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Roger F Gomes – pág. 1 10ª aula de Fármaco 2 ERE – Régis Antifúngicos Micoses Superficiais: dermatófitos, candidíase, malasseziose. Sistêmicas como Aspergillus, Histoplasmose e criptococose. Candida causa micoses superficiais, mas também causam micoses sistêmicas muitas vezes letais. Da mesma forma, os fármacos antifúngicos podem ser utilizados por via tópica e o mesmo fármaco ter utilização sistêmica. Somente há quatro ou cinco classes de antifúngicos. A maioria dos antifúngicos atua na membrana plasmática, mas especificamente no ergosterol. E uma única classe, a classe das equinocandinas atua na parede celular. Poliênicos – Anfoterina B É um antibiótico poliênico que tem ação frente aos fungos. Não tem ação frente a bactérias, só há uma única exceção. Tem ação fungistática e fungicida. Tem ação a fungos leveduriformes, fungos filamentosos, e fungos dimórficos. Há pouca resistência frente a ele. Também tem ação frente alguns protozoários como de Leishmaniose, usado como segunda opção para esse e pra Plasmodium. E tem alguma ação contra Micobacterium leprae que causa hanseníase. E ainda tem ação imunoestimulante aumentando a imunidade humoral e celular. Farmacocinética: ela só pode ser aplicada via intravenosa ou intratecal porque não atravessa barreira hematoencefálica pelo menos em concentrações adequadas. Utilizada para tratamento meningite tem que ser intratecal. Tem algumas situações aplicações intralesão de anfotericina B, isso concentra o antifúngico no local da lesão e não vai ter toxicidade decorrente do fármaco. Tem uma meia vida inicial de 24/48h, meia vida terminal de 15 dias. A excreção dela e renal e biliar que compõe 75%. O mecanismo de ação é pela ligação do ergosterol que está na membrana plasmática dos fungos, lembrando que os mamíferos têm colesterol na membrana plasmática das células. Ela se liga ao ergosterol, se forma um poro, um orifício e essa célula perde a capacidade a homeostasia, começando a sair íons, saindo água e a célula fúngica morre. Ela causa uma série de efeitos adversos como dor no local de infusão, alguma coisa de hepatotoxicidade, pode levar anemia, mas o efeito principal é sobre o sistema renal. Dois mecanismos que vão causar lesão renal: construção da artéria renal que vai ter um aporte sanguíneo menor para o rim além disso, lá nos túbulos distais ela vai se ligar ao colesterol presente neles. Ela vai fazer a mesma coisa que faz no ergo, vai fazer um orifício e aí então a célula do túbulo distal vai perder íons ou o organismo começa a perder íons e isso levar a insuficiência renal. É comum isso? Sim, bem comum e perigoso. Para tentar contornar o efeito adverso da anfotericina B surgiram duas formulações: lipossomal conhecida como AmBizome e a complexo lipídico conhecida como Abelcet. As duas tem incrustações de lipídios na sua molécula, foi feita uma adição dos lipídios que muda um pouco a farmacocinética e farmacodinâmica, muda a ação nos fungos. A grande vantagem é que diminui consideravelmente o efeito adverso como desoxicolato. A grande desvantagem é o preço, são bem caros, nem todo paciente tem acesso. Poliênicos – Nistatina O espectro de ação e bastante limitado, somente para fungos leveduriformes, basicamente é contra cândidas. Bastante utilizadas em mulheres para candidíase urovaginais. Farmacocinética: só tem uso tópico, suspensão oral, pode utilizar para tratamento do sapinho porque não vai ter absorção gastrointestinal. Uso tópico como suspensão orla, creme vaginal, pomadas. Sem absorção cutânea e gastrointestinal praticamente não vai ter nenhum efeito adverso. Não-Poliênicos – Griseofulvina Já foi muito utilizada. Tem ação limitada: só sobre dermatófitos, que são os fungos que causam problemas de pele de pessoas e animais. Mecanismo de ação: se liga a tubulina presente nos microtúbulos e vai impedir a divisão mitótico. Farmacocinética: tem uso oral e uso tópico em formas de pomadas. Ela deposita-se nesses questionários então isso aumenta a ação dela frente a ação de fungos dermatófitos. Roger F Gomes – pág. 2 Ela é comprovadamente teratogênica é isso fez com que não se usa mais ela. A única vantagem dela em relação aos outros é no tratamento da dermatofitose de cabelo de crianças (Tinea capitis), de resto existem outros melhores. Azóis Não são tão eficazes quanto a anfotericina, mas é mais utilizada. Divididos em: imidazois que tem dois átomos de nitrogênio em sua composição química e os triazois que tem três na sua estrutura. Os azóis tem como mecanismo de ação: inibição da enzima 14-alfa-desmetilase, associada ao cit p450 fúngico. Ela vai impedir que o lanoesterol seja transformado em ergosterol. Isso vai fazer com que o fungo acabe sofrendo com essa ausência e haja um acúmulo de lano em excesso que é também é toxico, tendo uma ação antifúngica. Os azóis são basicamente fungistáticos. Imidazóis – Cetoconazol Ele foi o primeiro azol de uso oral. Tem um espectro de ação bastante amplo: dermatofitose, candidíase, criptococose, Histoplasmose, aspergilose, entre outras infecções fúngicas. Farmacocinética: Assim como todos os outros ele não atravessa a barreira hematoencefálica, mas atravessa a barreira placentária. Ele tem uma certa teratogenia. Ele é desenvasilhado a gestantes. Efeitos adversos: marcado pela sua hepatotoxicidade. Nós últimos tempos não é recomendado de forma sistêmica, ou seja, uso oral, somente agora é uso tópico. Alguns pacientes tiveram até hepatite. Imidazois de uso exclusivamente tópico: miconazol e clotrimazol. Usados nas dermatófitose, malasseziose e candidíase. Triazóis São compostos pelo fluconazol, itraconazol, voriconazol e posaconasol. E dentre eles tem o itraconazol que é o mais importante é mais utilizado na rotina clínica. O espectro de ação é bem semelhante é bem amplo, pegam tanto leveduras, quanto filamentosos quanto fungo dimórficos. Fluconazol é um pouco menos ativo, mas ele tem uma vantagem. Triazóis – Itraconazol Ele é melhor absorvido em pH ácido, oral, logo após ou durante as refeições. Tem meia vida de 8-12 horas. É bastante lipofílico, com boa distribuição, vai se depositar durante um longo período na queratina, bom para tratamentos de longo prazo. Não atravessa barreira hematoencefálica, menos de 10%, não bom para tratamento de meningite fúngica. Atravessa a barreira placentária em doses elevadas, não se sabe se ele causa ainda ou não teratogenia, por via das dúvidas não se faz uso de antifúngicos em pacientes grávidas. Excretado basicamente pelas fezes. É um fármaco relativamente seguro. Os efeitos adversos vão desde indisposição gastrointestinal, vomito, alguma coisa de hepatotoxicidade, mas nem comparado com o cetoconazol. Única situação mais grave seria em pacientes cardíacos já que prolonga intervalo QRT. Triazóis – Fluoconazol Tem espectro de ação um pouco menor. Farmacocinética: pode ser utilizado via oral ou intravenosa. A grande vantagem frente aos demais triazois e aos demais antifúngicos é que ele consegue atingir concentrações elevadas no LCR, isso é importante para fungos que se alojam no sistema nervoso central como no caso dos criptococcos. Tem meia vida longa, 25-30h é excretado pela urina. É bastante seguro, usado rotineiramente em candidíase recorrentes. Só precisa ter cuidado em pacientes hepatopatas. Triazóis – Voriconazol e Posaconazol Faz pouco tempo que estão disponíveis comercialmente no BR. Tem espectro de ação excelentes, atingem a maior parte dos agentes fúngicos. Voriconazol tem alguns efeitos adversos que vai desde uma leve tontura, causar alguns problemas no cerebelo, causa umas manchas na visão, mas isso é transitório, causa um certo problema renal, mas nada muito grave, também tem alguma coisa ao aumento das enzimas hepáticas, mas apareceu um efeito adverso pós comercialização: queé o carcinoma de células escamosas. A utilização dele é mais para infecções pulmonares causadas por aspergillus. Não deve se expor sol ou utilizar proteção adequada quando utilizado. Roger F Gomes – pág. 3 Posaconazol tem espectro amplo e poucos efeitos adversos. Interações Medicamentosas Em alguma extensão eles fazem inibição do cit p450 dos mamíferos, esse conjunto de enzimas são necessárias para biotransformação de fármacos. Fazendo inibição desses conjuntos os azolicos vão aumentar significativamente a concentração plasmática de alguns fármacos: como a ciclosporina e o tacrolimus. Isso acontece quando se usa os azóis, e o cetoconazol, itraconazol e fluconazol. Idealmente seriam necessários fazer monitoramento por coleta de sangue, vendo a concentração plasmática. Mais um motivo para não usar como fármaco antifúngico. Alilaminas – Terbinafina Ela só tem apresentação de uso oral, também está envolvida na síntese de ergosterol. La tem o esqualeno que através da enzima esqualeno epoxidase da origem ao lanoesterol e que através da enzima 14-alfa- desmetilase da origem ao ergosterol fúngico. Por isso ela é bastante utilizada em combinação com azóis. Mecanismo de ação: Eles inibem a enzima 14-alfa e a terbinafina inibe o esqualeno epoxidase, tendo uma associação sinérgica. Farmacocinética: ao contrário dos azolicos ela tem espectro de ação bem limitado, usado principalmente pela ação fungicida ceratotinofílica (afinidade pela queratina) e pela sua alta lipossolubilidade para tratamento de dermatófitose e algumas outras infecções mucocutâneas. Utilizada com sucesso na esporotricose associada a um azolico, de preferência itraconazol. Meia vida 17h é excretada pelos rins Reações adversas são bastante raras, mais reportado é ocorrência de cefaleia e algumas reações idiossincrásicas de problemas hepáticos (mas bastante raro) Equinocandinas Única classe de antifúngicos que atua na parede celular dos fungos. Basicamente são utilizadas para dois fungos: Candidas e Aspergillus. Espectro bastante limitado, mas fundamentais para cepas resistentes aos demais antifúngicos principalmente azolicos. Tem três fármacos: caspofungina, micafungina e anidolafungina. Mecanismo de ação: através da inibição da enzima beta-1,3-glicana-sintase. É uma enzima que dá origem ao beta-1,3-Dglicano que compõe a parede celular dos fungos. Farmacocinética: não atravessam a barreira hematoencefálica, tem metabolismo hepático, isso explica algumas elevações de algumas enzimas hepáticas em alguns pacientes. Tem excreção pelas fezes ou urina. Reações adversas: liberação de estamina no local de aplicação e dor nesse local. Lembrando que todas as três só tem aplicação intravenosa. Outros – Flucitosina Mecanismo de ação: ela vai inibir enzima timidilato- sintase, que é uma enzima do núcleo que faz síntese de DNA, com isso acaba tendo ação fungicida. Farmacocinética: atravessa a barreira hematoencefálica, tem boa distribuição, fármaco de uso oral. Mas, já tem alguns anos que ela não está sendo comercializada no BR, isso porque ela sozinha causa resistência e assim ela é associada com outro fármaco. O espectro de ação dela é bem limitado, usada principalmente na criptococose. Tem rápida desenvolvimento de resistência e efeitos adversos (anemia, elevação das enzimas hepáticas e distúrbios gastrointestinais fez com ela foi descontinuada no país. Tem excreção na urina. Resistência Azóis Fluconazol tem resistência principalmente a Candida albicans, e agora em outras também, tem tanto resistência intrínseca quanto adquirida. E segundo lugar, as espécies de aspergillus são bem resistentes. Ela se dá pela falha acumular azóis, alteração na interação enzima-azótico e alteração de outras enzimas de cascata do ergosterol. Ela ocorre principalmente em cepas hospitalares, falha terapêutica.
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