Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Síndrome do túnel do carpo: Caso clinico: • AMF, feminino, natural de São Luis, 42 anos, apresenta sobrepeso, caucasiana, dentista, vem a consulta no Dutra queixando-se de sensações de “ alfinetadas e agulhadas” na mão esquerda, em face palmar do I,II e III dedos, iniciados a 6 meses. Relata piora no ultimo mês e conta que, frequentemente, acorda de madrugada por causa desses sintomas. Está apreensiva porque nas ultimas semanas, ao tentar segurar pequenos utensilhos de sua profissão, tem deixado que eles caiam no chão. Componentes do túnel do carpo: • N. mediano • Ligamento transverso do carpo • Tendões dos flexores profundos dos dedos • Tendões dos flexores superficiais dos dedos • Flexor longo do polegar • O túnel do carpo é uma estrutura inelástica localizada no punho. É formado superiormente pelo ligamento transverso do carpo (ou seja, o teto do túnel) e inferiormente pelos ossos do carpo (chão do túnel), na parede lateral é delimitado pelo osso escafoide e trapézio, e na parede ulnar é delimitado pelo pisiforme e hamato O túnel do carpo tem como componentes o nervo mediano e 9 tendões, sendo 4 flexores profundos e 4 flexores superficiais do 2º, 3º, 4º e 5º dedos, além do flexor longo do polegar . Existem variações anatômicas em relação as estruturas que atravessam o túnel do carpo, como por exemplo a persistência de uma artéria mediana e ventres musculares dos flexores ou dos lumbricais que se estendem para o interior do túnel. Ramos do nervo mediano: Epidemiologia: • 70% dos casos no mundo acontecem nas mulheres o Principalmente naquelas com idade entre 40-60 anos • 51% mão dominante • 34% bilateral • 15% na mão não dominante O que é? • É a neuropatia compressiva mais frequente. • Caracteriza-se por ser uma patologia crônica e evolutiva, acometendo, preferencialmente, mulheres após a quarta década de vida. • Do ponto de vista anatomopatológico é causada pelas alterações que ocorrem no nervo mediano submetido a compressão na região do canal do carpo. Fatores predispondentes ou relacionados: • Causa idiopática • Posturas/ esforços repetitivos • Infecciosa: abscesso • Alterações hormonais: ovário policístico, menopausa, hipotireoidismo e diabetes • Insuficiência renal • Insuficiência hepática • Artrite reumatoide • Amiloidose • Sequelas de trauma na região do punho( fraturas ou fraturas- luxações, imobilização inadequada) • Tumores na região Fisiopatologia: • Pode ocorrer uma diminuição na dimensão do canal do carpo- diminuição do continente- ou aumento do conteúdo- aumento de volume das estruturas que passam pelo canal do carpo. • Diminuição do continente(estenose) pode ser causada por alterações nas paredes do canal: edema, sinovite, acúmulo de substancia amiloide, tumor, alteração morfológica dos ossos do carpo. • Aumento de volume das estruturas que passam pelo canal pode ser causado por acumulo ou inflamação da sinovial que reveste os tendões(tenossinovite), tumor ou acumulo de substancia amiloide nessas estruturas etc. Quadro clinico: • Relaciona-se com a queixa de hipoestesia insidiosa na região inervada pelo nervo mediano- região ventral do polegar, dedo indicador, dedo médio e metade radial do dedo ulnar. • A hipoestesia- diminuição da sensação- piora com determinadas posições, principalmente as relacionadas com a hiperflexão ou hiperextensão do punho. • Os pacientes referem que a hipoestesia piora durante a noite, sendo a queixa mais frequente e característica a de que acordam durante a noite com a sensação de formigamento e grande desconforto nas mãos, que normalmente melhora com a movimentação e mudança de posição. • Ocasionalmente, os pacientes, em vez de se queixarem de hipoestesia, referem hiperestesia(dor, queimação ou peso nas mãos). • Parestesia progressiva nas mãos: A fraqueza dos músculos intrisecos inervados pelo mediano(lumbricais radiais, oponente do polegar, abdutor curto do polegar e porção superficial do flexor curto do polegar) também ocorre de forma insidiosa e, junto com a perda de sensibilidade, é responsável pela dificuldade progressiva em desempenhar atividades manuais, principalmente as relacionadas com a prenssão e pinça digital. • Historia clinica mais característica: hipoestesia no território do nervo mediano(noturna), diminuição progressiva da força muscular da mão, dor, queda de objetos da mão e piora dos sintomas com a atividade física. • Exame clinico: • Inspeção: o Aumento de volume o Edema o Deformidades o Hipotrofia da eminencia tenar Sinais de parestesia: as sensações de formigamentos, queimação, dormência ou choques • Pesquisa de sensibilidade: o Testes discriminativos: ▪ Tato ▪ Discriminação entre dois pontos ▪ Temperatura ▪ Pressão ▪ Vibração o Testes especiais: ▪ Monofilamentos de Semmes- Weinstein ▪ Vibrometro • Força dos músculos: o Pode ser feito de forma subjetiva ou medindo-se com dinanometros( dinamômetro de pinça e prensão) para determinar a paresia dos músculos intrisecos inervados pelo mediano. o A fraqueza muscular pode ocorrer na STC avançada e é limitada aos músculos da eminencia tenar. Isso se manifesta principalmente como fraqueza na abdução e na oposição do polegar • Sinal de Tinel: o É determinado pela presença de dor, hiperestesia ou choque na região do punho e na região inervada pelo nervo mediano na mão durante a percussão do canal do carpo(região ventral) o Sinal indicativo de síndrome de túnel do carpo. • Sinal de Phalen: o Determinado pela presença de hipoestesia(formigamento) ou hiperestesia(dor) no território inervado pelo nervo mediano na mão, durante a hiperflexão do punho. o Indicativo de síndrome de túnel do carpo • Sinal de Phalen invertido: o Sinal de Phalen, só que com o punho em hiperextensão. • Teste de Durkan: o O examinador pressiona com os dois polegares a região do carpo por 30 segundos. o Positivo quando o sintomas comuns da STC se apresentam ao longo do trajeto no nervo mediano. o É o teste mais especifico. • A digitopressão da região do canal do carpo, onde localiza-se o nervo mediano, por algum tempo, também causa sintomas de hipo ou hiperestesia nos pacientes portadores de síndrome do túnel do carpo. Exames complementares: • O estudo elétrico através da eletroneumiografia poderá trazer subsídios para confirmação diagnostica e para avaliar a intensidade do comprometimento da função do função do nervo mediano. o Indicado principalmente nos pacientes portadores de sintomas pouco definidos ou atípicos e para fins legais. • Outros exames podem ser solicitados, como: a ultrassonografia, a TC e a RM quando, após o exame clinico, suspeita-se de patologias associadas ou alterações morfológicas relacionadas com a presença de síndrome do túnel do carpo. • Esses exames podem auxiliar no diagnostico e no tratamento. • Os exames laboratoriais podem ser utilizados quando há suspeita de etiologia metabólica e/ ou hormonal. Por exemplo, na suspeita de tireoidopatias podem ser solicitados TSH e T4 livre. Outros exames que podem ser solicitados são: VHS, que pode estar aumentado em pacientes com artrite reumatoide; glicemia, para avaliação se o paciente é diabético, acido úrico e outros. Classificação: • Segundo Dellon e Mackinnon, pode ser classificada em: o Leve: sinais objetivos+ sintomas transitórios o Moderada: sintomas constantes, paresia e hipoestesia o Grave: hipotrofia e alteração grave de sensibilidade. Tratamento conservador: • A síndrome do carpo leve e moderada pode ser tratadas de forma não cirúrgica. Esse tratamento é feito através da utilização de órtese estática de posicionamento de punhotipo cock-up, controle do edema e infiltrações de corticosteroides no canal do carpo. • Pode ser feito o uso de analgésicos em união com os AINE. • Sempre que for possível deve-se solicitar reabilitação, através da fisioterapia. • Uso das órteses: o Podem ser confeccionadas sob medida e evitam as posições de hiperflexão e hiperextensão do punho. o Devem ser utilizadas durante a noite(obrigatoriamente) e de maneira intermitente durante o dia. o Seu tempo de uso não pode ultrapassar 15-18 horas, uma vez que a movimentação do punho e dos dedos é importante para a manutenção da função e para a drenagem do edema na região do canal. o Sugere-se seu uso nos períodos diurnos e noturno por 30-45 dias e, após este período, retira-se progressivamente até uso exclusivo no período noturno. • Controle do edema: o Realizado através da utilização de malhas de compressão, malhas tubulares elásticas e faixas tipo coban. A compressão suave e elástica deve ser utilizada até ocorrer redução do edema. • Deve-se orientar o paciente para evitar posições de flexão ou extensão exagerada do punho nas atividades de trabalho e via diária. • Corticosteroide: o A infiltração com corticosteroide pode proporcionar bons resultados a longo ou curto prazo. o Deve ser realizada na região proximal do canal do carpo, entre os tendões flexor ulnar e flexor radial do carpo, evitando-se nervos mediano e ulnar. o Indicado na síndrome leve e naquelas relacionadas com gravidez ou outras alterações que podem ser controladas clinicamente. Tratamento cirúrgico: • Utilizado em casos onde o convencional não promove uma melhora e para os casos mais graves, onde os pacientes apresentam perda sensorial, fraqueza ou sintomas incapacitantes. • Todos os pacientes com indicação cirúrgica devem realizar eletroneuromiografia para determinar a gravidade da lesão nervosa. • O procedimento cirúrgico consiste em descomprimir o túnel do carpo através da secção do ligamento transverso do carpo, também chamado de retinaculo dos flexores. • Pode ser de três tipos: convencional, “mini- open”(minimamente invasivo) e o artroscopico. • Via artroscopica: é colocada uma câmera dentro do pulso do paciente e é observado a articulação e o túnel. A partir dessas imagens é feita a incisão. Técnica convencional: • É a mais antiga • Fornece uma visão completa da anatomia e de possveis anomalias, diminuindo o risco de lesões em estruturas criticas. Atraves dessa abordagem é possível explorar o canal do capo para, por exemplo, investigar a presença de massas. • Uma variedade de incisões pode ser empregadas, porem a mais comumente utilizada é aquela em que a incisão começa bem procimal a linha cardianl de Kaplan, que é desenhada do ápice da dobra interdigital entre o polegar e o dedo indicador, em direção ao lado ulnar da mão, paralelamente a dobra media da mão. Portanto, a incisão de 3-4 cm se estende da prega de flexão do punho, no prolongamento da borda radial do quarto dedo, a linha cardinal de Kaplan. Mini open: • A incisão realizada pode variar entre 1- 1,5 cm • O ligamento transverso do carpo também é acessado e seccionado com liberação do espaço do carpo e descompressão do nervo mediano. Técnica endoscópica: • A incisão é feita proximal a prega de flexão do punho para introdução do endoscópio. • Se for de difícil visualização, deve-se converter o ato para cirurgia aberta. • Nessa técnica tem-se preservação da fascia palmar e pele, portanto, essa técnica pode resultar em menos sensibilidade da cicatriz e em retorno mais precoce ao trabalho, em comparação com a técnica aberta. Complicações: • São possíveis complicações da cirurgia: o Divisão inadequada/ incompleta do ligamento transverso do carpo o Lesões dos ramos cutâneos motores e palmares recorrentes do nervo mediano o Lacerações do tronco mediano e ulnar o Lesões vasculares do arco palmar superficial o Infecções pós-operatórias de feridas o Formação dolorosa de cicatrizes o Síndrome complexa de dor regional. Pos- operatório: • Imobilização durante uma semana • Deve-se evitar: o Arco de corda dos tendões flexores o Deiscência da sutura o Aderência do mediano na cicatriz
Compartilhar