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1 OBSTETRÍCIA 10 Marina Prietto ROTURA PREMATURA DAS MEMBRANAS OVULARES E PREMATURIDADE CORIOAMNIONITE: É uma inflamação das membranas fetais (âmnio e córion), do líquido amniótico, placenta e/ou decíduas devido a uma infecção bacteriana; Diagnóstico: Os sinais clínicos e laboratoriais que sugerem essa afecção são: Febre acima de 37,8°C + 2 critérios: - Taquicardia materna - Taquicardia fetal (cardiotocografia) - Leucocitose (>15mil); - Aumento da sensibilidade uterina (palpação uterina dolorosa) - Líquido amniótico fétido /purulento exteriorizado pela vagina – via exame especular; Fatores de risco: » RPMO; » Número de toques vaginais; » Imunossupressão (usa corticoide de forma crônica » Está apresentando sinais de SIRS ou de alguma disfunção orgânica (SOFA) Tratamento: 1. Internamento – UTI ou centro obstétrico, dependendo da gravidade 2. Colher culturas antes de iniciar a ATBterapia; 3. Antibiótico – gram negativos (gentamicina + ceftriaxone) + anaeróbios (clindamicina ou metronidazol) Caso queira associar uma cobertura para gram positivos, adicionar a ampicilina; 4. Indução do trabalho de parto independentemente da idade gestacional. A via vaginal é preferível em relação a cesariana devido ao risco de infecção intra-abdominal. 5. NUNCA usar tocóliticos – pois a conduta consiste em induzir o trabalho de parto. (não dá tempo para corticoide); ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS OVULARES: Também chamada de amniorrexe prematura a rotura das membranas ovulares é definida como a rotura espontânea das membranas amnióticas antes do início do trabalho de parto. Diagnóstico: História clínica bastante sugestiva (perda de líquido claro/amarelado pela vagina, escorrendo pelas pernas, molhando o colchão) + Exame especular confirmando a saída de líquido pelo útero (pois pode ser uma incontinência urinaria, corrimento vaginal etc) Alguns casos o diagnóstico não será tão simples, e por isso serão necessários alguns exames: TESTE DO PAPEL DA NITRAZINA: Lembrar que o pH vaginal é ácido (3,7 a 4,2) 2 OBSTETRÍCIA 10 Marina Prietto Em casos de RPMO há liberação do líquido amniótico, é uma alcalinização do ph vaginal – fita reagente torna-se da cor AZUL (ph > 6,0/6,5) Lembrando que: sêmen, alguns sabonetes podem deixar o pH alcalino e ocasionar um falso positivo. TESTE EM CRISTALIZAÇÃO Pode confirmar o diagnóstico da amniorrexe através arborização do líquido em aspecto de folha de samambaia após secagem da lâmina – Típico do período ovulatório, com estrogênio; (ou com o contato com o líquido amniótico); Lembrando que durante a gestação NÃO é esperado a cristalização devido ao alto teor de progesterona; ULTRASSONOGRAFIA: Não confirma, porém apresenta achados sugestivos, como: Oligodramnia (porém não é exclusivo da RPMO); Oligodramnia: ILA < 50mm ou maior bolsão vertical < 2cm; AMNISURE: Trata-se de um teste rápido que detecta a proteína alfa microglobulina placentária no fluido vaginal (PAMG 1); A presença na secreção vaginal em altas concentrações é indicativo de rotura; É o um dos melhores métodos para a confirmação da RPMO – porém possui um custo elevado e com baixo acesso; CONDUTA: É necessário descartar infecção precocemente; Se < 24 semanas: Expectar ou induzir um abortamento; Se > 34 semanas: Indução do parto. Se estiver entre 24 a 34 semanas: 1. Internar/repouso/hidratação; 2. Antibiótico Ampicilina 2g 6/6 horas por 48 horas + Azitromicina 1g, dose única; Depois manter o esquema com: Amoxicilina 500g 8/8h por 5 dias; 3. Corticoide Betametasona 12mg 1x ao dia por 2 dias 4. Cultura SGB Pra que a presença desse agente está frequentemente associada a sepse neonatal, sendo indicado instituir antibioticoprofilaxia até afastar essa possibilidade. 5. Seriar exames; Cardiotocografia diária – avaliar se o feto não está evoluindo para uma corioamnionite; Sinais vitais 6/6 horas – Monitorização de infecção; VSH, PCR e Hemograma a cada 72 horas Exame especular 2x por semana – avaliar se houve alteração do padrão do líquido; 3 OBSTETRÍCIA 10 Marina Prietto INSUFICIÊNCIA ISTMO CERVICAL: Situação em que há falência do orifício interno em manter a gravidez e o mesmo se abre, permitindo a expulsão de um feto normal praticamente sem sintomas. Faz parte dos diagnósticos diferenciais de abortamento tardio (após 12 semanas) É uma causa importante de prematuridade. Suspeitar em pacientes que referem história prévia de: • Realização de procedimentos no colo uterino • Prematuridade (Já chegou no centro obstétrico com dilatação uterina avançada sem sentir muita dor) • Indolor • Abortamentos precoces A ultrassonografia mostra apagamento do orifício interno e colo uterino curto (o ponto de corte para a medida do colo uterino varia de 15 a 25 mm entre as referências, sendo um colo considerado curto abaixo desse valor) CONDUTA: Realização de uma CERCLAGEM É um procedimento realizado por meio de uma cirurgia, em que costura o colo uterino para evitar o nascimento prematuro; Teve história de prematuridade? Com 16 sem = realização de cervicometria (2/2 sem) – se colo menor que 25 mm – cerclagem. Indicações: - História clássica de insuficiência (perdas indolores com dilatação avançada); - História prévia de prematuridade + colo curto (menor que 25mm); TÉCNICA DE MC DONALDS o Realização de 4 pontos ao redor do colo uterino (nos pontos cardinais) – fixe bem os pontos para que o colo não ceda ao peso fetal com a evolução da gestação. o a melhor idade gestacional para realizar a cerclagem profilática é entre 12 e 16 semanas 4 OBSTETRÍCIA 10 Marina Prietto 5 OBSTETRÍCIA 10 Marina Prietto TRABALHO DE PARTO PREMATURO: O trabalho de parto é denominado prematuro quando é desencadeado antes de 37 semanas completas de gestação. Diagnóstico: É um pouco diferente do trabalho de parto a termo; É necessário a presença de contrações uterinas regulares associado a modificações no colo uterino: Quatro contrações efetivas em 20 min OU oito em 60 min; + Associado a uma dilatação > 2cm OU Apagamento >80%; Conduta: Vai de acordo com a idade fetal; SE < 24 SEMANAS: Nesses casos a criança ainda não é viável, então muitas vezes a condução vai se da de forma similar aos casos de abortamento inevitável = apenas observar e conversar com a família;; SE > 34 SEMANAS: Indica-se evolução do parto naturalmente; O marco de 34 semanas é referente a maturação pulmonar fetal (já está apto); ENTRE 24 a 34 SEMANAS: Já existe uma bebê viável, porém que ainda não atingiu a maturidade (principalmente pulmonar); Indica-se a realização de: 1. Hidratação venosa; Deve-se tomar cuidado na hidratação em pacientes em usos de tocolíticos como a TERBUTALINA, que apresentam risco de edema agudo de pulmão; 6 OBSTETRÍCIA 10 Marina Prietto 2. Corticoide A sua ação é mais efetiva em 48 horas após o início da administração; Atua acelerando o desenvolvimento de pneumócitos e auxilia na síntese enzimática para produção de surfactantes (pneumócitos II) Betametasona 12mg IM 1x ao dia por 2 dias 3. Antibióticoprofilaxia Cultura desconhecida + trabalho de parto prematuro = indicação direta para antibioticoterapia; 4. Cultura para SBG: Porque a presença desse agente está frequentemente associada a sepse neonatal, sendo indicado instituir antibioticoprofilaxia até afastar essa possibilidade. 5. Tocólise O principal objetivo dos tocolíticos é retardar o parto e oportunizar o uso do corticóide para acelerar a maturação pulmonar fetal; As principais drogas na tocolise são: ❖ NIFEDIPINA – Éum BCC, droga de primeira linha por ser mais efetiva e com menos efeitos colaterais diretos; 7 OBSTETRÍCIA 10 Marina Prietto ❖ TERBUTALINA – É um beta agonista, que pode ser feito tanto em IV quanto em SC; É preferível por via subcutânea, visto que a via endovenoso está mais associada a risco aumentado de edema agudo de pulmão; ❖ INDOMETACINA – É um inibidor de prostaglandina, anti inflamatório. É bastante eficaz, porém só pode ser usada até 32 semanas – risco para olidogramnio e fechamento precoce do ducto arterioso. ❖ ATOSIBAN – É um antagonista da ocitocina, o qual não apresenta contraindicações específicas ao seu uso; ❖ SULFATO DE MAGNÉSIO (MGSO4) – Ficar atento ao risco de hipermagnesemia (perda do reflexo patelar, redução da FR e do débito urinário) – nesses casos, o antidoto é o gluconato de cálcio a 10%. Lembrar que se o bebe tiver menos de 32 duas semanas, o sulfato também auxilia na neuro proteção (diminui o risco de paralisia e disfunção motora grave) – Acaba sendo utilizado em todas as gestantes; Contraindicações para a tocolise são: RPMO – Amniorrexe (Só realiza tocólise em bolsas íntegras) Corioamnionite Postergar prematuridade (o uso da tocólise é feito APENAS para ter tempo hábil para a terapia com corticoide! Ele não é feito diversas vezes até virar um feto a termo); Outra conduta bastante eficaz para a prevenção da prematuridade é o uso da PROGESTERONA; A suplementação da progesterona na forma de supositórios vaginais diários ou injeções IM semanais, a partir do 2 trimestre até 34 semanas de gestação tem mostrado uma redução significativa nas taxas de prematuros. Preconiza-se o uso de supositórios vaginais na dose de: 100 a 200mg por noite entre 20 a 34 semanas; Indicado para: Gestantes com o diagnóstico de colo curto (menor que 25mm); Passado de prematuridade. Contraindicado em na prevenção de partos prematuros em gestações gemelares (sem evidências) RASTREAMENTO PARA SGG: Atualmente, TODAS gestantes com IG entre 35 e 37 semanas devem ser rastreadas via swab. 8 OBSTETRÍCIA 10 Marina Prietto PREVENÇÃO DA PREMATURIDADE: Medidas que NÃO são comprovadas cientificamente: Repouso Repouso sexual Tocólise profilática (mesmo a paciente não estando em trabalho de parto); ATB sem indicação Escores de risco Medidas eficazes: Pacientes que fazem uso de drogas – cessar o uso (Álcool, tabaco, cocaína); Progesterona oral – indicado para gestantes com um colo menor que 25mm e história de prematuridade prévia; Cerclagem – indicado para gestante com história de insuficiência istmo cervical OU colo menor 25mm + prematuridade prévia; Tratar infecções – DST, infecção sistêmica, doença periodontal, pielonefrite e vaginose bacteriana Tratar bacteriúria assintomática – em pacientes não gestantes não é necessário, porém em gestante é indicado! OBS: Escherichia coli é o agente etiológico mais frequente na infecção urinária adquirida na comunidade (seja na gestação ou não). Em gestantes, pode ser encontrado em até 70% das ITU, seguida pela Klebsiella pneumoniae, Enterobacter, Proteus mirabillis e bactérias gram-positivas. LEMBRANDO QUE: A profilaxia para Estreptococo do grupo B está indicada em: Caso de urocultura positiva para esse agente durante a gestação, Filho anterior infectado por Estreptococo do grupo B, Pesquisa de swab positiva ou Presença de fatores de risco (febre intraparto, parto prematuro ou bolsa rota por mais de 18h).
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