação de força dos grupos sociais.
A ainda que breve apresentação da educação em seus períodos 
históricos nos ajudou a perceber essa “encarnação” da educação na vida 
concreta da sociedade e nos apontou par os desafios atuais que temos que dar 
conta, para que a educação possa nos ajudar a tornar nossa sociedade mais 
justa e igual para todos.
Sabemos que este estudo não termina por aqui. Há muito mais pela 
frente. Que cada aluno, cada aluna, se anime a continuar estudando, uma vez 
que nossa jornada acadêmica é longa e desafiadora.
Um grande abraço a todos.

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