Prévia do material em texto
Definição: rotura das membranas ovulares que ocorre antes do trabalho de parto. Quando as membranas rompem depois do início do trabalho de parto (contrações), chamamos de rotura precoce. Um outro tipo de rotura é a rotura oportuna que ocorre quanto a paciente já está em franco trabalho de parto e tem pelo menos 7 cm de dilatação cervical e a apresentação está no mínimo no plano 0 de De Lee. Por fim, há a rotura tardia, que ocorre depois que o feto nasce (da saída da apresentação), feto empelicado? (é desta forma que deveria nascer todos os fetos de mãe HIV +, protegendo o feto). Complicações • Infecção – corioamnionite o Pode se alastrar para a mãe (causando endometrite, miometrite, pelve peritonite e abdome agudo; pode chegar a perder o útero ou ter sepse) e o feto (pode causar sepse neonatal). • Oligoâmnio o Pode levar a sofrimento fetal agudo (feto ao se mexer pode comprimir o cordão umbilical devido a baixa quantidade de líquido). o Oligoâmnio: ILA – INDICE DE LÍQUIDO AMNIOTICO • De 80 a 180 - normal • 180 - polidrâmnio • > 50 e < 80 - diminuído • > 30 e <50 - oligoâmnio • < 30 - oligoâmnio severo • Zero - andramnia SABER DE COR!! Causas/ Fatores de Risco • Inflamatórias Infecciosas o Infecção vaginal principalmente: vaginose bacteriana, tricomoníase ou Strepto B. o Infecção urinária • Superdistensão da cavidade amniótica o Macrossomia o Gemelaridade o Polidrâmnio • Hipoxia do tecido o Hipertensão materna • Tabagismo • Uso de drogas o Enfraquecem a membrana, romperá mais fácil. • Síndromes hemorrágicas o Placenta previa o DPP • Trabalho de parto prematuro • Incompetência ou Insuficiência istmocervical • História anterior de RPMO Quadro Clínico • Queixa de perda de líquido transparente com cheio de água sanitária. o Molha a calcinha, escorre pela perna e molha a cadeira ou cama. Devemos atender esta paciente, olhar o cartão de pré-natal, recalcular a IG pela data da DUM e US mais precoce. Devemos ter certeza da idade gestacional, pois irá influenciar na conduta. Depois, perguntar antecedentes (principalmente de RPMO em gestações anteriores). Depois fazer o exame físico completo e o obstétrico. Medir a PA, AU (que pode estar compatível com a IG ou ser menor que o esperado para a IG se perda líquida importante). Fazer a manobra de Leopold (em qual lado está o dorso, auscultar o BCF com o doppler). Evitar o Toque Vaginal pelo risco de infecção, e se tiver que fazer deve ser com luva esterilizada. Colocar a paciente em posição ginecológica e fazer inspeção dos genitais externos (podemos já visualizar a saída de líquido), fazer o exame especular (podemos verificar que está saindo líquido pelo orifício externo do colo ou que tem líquido acumulado no fundo de saco, confirmando a rotura prematura). Caso não estiver saindo líquido devemos fazer os testes diagnósticos: • Manobra de valsalva o Causa aumento da pressão intra abdominal e com isto a saída de líquido. • Teste de cristalização o Usar a pinça de Cheron, encostando-a no colo do útero, abri-la e pegar o muco cervical. Este muco deverá ser colocado em uma lâmina e espalhar e deixar secar no foco de luz por no mínimo 5 minutos. Depois, devemos examina-la ao microscópio e se tiver LA, o muco irá cristalizar na forma de folha de samambaia (quando há LA, que é rico em estrogênios, promove a cristalizar o muco). • Teste do fenol vermelho ou fenoftaleína: baseado no pH vaginal (vagina normalmente tem pH ácido e quando há LA, este torna – se básico). Devemos pegar um cotonete e encostar no colo do útero (no orifício) e se tiver saindo LA ficará molhado. Devemos pigar uma gota de fenol vermelho ou fenoftaleína, que ficará na cor básica na presença de LA. • Teste do papel de nitrazina: baseado no pH vaginal (vagina normalmente tem pH ácido e quando há LA, este torna – se básico). Devemos pegar um cotonete e encostar no colo do útero (no orifício) e se tiver saindo LA ficará molhado. Devemos passar este cotonete no papel de nitrazina, fincando na cor básica se tiver LA. • Teste AmniSure: não é feito aqui pois é caro. Já vem pronto, com um tubo de ensaio com um reagente e um swab. Passar o swab no colo e colocar no reagente, se tiver LA irá dar positivo o teste. • Prova do forro: a paciente fica com um pano, que será usado como um absorvente enquanto deambula durante 30 min a 1 hora. Depois devemos avaliar este forro, verificando se ele está molhado e qual o odor presente (pois as vezes pode ser urina ou ter odor característico de infecção = fisometria). • Índice de Líquido Amniótico (ILA): feito pelo US, que irá dosar o ILA, podendo estar reduzido. Testes feitos de rotina aqui: especular com manobra de valsalva, teste de cristalização, prova do forro e US com ILA. Conduta • Confirmando – se o diagnóstico devemos internar a paciente até parar de perder líquido ou tiver perda bem pequena e o ILA estiver normal. • Pacote de exames que devemos solicitar (propedêutica complementar): o Hemograma completo o Urina 1 e urocultura o Swab endovaginal e anal para pesquisa de Strepto B o US obstétrico com ILA o Cardiotocografia o Mobilograma o PCR o Sorologias para DST (se a paciente não tiver no cartão de pré-natal) o Curva térmica (medida da temperatura de 4 em 4 horas). o Frequência cardíaca materna e fetal o Pulso materno o Colocar forro e fisometria -> para avaliação das perdas de líquidos na evolução. Febre + taquicardia materna ou fetal + fisometria + hemograma com leucocitose e desvio a esquerda -> parâmetros indicativos de infecção! Tratamento • Repouso no leito com forro. • Hidratação ou Hiperidratação o Hidratação: beber 2 litros de líquidos VO por dia. Se o ILA estiver normal. o Hiperidratação: beber 2 litros de líquidos VO por dia e administrar 3 litros de soro EV (1 litro de 8 em 8 horas). Se ILA diminuído ou oligoâmnio. • Penicilina Cristalina ou Ampicilina o Para profilaxia do Strepto B, se swab negativo a menos de um mês não precisa (validade de no máximo 5 semanas). ▪ Se swab positivo -> sempre será swab + pelo resto da vida. ▪ Se no exame de urina vier Strepto B também consideramos a paciente +. o Penicilina 5 milhões de UI EV de ataque + 2,5 milhões EV de manutenção de 4 em 4 horas por 48 horas ou até resultado do swab. o Ampicilina 2g EV de 6 em 6 horas por 48 horas ou até resultado do swab. • Corticoide entre 26 e 34 semanas o Para acelerar a maturidade pulmonar, pois RPMO não seguramos a gestação até o termo pelo risco de infecção. Se ela entrar em TP iremos deixar evoluir. o Betametasona 12 mg IM 2 doses com intervalo de 24 horas entre a primeira e a segunda dose. o Se a paciente entrar em TP e não tiver tempo de fazer o corticoide, iremos inibir o trabalho de parto com a indicação de fazer corticoide. O corticoide fará efeito em 48 horas, após isto devemos fazer conduta expectante. • Se a paciente não tiver nenhum outro evento, a conduta continuará expectante até 36 semanas. A partir de 36 semanas a conduta é ativa -> preparamos o colo para a indução. o Preparamos o colo com misoprostol 1 comprimido de 25 mg no fundo de saco próximo ao colo, para promover a dilatação e esvaecimento. Colocar 1 comprimido de 6 em 6 horas durante 24 horas até resultado desejado (máximo de 4 comprimidos). Dizemos que o colo está preparado quando o índice de bishop >= 5 (colo dilatado de 3-4 cm e esvaecimento > 50%). o Após o preparo induzimos com a ocitocina. o Se tiver cesariana anterior não podemos utilizar o misoprostol (contraindicação). Não podemos usar o balão de bakri neste caso também (contraindicação devido a bolsa rota e o risco de infecção). o O melhor é o parto vaginal. • Se RPMO com infecção -> Parto imediato + ATB o Independente da IG, se for < 34 semanas não da tempo de fazer corticoide. Após o diagnóstico já devemos preparar o colo e ir paraindução. o Entrar com ATB de amplo espectro -> esquema tríplice (para gram +, gram - e anaeróbios), usar por 7 dias obrigatoriamente (após alta passar para VO). ▪ Penicilina Cristalina ou Ampicilina (mesma dose já citada). • Ampicilina 500 mg VO de 6 em 6 horas após alta. ▪ Gentamicina (1 mg/kg EV de 8 em 8 horas) • Não tem VO para após alta, neste caso a paciente deve retornar ao serviço para tomar a dose no PS. ▪ Metronidazol (500 mg EV de 12 em 12 horas). • Substituir pelo VO após alta. o Existem outros esquemas de ATB, porém o citado acima é o utilizado aqui para qualquer infecção pélvica. • Se antes de 26 semanas o Damos corticoide apenas a partir de 24 semanas para evitar hemorragia intracraniana e Enterocolite necrotizante. o Se < 24 semanas e tiver infecção -> parto imediato mesmo que o feto não vá sobreviver. o Mesma conduta (internar, hidratação, penicilina) e ficara internada ate ter uma perda pequena de líquido. Devemos avisar que o prognóstico é muito ruim devido a prematuridade e o peso do feto. o Aqui -> se o feto for inviável a conduta será expectante! ▪ Alguns serviços fazem a indução de parto neste caso. • Conduta de TPP -> também receberá MgSO4 (sulfato de magnésio) para neuro proteção. 1 g EV por hora.