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LESÕES ULCERADAS AGUDAS De modo geral, as lesões ulceradas podem ter origem traumática, infecciosa, autoimune ou até mesmo tumoral. Existe uma manobra chamada prova terapêutica, onde o CD estabelece um diagnóstico provisório e adota uma conduta correspondente e acompanha o caso para ver se o diagnóstico foi coerente. Esta técnica é utilizada para estabelecer diagnósticos diferenciais. Será seguida uma linha de raciocínio para auxiliar no diagnóstico diferencial de lesões ulceradas na cavidade bucal. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: É a primeira informação a ser pesquisada, após estabelecidos os diagnósticos diferenciais é a duração da lesão para definir se é uma lesão ulcerada aguda ou crônica/recidivante. As lesões ulceradas agudas de cavidade bucal são benignas, sendo elas: ulcera traumática, mucosite, varicela, doença das mãos-pés-e-boca, eritema multiforme, herpangina, gengivoestomatite herpética aguda, sífilis primária. -TRAUMA OU FATOR IRRITATIVO ASSOCIADO: Ulcera traumática: forma mais comum de ulceração, sendo a causa mecânica a mais comum (mordedura, próteses desadaptadas, arestas cortantes de dentes, cavidades de cáries, escovação inadequada). Usualmente são solitárias e de contorno irregular. Na remoção do agente agressor, a lesão cicatriza em até 10 dias. Casos ais extremos podem ser tratados com corticosteroides tópicos como o Omcilon-a orabase e a dexametasona Elixir. Além disso, o Ad-muc é uma pomada fitoterápica a base de camomila que possui eficácia e segurança em ulceras bucais cientificamente provadas. Mucosite: o agente agressor é a radiação ionizante ou agentes quimioterápicos. Estima-se que cerca de 40% dos pacientes tenham algum grau de mucosite durante o tratamento. A lesão se inicia como área eritematosa que evolui para placas brancas descamativas. Com a progressão, formam-se ulcerações extremamente dolorosas. Em pacientes submetidos à quimioterapia, as lesões podem ocorrer em qualquer localização do TGI. Laser de baixa potência apresenta ótimos resultados na prevenção e tratamento da mucosite. - LESÕES SEMELHANTES A DA BOCA EM OUTRAS LOCALIZAÇÕES DO CORPO: Varicela: conhecida também como catapora. É causada pelo vírus varicela-zoster. As lesões em pele são mais comuns, no entanto, lesões em boca também podem estar presentes. Ocorre usualmente até os 9 anos de idade. Após a infecção e período de incubação, tem-se o período prodrômico com a presença de febre, mal- estar, náusea e vômito. As lesões iniciam-se geralmente em face e tronco, seguidos das extremidades e apresentam intenso prurido. Há uma progressão rápida, de eritema para vesícula, pústula e crosta endurecida. As lesões bucais são comuns começam como vesículas branco-opacas que evoluem para ulcerações com até 3mm de diâmetro. Palato e mucosa jugal são locais mais comuns. Na boca costumam ser indolores. Doença das mãos-pés-e-boca: causada por um enterovírus e predominante em criança. Os sintomas são dor de garganta, disfagia e febre e são acompanhados do surgimento das lesões, que surgem nos locais descritos pelo nome da doença. A mucosa jugal, labial e lingual são os locais mais comumente afetados. Iniciam-se como vesículas que se rompem rapidamente formando pequenas ulcerações (2 a 7mm de diâmetro). Eritema multiforme: úlceras agudas em boca associadas com lesões em pele podem representar esse quadro. Herpes simples ou exposição a drogas como analgésicos ou antibióticos podem desencadeiam a doença. Começa com sintomas prodrômico como febre, mal-estar, cefaleia, tosse e dor de garganta. As lesões bucais são múltiplas placas eritematosas que evoluem para grandes erosões ou ulcerações rasas com bordas irregulares associadas com dor. Possuem distribuição difusa, mas com menor frequência em palato duro e gengiva. Crostas hemorrágicas na região do vermelhão do lábio são comuns. As lesões chamadas de lesões em alvo surgem na pele e se mostra como bolha com centro necrótico. A forma agressiva da doença é chamada de Síndrome de Stevens-Johnson e nesses casos a mucosa alveolar e genital são afetadas. Tratamento a partir de corticosteroides sistêmicos. Anestésicos tópicos auxiliam no controle da dor. - MÚLTIPLAS LESÕES NA BOCA: Gengivoestomatite herpética aguda (GEHA): manifestação primária do vírus da herpes simples. Geralmente a infecção primária é assintomática, mas pode ocorrer a GEHA em 12% dos infectados. Mais frequente em pacientes com até 5 anos de idade. Lesões satélites podem ser observadas em região peribucal. Iniciam-se como vesículas puntiformes, se transformando em seguida em lesões erosivas que podem coalescer. Pode ocorrer lesões nos edos e olhos por conta de autoinoculação. Febre, cefaleia, linfadenopatia, dor de garganta podem estar presentes. Prescrição de analgésicos e antipiréticos. Medidas de higiene local com gaze em soro, hidratação, dieta líquida e repouso devem ser recomendados. Herpangina: causada também por enterovírus. Predominante em crianças. Inicia com dor de garganta, disfagia e febre. Duas a seis lesões desenvolvem-se em região posterior da boca (palato mole e pilares amigdalianos). Lesões iniciam-se como áreas eritematosas que evoluem para vesículas e rapidamente ulceram. Usualmente autolimitante. - LESÃO SOLITÁRIA E ÚNICA: Sífilis primária: Possui surgimento abrupto. Pode ter curso mais demorado para sua cicatrização, cerca de 8 semanas. Mais comum em adultos e jovens de meia idade. As lesões decorrentes da sífilis primária são chamadas de cancro sifilítico e são observadas no local da inoculação. Mais comuns em lábios, seguido de palato, gengiva e amigdalas. Lesão surge como ulcera solitária indolor acompanhada usualmente de linfadenopatia bilateral. Quando não tratada a lesão cicatriza entre 3 a 8 semanas e a doença progride para estágios seguintes pela disseminação dos microorganismos pelos vasos linfáticos. Diagnóstico confirmado por VDRL e FTA-ABS. Tratamento via penicilina.
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