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IANI SOARES LUZ XIII – MED APG 32 – SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO Punho e mão Ossos - Carpo (ou punho): Formado por 8 ossos carpais dispostos em 2 fileiras, proximal e distal, de 4 ossos. • Fileira proximal (da região lateral para a medial): ◦ Escafoide: Maior osso na fileira proximal; em forma de “barco”’ que se articula proximalmente com o rádio; ◦ Semilunar: Em forma de “meia-lua” e se articula proximalmente com o rádio; ◦ Piramidal: Em forma de “pirâmide” e se articula proximalmente com o disco articular da articulação radiulnar distal; ◦ Pisiforme: Pequeno osso em forma de ervilha, situado na face palmar do osso piramidal. • Fileira distal (da região lateral para a medial): ◦ Trapézio: Osso com 4 faces situado na região lateral do carpo; articula-se com os ossos metacarpais I e II, escafoide e trapezoide; IANI SOARES LUZ XIII – MED ◦ Trapezoide: Osso cuneiforme e se articula com os ossos metacarpal II, trapézio, capitato e escafoide; ◦ Capitato: Formato de “cabeça” e uma extremidade arredondada, é o maior osso carpal; ◦ Hamato: Osso cuneiforme que se articula com os ossos metacarpais IV e V, capitato e piramidal. ▪ Tem um processo característico semelhante a um gancho, o hâmulo do osso hamato, que se estende anteriormente. • Ampliando o movimento na articulação do punho, as 2 fileiras de ossos carpais deslizam uma sobre a outra; além disso, cada osso desliza sobre aqueles adjacentes a ele. - Metacarpo: Forma o esqueleto da palma da mão entre o carpo e as falanges. É formado por 5 ossos metacarpais. • Cada metacarpal tem base, corpo e cabeça. ◦ Bases dos metacarpais, proximais, articulam-se com os ossos carpais; ◦ Cabeças dos metacarpais, distais, articulam-se com as falanges proximais. • O metacarpo I (do polegar) é o mais largo e mais curto desses ossos. - Falanges: Cada dedo da mão tem 3 falanges, exceto o polegar, que tem apenas 2; entretanto, as falanges do primeiro dedo são mais volumosas do que as dos outros dedos. • Cada falange tem uma base proximal, um corpo e uma cabeça distal. • As falanges proximais são as maiores, as médias têm tamanho intermediário e as distais são as menores. IANI SOARES LUZ XIII – MED Músculos - Os músculos intrínsecos da mão estão localizados em 5 compartimentos. Compartimento tenar (músculos tenares) Formam a eminência tenar na face lateral da palma e sua principal ação é a oposição do polegar. Músculo abdutor curto do polegar (ACP): Além de abduzir o polegar, auxilia o músculo oponente do polegar durante os estágios iniciais de oposição por meio de leve rotação medial da falange proximal; Músculo flexor curto do polegar (FCP): Possui 2 ventres e flete o polegar nas articulações carpometacarpais e metacarpofalângicas e ajuda na oposição do polegar; Músculo oponente do polegar: É quadrangular e está situado profundamente ao ACP e lateralmente ao músculo FCP. Faz a oposição do polegar, o movimento mais importante desse dedo. Ele flete e gira o osso metacarpal I medialmente na articulação carpometacarpal durante a oposição; esse movimento ocorre ao pegar um objeto. IANI SOARES LUZ XIII – MED Compartimento adutor: Músculo adutor do polegar: Possui forma de leque, aduz e move o polegar em direção à palma da mão, assim dando força à preensão. Compartimento hipotenar (músculos hipotenares) Criam a eminência hipotenar na face medial da palma e movem o dedo mínimo. Músculo abdutor do dedo mínimo: É o mais superficial; abduz o 5º dedo e ajuda a fletir sua falange proximal; Músculo flexor curto do dedo mínimo: Flete a falange proximal do 5º dedo na articulação metacarpofalângica; Músculo oponente do dedo mínimo: É quadrangular; efetua o deslocamento anterior e a rotação lateral do osso metacarpal V, assim aprofundando a cavidade da palma e colocando o 5º dedo em oposição ao polegar; atua exclusivamente na articulação carpometacarpal; Músculo palmar curto: Enruga a pele da eminência hipotenar e aprofunda a cavidade da palma, assim auxiliando a preensão palmar. Também cobre e protege nervo e artéria ulnares. ◦ Está situado na tela subcutânea da eminência hipotenar, ou seja, não está no compartimento hipotenar. Compartimento central (músculos lumbricais) Assim chamados em razão do seu formato semelhante a um verme/lombriga. Eles fletem os dedos nas articulações metacarpofalângicas e estendem as articulações interfalângicas. Compartimentos interósseos (músculosinterósseos) • Músculos interósseos dorsais: 4 músculos localizados entre os ossos metacarpais; • Músculos interósseos palmares: 3 músculos localizados nas faces palmares dos ossos metacarpais. • Os 4 músculos interósseos dorsais abduzem os dedos, e os 3 interósseos palmares os aduzem IANI SOARES LUZ XIII – MED Tendões Tendões flexores: Movimentos de dobra dos dedos, por exemplo. • Atuam no deslizamento da mão e punho permitindo a realização de movimentos, especialmente, os mais delicados, como “pinçar” ou pressionar manualmente os objetos. IANI SOARES LUZ XIII – MED Tendões extensores: Movimentos de esticar os membros, sejam eles os dedos ou punhos • Localizam-se na região dorsal da mão e punho, de forma que existe uma perfeita interligação entre si. Na soma total, a mão possui mais de 30 tendões. IANI SOARES LUZ XIII – MED Artérias - As artérias ou seus derivados são relativamente superficiais e estão situadas sob a pele, que sua e libera o excesso de calor Artéria ulnar: Entra na mão anteriormente ao retináculo dos músculos flexores entre o osso pisiforme e o hâmulo do osso hamato através do túnel ulnar (loja de Guyon). Situa-se lateralmente ao nervo ulnar. • Arco palmar superficial: Principal término da artéria ulnar; ◦ 3 artérias digitais palmares comuns: Anastomosam-se com as artérias metacarpais palmares do arco palmar profundo. ▪ 3 pares de artérias digitais palmares próprias: Seguem ao longo das laterais adjacentes do 2° ao 4° dedo. Ramo palmar profundo. Artéria radial: Curva-se dorsalmente ao redor dos ossos escafoide e trapézio e atravessa o assoalho da tabaqueira anatômica. Entra na palma da mão passando entre as cabeças do 1° músculo interósseo dorsal e depois gira medialmente, passando entre as cabeças do músculo adutor do polegar. • Arco palmar profundo: Anastomose da artéria radial com o ramo profundo da artéria ulnar. Esse arco atravessa os ossos metacarpais na parte imediatamente distal às suas bases. IANI SOARES LUZ XIII – MED ◦ 3 artérias metacarpais palmares; ◦ Artéria principal do polegar. • Artéria radial do indicador: Geralmente, é um ramo da artéria radial, mas pode originar-se da artéria principal do polegar. Veias IANI SOARES LUZ XIII – MED - Os arcos palmares venosos superficiais e profundos, associados aos arcos palmares (arteriais) superficiais e profundos, drenam para as veias profundas do antebraço. - As veias digitais dorsais drenam para 3 veias metacarpais dorsais, que se unem para formar uma rede venosa dorsal. - Superficialmente ao metacarpo, essa redeprolonga-se em sentido proximal na face lateral como a veia cefálica. - A veia basílica origina-se da face medial da rede venosa dorsal. Nervos - Nervo mediano: Emerge do plexo braquial, entra na mão através do túnel do carpo, profundamente ao retináculo dos músculos flexores, em conjunto com os 9 tendões dos músculos flexor superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos e flexor longo do polegar. • O túnel do carpo é a passagem profunda ao retináculo dos músculos flexores entre os tubérculos dos ossos escafoide e trapezoide na regiãolateral e o osso pisiforme e o hâmulo do osso hamato na região medial. Túnel do carpo • Supre os 2 músculos tenares e a metade de outro e o 1º e 2º músculos lumbricais, envia fibras sensitivas para a pele de toda a face palmar, as IANI SOARES LUZ XIII – MED laterais dos 3 primeiros dedos, a metade lateral do 4º dedo e o dorso das metades distais desses dedos. • Forma os ramos recorrente, lateral, medial e cutâneo. Nervo ulnar: Deixa o antebraço, emergindo da região profunda ao tendão do músculo flexor ulnar do carpo. Prossegue distalmente ao punho através do túnel ulnar. Segue entre o osso pisiforme (medialmente) e a artéria ulnar (lateralmente). • Ramo cutâneo palmar: Inerva a pele na face medial da palma da mão. • Ramo cutâneo dorsal: Supre a metade medial do dorso da mão, o 5º dedo e a metade medial do 4º dedo. • Ramo superficial: Envia ramos cutâneos para as faces anteriores do dedo mínimo e da metade medial do dedo anular. • Ramo profundo: Supre os músculos hipotenares, os 2 músculos lumbricais mediais, o músculo adutor do polegar, a cabeça profunda do músculo flexor curto do polegar e todos os músculos interósseos. Nervo radial: Não supre músculos da mão • Ramo superficial: É apenas sensitivo e supre a pele e a fáscia nos 2/3 laterais do dorso da mão, o dorso do polegar e as partes proximais do polegar e da metade medial do dedo indicador. IANI SOARES LUZ XIII – MED IANI SOARES LUZ XIII – MED SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO - A síndrome do túnel do carpo (STC) refere-se ao complexo de sintomas e sinais causados pela compressão do nervo mediano enquanto ele percorre o túnel do carpo. • É uma neuropatia de compressão. Epidemiologia - STC é um distúrbio comum entre adultos. - STC é mais frequente em mulheres do que em homens. • A razão entre homens e mulheres para prevalência de STC é de aproximadamente 3:1. - A prevalência de STC parece ser maior para pacientes mais velhos e com maior índice de massa corporal (IMC). IANI SOARES LUZ XIII – MED • A prevalência de STC parece ser maior para mulheres com IMC > 29 e menor para homens com IMC < 25. Etiologia - Fatores de risco: Sexo feminino: Uma possível explicação é que a área transversal do túnel carpal proximal é, geralmente, menor nas mulheres. Além disso, mulheres com STC têm áreas transversais menores do que mulheres sem STC; Predisposição genética: Dados limitados sugerem que alguns pacientes podem ter uma suscetibilidade genética à STC. Além disso, pacientes com STC bilateral são mais propensos a ter história familiar de STC do que pacientes com doença unilateral ou sem doença. Isso pode refletir uma responsabilidade herdada por lesão nervosa ou pode ser devido a uma variabilidade anatômica herdada no tamanho do túnel do carpo; Diabetes mellitus: A frequência de STC em pacientes com diabetes é maior do que na população geral. Pacientes com polineuropatia diabética (DPN) podem ter um risco maior de STC do que pacientes sem DPN; Artrite: Osteoartrite e artrite reumatoide (AR) podem levar à compressão anatômica do túnel do carpo; Obesidade: Geralmente, definida como IMC > 30, é um provável fator de risco para neuropatia mediana no punho e para STC sintomática; Doença da tireoide: Hipotireoidismo contribui para o desenvolvimento da STC aumentando o edema do tecido periférico; Gravidez: Os pacientes podem frequentemente relatar sintomas no 3° trimestre. Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem gradualmente em um período de semanas a meses após o parto; no entanto, os sintomas podem ser prolongados por vários meses em pacientes que estão amamentando. ◦ O ganho de peso e comorbidades como diabetes mellitus têm sido associados ao risco de STC na gravidez. ◦ Acúmulo de líquido é a provável etiologia da STC em pacientes grávidas. Trauma: O nervo mediano pode ser lesado com trauma no punho, incluindo lesão por esmagamento da mão e fraturas do rádio ou do osso do carpo; IANI SOARES LUZ XIII – MED Inibidores de aromatase (letrozol, anastrozol, exemestano): Usados para suprimir os níveis plasmáticos de estrogênio para tratamento e prevenção do câncer, parecem estar associados a um risco aumentado de artralgias e STC; ◦ Estudos sugerem que o mecanismo da STC associada ao inibidor de aromatase é o espessamento do tendão. Outros: Fratura prévia do rádio distal, acromegalia, síndrome metabólica, amiloidose sistêmica, indivíduos com uma mononeuropatia mediana preexistente, uso de contraceptivos orais de estrogênioprogesterona, tabagismo, etc. Fatores ambientais: O papel do uso repetitivo da mão/punho e fatores do local de trabalho no desenvolvimento da STC é controverso. A atribuição de uma ocupação ao desenvolvimento posterior de STC pode ser confundida pela presença de outros fatores de risco para STC ou fatores ergonômicos individuais. ◦ Os fatores ocupacionais que foram propostos para causar ou agravar a STC incluem o seguinte: Uso repetitivo da mão e do pulso; uso forçado da mão e do pulso; trabalhar com ferramentas vibratórias; pressão sustentada do pulso ou da palma da mão; extensão e flexão prolongadas do punho; uso das mãos em temperaturas frias. ◦ As categorias ocupacionais com risco particularmente alto de STC incluem produção e fabricação, escritório e apoio administrativo e processamento e preparação de alimentos. Fisiopatologia - Compressão anatômica: O aumento da pressão no túnel do carpo pode lesar o nervo diretamente, prejudicar o transporte axonal ou comprimir vasos no perineuro e causar isquemia do nervo mediano. • A compressão anatômica do nervo mediano pode resultar do aumento do volume de outros componentes do túnel do carpo. Isso inclui qualquer um dos 9 tendões flexores, que passam pelo túnel do carpo ao lado do nervo mediano. ◦ Causas que podem promover esse aumento de volume dos componentes do túnel do carpo: Fibrose do tecido conjuntivo subsinovial que envolve os tendões flexores; espaço anatômico congênito pequeno; lesões de massa (cisto, neoplasia, artéria mediana persistente, etc.); edema; condições inflamatórias resultantes de doenças sistêmicas (p. ex.: artrite reumatoide). • A postura da extremidade superior também influencia a pressão do túnel do carpo. IANI SOARES LUZ XIII – MED ◦ A menor pressão do túnel do carpo é observada quando o punho está em posição neutra ou levemente flexionada, e aumenta proporcionalmente com o desvio dessa postura. Inflamação: A compressão no túnel do carpo pode levar a edema endoneural por congestão venosa e inflamação após lesão do sistema capilar endoneural. • A compressão do nervo promove edema e espessamento das paredes dos vasos dentro do endoneuro e perineuro, fibrose sinovial e proliferação vascular, afinamento da mielina e subsequente degeneração das fibras nervosas seguida de regeneração. • Esses fatores também podem ser responsáveis por relatos cirúrgicos de uma deformidade em forma de “ampulheta” do nervo mediano na região do túnel do carpo. Essa deformidade pode refletir o afinamento relativo do nervo abaixo do ligamento transverso do túnel do carpo e edema do nervo em segmentos mais distais e proximais. • Existem algumas evidências de que a proliferação vascular e a fibrose estão associadas ao aumento da expressão da prostaglandina E2 e do fator de crescimento endotelial vascular. ◦ No entanto, o papel preciso desses fatores na STC é incerto. Manifestações clínicas - A característica marcante da STC clássica é a dor ou parestesia (dormência e formigamento) em uma distribuição que inclui o território do nervo mediano, com envolvimento dos 3 primeiros dedos e da metade lateraldo 4º dedo. IANI SOARES LUZ XIII – MED Sinais e sintomas • Dor • Parestesia - Podem ser localizadas no punho ou podem envolver toda a mão. ◦ Não é incomum que os sintomas sensoriais se irradiem proximalmente para o antebraço e, menos frequentemente, irradiem acima do cotovelo para o ombro, mas o pescoço não é afetado. • Envolvimento motor leva a queixas de fraqueza ou falta de jeito ao usar as mãos, como dificuldade em segurar objetos, girar chaves ou maçanetas, abotoar roupas ou abrir tampas de potes. ◦ Os sinais clínicos podem incluir fraqueza da abdução e oposição do polegar e atrofia da eminência tenar. • STC bilateral é comum, embora a experiência clínica sugira que uma apresentação inicial unilateral de STC seja encontrada com mais frequência. ◦ Em alguns casos, o envolvimento é subclínico de um lado e sintomático do outro. Manobras físicas Os sintomas da STC são frequentemente provocados por atividades que envolvem flexão ou extensão sustentada do punho ou elevação dos braços, como dirigir, ler, digitar e segurar um telefone. • Alguns pacientes relatam melhora temporária dos sintomas ao sacudir ou torcer as mãos ou colocá-las sob água morna corrente. Evolução clínica Os sintomas da STC podem ser notados inicialmente à noite e a dor ou parestesias podem despertar os pacientes do sono. • À medida que progridem, os sintomas também podem ser observados durante as horas de vigília, especialmente, durante atividades que exigem posições sustentadas dos braços ou movimentos repetitivos. • Em alguns casos, há progressão de queixas sensoriais intermitentes para persistentes e de parestesias para perda sensorial na mão. IANI SOARES LUZ XIII – MED • A perda sensitiva fixa é geralmente um achado tardio caracterizado por um padrão clínico distinto que envolve os dedos inervados medianamente e poupa a eminência tenar. Esse padrão ocorre porque o nervo cutâneo sensitivo palmar surge proximal ao punho e passa sobre o túnel do carpo, e não através dele. • Sintomas motores, incluindo fraqueza, geralmente se desenvolvem tardiamente e em pacientes com um curso mais grave. ◦ No entanto, alguns pacientes com STC aguda, como aqueles com sintomas devido a fratura óssea ou outro trauma, podem relatar fraqueza precoce devido a lesão axonal. • Para pacientes com sintomas leves, o curso clínico da STC pode seguir um padrão alternado com períodos de remissão e exacerbação Categorização dos sintomas da STC Sintomas leves Comprometimento sensorial pode incluir formigamento ou desconforto na distribuição do nervo mediano, mas sem dormência ou fraqueza persistentes. Os sintomas não interrompem o sono, prejudicam a função das mãos ou interferem nas atividades da vida diária (AVDs); Sintomas moderados Dormência persistente está presente na distribuição mediana ou sintomas noturnos leves ocasionalmente interrompem o sono. Os sintomas (perda sensorial ou dor) podem interferir levemente na função da mão, mas o paciente é capaz de realizar todas as AVDs; Sintomas graves Fraqueza está presente na distribuição mediana ou os sintomas são incapacitantes, interrompem rotineiramente o sono ou impedem o paciente de realizar uma ou mais AVDs. Diagnóstico - Clínico: • Sintomas característicos: Desconforto maçante e dolorido na mão, antebraço ou braço; parestesia na mão; fraqueza ou falta de jeito da mão; ocorrência de qualquer um desses sintomas na distribuição mediana. • Fatores provocativos: Dorme; posições sustentadas da mão ou do braço; ações repetitivas da mão ou punho. IANI SOARES LUZ XIII – MED • Fatores mitigantes: Mudanças na postura das mãos; agitando a mão. Manobras provocativas Testes à beira do leito realizados como parte de um exame clínico para detectar sintomas de STC. Manobra de Phalen Realizada com o paciente trazendo as superfícies dorsais das mãos uma contra a outra para fornecer hiperflexão do punho enquanto os cotovelos permanecem flexionados. Alternativamente, o paciente pode flexionar totalmente as mãos no punho com o cotovelo em extensão total para fornecer tração no nervo mediano. A posição flexionada é mantida por um minuto. O sinal positivo é definido como dor e/ou parestesia nos dedos inervados pela mediana. Teste de Tinel Percussão firme realizada ao longo do nervo mediano imediatamente proximal ou no topo do túnel do carpo. É positivo quando paciente relata dor e/ou parestesia dos dedos inervados pelo nervo mediano. IANI SOARES LUZ XIII – MED Teste de Durkan ou compressão manual do carpo Realizado aplicando-se pressão sobre o ligamento transverso do carpo por 30 segundos. Dor ou parestesia indica um resultado positivo. Teste de elevação da mão Envolve fazer com que o paciente levante as mãos acima da cabeça por um minuto. O teste é positivo se reproduzir os sintomas da STC. Teste neurodinâmico do membro superior Avalia a mobilidade do nervo periférico e pode ser usado para identificar pacientes com STC. Os pacientes são instruídos a abduzir e girar externamente o ombro e flexionar o cotovelo, cada um a 90°. Em seguida, o paciente supina o antebraço, estende o punho e os dedos e abduz o polegar. O teste positivo sugere restrição da mobilidade nervosa quando os sintomas da STC ocorrem ou pioram com a extensão do cotovelo. IANI SOARES LUZ XIII – MED (1) Para a testagem do membro superior esquerdo, o terapeuta fica de frente para a paciente, posicionando-a com a cabeça em posição neutra e abdução de ombro. Com sua mão esquerda, deve aplicar uma força suave para deprimir ligeiramente e estabilizar o ombro do paciente (esta estabilização é importante pois durante o teste, o paciente pode elevar o ombro e aliviar a tensão aplicada ao sistema neural falsificando o resultado do teste), e com a mão direita, envolve a mão do paciente, garantindo o controle do polegar e dedos. (2) Realize uma rotação externa no braço do paciente (como na figura2), mantendo supinação de antebraço e extensão de punhos e dedos. (3) Realize extensão suave do cotovelo. Neste momento o (ou a) terapeuta deve prestar atenção para a presença de resistência à extensão de cotovelo ou ao relato do paciente de dor ou reprodução dos sintomas, os quais indicariam um teste positivo. IANI SOARES LUZ XIII – MED Testes eletrodiagnósticos Realizados em STC com sintomas atípicos para confirmar o diagnóstico e para pacientes com sintomas moderados a graves ou que progridem, apesar do tratamento conservador, para auxiliar nas decisões sobre a intervenção cirúrgica. • Estudos de condução nervosa: Medição da velocidade de condução através do túnel do carpo e determinação da amplitude das respostas sensoriais e motoras para determinar a gravidade da lesão do nervo mediano. ◦ Condução nervosa prejudicada: Compressão do nervo resulta em danos à bainha de mielina e se manifesta como latências distais atrasadas e velocidades de condução mais lentas. ◦ Perda axonal: Compressão sustentada ou mais severa pode levar a perda axonal, resultando em redução da amplitude do potencial de ação motor composto do nervo mediano ou do nervo sensitivo. Eletromiografia Útil para excluir outras condições, como polineuropatia, plexopatia e radiculopatia, e para avaliar a gravidade da STC se a descompressão cirúrgica estiver sendo considerada. ◦ Avalia a evidência de alterações patológicas nos músculos inervados pelo nervo mediano. Exames de imagem A imagem do nervo mediano com ultrassom ou ressonância magnética é normalmente reservada para pacientes com suspeita de anormalidade estrutural do punho, como tumor, cisto ganglionar,deformidade ou outra doença óssea ou articular ou para pacientes com sintomas atípicos não explicados por testes eletrodiagnósticos. Diagnóstico diferencial da STC Radiculopatia cervical, neuropatia mediana no antebraço, mielopatia espondilótica cervical e polirradiculopatia cervical, plexopatia braquial, fibromialgia, osteoartrite e artropatia inflamatória envolvendo as pequenas articulações da mão, fenômeno de Raynaud e lesão ligamentar. IANI SOARES LUZ XIII – MED Tratamento Tratamento não cirúrgico - Recomendado para pacientes com diagnóstico clínico de STC com sintomas leves. - Terapia inicial: Tala de punho: Mantém o punho em uma posição neutra, evitando assim a flexão ou extensão prolongada do punho. A imobilização pode limitar as atividades que aumentam a pressão dentro do túnel do carpo ou reduzem sua área transversal. ◦ Geralmente, são usadas à noite, mas podem ser usadas continuamente. ◦ Um teste de um a dois meses é razoável para avaliar a resposta inicial à imobilização noturna. Injeção de glicocorticoides na região do túnel do carpo: Destina-se a reduzir a inflamação do tecido e ajudar na recuperação. Uma alternativa à imobilização para alívio dos sintomas a curto prazo. ◦ Normalmente, usamos uma única injeção de metilprednisolona (20 a 40 mg) com lidocaína a 1%. ▪ A betametasona também pode ser usada. Opções adicionais se a terapia inicial forineficaz: Terapia combinada: Consiste em imobilização com injeção(ões) de glicocorticoide(s); • Glicocorticoides orais: Podem ser usados como alternativa à injeção de glicocorticoides, geralmente, em combinação com talas ou outras terapias não cirúrgicas para pacientes com resposta inadequada à terapia inicial. ◦ Utilizamos um curso curto de glicocorticoides orais, como prednisona 20 mg ao dia por 10 a 14 dias. ◦ O tratamento com glicocorticoide oral não deve se estender além de 4 semanas de duração devido aos efeitos colaterais deletérios da IANI SOARES LUZ XIII – MED terapia prolongada com glicocorticoide (gastrite, hiperglicemia, imunossupressão, osteoporose e sintomas neuropsiquiátricos). Outras opções não cirúrgicas: Yoga, mobilização do osso do carpo, exercícios de deslizamento do nervo, terapia de ultrassom, etc. Tratamento cirúrgico - A cirurgia é o tratamento de escolha para pacientes com evidência de lesão nervosa grave contínua na ausência de etiologia reversível. - Indicação: Para pacientes com sintomas moderados ou graves e evidência eletrodiagnóstica de lesão grave do nervo mediano (desnervação ou perda de axônio), a menos que haja um fator precipitante temporário claro, como gravidez. - Confirmação eletrodiagnóstica pré-operatória: Estudos eletrodiagnósticos devem ser obtidos antes do tratamento cirúrgico (se ainda não realizado durante a avaliação diagnóstica) para confirmar o diagnóstico de STC, avaliar a gravidade e orientar a adequação da cirurgia. - Técnicas cirúrgicas: Envolve a divisão do ligamento transverso do carpo (ou retináculo flexor) e a fáscia antebraquial para reduzir a pressão no nervo mediano. • Pode ser realizada por incisão padrão ou por via endoscópica, com ou sem orientação ultrassonográfica.
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